Lançamentos
Urgente!: Stereolab na bossa psicodélica, Turnstile no emo ambient, Forth Wanderers de volta (?)

Nesta sexta (23), finalmente o mundo vai conhecer o novo disco do Stereolab – que, a julgar pelos singles lançados até agora, promete ser fantástico (mas a gente sempre pode se enganar… eu mesmo apostei no novo do Arcade Fire). Instant holograms on metal film, décimo-primeiro álbum da banda, é o primeiro desde 2010, tem quase uma hora de duração, será lançado em vinil duplo e ganhará uma turnê de divulgação que passa pela Europa, América do Norte e Reino Unido até dezembro.
Entre os convidados estão Cooper Crain e Rob Frye (do Bitchin Bajas), Ben LaMar Gay (músico, compositor e folclorista de Chicago) e a multi-instrumentista Marie Merlet. As gravações ficaram por conta da dupla Tim Gane e Lætitia Sadier, junto com os músicos de turnê: Andy Ramsay (bateria), Joe Watson (teclados) e Xavi Muñoz (baixo). Um último vislumbre de Instant holograms on metal film saiu nesta terça (20): é o single Transmuted matter, bossinha psicodélica de respeito, que ganhou um visualiser mais lisérgico ainda. Para ver (e ouvir) estrelas.
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Um disco que já tá cheio de assunto é o quarto álbum da banda norte-americana Turnstile, Never enough, que sai dia 6 de junho pela Roadrunner. Para começar, Never enough não é só um disco — é um álbum visual, que será lançado mundialmente durante o Festival de Cinema de Tribeca, entre 4 e 15 de junho. A direção do filme ficou por conta do vocalista Brendan Yates e do guitarrista Pat McCrory, e ele reúne as 14 faixas do álbum em uma imersão audiovisual contínua — ou seja, se você assistiu aos clipes lançados até agora, já teve pequenos encontros com o filme.
E o som? Surfando na boa maré das bandas emo e mergulhando de vez nos conceitos artísticos, o Turnstile dá passos firmes em direção a paisagens mais ambient — uma tendência que já vinha de antes, mas que agora se consolida. Nesta terça (20), saiu mais um fragmento do novo trabalho: Look out for me, uma faixa de quase sete minutos, com clima de pós-rock, videoclipe misterioso e dinâmico, e versos que doem, como “agora meu coração está por um fio” e “estamos numa fila para desaparecer / é injusto, injusto, injusto”.
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Sumidos da Silva desde 2018, os Forth Wanderers reapareceram do nada com To know me / To love me, single novíssimo que caiu de surpresa no Bandcamp da banda, e foi lançado por sua última gravadora, Sub Pop. O grupo indie de Nova Jersey, que não lançava nada desde seu segundo disco (o auto-intitulado Forth Wanderers, de 2014), nunca anunciou um fim oficial — só um hiato, um cancelamento de turnê e um texto forte da vocalista Ava Trilling na saudosa revista Vice, sobre crises de pânico na estrada.
Agora, a coisa pode estar esquentando de novo: o Instagram do grupo foi reativado com o anúncio da faixa nova. E embora o perfil também tenha sido usado recentemente (no fim de abril) pra anunciar uma edição comemorativa em vinil branco do disco de 2014, o noise rock de To know me / To love me parece que não é só nostalgia…
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O selo Cavaca Records arma noite com shows de City Mall, Caco/Concha e Lorena Moura no dia 29 de maio, na Casa Rockambole, em São Paulo. O evento marca a estreia da nova identidade visual do selo, criada por Bruno Faiotto, e a campanha Ouro da música brasileira.
Na noite, também rolam DJ sets de Eliminadorzinho e do próprio Faiotto. A noite celebra lançamentos recentes, músicas inéditas e a fase atual do selo fundado por Cainan Willy e Yasmin Kalaf. Vale citar que Caco/Concha e City Mall já andaram aparecendo aqui no Pop Fantasma. Ingressos aqui.
Texto: Ricardo Schott
Crítica
Ouvimos: DJ Guaraná Jesus – “Ouroboros”

