Crítica
Ouvimos: Eliminadorzinho – “eternamente,”

RESENHA: Eliminadorzinho expande seu som no segundo álbum, eternamente, misturando emo, shoegaze e pós-punk em faixas intensas e variadas.
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Havia um clima mais próximo do que se entende por “rock brasileiro” em Rock Jr (2021), primeiro disco do trio paulistano Eliminadorzinho. Ou seja: havia momentos que lembravam bandas como Ira!, ladeados com uma inspiração emo/shoegaze – um “rock triste”, como muita gente tratou de definir o grupo. eternamente, o segundo disco (com título em minúsculas e vírgula no fim) abre bastante o leque, e bota Gabri Eliott (voz e guitarra), João Haddad (voz e baixo) e Tiago Schützer (voz e bateria) para ultrapassar bastante qualquer tipo de limite.
eternamente, é um disco extenso (quase uma hora de duração) em que a banda parece ter pensado no que poderia levantar mais os fãs durante os shows. Daí entram emanações entre emo, shoegaze e pós-punk, distorções, paredes de guitarra e faixas cujos nomes já ajudam a evocar imagens de luta, perdas, ganhos e fugas: A cidade é uma selva, Viação Andorinha, Golpe baixo, Não me deixe no almoxarifado. Na abertura, a instrumental Tema do Centro da Terra – referência ao espaço de shows e cultura de SP, de mesmo nome – soa como um quase hardcore, emocionado e distorcido.
No novo álbum, o Eliminadorzinho adere ao som ultrassaturado (em Golpe baixo), ao britpop (na tristonha Não me deixe no almoxarifado, encerrada com uma referência a Dear Prudence, dos Beatles), e, em boa parte do disco, ao guitar rock noventista. O peso alternativo dos anos 1990 mescla-se à energia punk e surge como norte em faixas como Querubim, Alguma hora você vai ter que tirar a roupa do varal e Você vai me escutar – sendo que esta faixa ainda traz encartada uma guitarra que lembra Chuck Berry.
Cinza e carmesim traz para o álbum as evocações do rock dos anos 1960 que surgiam nos anos 1980 , enquanto Chap chap chuap pop une ruído e vibes emocionais na mesma moeda. Já Blondie (Menina do cabelo amarelo) tem clima de garage rock, com letra que une romantismo, feminismo e provocações aos neo-fascistas de plantão.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Cavaca Records
Lançamento: 18 de setembro de 2025.
Crítica
Ouvimos: Lô Borges – “Céu de giz – Lô Borges convida Zeca Baleiro”

RESENHA: Em Céu de giz, Lô Borges e Zeca Baleiro unem harmonias mineiro-britânicas e letras poéticas em um disco pop, psicodélico e afetivo.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Deck
Lançamento: 22 de agosto de 2025.
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Céu de giz é um (bom) encontro de peculiaridades: as harmonizações de Lô Borges casaram muito bem com as letras de Zeca Baleiro, dando à poesia dele sonoridades bem diferentes das habituais – são dez faixas, todas feitas pelos dois em parceria. Tanto que o repertório tem o clima britânico-mineiro-beatle comum à obra de Lô, mesmo nas faixas em que os dois cantam juntos, que por sinal acabam se tornando desafios para dois cantores com tons diferentes.
Na faixa de abertura, Antes do fim, um verdadeiro encontro de sonhos em melodia e palavras, Zeca tem que rebolar para alcançar o tom de Lô – enquanto na faixa-título, que é a música mais britpop do álbum, Baleiro resume-se a fazer vocais graves, no seu estilo habitual. Olhos cansados, outra faixa cantada pelos dois, aproveita bem as diferenças vocais, num rock brincalhão que parece feito em cima de I am the walrus, dos Beatles.
- Ouvimos: Pero Manzé – Ave, êxodo!
 
