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Anthony Bourdain: jornalista de música

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Anthony Bourdain: jornalista de música - Conversas do apresentador, escritor e chef com Anton Newcombe, Mark Lanegan, Serj Tankian...

Anthony Bourdain, encontrado morto no dia 8 de junho, era antes de tudo, um jornalista. Esse texto de André Barcinski para o UOL fala bastante disso: muitas vezes o que interessava ao chef, apresentador e escritor nem era exatamente a gastronomia. Nos programas que Anthony apresentava, a comida podia ser apenas uma chave para se compreender um lugar, uma pessoa, uma situação. Ou poderia servir como fator de união entre ele e seus entrevistados.

E os convidados de Bourdain, em vários momentos, vinham da turma da música. Fã de Ramones e amigo de vários roqueiros, ele dividiu uma refeição (e um papo sobre política e história) com Serj Tankian, vocalista do System Of A Down, na Armênia, terra dos pais do cantor. Entrevistou Iggy Pop e ouviu dele que “não pretendia viver até os 90 anos”. E também bateu um papo com Mark Lanegan, a quem considerava uma das melhores vozes do rock da atualidade. “Suas letras e músicas falam sempre de uma longa e dura existência, o que me atinge profundamente”, narrou Anthony ao entrevistar Lanegan para seu programa Parts unknown.

Esse papo dos dois está no YouTube, infelizmente sem legendas. Lanegan e seu parceiro Jeff Fielder vão a um bar de tapas com Bourdain e conversam bastante. Lanegan comenta sobre o fato de morar há vinte anos em Los Angeles, lugar aparentemente inadequado para um roqueiro da cinzenta Seattle – para onde ele costuma voltar para ver amigos, parentes e fazer shows. “É como visitar um lar no qual você não mora mais”, diz, rindo.

Lanegan também entrega que no começo da carreira, precisou ganhar grana tocando covers. Bourdain quer saber quais eram as covers mais duras de tocar, e ele afirma que tocava canções do Van Halen e do Styx, banda de soft rock de Chicago que vendeu milhares de cópias devido a músicas como Come sail away.

Já no vídeo acima, Bourdain visita nada menos que uma das figuras mais excêntricas do indie rock, Anton Newcombe, líder do Brian Jonestown Massacre. Morador de Berlim desde a década passada, Anton, que passou pelas mesmas provações que Bourdain (vício em cocaína e heroína), cozinha para familiares e amigos, e convida o apresentador. Depois passeiam por um mercado de pulgas e conversam bastante sobre música, e sobre o processo de criação de Anton, um cara que passa várias horas por dia trancado em estúdio.

Crítica

Ouvimos: The Lumineers, “Automatic”

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Ouvimos: The Lumineers, “Automatic”

Curto, tranquilo e girando em torno de variações do alt-country, Automatic, o novo disco do duo norte-americano The Lumineers (Jeremiah Fraites e Wesley Schultz são os integrantes), é um álbum carregado na ironia fina – e ela suplanta, muitas vezes, a própria nova seleção de melodias da dupla, que nem sempre acerta no alvo.

No álbum, dá para destacar a abertura com Same old song, country com referências de punk e até de emo, fala sobre insucessos, canções tristes e lança mão de versos como “ei, mamãe, você pagaria meu aluguel? / você me deixaria ficar no seu porão? / porque qualquer um de nós poderia fazer sucesso ou poderia acabar morto na calçada”. A auto-explicativa Asshole é marcada por um piano nostálgico e alguma grandiloquência, com letra falando de um desencontro bem estranho: “a primeira vez que nos encontramos / você me achou um babaca / provavelmente está certa”.

O lado melódico-ao-extremo do pós-britpop bate ponto na faixa-título e em You’re all I got, e também no piano “voador” de Sunflowers, cujo arranjo impressiona pela beleza. So long tem um clima mais classic rock e estradeiro que o resto do disco, com um arranjo que cresce e vai ganhando outros elementos. A doçura do grupo dá aquela enjoadinha básica no country-gospel de Plasticine e patina de vez nas acústicas e chatinhas Ativan e Keys on the table – para recuperar tudo na mistura de despojamento e rigor pianístico quase clássico de Better day, um anti-hino ao vazio que rege a vida de muitas pessoas (“sonhando com dias melhores / assistindo pornô e programa de imóveis na TV”).

Nota: 7
Gravadora: Dualtone
Lançamento: 14 de fevereiro de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Tátio, “Contrabandeado”

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Ouvimos: Tátio, “Contrabandeado”

A estreia solo do mineiro Tátio, produzida por Chico Neves, é um disco curto, direto, que poderia ter sido lançado pela antiga CBS em 1979 ou 1980 – ou seja: quando revelações da MPB eram lançadas a todo momento e encontravam espaço no rádio e nas trilhas de novela. Contrabandeado é um disco de afirmação, que fala sobre progresso sem regalias, amores fluidos e liberdade (sexual, inclusive) nas grandes cidades.

O tom quase mangue-bit de Radar é emoldurado por versos que dizem “vai ser difícil de controlar/tudo o que vive debaixo do sol”. A democracia e a fartura aparecem no samba-reggae-forró Será que eu sou louco. A MPB mineira clássica é evocada em Seres distantes e na meditativa Anhangabaú. A psicodelia surge no tom mutante do blues Sonho antigo e no ambient brasileiro da faixa-título.

A voz impressionante de Tátio ganha destaque em faixas como a balada do ex bem resolvido Longe de mim (com Zeca Baleiro como convidado) e o forrock apocalíptico de Reza milagreira, que ganha uma excelente participação de Juliana Linhares, e um arranjo em que o uso de eco faz parte do cenário. Contrabandeado é uma renovação da MPB da era da abertura, e um disco que funciona como vingança do oprimido.

Nota: 9
Gravadora: Estúdio 304
Lançamento: 29 de janeiro de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Pedra Lunar, “O caminho rumo ao infinito”

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Ouvimos: Pedra Lunar, “O caminho rumo ao infinito”

Banda psicodélica de Novo Hamburgo (RS), o Pedra Lunar é um quarteto formado por Gabrieli Kruger (voz e percussão), Bruno A. Henneman (guitarra e backing vocal), Leonardo Winck (baixo e backing vocal) e Felipe Frodo (bateria, percussão e backing vocal). O caminho rumo ao infinito, primeiro álbum do grupo, revela uma sonoridade que quase sempre está mais para 1966 do que para 1968. Algo entre o mod e o psicodélico em faixas como Tudo está no lugar, a quase-faixa título Caminhando rumo ao infinito (esta, com vocais bastante criativos), Livres por aí e Eterna juventude – essa última, com piano lembrando Nicky Hopkins (Rolling Stones) e clima herdado não só de Kinks como do começo do glam rock (David Bowie, T Rex).

Aumentando a variedade do som, o Pedra Lunar ganha tons progressivos em Chuva passageira, clima estradeiro e rock-barroco em Toda essa confusão, vibe entre o power pop e o country rock em Dias de inverno e um som entre Bob Dylan e Raul Seixas em Eu também quero voar. O saldo do disco do Pedra Lunar é bem positivo e promissor, e pega direto na veia de quem curte rock brasileiro setentista, por causa das letras e da argamassa vintage.

Nota: 7,5
Gravadora: Áudio Garagem
Lançamento: 14 de dezembro de 2024.

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