Notícias
Saiba como foi a Feira da Foda, em Portugal

Já é o segundo ano em que os portugueses (e turistas) vão até a freguesia de Pias, no conselho de Monção, para se deliciar com as novidades da Feira da Foda. Rolou neste último fim de semana, de sexta (9) a domingo (11).

Essa foi a do ano passado
Não pense besteira: a Feira da Foda é apenas um dos maiores eventos portugueses ligados ao comércio de gado. E que ainda inclui estandes de artesanato, vinhos e gastronomia, além, de apresentações de música. O evento durante vários anos foi conhecido pelo nome formal de Feira da Rês, mas sempre foi chamado informalmente de Feira da Foda pelos locais.
Sim, existe um tema da Feira da Foda. É cantado pelo grupo Sons do Minho e não faria feio na voz de Michel Teló ou de Wesley Safadão.
O “foda” não é isso que você está pensando. Vem do nome de um prato, o cordeiro à moda de Monção, que é conhecido como foda à moda de Monção.
“Como se prepara esse prato?” Pois não.
Update em 2019: esse ano também tem Feira da Foda. Vai rolar até Tributo ao ABBA. Tá esperando o quê pra ir?
Cultura Pop
Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.
O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.
Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.
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A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.
O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.
Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.
Foro: Keira Vallejo/Wikipedia
Notícias
Urgente!: E o Ministry, que vai reviver sua fase inicial?

Al Jourgensen, criador da banda podre Ministry, sempre foi tido como um grande odiador da fase inicial do grupo, na qual ele tinha como parceiro Stephen George, fazia dance music sintetizada e gravava pela Arista Records. Essa fase rendeu um álbum, With sympathy (1983) e alguns singles, lançados pela Arista e pela independente Wax Trax. E na época, Al era essa figura da esquerda aí da foto, sem tatuagens aparentes e sem piercing.
O vocalista já deu declarações bem contraditórias em relação a esse época. Disse que foi pressionado pela Arista a fazer dance music palatável, depois disse que descobriu o som pesado e sua vida mudou. Também chegou a falar que ouviu de Clive Davis, chefão do selo, que o Ministry deveria parecer com o Wham!. Mas há quem garanta que Al não parecia nada chateado ou revoltado com a gravadora na época de With sympathy. Robert Roberts, que foi integrante do Ministry nessa época, disse que não acredita na hipótese dele ter sido forçado.
“Qualquer um que conheceu ou conhece Al, entende que é quase impossível mudar sua opinião sobre qualquer coisa. Eu acho que foi mais um caso de estar em um estúdio de classe mundial pela primeira vez e deixar as coisas saírem do controle a ponto de a banda soar diluída”, disse.
Mesmo (Every day) is halloween, sucesso de 1984 do Ministry, considerada uma canção dance-gótica de transição, ficou décadas fora do repertório do grupo. E olha que se trata de uma música que já salvou a vida de Al – certa vez, buscando drogas num lugar barra-pesada em Chicago, foi abordado nada gentilmente por cinco traficantes e só salvou a pele ao ser reconhecido como o cara do “bop-bop” (vocal que Al faz durante toda a faixa).
A antipatia só cessou em outubro de 2019, quando Al decidiu homenagear o dia das bruxas fazendo uma versão acústica da faixa, com participação de Dave Navarro. Tá no YouTube (falamos disso tudo aqui).
E aí que sexta agora é dia do Ministry revisitar seu passado com estilo, já que sai pela Cleopatra Records o álbum Squirrely years revisited, em que Al, finalmente, se rende ao fato de que esta fase inicial tem fãs, e relê várias canções clássicas do período dance do Ministry. Work for love, Here we go e (Every day) is halloween, estão aqui. Curiosamente, há faixas de Twitch, o primeiro disco podre do Ministry, na relação – mas restritas à versão CD.
O The Quietus já ouviu o álbum e conta que Al resistiu à tentação de transformar seu antigo repertório em heavy-metal-de-parafuso ou música eletrônica pesada e maníaca. Supostamente, a imagem que Al tinha de sua própria música antes da Arista ditar o que deveria ser o disco, era um rock de arena.
“As versões são mais pesadas, sim. Mas de uma forma bastante sutil que, em alguns casos, fará com que você recorra aos originais para identificar as diferenças”, escreveu JR Moores para o site. Moores também garante que Al não passou a gostar do disco, apenas resolveu que não dava para odiar tanto um álbum que ele mesmo fez. Detalhe: entre o final de abril e meados de junho rola nos Estados Unidos uma turnê do disco, trazendo como convidadas bandas da turma industrial (Nitzer Ebb, My Life with the Thrill Kill Kult e Die Krupps) e contando com várias dessas músicas no repertório.
Outro detalhe, muito importante: Al havia declarado que o Ministry faria um último álbum e se separaria. Squirrelly não é o tal último disco – Al reencontrou-se com Paul Barker, integrante do grupo na época dos álbuns que levaram o Ministry à fama, e os dois vão fazer um álbum do grupo, a ser lançado em 2026. Depois disso, até disposição em contrário, acabou.
Um outro detalhe: ano passado a banda já havia apresentado esse repertório num show no festival Cruel World, em Pasadena, na Califórnia. Eram músicas que o Ministry não tocava havia uns 40 anos, mas daí a imaginar que o grupo iria regravar isso…
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Cinema
Urgente!: Cinema pop – “Onda nova” de volta, Milton na telona

