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Entrevista: Tati Bassi lança nova banda, Devil Blues, unindo rock, blues e umbanda

Vinda de uma banda punk, as Radioativas, Tati Bassi deu um salto no blues, no jazz e no soul em seu primeiro disco solo, Não basta querer, lançado em 2017. “Fui muito cara de pau”, brinca ela, em entrevista ao Pop Fantasma. A ousadia continua: Tati montou um novo projeto musical, Tati Bassi and Devil Blues, que acaba de lançar o primeiro single, Tudo o que vai volta (Monstro Discos), cujo clipe a gente mostra em primeira mão. Acompanhada de Carol Vidal (guitarra), Willian Navarro (baixo), Leos Vibian (bateria), Lécão Baptista (atabaques e percussão), ajudou a criar uma sonoridade que chama de macumblues, e que reúne três pilares de sua vida: umbanda, blues e rock.
Com uma música e um estilo novos pra divulgar, Tati conta que uma grande preocupação é passar muita verdade em sua nova música – tanto que Lécão, o percussionista, é um ogã. “Ele nunca nem tinha tocado em uma banda!”, diz Tati, que é umbandista assim como todos os seus colegas de grupo. Todos na mesma energia musical e espiritual, como ela conta na conversa abaixo.
(lembrando que Tati foi nossa dica de som nacional quando fizemos um episódio do nosso podcast Pop Fantasma Documento sobre o L7)
Como surgiu esse som novo que você tá fazendo no novo single? Já tinha uma onda bem blues e jazz no seu som no primeiro disco solo inclusive…
Já tinha muita. O primeiro disco veio totalmente do blues, do soul e do jazz, mas eu sentia que faltava algo, ainda. Que eu não era totalmente eu naquele disco. Ainda precisava que fosse uma coisa um pouco mais minha. Eu fui criada dentro de terreiro, minha mãe fazia trabalho dentro da minha casa. E com sete anos já comecei a frequentar terreio de umbanda. Sempre quis mesclar isso dentro da minha música. Não tinha ainda acendido dentro da minha cabeça como eu poderia fazer isso. Quando lancei meu primeiro disco solo fiquei um tempão sem cantar, eu ia parar de cantar.
Sério?
Sim, foi um lance mais de pressão psicológica, eu não estava muito bem, tinha acabado de me separar, ia desistir. Só que aí eu fui num centro de umbanda e recebi uma mensagem de que não era pra eu desistir (risos). Eu fiquei com isso na cabeça e logo depois veio a pandemia, e a gente parou mesmo com tudo. Fiquei pensando: quero voltar a cantar, mas quero fazer do meu jeito. E aí me surgiu isso: vou misturar umbanda com rock’n roll, com blues e vou ver no que dá, E aí deu (rindo). E surgiu o nome macumblues na minha cabeça, que é um nome que nem tinha. Pensei em criar um conceito, vir com um nome completamente novo. E são meus três pilares de vida: rock’n roll, umbanda e blues. O rock é o que me fez quem eu sou, o blues foi onde eu aprendi a cantar. Eu vim do punk rock, né?
Como foi essa mudança do punk pro blues?
Eu fui muito cara de pau (rindo). Saí de um negócio completamente diferente e fiz um disco que ninguém esperava. As Radioativas era um negócio completamente visceral. Eu nunca nem estudei canto. Depois que eu gravei meu disco que eu fui estudar um pouco mais, fiz umas aulas. Falo que foi cara de pau porque me joguei num lance que nem sabia se ia dar certo, daí fui atrás de músicos com os quais queria muito tocar. O Gabriel Guedes, o Bocato, o Thiago Pethit, que faz uma participação no meu disco… Queria fazer algo meu, com pessoas que eu admiro. Eu nem sabia nem muito onde eu estava me metendo (risos). Mas eu sabia que eu queria fazer algo, escrevi todas as músicas e letras. Isso te força a acreditar em você mesmo, e te impulsiona. Quando soltei uma demo, de uma gravação caseira que eu fiz, o Leo da (gravadora) Monstro entrou em contato e perguntou se eu não queria lançar por eles, e foi.
Como tá sendo trabalhar com eles?
