Lançamentos
Westwell: country e folk com cara de pós-brit pop, feito em família

Grupo britânico que tem uma baita cara da geração calminha que surgiu no Reino Unido no fim dos anos 1980 (Badly Drawn Boy, Starsailor, Travis e até Coldplay em primeira fase), o Westwell se apresenta como uma “dupla de pai e filho, cantores e compositores” – no caso, James e Gus Corsellis, que figuram como autores das faixas.
O grupo tem uma popularidade bem interessante e notável no Brasil, pelo menos no Spotify (São Paulo está entre os lugares do mundo que mais ouvem o som deles, ao lado do Rio, de Curitiba, de Belo Horizonte e de Santiago, no Chile). Após alguns EPs e singles, eles lançam Don’t forget to leave the light on, EP de cinco faixas, incluindo uma versão diferente de Find me a corner. A faixa-título, afirmam eles, “é uma canção sobre o espírito humano, sua resiliência, seu anseio por conexão, sua inabalável fé no poder do amor para nos guiar nos tempos mais sombrios”.
Se você detesta bandas positivas, tranquilas e que têm o maravilhamento como tema, pode fugir. Ficando, vai dar de cara com uma banda cujo potencial para fazer grudar canções acústicas nos ouvidos alheios é bem grande. Vale citar Siren song, uma balada folk quase no estilo do Travis sobre o canto das sereias.
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Lançamentos
Radar: Thom Yorke & Mark Pritchard, Sparks, Suzanne Vega e mais sons novos

O DataPopFantasma afirma: números mostram que tá cheio de gente interessada em conhecer música nova – tanto que muita gente tá gostando de ver as listas do Radar, as nacionais e as internacionais. Dessa vez, Thom Yorke e seu novo projeto off-Radiohead encabeça a lista de novas músicas de lá de fora. Ouça tudo aí.
Foto Thom Yorke e Mark Pritchard: Pierre Toussaint/Divulgação
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THOM YORKE E MARK PRITCHARD, “GANGSTERS”. No dia 9 de maio (opa, daqui a menos de um mês) chega Tall tales, o álbum colaborativo que junta o vocalista do Radiohead com o produtor britânico Mark Pritchard. O disco já veio sendo anunciado com dois singles – Back in the game e This conversation is missing your voice – e agora ganha mais um capítulo com o novo single, Gangsters. A nova faixa mergulha fundo nos sons tecnológicos do passado: os teclados e a programação eletrônica remetem ao Computer world do Kraftwerk, à new wave saltitante dos anos 1980 e até à irreverência lo-fi e sintetizada do Young Marble Giants. O resultado é uma atmosfera robótica e sombria que chega a dar um friozinho na espinha – especialmente com os vocais altamente processados da dupla.
SPARKS, “DROWNED IN A SEA OF TEARS”. Os Sparks gostam de brincar com o drama — e fazem isso há décadas, com um pé no rock e outro no teatro. A gente falou deles num episódio recente do nosso podcast. Agora, prestes a lançar o 27º disco (!), MAD!, os irmãos Russell e Ron Mael soltam Drowned in a sea of tears, que é mais séria: uma música sobre um amor que se perdeu por falta de conversa. Tudo é tenso, mas ainda tem aquele toque irônico que só eles sabem fazer.
SUZANNE VEGA, “CHAMBERMAID”. A lenda está de volta. Depois de flertar com o punk (inspirada por Fontaines D.C. e Ramones) no single Rats, e de mergulhar no power pop no compacto Speaker’s corner, Suzanne Vega retorna às raízes folk em Chambermaid. A nova faixa fala sobre viver à sombra de um homem, com versos marcantes como: “eu costumava fingir que era rainha / mas com o tempo, abandonei essa cena / custa muito até sonhar nesta direção”. Suzanne revelou que a canção foi “inspirada por uma música que sempre amei — de um artista que significou muito para mim ao longo dos anos”. O site Stereogum aposta que a referência é I want you, de Bob Dylan — e a teoria faz sentido, já que a introdução das duas faixas é idêntica. Flying with angels, novo disco de Suzanne, chega no dia 2 de maio.
CALGOLLA, “MORNING STAR”. O rock alemão vai bem, obrigado. Morning star, primeiro single do próximo disco do Calgolla, Iter, mistura pós-punk com math rock, com vocais falados, guitarras marcantes e um ritmo que vai do dançante ao mecânico. A letra parece um diário de quem anda se perguntando para onde o mundo está indo: “bordas / arame farpado / trajetórias parabólicas / pés de lastro / pernas machucadas”. É uma música que faz pensar — e dançar, mesmo com um certo peso.
S.E.I.S.M.I.C, “THE DEMON”. O S.E.I.S.M.I.C vem lá de Christchurch, na Nova Zelândia, mas diz que seu som vem mesmo é de Marte. A banda aposta num rock pesado e viajado, que mistura Black Sabbath, Kyuss, MC5 e Hawkwind — e a gente já falou disso por aqui. O novo single, The demon, mantém a fórmula, mas com uma pegada mais sombria. A guitarra parece entalhada em pedra, e o clima lembra filme de terror. Não é pra ouvir baixinho. É pra colocar no talo.
PORCHES, “SHIRT” / “LUNCH”. Lembra do álbum Shirt, lançado pelo Porches no ano passado (e que, injustamente, acabou não ganhando resenha por aqui)? Pois bem: o disco continua sendo uma ótima forma de encarar os anos 1990 com a cabeça de 2025. Gritaria, guitarras pesadas, autotune (virou febre entre bandas novas), uns teclados aqui e ali – tudo isso dentro de uma estética de zoeira sonora que remete ao espírito de Kurt Cobain. Agora, Shirt volta rapidamente em edição deluxe – aliás como essas edições têm saído rápido, não? – com duas faixas extras. Elas são a própria Shirt (sim, ela não estava no disco original) e Lunch. As faixas brotam num inesperado clima grunge-post-rock, e Lunch chama atenção por ser uma daquelas músicas sobre o nada – dormir o dia todo, dar uma volta, ver as modas, matar o tempo. E ainda assim, tudo soa urgente, como se fosse a trilha sonora perfeita pra uma crise existencial preguiçosa.
Crítica
Ouvimos: Snapped Ankles, “Hard times furious dancing”

