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POP FANTASMA apresenta SKIPP is DEAD, “Blast off!”

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POP FANTASMA apresenta SKIPP is DEAD, "Blast off!"

É possível contar uma história num formato compacto como o de um EP? O músico amapaense radicado em São Paulo SKIPP is DEAD procura fazer isso nas cinco faixas de seu lançamento de estreia, Blast off!.

O disco conta a história de um pirata espacial refugiado de uma guerra intergaláctica. Utiliza para isso uma gama musical que inclui influências do indie rock, da linguagem chiptune (que reproduz sons de antigos videogames) e até da música do Amapá (o marabaixo, manifestação folclórica local, dá o ritmo em Kessler syndrome, e tem um zouk, ritmo da fronteira do Amapá com Guiana Francesa, em Venus in flames). Mas SKIPP esclarece que a ideia não é fazer um disco conceitual formal.

“Eu queria contar uma história através de música, mas sem fazer das músicas reféns de uma narrativa. Dito isso, eu resolvi usar o EP como um elemento dentro da história, e não necessariamente a ferramenta principal que narra os acontecimentos”, conta SKIPP.  “A ideia é que os eventos da história sejam contados por meio das redes sociais e outras mídias de apoio como videoclipes, imagens promocionais, curtas e até outros singles. Quem acompanha pelo instagram, por exemplo, já está a par do plot principal envolvendo a maligna Corporação H3, que caça o Pirata Espacial e tenta a todo custo censurar o seu barulho”.

SEM ‘ERA UMA VEZ’

Para conseguir chegar a esse resultado, ele ouviu muito o clássico The rise and fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, de David Bowie (1972), mas outras influências foram importantes. “Eu aprendi muito com Gorillaz sobre como narrar uma história em um disco, sem o auxílio de um ‘era uma vez’ literal nas letras”, conta. “Mas sou muito fã de sci-fi em geral, então muitas referências vieram de inúmeros lugares que não só a música. Posso citar como referências cinematográficas Blade runner, 2001: Uma odisséia no espaço, além de uma infinidade de filmes B que eu andei assistindo durante o processo”, conta. Jogos como The outer worlds e Elite dangerous também ajudaram a imaginar a história.

O disco tem poucos convidados (Bruno Mont’Alverne tocou baixo nas duas primeiras faixas) e coube a SKIPP tocar e programar praticamente tudo. Mas ele ainda precisou imaginar e reimaginar o projeto para a internet. “Esse projeto já estava pronto antes da pandemia. Porém eu tive que adaptar algumas coisas para funcionar nas interwebs, já que a ideia inicial era fazer uma ponte que ligasse os shows e o material digital”, conta SKIPP. Aliás, para construir a sonoridade do disco, ele usou simuladores de “sintetizadores analógicos, arpeggiators e inúmeros filtros que tentam aproximar o som ao que era ouvido nas antigas TVs de tubo, ou nos falantes de Gameboys”.

STROKES DO BREGA?

Blast off! ainda tem o tal lado indie rock – e por acaso, SKIPP is DEAD é conhecido como o “Strokes do Brega”. A referência à banda novaiorquina vem de outros projetos do músico.

“Desde que cheguei em São Paulo eu faço parte de uma banda chamada The Strokes Cover BR, cover oficializado pelo Julian Casablancas”, conta SKIPP. “Digamos que oito anos tocando Strokes por aí mexem com a cabeça de um ser. Então a parte guitarrística do EP conta com riffs e arpejos que se complementam de forma polifônica, o que é característica da banda. Mas que também tem muito a ver com a linguagem do chiptune que eu tanto amo”.

Pega aí Blast off!, com SKIPP is DEAD, e o clipe da faixa de abertura, Primal instincts.

Mais POP FANTASMA APRESENTA aqui.

Foto: Victoria Bastos/Divulgação

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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