Cultura Pop
Relembrando: MC5, “Kick out the jams” (1969)

A importância do recém “ido” Wayne Kramer e de sua banda, o MC5, é enorme. O imaginário evocado pelo grupo é um baú que parece não ter fundo: conflitos raciais em Detroit (terra da banda), antirracismo, rock de garagem, marxismo, guerrilhas, Motown, fábricas de automóveis, poluição, sexo, orgias, jazz, blues e soul. Tudo isso no cenário quase desmoronado de uma das mais conhecidas cidades industriais do mundo.
Além disso, o grupo de Wayne (guitarra), Rob Tyner (voz), Fred “Sonic” Smith (guitarra), Michael Davis (baixo) e Dennis Thompson (bateria), organizou alguns importantes movimentos musicais que viriam na sequência. Punk, heavy metal, hard rock, glam rock, tudo isso partiu dos três álbuns lançados por eles entre 1969 e 1971.
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Assim como Stooges e Velvet Underground, o MC5 não vendeu muitos discos e enfrentou mais portas fechadas do que braços abertos. Mas virou notícia rapidamente, e surgiu sob as bênçãos de um marketeiro político daqueles: o ativista político John Sinclair. Envolvido com a política de esquerda radical e com o Partido dos Panteras Brancas (uma adesão de jovens brancos dos EUA à agenda dos Panteras Negras), ele se tornou a partir de 1968 um empresário não-convencional do grupo. O anti-capitalista Sinclair preferia definir-se como um “orientador” do quinteto e nada mais do que isso.
Não custa lembrar que o superlativo John Sinclair não foi responsável por fazer a cabeça do MC5. O grupo já existia desde 1963, observava o mundo do ponto de vista apertadíssimo da classe trabalhadora dos EUA, e seu som pesado e berrado já havia chamado a atenção de grupos revolucionários e radicais norte-americanos (como os encrenqueiros de plantão do Up Against The Wall Motherfuckers). Sinclair levou um pouco mais de ideologia explosiva à banda, e também produziu e organizou o trabalho do grupo, que vinha de várias tentativas e já havia lançado singles por selos pequenos. “John Sinclair era a única pessoa que respeitávamos e cuja orientação aceitaríamos. Tínhamos uma longa série de traficantes de segunda categoria no mundo da música e empreendedores de negócios musicais que tentaram administrar o MC5. Não éramos gerenciáveis”, divertiu-se Kramer aqui.
O barulho que o MC5 fazia era enorme, no palco e na mídia – revistas como a Rolling Stone já haviam acordado para o quinteto. Tanto que a Elektra não deixou por menos e contratou a banda, aproveitando para gravar o primeiro álbum, Kick out the jams (fevereiro de 1969), ao vivo. O disco foi registrado em duas noites no Grande Ballroom, um histórico salão de danças de Detroit que em 1966 havia sido adquirido pelo DJ Russ Gibb, cujo objetivo era fazer do local uma casa análoga ao Fillmore, de São Francisco. O repertório do álbum era bem mais louco e variado do que o normal para uma banda que desejava fazer sucesso – mas era, no geral, tudo filtrado pelo pré-punk.
A ousadia do MC5 era tanta que Kick out the jams abria com uma pregação (!) de um minuto e meio. JC Crawford, listado como “conselheiro espiritual” do grupo, exortava a plateia como um pastor protestante, dizendo frases como “chegou a hora, irmãos e irmãs, de vocês decidirem se querem ser parte da solução ou parte do problema”. O grupo nem sequer fez questão de abrir o disco com uma canção autoral. Preferiu relembrar os tempos de banda de garagem e transformou a safada e sexualmente ativa Ramblin’ rose, popularizada por Nat King Cole, num punk legítimo, cantado por Tyner com um falsete gozador.
Em seguida, a faixa-título, que causou discussões na gravadora por causa do “kick out the jams motherfuckers” berrado pelo vocalista. Não havia um consenso na Elektra sobre se aquele palavrão era desejável ou não. O disco saiu com ele, foi censurado pela gravadora a posteriori, e versões com e sem o “motherfuckers” (substituído por “brothers and sisters”) circularam quase ao mesmo tempo. Fato é que o álbum prosseguia unindo sexo (e sexismo, vá lá), psicodelia, distorções, microfonias e letras malcriadas em doses iguais, nas autorais Come together, Rocket reducer nº 62 (Rama lama fa fa fa) e Borderline.
Até aí, ecos das letras do grupo poderiam ser achados posteriormente em discos como Ziggy Stardust, de David Bowie (o “wham bam thank you ma’am” de Suffragette city, de Bowie, estava também em Rocket reducer). Mas o restante do lado B aumenta o tom, em música e letra. O grupo resgatou um blues de protesto gravado por John Lee Hooker em 1967, Motor city is burning, avisando que a revolta e a destruição viriam. Trouxe de volta em versão quase heavy metal I want you right now, uma canção do repertório de uma banda quase tão proto-punk quanto eles, os Troggs.