A junção das duas musicalidades acha seu maior equilíbrio em faixas como Zumbis (que lembra Secos & Molhados), na beatle-pinkfloydiana Santa Teresa – com recordações do bairro boêmio de BH –, na psicodelia mágica e contemplativa de Ao sair do avião, no country-rock Tá tudo estranho demais e na onda pop-folk de Seda, cujo baixo remete à melodia de um hit antigo de Lô, O vento não me levou. No final, o rock anos 1960/1970 Donos do mundo remete a Rita Lee & Tutti Frutti, e ficaria bem na voz de Erasmo Carlos.
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Crítica
Ouvimos: Cleozinhu – “Fragmentos de estrela”

RESENHA: Cleozinhu mistura emo, trap, folk e cloudrap em Fragmentos de estrela, álbum hipnótico que explora estilos e emoções em faixas conectadas.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 11 de setembro de 2025
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Integrante de bandas como Duo Chipa, Manobra Feroz e Guandu, Cleozinhu está acostumado a misturar estilos como emo, trap, hip hop e folk em seus trabalhos. Fragmentos de estrela, seu segundo álbum solo, acha seu caminho na experimentação e na criação de músicas que fazem mais sentidos unidas num mesmo álbum – e ouvidas na ordem – do que separadas em singles. São fragmentos que viraram canções, girando em torno de estilos como emocore, trap e cloudrap (rap etéreo e cheio de mumunhas psicodélicas), às vezes tudo junto numa mesma música.
Com participação de uma turma de amigos cujos gêneros vão do cloudrap ao dream pop, Fragmentos une folk, trap e defeitos especiais em faixas como Continuar e Sob a lua, e mexe com criação totalmente artificial de sons em Dias frios. Teclados e programações tomam conta de Trem, e um dream pop que vira trap ganha espaço em pop_squishy. Cacto chega a parecer um pagode na abertura, por causa do violão, ganhando em seguida uma batidinha dance leve.
Fragmentos de estrela vai sendo organizado entre luzes e sombras na medida que as músicas vão se seguindo. Contando segundos diz que “talvez eu tenha mudado todos os meus planos”, num trap sombrio que parece surgido do riff de Heroin, do Velvet Underground. Foda-se tem teclados, beat pesado e som de videogame. Afundar soa como uma melodia tradicional que virou rap experimental, em meio a samples da Suíte dos pescadores, de Dorival Caymmi, e a versos como “navegando essas águas sem ter pra onde voltar / sem saber se vou voltar”.
Além disso, neuroses e decisões de grande espreitam o rap trevoso de Remédios e o shoegaze calmo de Rap de mensagem, que avisa que “as contas não esperam / ninguém vai te salvar”, mas alivia: “ei, meu amigo / não mata seu sonho não”. O negócio de Fragmentos de estrela é Música hipnótica, em letra e melodia.
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Crítica
Ouvimos: Elephant Green – “Here’s everything”

RESENHA: Criado na França, mas com brasileiros na formação, o Elephant Green estreia com Here’s everything, disco que mistura britpop, power pop e psicodelia.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7
Gravadora: Independente
Lançamento: 2 de outubro de 2025
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Banda do Sul da França com brasileiros na formação – o vocalista e compositor Thiago Pedalino integrou a banda indie carioca Ramirez – o Elephant Green não mente quando cita Oasis, Beatles e Teenage Fanclub em seu texto de apresentação nas plataformas digitais. Here’s everything, o primeiro álbum, une características dessas três bandas, embora seja o Oasis que saia na frente como referência. Rola nos vocais de boa parte do disco, e especialmente em faixas como Electric life, One way to go, Fake heroes, Always alive e a estradeira Outcasts – esta, com um esquema riff + virada de bateria bastante ligado a Don’t look back in anger, da banda dos Gallagher.
Ainda desenvolvendo sua maneira própria de atacar o britpop do anos 1990, o Elephant Green migra também para o power pop em Going alone, para uma vibração setentista e blues-rock em Too busy to mind, e para uma vibe que lembra a fase anos 2000 do Skank em In shamble – além de unir britpop, indianismo e psicodelia na ótima On our own.
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