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Radar: sete coisas para ficar de olho em 2025

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Radar: sete coisas para ficar de olho em 2025

2025 promete, e muito: discos novos legais já confirmados, turnês pelo Brasil (o Oasis vem, né?), nova temporada do nosso podcast Pop Fantasma Documento (bom, aí é a gente puxando a brasa pra nossa sardinha) e muitas coisas que é melhor colocar na agenda para não esquecer. Aqui estão sete delas.

DISCOS NOVOS DE MANIC STREET PREACHERS E FRANZ FERDINAND. Logo em janeiro de 2025 (nos dias 10 e 31, respectivamente) chegam às lojas The human fear, sexto álbum do Franz Ferdinand, e Critical thinking, décimo quinto disco do Manic Street Preachers. Duas bandas separadas por quase duas décadas de diferença, mas cujas carreiras deram o tom para o universo indie de suas épocas. O disco do Franz anda sendo celebrado por mostrar um lado mais “maduro” da banda nas letras – os singles Hooked, Audacious e Night or day revelam uma barulheira indie rock das boas. O do Manic foi definido pelo site Record Collector como “uma reação à era digital descartável”, em que o vocalista Nicky Wire pergunta na faixa-título: “O que aconteceu com seu pensamento crítico?”

OS PASSOS DE ANITTA. Difícil não ver algo parecido com essa coisa que chamaram de “verão Brat“, comandado pelo disco mais recente da Charli XCX, no show da cantora no Réveillon de Copacabana – ou pelo menos algo parecido com o show de Madonna na mesma praia, alguns meses antes. A bem da verdade, esse verão já faz parte da vida de Anitta faz tempo, mas como no Brasil nada se faz sem uma grande dose de polêmica, a Globo abaixou o som da transmissão do show dela na hora da música Capa de revista e Anitta chegou a declarar que adoraria ter convidado Fernanda Abreu para cantar com ela, mas não queria que ela recebesse a mesma saraivada de críticas.

ROCK E INDIE POP DE MINAS GERAIS. Grupos como Varanda e cantoras como Clara Bicho trazem uma cara mais indie e até mais literária para o rock feito em sua terra, abusando de criatividade em letras, melodias, arranjos e desenvolvimento de carreira. No caso do Varanda, que lançou em 2024 o álbum Beirada, a vocalista Amélia do Carmo pinta, escreve livros (Breve viagem ao mercado, de poesias, saiu pela Editora Patuá), faz faculdade de cinema, e ainda trabalha com receitas gastronômicas no Instagram @ameliajanta. Clara, irmã de Gabriel Campos, membro do coletivo Geração Perdida de Minas Gerais, começou despretensiosamente gravando suas coisas em casa e produzindo as capas de seus singles. Da união com o irmão saiu uma dupla chamada Irmãos Bicho, que fez show em novembro. Um EP dela deverá sair em breve (o site Popload adianta que o nome será Cores da TV).

MENORES ATOS E PAIRA. Vindo do Rio de Janeiro e dedicado ao pós-hardcore, o Menores Atos assinou com a Deck em 2024 e já lançou um single, Terremoto, com nome estilizado pela banda em letras minúsculas. O próximo álbum, Fim do mundo, sai em breve e será um disco de 12 faixas dividido nos movimentos Vazio, Em demolição e Depois do sol e da chuva – e claro que a narrativa faz uma analogia com o fim de tudo. O som tem influências de bandas como The Cure e Queens of The Stone Age. O Paira, que vem de Minas (e está no elenco da Balaclava Records), encerrou o ano lançando em novembro uma nova música, Preciso ir, com clipe caseiro feito por eles mesmos. Girando em torno de uma mescla de rock alternativo e drum’n bass, a dupla de Clara Borges e André Pádua lançou o EP 01 em junho, e promete novos lançamentos para 2025.

