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Lançamentos

The Lautreamonts: trio pós-punk de Niterói (RJ) fala sobre crescer e florescer em “Photophobic sunflower”

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The Lautreamonts: trio pós-punk de Niterói (RJ) fala sobre crescer e florescer em "Photophobic sunflower"

Trio pós-punk de Niterói (RJ), The Lautreamonts costuma fazer experimentações que unem sons góticos e shoegaze, a estilos como bossa nova e até sons étnicos. A banda formada por Martha F (voz), Hudson B (programações, percussão e backing vocals) e Leo Alves (guitarra e backing vocals) retorna agora com o single Photophobic sunflower. Usando como tema os tais girassóis assustados com a luz do título, a faixa fala a respeito de evitar o que faz florescer, crescer.

“É um tributo à complexidade da sensibilidade humana, uma celebração àqueles que têm a coragem de serem autênticos, mesmo quando isso significa expor suas vulnerabilidades”, diz o grupo no comunicado de lançamento do single. Leo Alves, que faz sua primeira gravação com a banda, também produziu a faixa. O grupo, que existe desde 2018, já fez onze shows na Europa em 2019 e desde o retorno pós-pandemia, passou por Juiz de Fora, São Thomé das Letras (no festival Woodgothic), embarcou numa mini-tour por 5 cidades de São Paulo, além de shows no Rio de Janeiro e Niterói, sua cidade natal.

O single sai pelo selo Paranoia Musique em todas as plataformas digitais e é acompanhado de um remix como bônus.

Foto: Divulgação.

Crítica

Ouvimos: The Waeve, “City lights”

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Ouvimos: The Waeve, “City lights”
  • City lights é o segundo disco do The Waeve, projeto dos músicos, vocalistas e compositores Graham Coxon (Blur) e Rose Elinor Dougall (artista solo e ex-The Pipettes). O disco tem produção de James Ford.
  • O single You saw é definido pela dupla como “uma música sobre reconhecer como decisões aparentemente minúsculas podem ter um impacto sísmico no curso da vida de alguém, como às vezes parece que a maneira como as coisas acontecem é predestinada”.
  • O nome The Waeve é “the wave” (a onda) na antiga grafia inglesa. A dupla foi batizada assim porque ambos os integrantes são piscianos e há muitas referências nas letras das canções do The Waeve à água e ao mar.

Sim, o mundo precisava de uma união perfeita entre pós-punk e pop sessentista. Sendo que “pop sessentista” aí aponta para uma mescla de Motown, girl groups, Velvet Underground, The Who, Kinks, Beatles, unidos com uma visão lúgubre do que é fazer um rock que vá além dos três acordes. E se não precisava, vai acabar achando que precisa logo após ouvir City lights, segundo disco do The Waeve.

É complicado apontar referências diretas no som de Graham Coxon (Blur) e Rose Elinor Dougall (ex-Pipettes), mas em músicas como Mouth to the flame, bate ponto uma sonoridade que junta Ultravox (o final lembra o metais-e-programação de Hiroshima mon amour), Roxy Music e até a fase solo de Pete Shelley (Buzzcocks). You saw é o mais próximo possível de uma união entre Todd Rundgren e ABBA. I belong to… transporta o clima sombrio de uma canção de Alice Cooper para a Inglaterra dos anos 1980. A balada mântrica Simple days, destacando os vocais de Rose, a parede de guitarra-e-efeitos de Broken boys e o folk agridoce e mágico de Song for Eliza May e Girl of the endless night levam o álbum para outros lugares, bem diferentes musicalmente.

Não existe nada de eminentemente “progressivo” em City lights. Se bem que a última faixa, a belíssima Sunrise, chega perto disso. É uma música de sete minutos, bastante associável a Pink Floyd, mas com uma filiação glam que a deixa próxima do David Bowie de músicas como Memory of a free festival. E é uma grande surpresa no fim do álbum.

Nota: 9
Gravadora: Trangressive

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Crítica

Ouvimos: Jamie xx, “In waves”

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Ouvimos: Jamie XX, “In waves”
  • In waves é o segundo álbum do produtor britânico Jamie xx, integrante da banda The xx. O disco tem participações de Honey Dijon, Kelsey Lu, John Glacier, Panda Bear, Robyn, The Avalanches e Oona Doherty, além dos companheiros de banda de Jamie, Oliver Sim e Romy.
  • O disco foi concebido durante quatro anos. James comparou suas experiências desde o lançamento de seu álbum anterior a “ondas que todos nós experimentamos juntos e sozinhos”, e disse que queria, no novo disco, “fazer algo divertido, alegre e introspectivo ao mesmo tempo”, já que “os melhores momentos em uma pista de dança geralmente são isso”.
  • Dentre os samples e interpolações do disco, o mais curioso é o uso de trechos de Nights in white satin, da banda proto-progressiva Moody Blues, na faixa Still summer.

