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Picking Up Girls Made Easy: um LP ensinando técnicas medonhas para ficar com garotas

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Picking Up Girls Made Easy: um LP ensinando técnicas medonhas para ficar com garotas

Você com certeza já conheceu alguém – um amigo, amigo de amigo, etc – que de uma hora para outra começou a misturar programação neurolinguística com vocabulário de pegador da noite. O cara, enfim, começou a se envolver com a turma das pick up arts. Que consiste basicamente em técnicas de sedução pra lá de inusitadas e que geram MUITA polêmica.

Só para se ter uma ideia, um tempo atrás um sujeito chamado Julien Blanc foi barrado em vários países porque ensinava técnicas de sedução que caíam no abuso físico e emocional. As técnicas de Blanc foram imediatamente associadas aos pick up artists. O jornal gaúcho Zero Hora foi bater um papo com Fernando Fenix, um dos gestores da PUA Training Brasil (PUA é a sigla para pick up arts) e ouviu dele que “somos totalmente contra sua postura e técnicas. Pessoas como ele geram uma ideia errada sobre sedução e acabam sujando o nome PUA para os leigos em geral”.

Para entender do que se trata a história, o que tem mais por aí são sites e fóruns (e até mentoria e coaching de PUA), inclusive no Brasil. Confira e escolha os que parecem sérios. Alguns põem pilhas erradas parecidas com o do treinamento da marinha para lidar com morenas, do qual falamos outro dia: mulheres gostam de homens imprevisíveis, másculos, desafiadores, que têm liderança, etc. Quem defende as técnicas, afirma que todo o trabalho é feito visando acabar com a timidez, garantir o autodesenvolvimento, etc. Notadamente, boa parte dos produtos ligados às pick up arts são narrados e desenvolvidos por homens.

Agora volte aos anos 1970 e misture o comecinho da onda da PUA (quando provavelmente ainda nem existia tal termo) com a onda de faça-você-mesmo que havia nos Estados Unidos nos anos 1970, com livros, discos e produtos ensinando técnicas de artes marciais, de pesca, de hipnose (!) e até de controle mental, e que eram vendidos por anúncios em revistas. Até mesmo em revistas infantis (e até mesmo no Brasil).

Picking Up Girls Made Easy: um LP ensinando técnicas medonhas para ficar com garotas

E sim, saiu um DISCO explicando como ficar com garotas. Pickin up girls made easy foi lançado em 1975, narrado por um jornalista chamado Eric Weber e foi inspirado no próprio livro escrito por ele, How to Pick Up Girls, de 1970. Na época, esse disco, que dava conselhos sobre como conhecer garotas em bailes, festas, museus e até na rua, vendeu três milhões de cópias. E era vendido pelo correio, por intermédio de anúncios em revistas.

Hoje, boa parte dos conselhos desse disco de Weber não ficaria de pé em dois segundos. Não só pelas mudanças no relacionamento homem-e-mulher como também porque muitas técnicas são furadas pra cacete. E desonestas. Pickin up girls is easy começa com a audição de uma paquera em que o rapaz mente para uma garota dizendo que o cabelo dela é “perfeito” e que ele trabalha como produtor de televisão, e quer a menina num anúncio de TV.

O disco e o livro de Weber, por sinal, fizeram tanto sucesso que geraram até uma comédia romântica feita para a TV em 1978, How to pick up girls, com Desi Arnaz Jr (filho de Lucille Ball com Desi Arnaz) no papel principal. Olha ele aí embaixo.

Infos de Huffington Post e Reprobate Press.

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Lançamentos

Radar: Lemonheads, Jordan Maye, Leisure, Tenise Marie, Nastyjoe, Jehnny Beth, Billy Ray Norris

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Radar: Lemonheads, Jordan Maye, Leisure, Tenise Marie, Nastyjoe, Jehnny Beth, Billy Ray Norris

Totalmente à vontade no Brasil, Evan Dando volta com os Lemonheads, lança mais um single e anuncia álbum novo para breve – e ele abre o último Radar da semana, com lançamentos internacionais. Evan também puxa uma lista de músicas repleta de questionamentos existenciais e vivências, para ouvir e pensar na vida. Sempre no último volume.

Texto: Ricardo Schott – Foto Lemonheads: Divulgação.

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THE LEMONHEADS, “IN THE MARGIN”. O Brasil teve grande responsabilidade nas mudanças recentes da vida de Evan Dando, líder dos Lemonheads (ele está radicado por aqui agora, como é público e notório). Love chant, próximo disco do grupo – o primeiro em quase duas décadas – está programado para sair pela Fire Records em 24 de outubro, e foi gravado em parte no Brasil, com produção do multi-instrumentista brasileiro Apollo Nove.