FCUKERS E LAMBRINI GIRLS. Vindo de Nova York, o Fcukers (que adotou esse nome porque “é um palavrão, mas você muda a grafia para poder colocar em coisas, e não é bem o palavrão”) lançou o sensacional EP Baggy$$ no ano passado (resenhamos aqui) e ajudou a trazer de volta a onda que em outros tempos era chamada de indie sleaze, unindo influências de rock, synth pop e dance music mais pesada – além de várias outras referências no visual dos artistas. A ideia da banda é “apelar para pessoas que querem festejar pra caramba”, e vem dando certo. Lambrini Girls, uma dupla feminina que já foi um trio (foto acima), une noise-rock e porradaria em geral. Preparam o álbum Who let the dogs out para sair nesta sexta, e lançaram recentemente a explosiva faixa Big dick energy. “O homem surge em muitas formas, de líderes mundiais a CEOs de tecnologia e humildes softboys. Mas o que os une? A sociedade celebrou seus supostos enormes paus figurativos e literais, que eles constantemente ostentam. Por quê? Masculinidade tóxica”, explica didaticamente a banda.

INDEPENDÊNCIA É VIDA. O boom de gente criando sons em seu próprio quarto deu origem a uma cena de novos nomes que não precisa mais de um batalhão de produtores e compositores de aluguel para fazer um único single. É o que rola com vários nomes citados aqui, de lá de fora ou do Brasil. E também com gente como Tyler, The Creator, Nilüfer Yanya, a jovem britânica Nia Archives e vários outros. Daqui para a frente, isso talvez seja mais comum. Ou não?

E O OASIS, HEIN? Pode ser que eu esteja enganado, mas prepare-se para a modinha de anos 1990, britpop e grupos sumidos que voltam, que provavelmente vai rolar com força em 2025. O Oasis volta depois de 15 anos de briga entre os irmãos Noel e Liam, vai fazer a turnê mais aguardada do ano, tem dois shows agendados no Morumbi (SP) no fim de novembro, e provavelmente vai ocupar os noticiários. Muita gente que mal ligava para a banda vai passar a gostar, gente que não quis nem ir nos shows de Liam e Noel no Brasil (em 2011 o Beady Eye, banda de Liam, fez show no Circo Voador, aqui no Rio!) vai se declarar fã incondicional, histórias dos shows da banda por aqui serão resgatadas. Para quem estava lá, nos anos 1990, resta ou ir aos shows ou escutar discos como Be here now em altíssimo volume. E vave citar que nos dias 7 e 8 de junho tem ninguém menos que Richard Ashcroft, ex-The Verve  e amigão dos irmãos Gallagher, fazendo show solo no auditório Ibirapuera, em São Paulo.

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Radar: Quiçaça, Iorigun, Mildred Kid, Trio Solar, Fabio Brazza, Gustavo Galo

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Radar: Quiçaça, Iorigun, Mildred Kid, Trio Solar, Fabio Brazza, Gustavo Galo

Semana começando e Radar nacional voltando, com seis músicas captadas pela gente nos últimos dias – a fila tá grande e cada vez mais chegamos a outros sons, cada vez mais outros sons chegam a nós. Ouça, escolha, compartilhe e faça sua playlist (Foto Quiçaça: Iago Caíque/Divulgação).

Texto: Ricardo Schott

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QUIÇAÇA feat LUIZ DE ASSIS, “ZUMBIDO DA MATA”. Aberto com um ataque de guitarras que lembra 21 century schizoid man, do King Crimson, a música do Quiçaça, essa banda de Arapiraca (AL), está bem longe do rock progressivo. É um reggae que traz várias outras misturas sonoras – entram na receita sons psicodélicos, cantos de trabalho, a música do Nordeste, o clima do agreste alagoano e a mística dos cordelistas, que influencia bastante o Quiçaça na hora de fazer as letras. Dichavadores de fumo de Arapiraca, EP do grupo, é definido por eles como um rito musical. Luiz de Assis, da banda Vibrações, participa de Zumbido da mata.

IORIGUN, “NÃO VAI VALER A PENA”. Essa banda de Feira de Santana (BA) tem dois EPs em inglês e agora, três singles em português. O terceiro, esse Não vai valer a pena, une climas herdados do pós-punk e do emocore, com uma guitarra solo distorcida permanentemente ressoando no canal direito, e uma letra que, segundo o vocalista e guitarrista Iuri Moldes, “funciona como mais uma peça do gigante quebra cabeça formado com as outras músicas (em português), trazendo notas de rodapé sobre o término de um relacionamento”. O clipe da faixa traduz bastante essa mescla de tédio e desespero.