Tá sendo massa pra caramba. Agora vai vir uma coisa mais legal porque eu é que tô tomando à frente de todas as coisas. E eu sou muito louca do corre, quero as coisas pra ontem, faço tudo. A capa do single eu mesma que fiz. Sou muito dessa correria, querer fazer show, viajar, e eles estão na parceria comigo. Eu gosto muito da Monstro, eles me deixam bem livre.

Capa do single “Tudo o que vai volta”
E agora, mesmo com a pandemia, as pessoas estão indo mais a shows….
Lembro que quando a galera ainda estava no começo da vacinação, surgiram convites para eu fazer coisas de voz e violão, e eu não topava, porque não me sentia bem em fazer as pessoas saírem de casa para me assistir no meio de uma situação dessas. Imagina, juntar uma galera num lugar fechado ou até aberto, sem segurança? Mas agora tem vacina, as coisas estão voltando… Dá até para abraçar as pessoas e sentir o público.
Você tá mais interessada em lançar singles do que álbuns agora? Como tá isso?
Tá sendo algo muito novo pra mim, mas tenho que caminhar conforme as coisas estão indo. Não tem como eu gravar um disco, se as pessoas não compram mais, nem escutam um CD inteiro. A não ser pessoas que amam discos como a gente! Mas não é a maioria das pessoas e quero que minha música alcance o maior número possível de pessoas. Fiquei pensando que disco não vira mais, a gente gasta uma grana, grava várias músicas, o gasto é maior, não tem retorno nenhum… Conversei com a Monstro e falei: “Minha ideia é lançar singles, eu lanço uma música nova com um videoclipe, faço shows de lançamento dessa música e quando a galera estiver familiarizada eu solto a próxima”. Depois dá pra fazer um EP, juntar tudo, se quiser.
Tenho muita vontade de lançar um vinil do meu primeiro disco. Os singles e que vão ficar no digital. Às vezes acho que as pessoas compraram meu disco pra me ajudar (risos), porque sempre pergunto: “Você tem onde ouvir?” E nem a pessoa lembra que ela não tem onde ouvir. Tipo: “Ih, é mesmo, não tenho!”
Já tenho várias músicas prontas, estavam meio que engavetadas, crio muita coisa. E eu sou muito louca porque não toco nenhum instrumento. Crio muita coisa da minha cabeça, me reúno com a banda e falo: “se virem” (rindo). Já tentei aprender a tocar e não consigo. Eu gravo tudo na voz, vem tudo prontinho, é uma psicografia, tipo Chico Xavier (risos). Vou escrevendo a letra e vem o que a guitarra tem que fazer, o baixo, como vai terminar, quem vai entrar. Gravo na voz com metrônomo. Na pandemia eu escrevi muita coisa, tinha muita música com o Rafa, meu ex-marido, que era baterista do meu primeiro disco.
Voltando a questão do macumblues, como foi combinar a batida do blues com a da umbanda?
Eu toco meu primeiro disco inteiro nesse ritmo agora! A gente teve que revisitar o disco e fazer uma transformação nele. No meu primeiro disco tinha outros elementos, piano, metais, trombone, saxofone, e nesse single não tem. Minha banda não é tão grande assim, não tenho tudo isso. A gente teve que reformular todas as músicas e deixá-las mais rock n roll, mas com o atabaque.
Uma coisa que eu queria é que não fosse um percussionista tocando com a gente. Queria que fosse um ogã, que tocasse em terreiro. O ogã que toca com a gente nunca nem tocou em banda na vida! Ele só tocou em terreiro a vida inteira. E eu queria isso porque pra mim a energia de um ogã é muito importante, é outra coisa, uma questão de respeito mesmo, como se eu estivesse fazendo uma gira, um culto na minha musica. E ele gostou tanto que já botou outros elementos na minha música.
Se não fosse isso, seria só o nome, eu apenas mencionaria a umbanda, mas eu queria esse clima de terreiro. E uma coisa engraçada é que todo mundo da minha banda é de umbanda, além do ogã que eu procurei mesmo. Todo mundo é médium, recebe… Então tá todo mundo na mesma energia. Eu falo pra eles que nunca ouvi algo como o que a gente faz! É tudo muito novo.
