Lançamentos
Sampha: paternidade inspira novo disco, “LAHAI”

Há alguns meses, o cantor e compositor Sampha lançou seu primeiro single solo em seis anos, Spirit 2.0. O artista lançou outro single, Only, e contou detalhes de seu próximo disco, LAHAI, a continuação de seu álbum de estreia de 2017, Process. O álbum sai pelo selo Young no dia 20 de outubro.
LAHAI é uma referência ao nome do meio de Sampha (que se chama Sampha Lahai Sisay), que também é o nome de seu avô. O disco tem contribuições de Yaeji, Léa Sen, Sheila Maurice Gray (Kokoroko), Ibeyi, Morgan Simpson (Black Midi), Yussef Dayes, Laura Groves e Kwake Bass. E surgiu de mudanças provocadas em sua vida pela paternidade (ee tornou-se pai na primavera de 2020, em meio à pandemia).
“Foi intenso, mas também bastante focado. A mágoa e a ansiedade mudam um pouco, de estar preocupado com seu próprio ponto de vista para: Quantos anos vou viver? Quero ajudá-la a sobreviver ao longo da vida”, disse ele, cujo primeiro disco, Process, era cheio de impressões a respeito da morte da mãe, por câncer (Foto: Reprodução YouTube).
Lançamentos
Radar: Teenage Joans, Daevar, Girl And Girl, Bela Gisela e mais sons novos internacionais

Em caso de suspeita de falta de sons novos, ouça o Radar do Pop Fantasma no último volume – nessa edição, focamos em sons internacionais que não vemos serem muito comentados aqui no Brasil e que fizeram nossa cabeça nos últimos dias. Já ouviu falar das Teenage Joans? E do Daevar? Ouça tudo aí.
Foto Teenage Joans: Reprodução Instagram
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
- Mais Radar aqui.
TEENAGE JOANS, “SWEET AND SLOW”. Tahlia Borg e Cahli Blakers começaram a tocar juntas quando adolescentes — e talvez seja isso que tenha moldado o Teenage Joans com tanta energia, urgência e liberdade. O tempo passou, o som cresceu, mas a espontaneidade permanece intacta. Sweet and slow, novo single, é puro vício: punk-pop cheio de colagens indie, com refrão fácil de decorar e difícil de esquecer. O clipe, divertido e um tanto nonsense, coloca a dupla num programa de variedades que parece saído de um VHS perdido dos anos 1980.
DAEVAR, “CATCHER IN THE RYE”. O som do Daevar vem pesado, mas não se acomoda no peso. A banda alemã, formada em torno das heranças do Black Sabbath, das cinzas do grunge e da poeira cósmica do stoner, equilibra tudo com uma atmosfera sombria e vocal feminino que guia com classe o caos. Lançado agora no EP Sub rosa, Catcher in the rye é uma dessas faixas que parecem nascer de um sonho febril — e, como o título sugere, traz ecos distorcidos de Holden Caulfield vagando pelo subterrâneo de outra cidade, outro tempo.
GIRL AND GIRL, “OKAY”. Okay parece pequena e simples, mas carrega um mundo. O novo single da australiana Girl and Girl vem com guitarras que soam como evocações de Smiths e Echo and The Bunnymen, e uma letra que fala sobre… bem, sobreviver ao cotidiano, tarefa bem ingrata às vezes. O vocalista Kai James explica: “Às vezes, as coisas não ficam incríveis. Nem boas. Mas ficam bem. E tudo bem ficar só bem”. Lançamento da Sub Pop, que mais uma vez aposta em bandas que sabem transformar pequenas epifanias em canções redondas.
BELA GISELA feat JOSÉ CID, “NOSTALGIA”. E o rock português, como vai? A banda Bela Gisela, que já trabalhou com nomes como Steve Lyon (Depeche Mode, The Cure, Paul McCartney) e Bob Weston (Nirvana, LCD Soundsystem), resolveu olhar para trás e revisitou um hit próprio de 2021 — a balada Nostalgia, com forte clima de pós-britpop. Para a nova versão, agora acompanhada de um clipe, convidaram um verdadeiro monumento do rock local: José Cid. Figura-chave do rock de Portugal dos anos 1960, Cid construiu uma carreira solo que foi do space rock (o clássico 10.000 anos depois entre Vênus e Marte, de 1978) à new wave (inclusive Como macaco gosta de banana, sucesso oitentista de João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, é versão em “português brasileiro” de uma música dele, lançada em 1982).
LOVE RARELY, “DISAPPEAR”. Hora do emo: o quinteto de Leeds despeja emoção e intensidade em doses generosas no novo single, Disappear. Com paredes de guitarras que vão do peso ao brilho cristalino, e vocais que beiram o gutural, a faixa é visceral e arrebatadora. Em vez de fugir ou “instalar a TV no quarto dos fundos”, o Love Rarely escolhe se acomodar ao sol — e faz disso um momento catártico, costurado por guitarras afiadas e sentimentos à flor da pele. O mesmo vale para os vocais: melódicos e rasgados na medida certa.
RÖYKSOPP feat. ROBYN, “DO IT AGAIN (TRUE ELECTRIC)”. A dupla norueguesa de música eletrônica volta com True electric, um disco de quase quatro horas de duração (!), incluindo 19 gravações de estúdio inspiradas pela turnê True electric, que rolou em 2023. No repertório, tem remixes e versões retrabalhadas de faixas originais. A luminosa Do it again vem com os vocais e Robyn e em clima de explosão sonora.
Crítica
Ouvimos: Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs, “Death hilarious”