MILDRED KID, “THE BAGGY JEANS DOESN’T MEAN ANYTHING”. Direto de Bragança Paulista (SP), o Mildred Kid chega com os dois pés na porta: estreia com o EP First four reggae kids e com o clipe dessa faixa que mistura zoeira punk, skate e energia de show marcado no “faça você mesmo”. Trazendo várias cenas em técnica de lomografia, com moldura redonda, o vídeo foi gravado no espaço cultural local Edith Cultura, em clima de festa e caos organizado – com direito a cenas extras com takes de rua e manobras de skate. Um clima ruidoso vindo do shoegaze também surge no som deles, com vocais e guitarras quase na mesma massa.

TRIO SOLAR, “SOLAR”. Esse trio de música instrumental nasceu da pressão criativa da segunda edição do projeto Encontros Instrumentais – uma série do Selo Sesc que propõe um desafio direto: reunir artistas da cena instrumental brasileira para compor e gravar três faixas em quatro dias de estúdio. Desta vez, quem topou a missão foram Debora Gurgel (piano), Vanessa Ferreira (baixo) e Vera Figueiredo (bateria) – três musicistas que nunca haviam tocado juntas.

O destaque do encontro é a música Solar, um samba em 7/8 cheio de curvas e invenção, que virou ponto de virada e nome do grupo recém-formado. A conexão foi tão intensa que o trio decidiu seguir em frente. O EP completo EIN 002 (o segundo da série do Selo Sesc) já está disponível nas plataformas e no Sesc Digital. Jazz, baião e samba-jazz ganham corpo e liberdade nesse encontro afiado entre gerações.

FABIO BRAZZA feat CRIOLO, “SONHOS”. Rapper, poeta, compositor e improvisador – e neto do poeta concretista Ronaldo Azeredo -, Fábio retorna com seu novo álbum, A roda, a rima, o riso e a reza, firme na mistura de rap, samba, sons eletrônicos e vivências pessoais, com participações de peso. Em Sonhos, parceria com Criolo, ele mergulha num rap afro-blues-gospel, reflexivo e urgente. A letra mostra como a rotina desgasta os sonhos (“um busão lotado é um cemitério de sonhos”) e fala da importância de recuperar o que é verdadeiramente nosso, num mundo onde até nossos desejos parecem moldados por algoritmos.

GUSTAVO GALO, “VIVER É FATAL”. Primeiro, vamos deixar que o próprio Gustavo explique a história de sua nova música. “Escrevi a letra de Viver é fatal no dia em que Gal Costa morreu. Eu estava a caminho de um show em que cantei poemas de Torquato Neto. Torquato e Gal morreram no 9 de novembro – ele em 72 e ela em 2023″, conta Gustavo, que tem Gal como referência maior na música.

A faixa, uma balada melancólica com ecos de blues e samba — fácil de imaginar na voz da própria Gal — surge como faixa bônus de Folhas_fruto, disco que junta os dois álbuns lançados por Gustavo em 2024 (Folhas e Fruto). A letra funciona como tributo e despedida, mas também como declaração de permanência: o som não morre. “Morrer com você no alto-falante / para mim é viver bastante”, canta Gustavo, em versos que soam como aceno carinhoso e testamento afetivo.

 

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Crítica

Ouvimos: Skunk Anansie – “The painful truth”

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Ouvimos: Skunk Anansie, "The painful truth"

RESENHA: Skunk Anansie encara o caos, o etarismo e a dor em The painful truth, disco intenso que mistura punk, grunge, no wave e neo soul.

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“Uma artista é uma artista / e ela não para de ser uma artista / porque ela é velha, sabe? / ela não arregaça as mangas / pega seu porta-retratos e vai embora / larga a caneta e coloca o chapéu / por causa da menopausa (…) / uma artista é uma artista / até que a morte nos faça partir”.

