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Radar: Audrey Hobert, Naima Bock, Sistema Nervioso, Messiness, Almareas, Matías Roden, Ark Identity

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AUDREY HOBERT, "BOWLING ALLEY". Essa cantora e compositora norte-americana segue firme no pop confessional com Bowling alley, seu segundo single.

E lá vem mais um Radar internacional – como sempre, unindo nomes pop que com certeza estão próximos do estouro, e outros que fazem sons com os quais as paradas precisam ainda se acostumar. Aubrey Hobert talvez seja uma das próximas sensações do pop com seu primeiro álbum, Messiness volta à psicodelia do rock britânico dos anos 1990, Almareas mete bronca no rock ruidoso, Naima Bock faz folk dolorido e realista quanto aos sentimentos do dia a dia, e vai por aí. Ouça tudo no volume máximo.

Texto: Ricardo Schott – Foto Aubrey Hobert: Divulgação

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AUDREY HOBERT, “BOWLING ALLEY”. Essa cantora e compositora norte-americana segue firme no pop confessional com Bowling alley, seu segundo single. Numa pegada acústica e divertida, a faixa fala sobre inseguranças sociais e o incômodo de ser notada só quando algo seu viraliza. É pop de quarto com alma de diário: sincero, direto e cheio de charme. Audrey já compôs com Gracie Abrams, sua amiga de infância, e começa a marcar presença com um som que mistura vulnerabilidade e sagacidade na medida.

Bowling alley é sobre achar que ninguém quer que você vá à festa deles, mesmo tendo sido cordialmente convidado (um sentimento egocêntrico). E também sobre pessoas que você conhece há anos só te reconhecerem quando você faz algo artisticamente empolgante e aos olhos do público. Eu já passei pelas duas coisas e pensei: ‘Caramba, bota música, garota!”, conta ela. Confira abaixo o clipe da faixa, feito por ela própria, e um daqueles vídeos que você vai querer assistir várias vezes na vida. Who’s the clown?, primeiro álbum de Audrey, sai dia 15 de agosto e traz os três singles: Bowling alley, Sue me e o mais recente, Wet hair.

NAIMA BOCK, “ROLLING”. Saiu single novo dessa cantora britânica de vocais extensos e cheios de variações melódicas. Rolling é uma doce balada folk, que se sustenta na voz e no violão durante quase toda a sua duração (outros instrumentos só aparecem no final) e que, segundo ela, não se encaixou bem em seu álbum anterior, Below a massive dark land (2024), mas valia lançar.

A canção foi escrita durante uma viagem de trem de Glasgow para Londres e Naima tem certeza “de que a letra vai ressoar com algumas pessoas”. Não é por acaso: Rolling é um recado direto para quem não tem compromisso algum com os sentimentos alheios. “Tentar caber num coração quebrado / só faz com que eu mesma seja esquecida”, conta ela na letra.

SISTEMA NERVIOSO, “NUNCA NADA”. Pós-punk direto da Espanha, com riffs distorcidos, vocal falado e tecladeira suja. O Sistema Nervioso fala em Nunca nada sobre a relatividade das escolhas diante do fim, e sobre os caminhos duvidosos da vida (olha o refrão, que fazemos questão de não traduzir: “nunca nada es suficientemente bueno o malo / todo lo horizontal lo verás en vertical /¡ gira la cabeza !”). Bloc Party, Vampire Weekend e ecos da banda espanhola Perro aparecem como referências num som urgente e direto, com menos de três minutos. Um labirinto emocional embalado por um groove tenso e inteligente. E o clipe é um primor de videoarte das antigas.

MESSINESS, “FATALLY”. No fim do ano sai o primeiro álbum desse grupo indie-psicodélico, que une rock, krautrock, hip hop, lisergia, escalas arábicas e ciganas, e coisas que lembram a turma de Madchester, nos anos 1980/1990. E dessa vez, eles voltam numa vibe musical que une power pop grudento, britpop e sons herdados do pop feminino sessentista. Mas o tema de Fatally é grave e sério: dependência química, rehabs e toda a desfragmentação que vem na sequência das internações e recaídas. “É uma introspecção dolorosa sobre o vício, a reabilitação e o peso esmagador do tempo que avança sem parar”, diz Max Raffa, criador do grupo.

