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Cultura Pop

Quando Gordon Giltrap deu emprego a Nicko McBrain e acabou inspirando o logotipo do Iron Maiden

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No Brasil, muita gente mal deve ter ouvido falar de Gordon Giltrap, um cara que, por sinal, faz 72 anos hoje (descobrimos isso agora por acaso). Na Inglaterra, ele é conhecido como “um dos maiores guitarristas de sua geração”, e mantém uma carreira solo que já dura mais de cinco décadas. Gravou o primeiro disco, Giltrap (1968), aos 20 anos, e desde então costuma ser bastante elogiado pelo seu trabalho como guitarrista.

Durante os anos 1970, Gordon apareceu bastante em programas como o Old Grey Whistle Test, da BBC. Mas foi um herói da guitarra restrito à Inglaterra, onde tem fãs famosos até hoje. Olha ele no Old Grey em 1976 tocando Lucifer’s cage, que lembra muito The Who (Giltrap sempre teve um estilo aproximado ao de Pete Townshend).

Em 1973, Giltrap foi contratado pela Philips e lançou por lá seu quarto disco, Giltrap, que trazia o cantor na capa brincando com o filho Jamie, de dois anos, além de uma canção chamada When I see my son. Um detalhe que passa até hoje despercebido para muita gente é que, da lista de músicos, consta um jovem (21 anos) baterista chamado Nicky McBrain. Que se chamava Michael Henry McBrain e depois se tornaria mais conhecido como… Nicko McBrain, baterista do Iron Maiden.

Olha Nicko espancando as peles aí em Far beyond, uma música que começa como soft rock e depois vira uma canção cheia de partes (e que, na boa, não faria feio no repertório do Maiden, desde que rearranjada).

O contrato de Giltrap com a Philips não durou mais do que um disco. Em 1974, Giltrap foi contratado pelo selo Electric Record Company e ficou por lá até 1978, já que o selo não durou muito tempo. Visionary, um disco até bem mais ambicioso que o álbum da Philips, saiu em 1976 e trazia uma mescla de rock progressivo e folk, com faixas inspiradas na poesia do britânico William Blake. Além do núcleo duro de guitarra, baixo, bateria e teclados, havia uma orquestra no estúdio.

Sim, você viu a capa acima e reparou num detalhe: o logotipo de Giltrap parece um protótipo do logo que seria usado alguns anos depois justamente pelo… Iron Maiden, banda na qual Nicko ingressaria. A mesma grafia aparece nos discos subsequentes, inclusive num álbum de 1978 chamado… Fear of the dark. Mesmo nome do disco de 1992 do Maiden. Nicko também tocou nesse disco.

A possibilidade de Giltrap ter inspirado o logotipo do Iron Maiden, vá lá, é bem remota (ok, a gente deu uma exageradinha no título da matéria). Primeiro porque os primeiros desenhos do logotipo do Iron Maiden foram feitos em 1976 e Nicko McBrain só entrou na banda em 1982. E possivelmente os desenhos foram inspirados pelo cartaz do filme O homem que caiu na Terra, de Nicholas Roeg, com David Bowie, que tinha uma fonte de letras igualzinha (Steve Harris, chefão do Maiden, jura que não se inspirou em ninguém e que ele mesmo desenhou o logotipo).

Seja como for, aparentemente, vai tudo bem entre Nicko e seu ex-patrão Giltrap. Ou pelo menos ia em 2011, porque no site do guitarrista tem até um textinho, publicado naquele ano, em que Giltrap relembrava o tal caso do logotipo semelhante e contava que esteve num show do Iron Maiden, convidado pelo amigo (segundo Giltrap, a amizade permaneceu após a saída de Nicko da banda). Olha aí o depoimento do guitarrista.

“É um fato pouco conhecido: em 1972, quando eu estava gravando material para o meu álbum Giltrap, pela Phonogram, um jovem baterista chamado Nicky McBrain tocou nessas sessões. Muitos anos depois, Nicky (agora conhecido como Nicko) encontrou fama e fortuna como baterista do lendário Iron Maiden.

O Maiden lançou há alguns anos um disco chamado Fear of the dark, mesmo nome do meu disco lançado em 1979. Eles também adotaram uma fonte de letras semelhante à que escolhemos em 1976 para a Gordon Giltrap Band, que apareceram nos três álbuns clássicos que fiz para a Electric. Esqueci de mencionar que Nicko quase se juntou à minha banda no fim dos anos 1970. Mas obviamente isso não aconteceu, e ele passou a fama e fortuna com sua banda atual, e bom para ele! Portanto, há um elo tênue entre mim e uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos!”

Olha aí Giltrap, de cabelos brancos e óculos, em 2011, ao lado de Adrian Smith, Dave Murray e Nicko. Depois do show, o músico ainda seguiu com o Maiden para uma festinha animada e ficou bebendo vinho com a rapaziada até as três da madruga.

Quando Gordon Giltrap deu emprego a Nicko McBrain e acabou inspirando o logotipo do Iron Maiden

De lá para cá, Gordon permanece compondo, gravando e tem divulgado seu material na sua página do Facebook e em seu site. Ele também gravou um single com renda revertida para o fundo hospital britânico, The work of angels.

 

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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