Os nove últimos minutos do disco são ocupados com o terror espacial de Starship, uma parceria entre a banda e o jazzista afrofuturista Sun Ra. Era mais violento que o Black Sabbath, era quase stoner rock, era o mesmo progressivo punk que o Hawkwind estaria fazendo mais ou menos naquela período, só que sob um viés bem mais destruidor.
Kick out the jams soou como a explosão de um carro-bomba: estacionou nas vendas, foi recusado por uma cadeia importante de lojas (a Hudson’s), foi marcado por shows caóticos, e representou o fim da linha da banda na Elektra. John Sinclair caiu no ardil de um policial e foi preso por tráfico de maconha. Passou dois anos na cadeia, foi homenageado por John Lennon com a música John Sinclair, virou herói da esquerda no rock, mas acabou destituído do cargo de “orientador” da banda – anos depois reclamou que nenhum dos integrantes do MC5 foi visitá-lo na prisão e que “nem os mafiosos abandonam seus presos dessa forma”.
Sem Sinclair, restou o peso e uma certa postura de heróis do rock, que levou a um novo contrato com a Atlantic e à gravação de mais dois álbuns com a formação clássica, o fraco Back in the USA (1970) e o pesado e redefinidor High times (1971). Drogas, baixas vendagens e mudanças na formação abreviaram o fim. Mas um pulo no tempo encontrou Wayne em 2023, confiante, anunciando um disco novo do MC5 com Bob Ezrin na produção. O guitarrista, que largou as drogas e iniciou carreira solo nos anos 1990, infelizmente se foi. O que vem por aí fica como documento e legado de tempos bastante explosivos na música.
4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
Cultura Pop
Urgente!: E não é que o Radiohead voltou mesmo?

Viralizações de Tik Tok são bem misteriosas e duvidosas. Diria, inclusive, que bem mais misteriosas do que as festas regadas a cocaína, prostitutas de Los Angeles e malas de dólares que embalavam os nada dourados tempos da payola (jabá) nos Estados Unidos. Mas o fato é que o Radiohead – que, você deve saber, acaba de anunciar a primeira turnê em sete anos – conseguiu há alguns dias seu primeiro sucesso no Billboard Hot 100 em mais de uma década por causa da plataforma de vídeos. Let down, faixa do mitológico disco Ok computer (1997), viralizou por lá, e chegou ao 91º lugar da parada
A canção, de uma tristeza abissal, já tinha “voltado” em 2022 ao aparecer no episódio final da primeira temporada da série The bear – mas como o Tik Tok é “a” plataforma hoje para um número bem grande de pessoas, esse foi o estouro definitivo. Como turnês de grandes proporções nunca são marcadas de uma hora pra outra, nada deve ter acontecido por acaso. E tá aí o grupo de Thom Yorke anunciando a nova tour, que até o momento só incluirá vinte shows em cinco cidades europeias (Madri, Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim) em novembro e dezembro.
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O batera Phillip Selway reforçou que, por enquanto, são esses aí os shows marcados e pronto. “Mas quem sabe aonde tudo isso vai dar?”, diz o músico. Phillip revela também que a vontade de rever os fãs veio dos ensaios que a banda fez no ano passado – e que já haviam sido revelados em uma entrevista pelo baixista Colin Greenwood.
“Depois de uma pausa de sete anos, foi muito bom tocar as músicas novamente e nos reconectar com uma identidade musical que se arraigou profundamente em nós cinco. Também nos deu vontade de fazer alguns shows juntos, então esperamos que vocês possam comparecer a um dos próximos shows”, disse candidamente (esperamos é a palavra certa – a briga de faca pelos ingressos, que serão vendidos a partir do dia 12 para os fãs que se inscreverem no site radiohead.com entre sexta, dia 5, e domingo, dia 7, promete derramar litros de sangue).
Enfim, o que não falta por trás desse retorno aí são meandros, reentrâncias e cavidades. O Radiohead, por sua vez, investiu no lado “quando eu voltar não direi nada, mas haverá sinais”. Em 13 de março, dia do trigésimo aniversário do segundo disco da banda, The bends, o site Pitchfork noticiou que a banda havia montado uma empresa de responsabilidade limitada, chamada RHEUK25 LLP. – sinal de que provavelmente alguma novidade estava a caminho. Poucos dias depois, um leilão beneficente em Los Angeles sorteou quatro tíquetes para “um show do Radiohead a sua escolha”. Muita gente levou na brincadeira, mas algumas fontes confirmaram que o grupo tinha reservado datas em casa de shows da Europa.
Depois disso – você provavelmente viu – surgiram panfletos anunciando supostos shows do grupo em Londres, Copenhague, Berlim e Madri, ainda sem nada oficialmente confirmado, até que tudo virou “oficial”. Pouco antes disso, dia 13 de agosto, saiu um disco ao vivo do Radiohead, Hail to the thief – Live recordings 2003-2009 (resenhado pela gente aqui). Com isso, possivelmente, os fãs até esqueceram a antipatia que Thom Yorke causou em 2024, ao abandonar o palco na Austrália, quando foi perguntado por um fã sobre a guerra entre Israel e Palestina.