RESENHA: Em Ouroboros, DJ Guaraná Jesus funde memórias e beats acelerados em 20 minutos de nostalgia 32-bit, funk, big beat e eletrônica pop multitonal.
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“O álbum é uma homenagem a um passado não tão distante – uma fusão de memórias e futuros imaginados convergindo para o presente”. Criado pelo produtor Julio Santa Cecilia, o projeto solo DJ Guaraná Jesus reúne memórias, música e sons eletrônicos num álbum curto (são nove faixas em menos de vinte minutos!), que voa como se fosse apenas uma faixa dinâmica, evocando desde sons de jogos em 32-bit, até sons como Prodigy e Skrillex.
Não foi à toa que ele escolheu para o disco o título Ouroboros – que nada mais é do que o conceito do eterno retorno, da morte e reconstrução, simbolizado pela serpente mordendo a própria cauda. Na real, não deixa de ser uma maneira construtiva de se referir ao próprio universo pop e à sua mistura de épocas e desenhos musicais, que aqui aponta para sons acelerados como num dia a dia anfetamínico (Vitalwaterxxfly3 e XP), sem descuidar das surpresas melódicas. E prossegue com o batidão quase funk de Mercúrio retrógrado e a viagem sonora de Unidade de medida e D-50 loop – a primeira em tom meditativo, a segunda de volta à aceleração.
- Ouvimos: Skrillex – FUCK U SKRILLEX YOU THINK UR ANDY WARHOL BUT UR NOT!! <3
- Ouvimos: Papatinho – MPC (Música Popular Carioca)
Ouroboros parte também para o heavy samba eletrônico e ágil de Brsl, o batidão-de-caixinha-de-música de Hauss_hypa_vvvv e o big beat de Firenzi dolce vitta, encerrando com um batidão que remete ao samba-funk aceleradíssimo (Campari Devochka). Algumas faixas rendem mais do que apenas poucos minutos – ou até segundos – e poderiam ser esticadas. Mas Julio, com o DJ Guaraná Jesus e Ouroboros, quis aparentemente fazer um disco que pudesse acompanhar um passeio rápido no dia a dia.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Seloki Records
Lançamento: 16 de maio de 2025
Crítica
Ouvimos: Jonabug – “Três tigres tristes”

RESENHA: No álbum Três tigres tristes, Jonabug mistura noise rock, grunge e pós-punk com letras em inglês e português, guitarras ruidosas e identidade forte
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Vindo de Marília, interior de São Paulo, o Jonabug vem sendo incluído no rol do “emo caipira”, de bandas vindas de cidades pequenas, e que são influenciadas pela cena emocore do Centro-Oeste norte-americano. É isso, mas não só isso: o grupo de Marília Jonas (guitarra, vocal), Dennis Felipe (baixo) e Samuel Berardo (bateria) é um dos melhores exemplos atuais do noise rock brasileiro. Misturando inglês e português, fazem em Três tigres tristes, álbum de estreia, um som que está mais para grunge do que para shoegaze – mesmo que invista em paredes de guitarra e ruídos.
Esse é o som de faixas como Mommy issues, Além da dor, Look ate me e At least on paper my mistakes can be erased, misturas de vocal provocativo, guitarras cheias de riffs, certo balanço na batida e vibe sombria e confessional. Músicas como Fome de fugir e You cut my wings levam o esquema do Jonabug para algo mais próximo do pós-punk. A sua voz é o motivo da minha insônia e Taste everybody’s tears dispensam rótulos e lembram a vocação ruidosa e melódica dos anos 1990. E Nº 365 é um guitar rock falado, soando quase como uma trilha de filme.
No fim, Brown colored eyes traz mais um diferencial para o som do Jonabug: é quase uma balada guitar rock, com clima tranquilo e solo de guitarra com design sonoro oriental. O Jonabug escapa de qualquer caixinha e entrega um disco coeso, intenso e cheio de identidade própria.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 15 de junho de 2025.
Crítica
Ouvimos: Monchmonch – “Martemorte”

RESENHA: Monchmonch lança Martemorte, disco punk-eletrônico gravado no Brasil e Portugal, com HQ, vinil exclusivo e vibe no-wave psicodélica.
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Lucas Monch, criador do projeto musical experimental Monchmonch, pensa grande: Martemorte, disco novo do projeto, teve sessões de gravação em Brasil e Portugal, e sai junto com uma HQ que transforma o disco em projeto visual. Também vai sair em vinil, com um lado B exclusivo da mídia física. Lucas também criou duas formações do Monchmonch, uma no Brasil e outra em Portugal.
Martemorte é um bom exemplo de punk experimental e eletrônico – tendendo para algo bem próximo da no-wave às vezes, ou da zoeira misturada de punk, funk e eletrônicos do Duo Chipa (por sinal, Cleozinhu, do Duo, participa do disco com produções, samples e ruídos). Efeitos de guitarra e sons que parecem videogames ou trilhas de desenho animado marcam Bolinha de ferro, Vala lava, o punk espacial de Jeff Bezos paga um pão de queijo e a psicodelia lo-fi de Prédios. Rola até um clima psico-krautrock em City bunda e Coisa linda.
O disco vai ainda para o punk-country sacana em Velhos brancos jovens carequinhas e para uma perversão dos Beach Boys do disco Smiley smile (1966) em Rasga céu, tema espacial-psicodélico apavorante, em que milionários e donos de big techs são fatiados sem dó.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Seloki Records
Lançamento: 17 de junho de 2025.
- Ouvimos: Ultrasonho – Nós nunca vamos morrer
- Ouvimos: Duo Chipa – Lugar distante
- Ouvimos: Vovô Bebê – Bad english
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