ALMAREAS, “ANDY”. Uma banda argentina de shoegaze e rock ruidoso em geral – e que canta em inglês, e é contratada por um selo londrino especializado em bandas do barulho, o Shore Dive. Almareas acaba de lançar o EP One day, e encerram o trabalho com a lenta e sufocante Andy, uma música que abre numa calma quase fúnebre, com guitarra e vocal baixo, até partir para os decibéis altos e para as paredes de guitarra. Tem algo de Velvet Underground e de My Bloody Valentine espalhado na melodia e no arranjo.

MATÍAS RODEN, “ANGELS IN THE NIGHT”. De origem peruana, Matías vive em Vancouver, Canadá, e faz um som que pode entrar tranquilamente na gavetinha do tecnopop, ou daquela junção entre climas oitentistas e rock progressivo que marcou trabalhos de Marillion e Peter Gabriel – ele cita nomes como Depeche Mode e Pet Shop Boys como algumas de suas grandes influências, e suas letras lidam com temas como alienação, saúde mental e sexualidade. Momentos de depressão e dias de glória depois da luta marcam o sensível single Angels in the night, cujo clipe mantém o foco em Matías, sempre iluminado por um spot.

ARK IDENTITY, “STILL IN LOVE”. O som de Noah Mroueh, produtor e compositor canadense que esconde atrás do nome Ark Identity, mistura dream pop, indie e R&B alternativo. E o single Still in love (que adianta o EP Deluxe nightmare, previsto para 14 de outubro) une esses estilos musicais em torno de uma letra que narra o impasse emocional de um amor que não vai embora – mesmo quando já devia ter ido. O clipe da faixa tem o mesmo aspecto vintage e oitentista da música.

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Radar: Lights, Peach Blush, Julie Neff, Visceral Design, Schramm

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Foto (Lights): Warwick Hughes / Divulgação

Tem sons cintilantes, dramáticos, densos e pesados no Radar internacional de hoje, com a variedade de sempre – abrindo com o relançamento do disco de Lights, cantora australiana de eletropop, que surge com uma música nova. Ouça e passe pra frente!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Lights): Warwick Hughes / Divulgação

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LIGHTS, “LEARNING TO LET GO”. Com uma turnê pronta para começar em fevereiro de 2026 em Edmonton, na Austrália, e seguindo Estados Unidos adentro, a cantora australiana Lights lança em 30 de janeiro a versão estendida de seu álbum A6. Com um som voltado para o eletropop, ela acaba de lançar a faixa Learning to let go, que vai estar na versão deluxe e também acaba de ganhar clipe, dirigida por ela própria.

“Essa música trata essencialmente da transformação emocional. “A forma como nossa percepção de algo pode mudar dependendo do nosso estado de espírito ou de experiências passadas, a ponto de ser difícil enxergar a realidade em uma situação e inferir a verdade. Às vezes, nosso único caminho a seguir é aprender a deixar ir”, conta ela.

PEACH BLUSH, “ERADICATION OF THE MIND”. Noise rock e pós-hardcore da pesada (e da – literalmente – quebrada, no que diz respeito a ritmos), vindo de Little Rock, Arkansas. O grupo é formado por veteranos da região, que são fãs de bandas clássicas como Hüsker Dü, Dinosaur Jr. e Mission of Burma.

No novo EP, Eradication of the mind, o grupo investe em três faixas que se impõem pelo ritmo feroz e pela intensidade nos vocais e arranjos – a faixa-título é a cara do brain rot, com versos como “observações: a comunicação está lenta / o tempo corroeu seu cérebro / você não é mais o mesmo, apenas uma casca de gênio que envelheceu / a erradicação da sua mente está cobrando seu preço”. O disco, lançado pelo selo Sunday Drive Records, é definido por eles como “uma onda de punk rápido e experimental, com temas de decadência e distorção”. E é mesmo.

JULIE NEFF, “FINE!?” (CLIPE). Uma canadense com fortes laços com o Brasil. O álbum de estreia de Julie Neff, previsto para o ano que vem, tem produção da brasileira Cris Botarelli (Far From Alaska, Ego Kill Talent, Swave). Fine!?, faixa com uma sonoridade que cruza o blues e o pop, e que aborda o esforço de fingir que está bem enquanto se enfrenta uma crise de depressão e ansiedade, já havia aparecido aqui no Radar – e dessa vez retorna para o lançamento do clipe da canção, que foi filmado em São Paulo, com direção de Jader Chahine, e tem bastante inspiração no vídeo de Send my love, de Adèle.