“Ainda podemos manter a linha da beleza, forma e batida. Não é uma pequena conquista em um mundo tão desafiador quanto este… Tempos difíceis exigem dança furiosa. Cada um de nós é a prova”. Esse trecho, escrito em 2010 por Alice Walker – autora estadunidense mais conhecida pelo romance A cor púrpura, que virou filme – inspirou o quinto disco do Snapped Ankles, grupo londrino que por falta de denominação melhor, pode ser chamado de pós-punk.
Isso porque, na prática, o Snapped Ankles veio para confundir, causar e criar um som difícil de colocar em caixinhas. Você percebe um Kraftwerk torto aqui e ali, influências de grupos como Wire, Suicide e The Fall (o vocal lembra o de Mark E Smith), mas o mais bizarro é que os integrantes não revelam suas identidades e todos se apresentam com roupas camufladas (!). Hard times furious dancing, a visão deles a respeito da dança furiosa dos tempos difíceis asseverada por Alice Walker, põe em música o espanto com o capitalismo, com as corporações, com o descaso das pessoas e com a transformação de todo mundo em números e algoritmos.
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Viajando pelas faixas, Pay the rent, um samba eletrônico torto, com clima meio sujo e simultaneamente meio psicodélico, abre o álbum soando como um The Clash mais experimental – mandando bala numa letra que praticamente prevê o fim do mundo por falta de verbas. Personal responsibilities mete bala nas empresas que só querem saber de lucrar sem se preocupar com mais nada, em meio a um som que evoca um Devo do mal, ou um Suicide moderno. Raoul une Kraftwerk e Ministry. Dancing in transit é dance music de altas energias, mas com ritmos tortos, consistindo num jazz-rock doidão e ríspido.
E isso aí é só o começo. Dai para a frente, somos apresentados ao sarcasmo de Where’s the caganer?, som uptempo com uma letra citando a velha tradição do duende cagalhão, um boneco que faz parte da decoração de Natal da Catalunha. Smart world é um tecnorock que soa como uma música daqueles novelty records de música eletrônica dos anos 1970 – com uma letra que conclui que “todo mundo que eu conheço está ficando mais preguiçoso da cabeça quase dia após dia”.
As razoáveis Hagen im garten e Bai lan, músicas com partículas de reggae, industrial e até eletrohardcore, servem de ponte para Closely observed, que encerra o álbum. Uma canção bem mais meditativa que o restante do disco, e que em meio a sons espaciais, propõe a fuga do sistema maluco atual (“economize, prepare / empacote o que puder / fuja, fuja / para outro plano de inverno / aterrissamos em uma cidade vazia”). Resta saber para onde…
Nota: 8
Gravadora: The Leaf Label
Lançamento: 28 de março de 2025.
Crítica
Ouvimos: Bong Brigade, “Morte pela pizza”

O Bong Brigade vem de Campinas (SP) e se define como uma banda de “pot punk” – ou seja, uma banda punk que (note o nome do grupo) tem a maconha como um dos principais assuntos. No álbum Pizza que mata, a erva convive com temas existenciais: sonhos destruídos, o caos nosso de cada dia nas grandes cidades, lembranças dos dias de luta. E convive também com um sarcasmo que surge até na canábica Tempo verde, punk épico que comemora um futuro dia da descriminalização da maconha, com versos como “nessa noite dançaremos em cima de suas leis / tempo verde, vai chegar / não há nada que você possa fazer”.
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Mais zoações surgem em faixas como O Brasil não vai para a Copa e Morte pela pizza, unidas a protestos e amarguras em faixas como Denny disse não, Todos os relógios estão errados e Ladeira da alma. Musicalmente, o Bong Brigade tem muito de bandas como Ramones, Angelic Upstarts e até os brasileiros Inocentes, mas inserem influências de hardcore, punk 77 no estilo do Damned (Joe não falha) e, em algumas faixas, som garageiro com influências 60’s (Todos os relógios… e Dias difíceis).
Em meio aos 22 minutos do disco (com onze faixas, curto e grosso), encontra-se ainda um hino punk legítimo, Turba de 93 (“o poder do refrão / de uma bela canção / daquelas que derrubam reis / e o céu se abriu / num agosto frio / nunca mais outra vez”). E no final, tem Fantin’, tecnopunk com programação de bateria, teclados e pinta de Billy Idol, marcando um diferencial no som do álbum.
Nota: 8,5
Gravadora: Maxilar Music
Lançamento: 1 de abril de 2025
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