Por muito tempo, Onda nova (1983), filme dirigido por Ícaro Martins e José Antonio Garcia – e censurado pelo governo militar –, foi jogado no balaio das pornochanchadas e produções de sacanagem.
Fácil entender o motivo: recheado de cenas de sexo e nudez, o longa funciona como uma espécie de Malhação Múltipla Escolha subversivo, acompanhando o dia a dia de uma turma jovem e nada comportada – o Gayvotas Futebol Clube, time de futebol formado só por garotas, e que promovia eventos bem avançadinhos, como o jogo entre mulheres e homens vestidos de mulher. Por acaso, Onda nova foi financiado por uma produtora da Boca do Lixo (meca da pornochanchada paulistana) e acabou atropelado pela nova onda (sem trocadilho) de filmes extremamente explícitos.
O elenco é um espetáculo à parte. Além de Carla Camuratti, Tânia Alves, Vera Zimmermann e Regina Casé, aparecem figuras como Osmar Santos, Casagrande e até Caetano Veloso – que protagoniza uma cena soft porn tão bizarra quanto hilária. Durante anos, o filme sobreviveu em sessões televisivas da madrugada, mas agora ressurge restaurado e remasterizado em 4K, estreando pela primeira vez no circuito comercial brasileiro nesta quinta-feira (27).
Meu conselho? Esqueça tudo o que você já ouviu sobre Onda nova (ou qualquer lembrança de sessões anteriores). Entre de cabeça nessa comédia pop carregada de referências roqueiras da época, um cruzamento entre provocação punk e ressaca hippie. O filme abre com Carla Camuratti e Vera Zimmermann empunhando sprays de tinta para pixar os créditos, mostra Tânia Alves cantando na noite com visual sadomasoquista, segue com momentos dignos de um musical glam – cortesia da cantora Cida Moreyra, que brilha em várias cenas – e trata com surpreendente modernidade temas como maconha, cultura queer, relacionamentos sáficos, mulheres no poder, amores fluidos e, claro, futebol feminino.
Se fosse um disco, Onda nova seria daqueles para ouvir no volume máximo, prestando atenção em cada detalhe e referência. A trilha sonora passeia entre o boogie oitentista e o synthpop, com faixas de Michael Jackson e Rita Lee brotando em alguns momentos. E o que já era provocação nos anos 1980 agora ressurge como registro de uma juventude que chutava o balde sem medo. Vá assistir correndo.
*****
Já Milton Bituca Nascimento, de Flavia Moraes, que estreou na última semana, segue outro caminho: o da reverência, mesmo que seja um filme documental. Durante dois anos, Flavia seguiu Milton de perto e produziu um retrato que, mais do que um relato biográfico, é uma celebração. E uma hagiografia, aquela coisa das produções que parecem falar de santos encarnados.
A narração de Fernanda Montenegro dá um tom solene – e, enfim, logo no começo, fica a impressão de um enorme comercial narrado por ela, como os daquele famoso banco que não patrocina o Pop Fantasma. Aos poucos, vemos cenas da última turnê, reações de fãs, amigos contando histórias. Marcio Borges lê matérias do New York Times sobre Milton, para ele. Wagner Tiso chora. Quincy Jones sorri ao falar dele. Mano Brown solta uma pérola: Milton o ensinou a escutar. E Chico Buarque assiste ao famigerado momento do programa Chico & Caetano em que se emociona ao vê-lo cantar O que será – um vídeo que virou meme recentemente.
Isso tudo é bastante emocionante, assim como as cenas em que a letra da canção Morro velho é recitada por Djavan, Criolo e Mano Brown – reforçando a carga revolucionária da música, que usava a imagem das antigas fazendas mineiras para falar de racismo e capitalismo. Mas, no fim, o que fica de Milton Bituca Nascimento é a certeza de que Milton precisava ser menos mitificado e mais contado em detalhes. Vale ver, e a música dele é mito por si só, mas a sensação é a de que faltou algo.
Por acaso, recentemente, Luiz Melodia – No coração do Brasil, de Alessandra Dorgan, investiu fundo em imagens raras do cantor, em que a história é contada através da música, sem nenhum detalhe do tipo “quem produziu o disco tal”. Mas o homem Luiz Melodia está ali, exposto em entrevistas, músicas, escolhas pessoais e atitudes no palco e fora dele. Quem não viu, veja correndo – caso ainda esteja em cartaz.
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