O site Stereogum não se fez de rogado e, quando a turnê ainda não estava oficialmente anunciada (mas havia sinais) chegou a perguntar num texto: “E aí, será que eles vão tocar Let down?”. No último show da banda, em 1º de agosto de 2018 (dado no Wells Fargo Center, Filadélfia), ela era a nona música, logo antes da hipnotizante Everything in its right place. Seja como for, já que bandas como Talking Heads e R.E.M. não parecem interessadas em retornos, a volta do Radiohead era o quentinho no coração que o mercado de shows, sempre interessado em turnês nostálgicas, andava precisando. Que vão ser vários showzaços e que muitas caixas de lenços serão usadas, ninguém duvida.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Tom Sheehan/Divulgação
Cultura Pop
Urgente!: E agora sem o Ozzy?

Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre. Tudo começou com uma banda, o Black Sabbath, que já era um verdadeiro errado que deu certo – um ET musical que fazia som pesado quando mal havia o termo “heavy metal” e que falava de terror na ressaca do sonho hippie. E prosseguiu com a lenda de um sujeito que gravou álbuns clássicos como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a madman (1981) e No more tears (1991) – eram quase como filmes.
Ozzy pode ser definido como um cara de sorte – e também como um cara que abusou MUITO da sorte, mas pula essa parte. A depender daqueles progressivos anos 1970, não havia muito o que explicasse o futuro de Ozzy Osbourne na música. Em várias entrevistas, Ozzy já disse que não sabia tocar nenhum instrumento quando começou – na verdade nunca nem chegou a aprender a tocar nada. Tinha a seu favor uma baita voz (mesmo não ganhando reconhecimento algum da crítica por isso, Ozzy sempre foi um grande cantor), um baita carisma, ouvido musical e a disposição para encarnar o estranho e o inesperado no palco em todos os shows que fazia.
Imortalizada em livros como a autobiografia Eu sou Ozzy, a história de Ozzy Osbourne é um daqueles momentos em que a realidade pode ser mais desafiadora que a ficção. Afinal, quem poderia imaginar que um garoto da classe trabalhadora britânica se tornaria o que se tornou? Talvez tenha sido até por causa das dificuldades, que também moveram vários futuros rockstars ingleses da época – ou pelo fato de que o rock e a música pop do fim dos anos 1960 ainda eram quase mato, universos a serem desbravados, com poucos parâmetros. Seja como for, se hoje há artistas de rock que se dedicam a discos e a projetos que parecem ter saído da cabeça de algum roteirista bastante criativo, Ozzy teve muita culpa nisso.
Fora as vezes que o vi no palco, estive frente a frente com Ozzy apenas uma vez, numa coletiva de imprensa do Black Sabbath – da qual Tony Iommi não participou, por estar se recuperando de uma cirurgia (havia tido um câncer). Seja lá o que Ozzy pensasse da vida ou de si próprio, me chamou a atenção o clima de quase aconchego da sala de entrevistas (acho que era no hotel Fasano): um lugar pequeno, com ele e Geezer Butler (baixista) bem próximos dos repórteres. Que por sinal não eram inúmeros.
Já havia feito entrevistas internacionais antes mas nunca imaginei estar tão perto de uma lenda do rock que eu ouvia desde os doze anos. Fiz uma pergunta, ele respondeu, e eu, que sempre fiquei nervoso em entrevistas (imagina numa coletiva com o Black Sabbath!) voltei pra casa como se tivesse ido cobrir um buraco que apareceu numa rua no Centro. Não que não tenha me dedicado à pauta, mas era o Ozzy e eu estava… numa tranquilidade inimaginável.
Ozzy também já me deu uma entrevista por e-mail, em 2008, em que reafirmou sua adoração por Max Cavalera, disse que não tinha ideia se a série The Osbournes havia levado seu nome a um novo público, e reclamou da MTV, “que virou uma versão adulta da Nickelodeon”. Também disse que nunca diria nunca a seus então ex-companheiros do Black Sabbath (“nos falamos por telefone e quando as agendas permitem, nos encontramos”).
Nesse papo, Ozzy só se irritou quando fiz uma pergunta que envolvia o Iron Maiden, que tinha passado recentemente pelo Brasil, ou estaria vindo – não lembro mais. “Bom, não sei te responder, pergunta pro Iron Maiden!”, disse, em letras garrafais (todas as respostas foram em caixa alta). Lembro que ri sozinho e fui bater a matéria.
Até hoje só acredito que isso tudo aí aconteceu (e não é nada perto do que uns colegas viveram com Ozzy e o Black Sabbath) porque vi as matérias impressas. Mas acho que antes de tudo, consegui humanizar na minha mente um cara que eu ouvia desde criança. Ozzy era de carne e osso, respondia perguntas, tinha lá seus momentos de irritação e, enfim, mesmo tendo o fim que todo mundo vai ter, viveu bem mais do que muita gente. E mudou vidas.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
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