Tem gente bastante interessada, alias sempre teve, em usar a música eletrônica para criar atmosferas e fazer as pessoas viajarem, na pista de dança ou fora dela. É o caso de gente como Justice, Daft Punk (especialmente no começo da dupla), Chemical Brothers, The Boards Of Canada e… Jamie xx, integrante do grupo The xx, e músico solo de produção bissexta. In colour, seu álbum anterior, completa uma década de lançado no ano que vem. O novo In waves, repleto de participações, alinha-se mais a uma visão quase psicodélica da dance music, do que a recordações da música eletrônica dos anos 1980 ou 1990.

Tudo que surge no álbum é montado como se contasse uma história para ser vivida em grupo, como numa pista de dança – o que já é mostrado pelos títulos das músicas e pela progressão das faixas (abrindo com a vinheta Wanna, que aparece discretamente como os beats de uma festa ouvida a distância). E também pelas diversas partes das músicas, transformando a audição de In waves numa surpresa repleta de interlúdios e vinhetas.

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De “retrato de uma época”, tem o módulo dançante repleto de vocais gospel de Treat each other right (soando como os remixes dos anos 1990) e o ataque sonoro de Baddy on the floor, com riff de piano – além dos efeitos acid (e literalmente em ondas, com direito a sample da banda sessentista Moody Blues) de Still summer, e da participação de Robyn na hipnotizante Life. O soul house tristonho de Waited all night lembra uma balada disco que foi remixada e ganhou um refrão dançante. Dafodil (com Kelsey Lu, John Glacier e Panda Bear) vem numa onda mais minimalista e mais próxima do indie pop.

Indo para o fim do disco novo de Jamie xx, destaque para All you children, com participação do grupo australiano The Avalanches, sample de coral infantil e design musical de colagem sonora e até visual (imagina um clipe disso!). No final, Falling together, declamada por Oona Doherty, coloca em palavras a magia e a integração que rola entre DJ, música e pista (“nada a fazer/além de tratar/e ser tratado com gentileza/para preservar um ao outro e cuidar”).

Nota: 9
Gravadora: Young

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Crítica

Ouvimos: Ramones, “Halfway to sanity” (relançamento)

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Ouvimos: Ramones, “Halfway to sanity” (relançamento)

Que ironia: um disco nota 6 dos Ramones causa crises de saudades e revisionismo histórico e… pelo menos aqui no Pop Fantasma, aumenta de cotação. Halfway to sanity (1987) volta agora às lojas brasileiras (as online e as que resistem), e no formato CD. Foi o último disco gravado com Richie Ramone na bateria, pouco antes do grupo fazer uma tentativa de colocar o ex-Blondie Clem Burke para substituí-lo.

Dizer que “o disco tal dos Ramones foi marcado por brigas durante a gravação” é chover no molhado, ainda mais em se tratando de uma banda que tinha o intransigente Johnny Ramone como guitarrista. Halfway, décimo álbum da banda, lançado originalmente em 15 de setembro de 1987, por sua vez, é um caso à parte: a porrada comeu antes, durante e depois. Para começar, em janeiro daquele ano, o grupo baixou em São Paulo para três shows – o primeiro deles terminou em briga generalizada provocada por skinheads.

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  • Temos episódios do nosso podcast sobre Ramones e Blondie.

No meio das gravações, Joey e Johnny Ramone, inimigos íntimos, não se entendiam. O produtor Daniel Rey tinha problemas de comunicação com boa parte da banda. Dee Dee Ramone (ainda no baixo do grupo), passava boa parte do tempo doidão, não conseguia se comunicar com ninguém e – dizem – teve suas partes de baixo tocadas por Rey. Pessoas que lidavam com os Ramones de perto dizem que a banda já estava de saco cheio de trabalhar feito louca, gravar um disco por ano e não ser reconhecida, com direito a amigos da onça perguntando a eles “quando a banda iria estourar”.

E aí que Halfway soa insano, embora sob controle. Curtíssimo (12 músicas em 30 minutos e uns quebrados), o álbum traz os Ramones fazendo algumas incursões pelo hard rock e pelo hardcore, com direito a vocais berradíssimos de Joey Ramone em faixas como I know better now, a agitada Weasel face (na qual a voz do cantor chega a lembrar a de Alice Cooper) e o skate punk legítimo I’m not Jesus. O grupo chega perto do pós-punk gótico em Garden of serenity, adere ao som tribal na onda do Public Image Ltd em Worm man, e soa revivalista na balada Bye bye baby (com cara de canção de girl group, e escrita, claro, por Joey) e no rock vintage Go lil Camaro go, marcado por uma apagada participação de Debbie Harry.

1987 foi um ano de três bateristas para os Ramones: com Halfway em curso, Richie saiu brigado da banda, e deu lugar para Clem Burke – jornalistas lançaram a piada de que ele adotaria o nome Clemmy Ramone, mas ficou mesmo como Elvis Ramone. Não deu certo e após dois shows confusos, Marky Ramone, que estava afastado da banda desde 1983, retornou. Hoje, vale a redescoberta.

Nota: 7,5
Gravadora: ForMusic (no Brasil)

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