“Para o clipe, eu quis incorporar elementos dourados e referências do Kintsugi presentes na capa, mas com um visual mais dramático. A ideia é que você pode usar toda a maquiagem ou roupas sofisticadas que quiser, mas isso não apaga a dor que está acontecendo internamente”, conta Julie.

VISCERAL DESIGN, “GIVE IT TIME”. Projeto dividido entre EUA, Inglaterra e França, criado pelo músico Tyler Kaufman, o Visceral Design faz pop eletrônico com clima denso e meio deprê. Give it time, novo single, traz as perspectivas de um ex-casal sobre o fim do relacionamento de longa data que unia os dois – os versos trazem frases de ambos, abrindo com a perspectiva da mulher, e partindo para as visões do homem. A mensagem é de superação (“seguimos em frente sem parar”), mesmo com a tristeza.

SCHRAMM, “DON’T CALL ME”. Projeto de um alemão só, o Schramm (é justamente o nome do cara) é definido por ele de forma bem interessante: “Eu escrevo músicas muito divertidas e um pouco tristes em inglês e alemão. Eu chamo de indie rock lo-fi e energético com influências de pós-punk e new wave, mas muito bom. Algumas pessoas chamaram de ‘nova new wave alemã’, mas na verdade não é muito alemão. E também não é muito ‘neu’, mas é muito legal”. Seja lá que definição você queira dar, o pós-punk viajante e deprê do single Don’t call me, com recordações de Japan e The Cure, é realmente muito legal – e o EP novo do Schramm, Something smelling funny, sai em fevereiro.

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Ouvimos: Buckingham Nicks – “Buckingham Nicks” (relançamento)

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Buckingham Nicks ressurge como pérola do soft rock setentista: um disco intenso, country-rock e pré-Fleetwood Mac, cheio de tensão, charme e ótimas canções.

RESENHA: Buckingham Nicks ressurge como pérola do soft rock setentista: um disco intenso, country-rock e pré-Fleetwood Mac, cheio de tensão, charme e ótimas canções.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Rhino Records
Lançamento: 19 de setembro de 2025

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Daria até para dizer que Buckingham Nicks, único disco do casal Lindsey Buckingham e Stevie Nicks, lançado em 1973 – dois anos antes da dupla se juntar ao Fleetwood Mac – é o típico disco “pouco ouvido e muito falado”. Nem tanto: à medida que o FM ia fazendo sucesso, o álbum ganhava reedições em alguns países durante os anos 1970 e 1980. Nos últimos anos, era bastante baixado na internet e ouvido no YouTube. Só não tinha saído em CD nem estava disponível nas plataformas digitais.

O álbum de Stevie e Lindsey pertence a um limbo dos discos feitos por antigos casais e que hoje habitam uma espécie de cantinho da vergonha – consigo lembrar também do bizarro Two the hard way, gravado pelo então casal Greg Allmann e Cher em 1977, e nunca (nunquinha mesmo) reeditado. A diferença é que se Buckingham Nicks não fosse um puta disco, Mick Fleetwood, baterista e co-fundador do FM, não teria achado nada demais quando um produtor chamado Keith Olsen lhe apresentou à ótima música Frozen love. Em busca de uma liga nova para o grupo, Mick acho que aqueles dois desconhecidos eram a solução (e eram, diga-se).

  • Mais Fleetwood Mac no Pop Fantasma aqui.
  • Recentemente, Madison Cunningham e Andrew Bird regravaram todo o disco Buckingham Nicks como… Cunningham Bird. Resenhamos aqui.

Olsen tinha produzido Buckingham Nicks, lançado sem repercussão alguma pela Polydor em 1973. Mais que isso: foi ele quem conseguiu o contrato com a gravadora, numa época em que ele até hospedava o casal. O som do disco era um soft rock afirmativo e dramático, enraizadíssimo no country, em faixas como Crying in the night, a blues-ballad Crystal, o belo country-rock Long distance runner (marcado pelos vocais fortes de Stevie) e a curiosa Don’t let me down again, que além da referência beatle no título, tem ecos de Get beck, do quarteto de Liverpool.