Poucas letras atuais falam mais profundamente a respeito de questões vitais no dia a dia do showbusiness (etarismo, machismo, expectativas da crítica, do mercado e do público) do que An artist is an artist, punk-rap que abre The painful truth, disco novo do Skunk Anansie, destacando os vocais ágeis e carismáticos da vocalista Skin. Trata-se de uma banda britânica dos anos 1990, com som mais associável ao pós-grunge e ao metal alternativo, que sempre foi meio desgarrada em relação a seus pares britânicos – volta e meia era incluída num saco de gatos chamado britrock, em oposição à turma mais viável comercialmente do britpop.

Leia também:

  • No nosso podcast, Oasis da pré-história ao começo da oasismania.
  • Blur entre 1993 e 1997 na volta do nosso podcast.
  • Ouvimos: Blur – Live at Wembley Stadium.
  • O som de 1994: descubra agora!

Lançado após tempos difíceis nas internas do grupo (o baterista Mark Richardson recupera-se de um câncer. e o baixista Richard “Cass” Lewis está em quimioterapia), The painful truth, sétimo álbum do Skunk Anansie, traz a banda encarando na maior parte do tempo questões de vida ou morte. O repertório fala de autocontrole (This is not your life), dores pessoais (Shame, dos versos dolorosos “eu recebi o amor da minha mãe / eu recebi a dor do meu pai / eu recebi a culpa do meu irmão”), caos pessoal (Lost and found), altos e baixos (My greatest moment) e desespero (Meltdown, dos versos “agora que tudo se resume / a quem você reza e quão alto”).

Musicalmente, é um disco que reúne partículas de no wave, grunge e até neo soul, dependendo do momento. This is now your life soa como um Depeche Mode afrotecnopunk, Shame invade a pequena área do nu metal, Cheers insere peso no punk pop e até toques de dub invadem Shoulda been you – uma mistura com a qual os fãs do grupo já estão acostumados. O rock eletrônico sombrio dá conta de Animal e até mesmo algo próximo dos climas robóticos do krautrock surge misturado em alguns momentos do álbum.

Ainda que não seja um álbum brilhante como Stoosh (o segundo, de 1995), A painful truth é um atestado de sobrevivência. E um disco que, mesmo falando alto, é cercado de silêncios nos arranjos e nos vocais.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: FLG
Lançamento: 23 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: akaStefani e Elvi – “Acabou a humanidade”

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Ouvimos: akaStefani e Elvi, "Acabou a humanidade"

RESENHA: akaStefani e Elvi misturam funk, krautrock, screamo e eletrônica em um disco caótico e divertido sobre o fim do mundo e o absurdo do cotidiano.

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O pessoal ligado à banda Duo Chipa não consegue ficar sem produzir coisas. akaStefani é Audria Lucas, integrante e produtora do grupo, e em Acabou a humanidade, ela se une a Elvi, produtor e músico de Santo André (SP), para fazer um som que, nos momentos mais calmos, parece uma mistura insana de funk, screamo, Faust e Kraftwerk. Já a ficha técnica entrega elementos de Ciccone Youth (projeto pop-anti-pop do Sonic Youth, que gravou um disco em 1988) e de Mutantes em meio aos ruídos, vocais e sons eletrônicos.

Faixas como Paga meu salário (“chefe arrombado / paga meu salário”) e Roda punk, repleta de barulhos e loops, têm ar de música infantil destruidora, enquanto Maquiagem, com voz distorcida e zoada, unem rock experimental e batidão de funk. A zoeira volta numa espécie de paródia da ítalo house, Cupido arrombado (“flechou o lugar errado!”) e na house music texturizada de Porque eu tento.

No final, loucura na versão videogame de Panis et circenses, com sample do original dos Mutantes (Pani no circo), e na brilhante Sortudos no fim do mundo, que lembra uma vinheta de rádio, ou uma cantiga de roda pervertida, com versos como “nós somos sortudos / vamos ver o fim do mundo / acabou a humanidade / virus, bomba e armamento / pandemia é só o começo do fim”. Você acaba rindo, nem que seja de nervoso.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 30 de maio de 2025

Leia também:

  • Ouvimos: Duo Chipa – Lugar distante
  • Ouvimos: Doce Creolina – Debaixo do chapéu de um cogumelo (EP)
  • Ouvimos: Monte Resina – Nem era

 

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