Como você tá vendo essa proposta de reconstrução do Brasil pro fim do ano?
Ah, espero que a gente consiga tirar aquele cara de lá. O meu posicionamento político, antes de tudo isso tomar conta, era mais anarquista, até. Mudei todo esse meu conceito porque ou a gente luta por um bem maior ou vai ficar dando a mão pro fascismo. E eu acho que melhorar vai demorar pra caralho, tem muita coisa, o bagulho lá dentro é muito fervoroso é uma máfia muito grande. O que dá é pra gente ter um respiro pelo menos, da gente se sentir mais seguro das coisas melhorarem um pouco mais, se tornarem menos piores – o que é horrível.
Eu queria ter a opção de votar em alguém completamente novo, com ideias novas, que pudesse ser mais agregado com a população, mas não vai rolar. O negócio antes de tudo é tirar aquele cara de lá. A esquerda tá com Lula, ele é um cara fodão e vai saber conduzir as coisas melhor do que qualquer outra pessoa que esteve lá. Ou é isso ou a gente enlouquece. Ou a gente já enlouqueceu e não percebeu, porque é um surto coletivo.
Fala um pouco do clipe da faixa.
A ideia inicial era pegar algumas imagens que a gente já tinha da gente gravando, tirando foto, tipo um making of. Sabe aquele clipe anos 90, meio making of, que a galera fazia muito? Clipe de preguiçoso, né? (risos). Brincadeira porque eu adoro esse tipo de clipe e sempre quis ter um assim. A gente não tem imagens de turnê ainda porque tá todo mundo novo nisso. Mas falei com um amigo meu que trabalha com audiovisual, o George Gouvêa, ele fez o roteiro, e a ideia partiu da gente estar na rua fazendo air guitar, air bass, air drums.
É genial essa ideia, nunca vi um clipe assim com as pessoas pirando na rua. E é uma coisa que eu faço todo dia. Eu saio pra correr na rua fazendo isso. Vou correndo e dançando, fazendo air guitar, já virei atração aqui por causa disso (risos). Gravamos lá em Santo André (SP) numa rua lá. Gravamos muito rápido, a galera da rua ajudou, deu água pra gente beber. Foi massa, uma puta energia, a gente gravou o clipe num dia no outro já tinha editado. Bem rápido!
Lançamentos
Radar: Luís Capucho, Bianca and The Velvets, Estranhos Românticos, Vale Cinza, Os Fugitivos

Tem clássico abrindo o Radar nacional de hoje: Luís Capucho (não conhece? cria vergonha nessa cara!) volta com single novo. Ele abre nossa seleção de hoje, mas aqui só tem craque, da turma mais nova à mais experiente. Ouça no último volume e passe adiante hoje mesmo!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Luís Capucho): Divulgação
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LUÍS CAPUCHO, “A MASCULINIDADE”. Violão, clima introspectivo, voz grave e vibe de MPB experimental – tanto em música quanto em letra. É a onda de Luís Capucho, capixaba criado em Niterói (RJ), gravado por artistas como Pedro Luis, Cássia Eller, Suely Mesquita e Daúde. Seu novo single A masculinidade foi feito em parceria com Kali C, vai estar no próximo álbum do músico (Homens machucados, previsto para sair em 2026 pelo selo-produtora + Um Hits) e é uma balada folk que faz revelações sobre a fragilidade do masculino. “A masculinidade é cega / a masculinidade é soberba / a masculinidade é mesmo como a flor / a masculinidade é frágil / a masculinidade é de veludo”, explica a canção.
Luís é tido por muita gente como uma espécie de “novo maldito” da MPB – mas ao mesmo tempo tem uma onda sonora que o põe lado a lado com nomes como Lou Reed, pelo jeito despojado com que interpreta suas próprias canções. Além de cantar, ele também escreve e mexe com artes visuais, o que já o põe também na condição de artista múltiplo, do tipo que faz de tudo. “Me expresso livre, de meu ponto de vista, para qualquer um que esteja aberto, que se interesse, que goste ou que se toque”, diz.