Um detalhe: se em Rumours, disco de 1977 do Fleetwood Mac, o casal ficava se alfinetando nas músicas, Buckingham Nicks parece igualmente um ótimo espaço para a dupla fazer comentários sobre como andava a vida por aqueles tempos – a vida profissional e a vida íntima. Races are run, balada bittersweet abolerada e folk – na onda de You’ve got a friend, de Carole King – parece uma ode ao fracasso: “corridas são disputadas / algumas pessoas vencem / algumas pessoas sempre têm que perder”.

Provavelmente nem Stevie devia se iludir de que quem mandava ali era o então namorado – ainda que, conversando com Mick Fleetwood, ele exigisse levá-la junto com ele para o Fleetwood Mac, alegando que o casal formava um time de criação. Lindsey ainda protagoniza dois instrumentais (que, na boa, desandam bastante o disco). A balada soft rock Frozen love, que abre com a voz solo de Lindsey, parece um hino de ódio mútuo, que depois ganha uma bela e extensa parte instrumental, com cordas e solos de violão.

Stevie também teve que engolir a exigência da gravadora de que o casal posasse sem roupa (nada explícito) para a foto de capa. Enfim, tempos difíceis, mas o que aguardava o casal – Stevie, em particular – eram períodos bem melhores e de mais autoafirmação.

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Ouvimos: Anika, Jim Jarmusch – “Father, mother, sister, brother” (trilha sonora do filme)

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Sai trilha de filme Father, mother, sister, brother, de Jim Jarmusch. As músicas são feitas pelo cineasta com Anika e o material revisita Nico e mistura versões sombrias e ambients estranhos.

RESENHA: Sai trilha de filme Father, mother, sister, brother, de Jim Jarmusch. As músicas são feitas pelo cineasta com Anika e o material revisita Nico e mistura versões sombrias e ambients estranhos.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Sacred Bones
Lançamento: 14 de novembro de 2025

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Já anunciado pela plataforma Mubi para estreia em breve no Brasil, Pai, mãe, irmã, irmão, novo filme de Jim Jarmusch tem nomes como Tom Waits, Adam Driver, Mayim Bialik, Charlotte Rampling e Cate Blanchett no elenco, e é repleto de reencontros entre pais, mães e filhos – além de descobertas e recordações estranhas. Uma curiosidade pré-filme (a não ser que você já o tenha baixado da Torrentflix ou Nettorrent, ou o tenha visto na Mostra de Cinema de São Paulo há poucas semanas) é a trilha dele, feita pela cantora e compositora alemã Anika ao lado do próprio diretor.

Aqui mesmo no Pop Fantasma eu cheguei a afirmar que Anika soava como uma filha perdida de Nico e Iggy Pop, só que criada por Lou Reed e tendo Ian Curtis como padrinho. Isso com certeza não passou despercebido a Jim, que conheceu a cantora em 2022, na celebração do 15º aniversário do selo Sacred Bones. O primeiro convite feito a ela foi para que regravasse These days, música tristíssima de Jackson Browne que Nico havia gravado em seu primeiro disco solo, Chelsea girl (1968). Duas versões da mesma música estão no disco – a melhor delas é a “Berlin version”, gravada em Berlim, com Anika acompanhada pelo quarteto de cordas Kaleidoskop.

These days é cheia de versos depressivos, que já dão a entender o clima da “comédia-drama” de Jim (“ultimamente, tenho pensado em como todas as mudanças aconteceram na minha vida / e me pergunto se verei outra estrada”, “por favor, não me confronte com meus fracassos / eu não os esqueci”). Além desse clássico da tristeza musical, a única outra música não-autoral do disco é uma versão do jazz divertido Spooky, imortalizada por Dusty Springfield – a releitura é cevada na experimentação, com voz, baixo, estalar de dedos e teclados.

O restante da trilha de Father, mother, sister, brother (nome original) são momentos sonoros do filme transformados em vinhetas ou faixas instrumentais, com Anika e Jim dividindo teclados e guitarras com efeito. Daí surgem ambients assustadores (as duas versões de Skaters), temas tranquilos (as duas The lake), pura psicodelia (The world in reverse) e sons meditativos (Jet lag, com teclados e cítara). Nem tudo se sustenta longe do filme, mas vale bastante pela referência história a Nico.

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