Vindo de Newcastle, Inglaterra, o Pigs x7 (melhor reduzir o nome ao longo do texto, ou vai complicar até pro SEO) é tido e havido como uma banda de doom metal. Em seu quinto disco, o simultaneamente irônico e sério Death hilarious, eles caem para cima de bandas como Helmet e Tool em vários momentos, e também mostram que passaram pela escola de metal do Sepultura.
Esse som surge em faixas como Detroit, Carousel (que tem a adição de um synth sujo e podre) e Glib tongued. Esta última segue a linha do metal rangedor dos anos 1990, com a cadência de quem alternava discos de hip hop e som pesado no CD player – e ainda tem El-P, do Run The Jewels, fazendo rap. Mas vá lá, o forte deles é abusar de referências metal-clássicas. O disco já abre com Blockage, metal cavalar lembrando até mais Judas Priest do que Black Sabbath. Collider mantém o olho nos anos 1970 e 1990 simultaneamente: é um stoner blues rock referenciado em Soundgarden e Black Sabbath. No final, tem o stoner lento de Toecurler, música de oito minutos que evoca o comecinho do Motörhead – ou a esquina que uniu o pré-punk ao metal.
No mais, a própria já citada Detroit ganha uma cara de blues demoníaco, lá pelas tantas, que é a cara dos anos 1990. E tem Stitches, com tecladeira podre e sonoridade localizada entre Black Sabbath e Deep Purple. Isso tudo já garante espaço para o grupo no coração de quem ouve metal há anos, mas prossegue ligada/ligado em novidades. Já as letras, em vários momentos, apontam para o fim de tudo – seja esse “tudo” a sociedade doente, o totalitarismo, ou alguém muito estranho e problemático que manda recados direto da própria tumba. Blockage, por exemplo, traz versos como: “na minha estupidez cega / voltei ao pó (…) / agora estou residindo / nas profundezas da Terra / o que eu teria dado por uma segunda chance?”.
Nota: 8
Gravadora: Missing Piece Records
Lançamento: 4 de abril de 2025
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
Crítica
Ouvimos: Renegades Of Punk, “Gravidade”

Um supergrupo punk formado em Aracaju em 2007, o Renegades Of Punk lança seu segundo álbum, Gravidade. Em 16 curtas faixas, Daniela Rodrigues (guitarra, vocal), Ivo Delmondes (bateria, vocal) e João Mário (baixo, voz, synth) dedicam-se a uma música ágil, pesada, sombria e quase gótica, conduzida quase sempre pelo baixo – que soa como se tivesse sido gravado em uma igreja, ou qualquer lugar cheio de ambiência.
Os vocais de Daniela saem igualmente na frente, cuspindo uma poesia anárquica, que sempre elege o capitalismo e a exploração do trabalhador como alvos – sem sombra de panfletarismo. Gravidade abre com o punk motorik e gritado da ruidosa Apenas isso, segue com os efeitos psicológicos do capitalismo na cavernosa Bruxismo (que lembra The Damned), evoca Buzzcocks em faixas como Invisível, Cortaram meus olhos e Feitiço, e fala do dia a dia de muita gente na irônica e triste Sempre angústia: “eu sou a máquina que deu errado / não consigo homogeneizar (…)/ achei que era de carne e osso / mas era apenas aparelho com defeito / acreditando que podia ser diferente”.
Temas como o machismo da ciência e da medicina surgem em Ciseaux, e uma energia punk-hardcore lembrando Mercenárias e Ratos de Porão ganha a frente em Máquina e Depressa. Misoginia (dos versos “eles ocupando os cargos / nós em casa parindo / uma piada de mau gosto / falta lógica, falta empatia”), por sua vez, vai para o lado de bandas como Gang Of Four e Television Personalities. Se nunca ouviu, adote essa banda agora mesmo.
Nota: 9
Gravadora: El Rocha Records
Lançamento: 8 de março de 2025
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
-
Cultura Pop4 anos ago
Lendas urbanas históricas 8: Setealém
-
Cultura Pop4 anos ago
Lendas urbanas históricas 2: Teletubbies
-
Notícias7 anos ago
Saiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
-
Cinema7 anos ago
Will Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
-
Videos7 anos ago
Um médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
-
Cultura Pop8 anos ago
Barra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
-
Cultura Pop6 anos ago
Aquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
-
Cultura Pop7 anos ago
Fórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?