BIANCA AND THE VELVETS, “LIKE ON TV”. Punk e indie rock de Belém (PA): Bianca Marinho, Marcel Barretto, Emmanuel Penna e Leonardo Chaves unem referências que passam pelo pós-punk, pelo grunge e pelo som de bandas dos anos 2000 – tendo como detalhe especial a voz grave de Bianca, que muitas vezes soa parecida com a de Dean Wareham (do Luna, lembra?). O EP Reminder destaca faixas como a balada Said you loved me, then you’re gone, o punk Knives e a pesada, robótica e ritmada Like on TV, com recordações de rock inglês da Rough Trade dos anos 1980.
ESTRANHOS ROMÂNTICOS, “POR QUE VOCÊ ME TRATA ASSIM?”. O single novo da banda carioca (Victor Barros, voz; Jr Tostoi, guitarra e produção; Mauk Garcia, baixo; Luciano Cian, teclados; Pedro Serra, bateria) prepara terreno para seu quarto álbum: Por que você me trata assim? é definido por eles como “uma imersão sonora que mescla indie-rock psicodélico, post-rock pesado e James Brown”.
Os vocais, o baixo à frente e os vocais fazem lembrar bandas como Picassos Falsos – o que já traz de volta vários anos de história do rock carioca. O beat quebrado, os teclados e as distorções são pura mescla de pós-punk e psicodelia, tudo junto. E a canção ainda tem uma segunda parte bem garageira e ruidosa. Tem que ouvir.
VALE CINZA, “JÁ NÃO ME CABE ESTE LUGAR”. Essa dupla de pós-punk/darkwave diz fazer música “para quem se identifica com o peso e a beleza do silêncio, gosta de dançar e para quem busca sentido dentro do caos”. Já não me cabe este lugar, som de terror que traz lembranças infantis e recorações de crises de ansiedade, foi gravada na casa do vocalista e guitarrista Maycon Rocha, em Nova Friburgo (RJ). Ele divide a dupla com Marcelo de Souza (baixo).
“As letras falam sobre isolamento, julgamento, falta de perspectiva e a tentativa de encontrar sentido em meio a um mundo apagado e saturado de informações. É um recorte do contemporâneo, um reflexo de um tempo marcado por guerras, crises e pandemia. Apesar da atmosfera sombria, existe beleza na sinceridade e um certo acolhimento em reconhecer essas dores coletivas”, diz Maycon.
OS FUGITIVOS feat WADO E BRANDÃO, “AZUL”. Dupla de Alagoas que já havia aparecido aqui no Radar, Os Fugitivos (Nayane Ferreira e Thiago Mata) haviam composto Azul para entrar no próximo álbum, Sonhos e traumas, previsto para 2026 – mas a música foi ganhando clima diferente e vida própria. Para começar, é uma música repleta de brasilidade, indo além do soul romântico feito pelos dois – o som tem uma certa cara de samba-soul, e até de axé music, com referências confessas de Trio Ternura e Novos Baianos. Além disso, a dupla decidiu convidar dois amigos bem especiais: o também alagoano Wado e o baiano Brandão.
“Lembramos de Azul e sentimos que ela dialogava muito com a fase atual de Wado. Ambos são cantores tão expressivos que foi muito fácil encaixar as vozes. Gravamos todos por inteiro e depois definimos quem cantaria o quê na mixagem”, conta Thiago. “Todos nós temos essa brasilidade no trabalho. Samba-rock, axé, ritmos que vêm da nossa história. A combinação foi muito natural”, completa Nayane.
Lançamentos
Radar: Lights, Peach Blush, Julie Neff, Visceral Design, Schramm

Tem sons cintilantes, dramáticos, densos e pesados no Radar internacional de hoje, com a variedade de sempre – abrindo com o relançamento do disco de Lights, cantora australiana de eletropop, que surge com uma música nova. Ouça e passe pra frente!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Lights): Warwick Hughes / Divulgação
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LIGHTS, “LEARNING TO LET GO”. Com uma turnê pronta para começar em fevereiro de 2026 em Edmonton, na Austrália, e seguindo Estados Unidos adentro, a cantora australiana Lights lança em 30 de janeiro a versão estendida de seu álbum A6. Com um som voltado para o eletropop, ela acaba de lançar a faixa Learning to let go, que vai estar na versão deluxe e também acaba de ganhar clipe, dirigida por ela própria.
