Cultura Pop
Aquela vez que The Damned uniu forças com Robert Fripp (!)

A pioneira banda punk britânica The Damned tinha uma noia com o rock progressivo, e particularmente com o Pink Floyd. Music for pleasure, o segundo disco, foi produzido por Nick Mason, baterista do monolito prog. Black album, disco duplo de 1980, tinha o lado 4 ao vivo – meio numa de zoar o Ummagumma, do Floyd, álbum duplo que tinha um dos LPs gravado da mesma forma.

Robert Fripp (esq.), Rat Scabies e Captain Sensible, ambos do The Damned, no Hammersmith Odeon em 1984 (via DGM).
Em compensação, dos músicos progressivos, quem se aproximou mais da turma do Damned foi ninguém menos que Robert Fripp, do King Crimson. Em 11 de outubro de 1982, rolou encontro do guitarrista com a banda no palco do Hammersmith Odeon.

O tal encontro foi imortalizado num disquinho pirata, Monster – o da capa acima. Fripp não tocou durante todo o show. Foi anunciado só antes do hit Smash it up, e tocou daí para diante, numa sequência que incluiu uma releitura de Citadel, dos Rolling Stones (confira mais infos sobre o disco, além da lista de músicas, aqui).
“Poxa, fui buscar o disco no YouTube e não achei nada”. Você pode ter achado esse áudio aqui, que tem parte do show. Qualidade de som ruim.
O encontro de Fripp com o Damned rolou alguns meses depois de ele ter subido ao palco com o Blondie, no mesmo Hammersmith Odeon, em 12 de janeiro do mesmo ano. Na ocasião, tocou Heroes, de David Bowie, com ele. A releitura vazou para o lado B do single de Atomic. Fripp tinha tocado guitarra com Bowie no original.
Por sinal, não era a primeira vez que Fripp e The Damned se encontravam. Em 29 de setembro, King Crimson e Damned eram as atrações de uma gravação para a TV no Alabama Hall, em Munique. Quatro músicas do Damned gravadas na ocasião foram parar no programa Rock aus dem, da TV alemã: Disco man, Dozen girls, Bad time for bonzo e Love song.
https://www.youtube.com/watch?v=2DWSAtIuSrA
Olha o King Crimson no mesmo programa. Fripp viu o Damned tocando e se ofereceu para fazer uma jam com eles em Londres.
https://www.youtube.com/watch?v=mD7vyHujFio
Teve mais, antes do show: pouco depois do Damned gravar o disco Strawberries, de 1982, Fripp gravou e co-produziu um single com o grupo, Fun factory. O músico tocou guitarra sintetizada na canção, que trouxe vocais de Dave Vanian (cantor do grupo) e Captain Sensible. Teria sido um puta hit se o selo do Damned, Bronze, não tivesse falido. Mas foi lançada finalmente em 1991. “Trabalhar com Fripp foi assustador para a gente. In the court of the Crimson King (1969, estreia do KC) é um dos maiores discos de todos os tempos e um dos preferidos da banda”, conta o baixista Captain Sensible em entrevista publicada na biografia não-oficial do grupo The chaos years, de Barry Hutchinson.
https://www.youtube.com/watch?v=LhkiXSWziPg
E o próprio Fripp contou a história do show com o Damned numa entrevista em 1995 – leia tudo aqui. Fripp assistiu a um show do Damned e achou bacana o fato de a banda zoar a disco music (maldade!) no palco.
O guitarrista acabou convidado para uma sessão de fotos com o grupo, e para subir ao palco em outra sessão do show. Fripp curtiu tocar com o Damned mas ficou incomodado com os hábitos da plateia punk. “Eles cuspiram na banda o tempo todo, foi nojento”, conta o músico, que só escapou (assim como seu caríssimo equipamento de palco) do festival de cusparadas, “porque ninguém da plateia tinha interesse em mim”.
Confira discografia básica do Damned aqui.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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