Som
Criaram um sintetizador dobrável

Se tudo o que você queria da vida era um sintetizador dobrável que, após ser devidamente guardado, transforma-se em algo parecido com uma caixa de ferramentas, seus problemas acabaram. A ideia foi do artista e artesão sueco Love Hulten, que criou um sintetizador em quatro estações semimodulares, e ao ser dobrado, se transforma em algo mais tranquilo de ser transportado. Confira aí.
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Via Laughing Squid
Notícias
Urgente!: Talking Heads no mistério. Lupe de Lupe na tristeza. Novas de Pavement e Haim.

RESUMO: Talking Heads vão anunciar sabe-se lá o que na quinta-feira. Em 25 de julho sai reedição deluxe de More songs…., segundo disco do grupo. Lupe de Lupe lança o intenso single Redenção e anuncia disco novo. Pavement lança trilha do doc Pavements – e tem single novo. Haim lança single novo com clima nostálgico.
Texto: Ricardo Schott
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A bolsa de apostas indica que esse anúncio misterioso que apareceu no Instagram dos Talking Heads, mencionando a data de 5 de junho de 2025 (quinta-feira) é porque… a banda vai passar por cima de todo ranço acumulado e vai anunciar um show ou uma turnê.
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Por enquanto nada certo, embora seja uma data bem significativa: biógrafos dizem que foi em 5 de junho de 1975 que David Byrne, Tina Weymouth e Chris Frantz (ainda sem Jerry Harrison) fizeram seu primeiro show, abrindo para os Ramones no CBGB, em Nova York.
Uma outra novidade dos Talking Heads é que no dia 25 de julho sai uma edição turbinadíssma do segundo álbum do grupo, More songs about buildings and food (1978). Entre outras curtições, o set deluxe traz o disco remasterizado, além de 11 raridades (4 inéditas), um show ao vivo completo e inédito de 1978 gravado no Entermedia Theatre em Nova York e um livro de capa dura de 60 páginas.
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Nos comentários do YouTube, um fã da banda mineira Lupe de Lupe preferiu ironizar o novo single do quarteto, Redenção (Três gatos e um cachorro): “Muito boa essa metáfora sobre o fim do casamento do Zé Felipe e da Virgínia. Foi uma boa sacada de branding”. Mas a música, que dura quase dez minutos, não tem nada a ver com a separação da influencer e do cantor – e fala mesmo é da angústia do autor/vocalista Renan Benini após o fim de seu casamento.
Ao contrário das faixas de Um tijolo com seu nome, o experimental álbum anterior do grupo (resenhado pela gente aqui), a belíssima e dolorida Redenção une pós-punk e música pop, ruídos e sentimentos, climas herdados tanto de Joy Division e Interpol quanto da sofrência sertaneja. A faixa anuncia o próximo álbum da banda, Amor, que sai no dia 1 de julho pela Balaclava Records e pela Geração Perdida de Minas Gerais. O release do single, por sua vez, trata de zoar impiedosamente o que deveria ser um momento de (hum) marketing.
“A infame Lupe de Lupe é uma razoável banda de rock barulhento de Belo Horizonte, Minas Gerais, formada por 4 garotos que vieram do interior e se julgam bons compositores, no que se iludem”, afirmam, lembrando também que o grupo sumiu das redes sociais e só seus integrantes (Vitor Brauer, Renan Benini, Gustavo Scholz e Jonathan Tadeu) mantém perfis em separado. “Os pequenos e grandes produtores, críticos e músicos do país tendem a lembrar-lhes todos os dias que eles não são sequer uma banda”, zoam.
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Pavements, documentário sobre a banda Pavement dirigido por Alex Ross Perry, já rendeu trilha sonora com 26 faixas – uma mistura maluca de frases do filme, gravações ao vivo e trechos de ensaios. Uma das faixas é a versão do grupo para Witchitai-to, faixa composta pelo saxofonista de jazz norte-americano Jim Pepper e, em 1969, gravada por sua banda Everything Is Everything. Um curioso clássico da pré-new age e da psicodelia (cuja letra foi tirada do sincretismo religioso nativo do peyotismo), transformado num slacker rock mais perturbador ainda pelo grupo norte-americano. Ouça a versão do Pavement e a do EIE em sequência.