“Essa música trata essencialmente da transformação emocional. “A forma como nossa percepção de algo pode mudar dependendo do nosso estado de espírito ou de experiências passadas, a ponto de ser difícil enxergar a realidade em uma situação e inferir a verdade. Às vezes, nosso único caminho a seguir é aprender a deixar ir”, conta ela.
PEACH BLUSH, “ERADICATION OF THE MIND”. Noise rock e pós-hardcore da pesada (e da – literalmente – quebrada, no que diz respeito a ritmos), vindo de Little Rock, Arkansas. O grupo é formado por veteranos da região, que são fãs de bandas clássicas como Hüsker Dü, Dinosaur Jr. e Mission of Burma.
No novo EP, Eradication of the mind, o grupo investe em três faixas que se impõem pelo ritmo feroz e pela intensidade nos vocais e arranjos – a faixa-título é a cara do brain rot, com versos como “observações: a comunicação está lenta / o tempo corroeu seu cérebro / você não é mais o mesmo, apenas uma casca de gênio que envelheceu / a erradicação da sua mente está cobrando seu preço”. O disco, lançado pelo selo Sunday Drive Records, é definido por eles como “uma onda de punk rápido e experimental, com temas de decadência e distorção”. E é mesmo.
JULIE NEFF, “FINE!?” (CLIPE). Uma canadense com fortes laços com o Brasil. O álbum de estreia de Julie Neff, previsto para o ano que vem, tem produção da brasileira Cris Botarelli (Far From Alaska, Ego Kill Talent, Swave). Fine!?, faixa com uma sonoridade que cruza o blues e o pop, e que aborda o esforço de fingir que está bem enquanto se enfrenta uma crise de depressão e ansiedade, já havia aparecido aqui no Radar – e dessa vez retorna para o lançamento do clipe da canção, que foi filmado em São Paulo, com direção de Jader Chahine, e tem bastante inspiração no vídeo de Send my love, de Adèle.
“Para o clipe, eu quis incorporar elementos dourados e referências do Kintsugi presentes na capa, mas com um visual mais dramático. A ideia é que você pode usar toda a maquiagem ou roupas sofisticadas que quiser, mas isso não apaga a dor que está acontecendo internamente”, conta Julie.
VISCERAL DESIGN, “GIVE IT TIME”. Projeto dividido entre EUA, Inglaterra e França, criado pelo músico Tyler Kaufman, o Visceral Design faz pop eletrônico com clima denso e meio deprê. Give it time, novo single, traz as perspectivas de um ex-casal sobre o fim do relacionamento de longa data que unia os dois – os versos trazem frases de ambos, abrindo com a perspectiva da mulher, e partindo para as visões do homem. A mensagem é de superação (“seguimos em frente sem parar”), mesmo com a tristeza.
SCHRAMM, “DON’T CALL ME”. Projeto de um alemão só, o Schramm (é justamente o nome do cara) é definido por ele de forma bem interessante: “Eu escrevo músicas muito divertidas e um pouco tristes em inglês e alemão. Eu chamo de indie rock lo-fi e energético com influências de pós-punk e new wave, mas muito bom. Algumas pessoas chamaram de ‘nova new wave alemã’, mas na verdade não é muito alemão. E também não é muito ‘neu’, mas é muito legal”. Seja lá que definição você queira dar, o pós-punk viajante e deprê do single Don’t call me, com recordações de Japan e The Cure, é realmente muito legal – e o EP novo do Schramm, Something smelling funny, sai em fevereiro.
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Lançamentos
Radar: Lia de Itamaracá e Daúde, Silver, Janu, Felipe Neiva, Wills Tevs

A semana começou! Aliás “começou!” me lembra que tem um certo podcast aí que volta nesta semana… Mas teremos a semana para falar disso. Dessa vez, começamos com o Radar nacional, que destaca o novo single de Lia de Itamaracá e Daúde – tem álbum em dupla vindo aí – além de outras novidades. Ouça e repasse!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Lia de Itamaracá e Daúde): Ravaneli Mesquitta / Divulgação
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LIA DE ITAMARACÁ E DAÚDE, “QUEM É?” / “A GALERIA DO AMOR”. Histórico é pouco para definir este lançamento. Em breve sai Pelos olhos do mar, unindo Daúde e Lia de Itamaracá – você já leu aqui mesmo no Radar sobre o primeiro single, Florestania. E dessa vez sai um single duplo, com as músicas Quem é? (Maurilio Lopes e Silvinho) e A galeria do amor (Agnaldo Timóteo).
