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Som

Vocês sabiam que o Roupa Nova toca “Smells like teen spirit”?

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Vocês sabiam que o Roupa Nova toca "Smells like teen spirit"?

As raízes do Roupa Nova estão no rock. O grupo, costumeiramente mais associado ao pop, sempre foi influenciado por bandas como Beatles e Rolling Stones. Gravou um clássico do repertório do Kiss, God gave rock n’ roll to you, com o nome de Tenha fé na música – a canção, na verdade, era originalmente do repertório do Argent, banda pop-progressiva dos anos 1960.

Agora, não sei quanto a vocês, a gente ia morrer sem saber que eles estavam fazendo um medley nos shows que inclui Smells like teen spirit, do Nirvana. E faz tempo. Olha eles aí no Barra Music em 2014 dando uma bela limpeza no clássico.

Recentemente, o grupo foi no Música Boa Ao Vivo, do Multishow, e tocou não apenas a música do Nirvana, como clássicos do Queen e do Guns N’Roses.

Aliás olha eles aí tocando Sweet child o’mine, do Guns, na Fundição Progresso.

De novo, num medley que inclui Another brick in the wall, do Pink Floyd. A do Nirvana não está no repertório.

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

Crítica

Ouvimos: Arcade Fire, “Pink elephant”

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Ouvimos: Arcade Fire, "Pink elephant"

O Arcade Fire sempre trafegou entre a empatia e a chatice pura e simples – uma zona nebulosa, na qual até Sting já patinou. Ao vivo, no entanto, a banda canadense é um dínamo, e sua discografia guarda obras poderosas, especialmente o trio inicial de álbuns, da estreia Funeral (2004) a The suburbs (2010). Mas o equilíbrio parece ter desandado com Pink elephant, primeiro trabalho após o chatinho We (2022) e as denúncias de má conduta sexual envolvendo o vocalista Win Butler.

Talvez como uma forma de responder a tudo que a banda viveu nos últimos tempos, Pink elephant, que é o sétimo álbum do Arcade Fire, vem com um ar estranho de natureza morta, como se deixasse no ar bem mais do que o que foi dito (e vale dizer que Butler não tem sequer dado entrevistas). Um clima de positividade tóxica invade a letra de Year of the snake, uma canção sobre mudanças forçadas, rupturas e coisas fora do controle. As duas vinhetas instrumentais do disco, com sonoridade perto do que se chamava antigamente de new age music (Beyond salvation e Open your heart or die trying) têm o mesmo clima – e causam o mesmo estranhamento.

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Mas isso não é nada perto do desespero de Circle of trust (“eu roubaria, eu mataria / eu mentiria por seu amor”). E é bem pouco perto de Alien nation, que consegue unir ódio e vibe gratiluz nos mesmos versos: “devolvo a meus inimigos toda a dor que eles gostariam ou poderiam ter, porque / eu devolvo esse mal a eles com amor, em nome da legião estrangeira”. Está tudo ali — torto, desajeitado, mas presente — como se Win Butler, mesmo negando as acusações, tentasse digerir publicamente o próprio cancelamento e as consequências pessoais que vieram com ele.

O Arcade Fire — e o casamento de Butler com Régine Chassagne, sua parceira na banda — sobreviveu a essa fase, mas não sem sequelas. Pink elephant parece um álbum feito a portas fechadas, praticamente um trabalho do casal, com participação crucial do co-produtor Daniel Lanois (cuja assinatura sonora é perceptível nas dez faixas). O resultado é um disco soturno, contido, sem explosão. Há uma dor evidente ali, mas é quase como se Butler quisesse que o ouvinte compartilhasse da penitência.

Entre as faixas bem resolvidas, tem o quase-shoegaze de Pink elephant e a música eletrônica de roqueiro de Alien nation, que lembra o single Witch, do The Cult, além do rock britânico do começo dos anos 1990. Stuck in my head, de sete minutos, é a única faixa exuberante no disco, com início lembrando New Order e Public Image Ltd e melodia crescente. O restante do disco é formado por músicas sombrias, que prometem algo, mas que no fim entregam pouca variedade e uma vibe que não avança, como no folk contemplativo Ride or die (que parece gravado no fundo de uma caverna), no synth pop texturizado e mal-humorado de Circle of trust e no tecnopop gélido e repetitivo de I love her shadow.

Havia uma expectativa — ainda que vaga — de que o Arcade Fire reencontrasse o frescor dos primeiros anos. Mas Pink elephant soa mais como uma sessão de terapia em forma de álbum do que como um abraço aos fãs de longa data.