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Dia 10 de junho sai I quit, disco novo do Haim – ou das Haim, como se diz em Portugal. O single mais recente, Take me back – que vem depois de Down to be wrong, Everybody’s trying to figure me out e Relationships – mostra que o clima alegrinho das músicas anteriores continua, com uma ótima dose de nostalgia e de senso melódico extremamente pop.
Pode ser que esse papo de “me leve ao passado” soe até meio ingênuo, mas a ideia das irmãs Danielle, Este e Alana foi relembrar a loucura do ensino médio, quando elas estudavam na LACHSA, uma escola de artes gratuita de Los Angeles, e levavam uma vida maluca, caótica e cheia de diversão.
Daí versos como “Molly cagou na traseira da caminhonete / nem percebeu que estava muito chapada” e “Alana perdeu a cabeça quando teve um crush”, num clima sonoro entre o folk fofo, o pop e o punk – sim, porque as linhas vocais faladas lembram direto People who died, da The Jim Carroll Band, ou será que é viagem nossa? Ouça as duas em sequência aí.
Lançamentos
Radar: Quiçaça, Iorigun, Mildred Kid, Trio Solar, Fabio Brazza, Gustavo Galo

Semana começando e Radar nacional voltando, com seis músicas captadas pela gente nos últimos dias – a fila tá grande e cada vez mais chegamos a outros sons, cada vez mais outros sons chegam a nós. Ouça, escolha, compartilhe e faça sua playlist (Foto Quiçaça: Iago Caíque/Divulgação).
Texto: Ricardo Schott
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QUIÇAÇA feat LUIZ DE ASSIS, “ZUMBIDO DA MATA”. Aberto com um ataque de guitarras que lembra 21 century schizoid man, do King Crimson, a música do Quiçaça, essa banda de Arapiraca (AL), está bem longe do rock progressivo. É um reggae que traz várias outras misturas sonoras – entram na receita sons psicodélicos, cantos de trabalho, a música do Nordeste, o clima do agreste alagoano e a mística dos cordelistas, que influencia bastante o Quiçaça na hora de fazer as letras. Dichavadores de fumo de Arapiraca, EP do grupo, é definido por eles como um rito musical. Luiz de Assis, da banda Vibrações, participa de Zumbido da mata.
IORIGUN, “NÃO VAI VALER A PENA”. Essa banda de Feira de Santana (BA) tem dois EPs em inglês e agora, três singles em português. O terceiro, esse Não vai valer a pena, une climas herdados do pós-punk e do emocore, com uma guitarra solo distorcida permanentemente ressoando no canal direito, e uma letra que, segundo o vocalista e guitarrista Iuri Moldes, “funciona como mais uma peça do gigante quebra cabeça formado com as outras músicas (em português), trazendo notas de rodapé sobre o término de um relacionamento”. O clipe da faixa traduz bastante essa mescla de tédio e desespero.
MILDRED KID, “THE BAGGY JEANS DOESN’T MEAN ANYTHING”. Direto de Bragança Paulista (SP), o Mildred Kid chega com os dois pés na porta: estreia com o EP First four reggae kids e com o clipe dessa faixa que mistura zoeira punk, skate e energia de show marcado no “faça você mesmo”. Trazendo várias cenas em técnica de lomografia, com moldura redonda, o vídeo foi gravado no espaço cultural local Edith Cultura, em clima de festa e caos organizado – com direito a cenas extras com takes de rua e manobras de skate. Um clima ruidoso vindo do shoegaze também surge no som deles, com vocais e guitarras quase na mesma massa.
TRIO SOLAR, “SOLAR”. Esse trio de música instrumental nasceu da pressão criativa da segunda edição do projeto Encontros Instrumentais – uma série do Selo Sesc que propõe um desafio direto: reunir artistas da cena instrumental brasileira para compor e gravar três faixas em quatro dias de estúdio. Desta vez, quem topou a missão foram Debora Gurgel (piano), Vanessa Ferreira (baixo) e Vera Figueiredo (bateria) – três musicistas que nunca haviam tocado juntas.
O destaque do encontro é a música Solar, um samba em 7/8 cheio de curvas e invenção, que virou ponto de virada e nome do grupo recém-formado. A conexão foi tão intensa que o trio decidiu seguir em frente. O EP completo EIN 002 (o segundo da série do Selo Sesc) já está disponível nas plataformas e no Sesc Digital. Jazz, baião e samba-jazz ganham corpo e liberdade nesse encontro afiado entre gerações.