A primeira é um bolero imortalizado pelo co-autor Silvinho, cantado candidamente por Lia – já a Galeria, composta e gravada por Agnaldo em 1975, ressurge transformada numa guarânia blues na voz de Daúde, e é uma música que falava de forma cifrada da Galeria Alaska, ponto de encontro de homens gays em Copacabana. Curiosamente, a veterana Lia recorda ter conhecido Quem é? justamente na gravação de Timóteo, feita em 1978 no álbum Te amo cada vez mais. Pedro Baby (guitarra) e Zé Ruivo (piano Rhodes) participam das duas faixas.
SILVER, “TURN AROUND”. O guitarrista, escritor e jornalista Felipe Machado (Viper) uniu-se ao vocalista Rodrigo Cerveira para recordar o rock pauleira dos anos 1990 no Silver – a ideia é responder perguntas do tipo “como soaria o grunge em 2025?”, e buscar um equilíbrio de influências noventistas com sons mais clássicos do rock. Mesmo com o lado anos 1990 super acentuado, o EP Turn around (selo Wikimetal) destaca a faixa-título, música que faz uma união exata de referências de Led Zeppelin e Black Sabbath, nos solos e no andamento.
A faixa já ganhou um clipe, em preto e branco, dirigido por Raul Machado – e destacando também as participações dos convidados Rodrigo Oliveira (Korzus) na bateria e Rob Machado (Hollowmind) no baixo.
JANU, “DE TODAS AS COISAS”. “Eu poderia viver com você / cuidar d’uns bichos / decidir o que ver na TV / fazer o impossível / pra tu nunca mais parar de rir / mas tu não mereceu”, canta o alagoano Janu em seu novo single, De todas as coisas – uma canção de desamor e superação, bem dançante, que ganhou um lyric video gravado na Ilha do Ferro, lá mesmo em Alagoas. O novo som de Janu, aliás, é uma salsa, cujo nome é referenciado no álbum De todas las flores, da cantora e compositora mexicana Natalia Lafourcade.
E o ciclo da latinidad é fechadíssimo pelos versos em espanhol da parceira Laura Emília, que surge na faixa declamando sua poesia. Laura, vinda de Arapiraca (AL), é doutoranda em Literaturas Hispânicas pela Universidade da Califórnia, e tanto ela quanto Janu são “apaixonados pela cultura latina e com vontade de diminuir a distância entre Brasil e América Latina, onde o que mais afasta é a barreira da língua”, diz o cantor.
FELIPE NEIVA, “BABY”. Em 2026 sai o álbum de Felipe, NiKitsch / PopIshtar, que “explora o que há de kitsch em ser um indie-popstar from Niterói (RJ), agora, vivendo em Portugal”. A ideia de Felipe é ajudar a fazer renascer a soul music nacional – e o single Baby, com lembranças da santíssima trindade do estilo (Tim Maia, Hyldon, Cassiano) adianta a proposta, com melodia e arranjo românticos e voadores. Ao lado de Felipe, os irmãos Alberto Continentino (baixo, guitarra), Jorge Continentino (flauta transversal) e Kiko Continentino (teclados e co-produção ao lado de Felipe). Um lançamento Cavaca Records, em parceria com o selo europeu Concha.
WILLS TEVS, “MENSAGEIRO”. Com um álbum já na agulha para o começo de 2026, Infinitas___lacunas, o paulistano Wills Tevs é um cara do indie rock, mas vem se aproximando do country – aquele mesmo, feito nos Estados Unidos – em novas gravações. Mensageiro, sua nova música, é bem nesse estilo, contando com guitarras slide, violões e a estileira geral do country na produção. O single sai pelo selo Orangeiras.
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