Nota: 5,5
Gravadora: Columbia
Lançamento: 9 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Tennis, “Face down in the garden”

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Ouvimos: Tennis, “Face down in the garden”

O Tennis é uma dupla bem fora dos padrões, em todos os sentidos. Alaina Moore e Patrick Riley, que são casados, parecem fisicamente terem saído de algum filme romântico dos anos 1970 – ou da capa de algum volume daquelas séries de livrinhos românticos, Júlia, Sabrina, Bianca, que vendiam a rodo nas bancas de jornal nos anos 1970 e 1980. O clima A lagoa azul dos dois está garantido pelo fato do Tennis ser formado por um casal de velejadores – Cape Dory (2011), o primeiro álbum, surgiu de uma vivência de oito meses no mar, velejando e compondo.

A música dos dois é ousada, um indie-pop quase espacial, nebuloso, que lembra às vezes o curto namoro dos Carpenters com temas interplanetários – com direito a umas modernidades típicas de quem produz pop de olho nos sons da música eletrônica e do hip hop. Dessa vez, o novo disco dos dois, Face down in the garden, vem com um condimento mais louco ainda para os fãs do Tennis: a dupla anuncia que se trata de seu último disco, e que estão abertos para “novos projetos”.

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O fim, segundo um comunicado do grupo, vem por causa dos estresses de sua turnê anterior – teve de tudo: pneus furados, um assalto em alto mar, uma doença crônica desenvolvida por Alaina, prejuízo financeiro. As demos do disco novo, para manter o hábito, foram gravadas em meio a um mês de aventuras marítimas – mas os problemas adiaram bastante todo o projeto.

Pelo menos no clima do repertório, as crises não interferiram – e o Tennis, mesmo não apresentando novidades, continua uma banda celestial, quase dream pop. Principalmente quando investe num trip hop bossanovista (At the apartment), num som que lembra uma Sade intergaláctica e cavernosa (Weight of desire) e uma baladinha que lembra de leve o hit You make me feel mighty real, de Sylvester (a doce At the wedding). Tem algo de boogie oitentista em I can only describe you, e um clima meditativo (e dispensável, vá lá) na curta In love (Release the doves).

Resta saber se a separação dos dois é só musical ou se é também conjugal: a balada celestial 12 blown tires fala sobre os tais pneus furados e insere uns versos bem amargos na história (“dando desculpas, olhando para trás”, “você é rápido mas o tempo passa mais rápido / o amor é como um desastre natural”, “vejo nossos destinos colidindo”). O que vem por aí pode ser uma banda nova com os dois, projetos separados, colaborações com outros artistas, e sei lá o que mais. Se for mesmo o fim, que seja com o som das ondas, dos sintetizadores e dos corações partidos.

Nota: 8
Gravadora: Mutually Detrimental
Lançamento: 25 de abril de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Himalayas, “Bad star”

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Ouvimos: Himalayas, “Bad star”

Num papo com a revista Kerrang!, o vocalista da banda galesa Himalayas, Joe Williams, disse que se preocupa bastante com o fato de que, hoje em dia no rock, “as pessoas evitem ousar”. Vá lá que, ouvido do começo ao fim, o som dos Himalayas não é exatamente ousado – pelo menos no que eu considero como ousadia, que pode não ser o seu padrão, queridx leitxr, etc.

A maior qualidade dos Himalayas é achar uma saída em 2025 para o rock de arena herdado do punk e do power pop – uma receita que já foi levada adiante com classe pelos Foo Fighters durante vários anos. Joe (voz, guitarra), Mike Griffiths (guitarra solo, backing vocals), Louis Heaps (baixo) e James Goulbourn (bateria) trabalham na busca do acorde poderoso, do riff bacana e do refrão que pega, e fazem aquele tipo de rock que pode bombar na FM mais próxima a qualquer momento.

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Daí, Bad star, o segundo álbum, está mais próximo do rock clássico “chique”, de bandas como Royal Blood. Boa parte do repertório é dedicada a um hard rock de grife, como numa mescla de heavy metal, Duran Duran e Depeche Mode (se é que isso é possível). Quase sempre dá certo: Beneath the barrel tem vocal com clima glam e recordações dos anos 1980; Cave paintings soa como um Led Zeppelin new wave (mais uma vez: se é que isso é possível); Heavy weather é uma balada metal rock com vibe britpop, vai por aí.

Um lado que (aí sim) soa bem diferenciado no Himalayas é que eles parecem ter certa obsessão pela fase Notorious/Big thing do Duran Duran, e por inserir alguns quilos de peso na leitura que fazem desse período. Só assim dá para entender músicas como A brand new god, Twisted reflections e o pós-grunge tecno de Nothing higher. Por esse lado, vale bastante conhecer o Himalayas.

Nota: 7,5
Gravadora: Nettwerk Music Group
Lançamento: 25 de abril de 2025

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