In the margin, o novo single, é uma faixa repleta de riffs, do começo ao fim – uma preferência do próprio Evan, que teve como parceira a compositora e cantora Marciana Jones. “É tipo uma canção de vingança de uma garota da oitava série: ‘Estupidamente deixei os planos de fuga de fora para que pudessem encontrar meu caminho'”, conta. Aliás, o disco novo vai surgir quase ao lado de Rumours of my demise, seu livro de memórias, previsto para sair dia 6 de novembro.

JORDAN MAYE, “TEAR IT DOWN”. Musicista trans de Los Angeles, Jordan é uma artista do punk que começou inspirada pelo rock clássico (“era o que meu pai ouvia”, lembra) e que hoje une guitarras pesadas, climas musicais herdados de Bob Dylan e angústia existencial evocando Buzzcocks e Social Distortion em seu novo single, Tear it down. Uma canção confessional sobre como o “deixar ir” pode ser terapêutico, às vezes. O som é dividido em partes: abre com violão e voz, parte para a ação punk propriamente dita, e lá pelas tantas ganha um segmento entre o punk e o power pop, com palmas e clima levemente beatle.

LEISURE, “MISSING YOU”. Coletivo musical da Nova Zelândia que cruza soul, rock e pop com leveza e sofisticação, o Leisure prepara o lançamento do disco Welcome to the mood para 12 de setembro. O novo single, Missing you, ganhou um clipe gravado ao vivo no Taliesin West, no Arizona — marco arquitetônico criado por Frank Lloyd Wright (1867-1959). A escolha do local tem tudo a ver com o conceito do grupo: dialogar com a ideia de futurismo nostálgico, que Wright já ensaiava nos anos 1930 ao projetar construções que ainda hoje parecem modernas.

TENISE MARIE, “OFF THE RECORD”. Nascida no Iraque e criada na comunidade de Argenta, na Colúmbia Britânica, Tenise lança o álbum Off the record em 11 de julho – e o disco veio de uma viagem à sua terra natal, e do encontro com suas raízes. Tenise se animou para falar de temas como vulnerabilidades, dualidades, aceitação dos problemas da vida, belezas que encontra pelo caminho e outras coisas.

A cândida faixa-título do disco aborda esse reencontro de Tenise, em versos como “foi difícil respirar / minhas cicatrizes são profundas”, e na certeza de que o melhor nem sempre é documentado, mas fica na memória. “Por ter uma herança mista, muitas vezes me senti à margem, puxada em quatro direções diferentes, querendo pertencer a algum lugar. Minha mãe foi adotada e, enquanto ela corajosamente buscava sua família biológica, crescemos desconectadas da nossa cultura materna. Foi ela quem me ensinou o valor da identidade”, conta.

NASTYJOE, “STRANGE PLACE”. Pós-punk ao extremo, e voltado para a mesma cena musical que rendeu bandas como Shame e Fontaines DC, esse grupo francês já tem um EP de estreia e está agora preparando material para o primeiro álbum. Enquanto o disco cheio não sai, tem o clipe de Strange place, uma música confessional sobre um caso amoroso tóxico e destrutivo que vai causando esgotamento – e do qual, mesmo assim, parece impossível escapar (o fim do clipe, aliás, é triste). Além dos grupos mais novos, dá para perceber que o Nastyjoe ama bandas veteranas como The Cure e Buzzcocks, que são a cara do som deles.

JEHNNY BETH, “OBSESSION”. “Imagine Tricky e Jonathan Davis fazendo uma música com Adam Jones, do Tool! Pelo menos na minha cabeça!”. É dessa forma que Jehnny Beth, vocalista da banda Savages, anuncia seu novo single, Obsession – faixa que, por sinal, anuncia seu próximo álbum solo You heartbreaker, you, previsto para 29 de agosto. A música, uma parceria dela com o produtor Johnny Hostile, é brabeira de verdade, explorando obsessões amorosa em clima sombrio e industrial (“estou só desesperada para saber quando ficaremos juntos / não diga nunca! / ei, você / eu te amo, seu heartbreaker!”, diz a letra). “O verso ‘you heartbreaker, you’ deu o título ao álbum, mas, mais do que isso, a música deu o tom ao álbum”, conta ela.

BILLY RAY NORRIS, “I BELIEVE”. Compositor norte-americano ligado ao country, Billy une estruturas de jazz e temas como superação e buscas pessoais em I believe. A letra foi escrita a partir de suas experiências pessoais, que incluíram situações em que ele esteve no limite e precisou tomar decisões bem rápidas. A faixa mistura elementos de pop suave, espiritualidade e uma pegada introspectiva.

