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Destaque

A porradaria cristã (!) do Power Team

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A porradaria cristã (!) do Power Team

Melhor nem dar ideia, porque do jeito que as coisas andam, alguém pode resolver fazer isso no Brasil. O Power Team é um grupo de evangelistas cristãos que foi fundado no finalzinho dos anos 1970 por um pastor chamado John Jacobs.

Imediatamente começaram a fazer megacultos em megaigrejas, sempre televisionados e atraindo um público enorme de jovens a fim de ouvir a palavra de Cristo. Emissoras como a Trinity Broadcating Network (TNT), popular rede de programas cristãos, começaram a exibir as aparições do Power Team. Isso atraiu um público enorme para as pregações deles.

“Mas como assim ‘alguém pode resolver fazer isso no Brasil’, se isso acontece por aqui há anos?”, você deve estar se perguntando. Acontece que o Power Team não se limitava a fazer pregações: a palavra de Cristo era misturada com demonstrações de artes marciais e gente pegando peso (pesado!).

Para essa turma, não tinha esse negócio de “vou treinar” e “tá pago!”, não. Era tudo na base da porrada. O próprio Jacobs, um sujeito de mais de 130 quilos e 1m80, tinha sido campeão de levantamento de peso na juventude. Teve a ideia do grupo quando trabalhava como evangelizador na prisão e viu que os detentos não assistiam às suas pregações. Decidiu recrutar ex-atletas que faziam demonstrações de força, e tornar a coisa toda mais interessante para as turmas de presidiários.

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O vídeo abaixo é levinho. Brad Tuttle, um dos pastores da trupe, suando em bicas, explica que deixou de fumar maconha e beber na adolescência, e se converteu. Depois, se atira num monte de tijolos de gelo. John Jacobs aparece em seguida, pregando com a Bíblia na mão.

Uma hora de pancadaria no vídeo abaixo, de 1990 (note os mullets). A galera do Power Team dá golpes de karatê em tijolos (alguns deles pegando fogo!), faz cabo de guerra com correntes e levanta pesos de 200 kg. Tudo isso em meio à palavra de Jesus.

O vídeo abaixo é mais recente. Aliás, a trilha sonora é o nu-metal cristão do P.O.D, e não algum hair metal gospel da vida. A turma quebra mais tijolos, enche balões de borracha até eles arrebentarem, rasga listas telefônicas de um golpe só e quebra tacos de beisebol na perna. Em o nome de Jesus.

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O Power Team também costumava fazer eventos em escolas, sempre focando no “diga não às drogas”. As pregações do grupo, em igrejas enormes, atraíam muitos jovens e famílias, para ver integrantes da trupe fazendo coisas como estourar várias latas de refrigerante com as mãos (e espirrar o líquido nos pobres diabos da primeiras filas). Ou para assistir Jim Griffin, um sujeito de 120 quilos que já tinha sido o homem mais forte do Oklahoma, quase botar os bofes para fora, enquanto assoprava uma bolsa de água quente até ela explodir.

Entre uma maluquice e outra, rolavam trechos da Bíblia e arengas motivacionais. E, para acalmar os corações dos jovens solteiros, exortações ao casamento puro e casto. Aliás, como você deve imaginar, o Power Team lançou também discos e fitas VHS.

Nem tudo foram flores para o Power Team com o passar dos tempos. Em 2000, Jacobs, chefe da turma, decidiu se divorciar da esposa Ruthanne, com quem estava casado há quase duas décadas e tinha um filho. Coisa corriqueira, mas que no mundo idealizado dos pregadores, desceu mal. Jacobs alegou que fizera cinco anos de aconselhamento, mas que “não conseguiu fazer nada para evitar o fim do casamento”. Boatos de infidelidade rolaram e queimaram mais ainda o filme do pastor.

Seja como for, alguns pastores não curtiram nada o divórcio do chefe. Tanto que uma turma enorme saiu do Power Team e montou um grupo parecido chamado Team Impact. Olha aí um dos notáveis do Team Impact… estourando uma bolsa d’água em nome de Cristo.

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O mais complexo ainda estava por vir. Depois que rolou a debandada, Jacobs, desesperado com a partida dos ex-asseclas, teria partido para a agressão física contra um membro do Team Impact. Por causa das histórias envolvendo o nome dele, as estações de TV que transmitiam os programas do grupo sumiram. As escolas que os convidavam para debates também. Jacobs ficou cheio de dívidas, abriu falência e, por fim, se separou do próprio Power Team. Que, aliás, encerrou atividades e renasceu em 2003 como Power Team 2.0, pelas mãos do pastor Todd Keene

Com o tempo, John foi passando a aparecer sozinho na TV para fazer pregações e lembrar histórias dos tempos áureos. Em 2004, um diretor chamado Mattew Luen anunciou um documentário chamado Born again: The Power Team story, que saiu em 2015 e não se encontra em lugar algum da internet.

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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