FABIO BRAZZA feat CRIOLO, “SONHOS”. Rapper, poeta, compositor e improvisador – e neto do poeta concretista Ronaldo Azeredo -, Fábio retorna com seu novo álbum, A roda, a rima, o riso e a reza, firme na mistura de rap, samba, sons eletrônicos e vivências pessoais, com participações de peso. Em Sonhos, parceria com Criolo, ele mergulha num rap afro-blues-gospel, reflexivo e urgente. A letra mostra como a rotina desgasta os sonhos (“um busão lotado é um cemitério de sonhos”) e fala da importância de recuperar o que é verdadeiramente nosso, num mundo onde até nossos desejos parecem moldados por algoritmos.
GUSTAVO GALO, “VIVER É FATAL”. Primeiro, vamos deixar que o próprio Gustavo explique a história de sua nova música. “Escrevi a letra de Viver é fatal no dia em que Gal Costa morreu. Eu estava a caminho de um show em que cantei poemas de Torquato Neto. Torquato e Gal morreram no 9 de novembro – ele em 72 e ela em 2023″, conta Gustavo, que tem Gal como referência maior na música.
A faixa, uma balada melancólica com ecos de blues e samba — fácil de imaginar na voz da própria Gal — surge como faixa bônus de Folhas_fruto, disco que junta os dois álbuns lançados por Gustavo em 2024 (Folhas e Fruto). A letra funciona como tributo e despedida, mas também como declaração de permanência: o som não morre. “Morrer com você no alto-falante / para mim é viver bastante”, canta Gustavo, em versos que soam como aceno carinhoso e testamento afetivo.
Crítica
Ouvimos: Skunk Anansie – “The painful truth”

RESENHA: Skunk Anansie encara o caos, o etarismo e a dor em The painful truth, disco intenso que mistura punk, grunge, no wave e neo soul.
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“Uma artista é uma artista / e ela não para de ser uma artista / porque ela é velha, sabe? / ela não arregaça as mangas / pega seu porta-retratos e vai embora / larga a caneta e coloca o chapéu / por causa da menopausa (…) / uma artista é uma artista / até que a morte nos faça partir”.
Poucas letras atuais falam mais profundamente a respeito de questões vitais no dia a dia do showbusiness (etarismo, machismo, expectativas da crítica, do mercado e do público) do que An artist is an artist, punk-rap que abre The painful truth, disco novo do Skunk Anansie, destacando os vocais ágeis e carismáticos da vocalista Skin. Trata-se de uma banda britânica dos anos 1990, com som mais associável ao pós-grunge e ao metal alternativo, que sempre foi meio desgarrada em relação a seus pares britânicos – volta e meia era incluída num saco de gatos chamado britrock, em oposição à turma mais viável comercialmente do britpop.
Leia também:
- No nosso podcast, Oasis da pré-história ao começo da oasismania.
- Blur entre 1993 e 1997 na volta do nosso podcast.
- Ouvimos: Blur – Live at Wembley Stadium.
- O som de 1994: descubra agora!
Lançado após tempos difíceis nas internas do grupo (o baterista Mark Richardson recupera-se de um câncer. e o baixista Richard “Cass” Lewis está em quimioterapia), The painful truth, sétimo álbum do Skunk Anansie, traz a banda encarando na maior parte do tempo questões de vida ou morte. O repertório fala de autocontrole (This is not your life), dores pessoais (Shame, dos versos dolorosos “eu recebi o amor da minha mãe / eu recebi a dor do meu pai / eu recebi a culpa do meu irmão”), caos pessoal (Lost and found), altos e baixos (My greatest moment) e desespero (Meltdown, dos versos “agora que tudo se resume / a quem você reza e quão alto”).
Musicalmente, é um disco que reúne partículas de no wave, grunge e até neo soul, dependendo do momento. This is now your life soa como um Depeche Mode afrotecnopunk, Shame invade a pequena área do nu metal, Cheers insere peso no punk pop e até toques de dub invadem Shoulda been you – uma mistura com a qual os fãs do grupo já estão acostumados. O rock eletrônico sombrio dá conta de Animal e até mesmo algo próximo dos climas robóticos do krautrock surge misturado em alguns momentos do álbum.
Ainda que não seja um álbum brilhante como Stoosh (o segundo, de 1995), A painful truth é um atestado de sobrevivência. E um disco que, mesmo falando alto, é cercado de silêncios nos arranjos e nos vocais.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: FLG
Lançamento: 23 de maio de 2025.
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