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Crítica

Ouvimos: Vitoria Faria – “Vacas exaustas”

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Ouvimos: Vitória Faria - "Vacas exaustas"

RESENHA: Vitoria Faria estreia solo com Vacas exaustas, disco que mistura forró, funk e jazz para falar de empoderamento, corpo, relações e dores do feminino.

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Acordeonista de São Paulo, Vitoria Faria estreia como cantora solo no álbum Vacas exaustas e aproveita para, em meio à farra de ritmos, mexer em feridas eternas do feminino. O forró experimental e eletrônico Elefante pelo cano tem letra cru e concreta sobre um relacionamento que não dá certo porque só uma das partes cede e tenta caber na vida da outra. Asas à cobra une funk, jazz e eletrônico pra falar de empoderamento. A faixa-título une jazz, tango e experimentação rítmica – ao lado de Flaira Ferro – em meio a versos como “sustentar na teta o peso do mundo de dose em dose”.

Já a percussiva Zap de família fala sobre piadas escrotas na mesa de casa e de escolhas fora do padrão que se transformam em assunto e fofoca nos Natais – ganhando certo clima de valsa quando a palavra “dança” surge na letra. No final, Sou mulher fala em “muito prazer / e esse prazer é só meu”, abrindo com vocais quase místicos, até que um acordeom e um piano elétrico transportam a melodia para a MPB de 1981. Em Dois centímetros, ela recebe Assucena para uma mescla de reggae, blues e forró, mantendo o clima experimental e rítmico do álbum. Gula, por sua vez, une experimentação de estúdio, empoderamento, sexo, tentação, dança, até que no final a própria gravação é “engolida”.

O som de Vitoria também chega perto do tecnobrega (unido com forró, funk e eletrônico) em Crise de amor, e margeia o som de Chico Science & Nação Zumbi e Planet Hemp em Gosto de fel, funk mangue com guitarras em wah wah e vocal-repente em clima de duelo dela consigo própria.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente / Tratore
Lançamento: 29 de maio de 2025

 

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Crítica

Ouvimos: Samuel de Saboia – “As noites estão cada dia mais claras”

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Ouvimos: Samuel de Saboia - "As noites estão cada dia mais claras"

RESENHA: Disco de estreia de Samuel de Saboia mistura rock nordestino, MPB maldita, tropicalismo e pós-punk em um retrato intenso de desejo e identidade.

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As noites estão cada dia mais claras, primeiro álbum do pernambucano Samuel de Saboia, é um disco de rock brasileiro setentista lançado em 2025. Mas nada de Casa das Máquinas ou Made In Brazil. É uma estética de rock nordestino, influenciada por artistas malditos da MPB – a capa, com várias fotos, lembra o lay-out de Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio Sampaio, e o de Sweet Edy, de Edy Star – e que se utiliza de vibes e batidas latinas e ciganas em vários momentos.

O repertório de Samuel é construído em torno da força dos versos e dos vocais, como no clima épico de Vingança colorida (que prega: “vou mostrar como cobra pode voar”, em meio a violas e percussões) e na psicodelia espacial de Gira, evocando Paulo Diniz. Surge até algo de pós-punk em Deusa dos prazeres bobos – um dos melhores arranjos do disco, com metais simples e guitarra limpa lembrando Smiths.

    • Ouvimos: Raquel – Não incendiei a casa por milagre
    • Ouvimos: Josyara – Avia
    • Ouvimos: Gabre – Arquipélago de Ilhas Surdas

Mesmo assim, a cara de As noites… é dada mesmo pela vibe tropicalista de faixas como Meteoros de haxixe (com andamento herdado de Taxman, dos Beatles) e Eu preciso de distância, ambas com vocais lembrando Edy Star e Gilberto Gil – a segunda é retomada ao fim do disco com uma releitura ao vivo.

Dando uma variedade maior ao disco, tem o clima quase soul de Amigo (que tem lembranças do já citado Sergio Sampaio), e a balada blues Rei de nada, que abre num clima parecido com o de Êxtase, de Guilherme Arantes, e vai mudando de cara. A força da voz de Samuel surge especialmente nos ecos e silêncios de Sangue, cheia de escalas árabes, e no beat nordestino, cantado em falsete, de Mainha.

As noites estão cada dia mais claras (definido por Samuel como um álbum de “desejo físico”) é repleto de descobertas e auto-descobertas. Ouça.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente.
Lançamento: 7 de maio de 2025

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