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Pequeno Imprevisto: um selo cheio de assunto

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Pequeno Imprevisto: um selo cheio de assunto

O selo paulistano Pequeno Imprevisto (cujo nome foi tirado de uma música dos Paralamas do Sucesso) não quer ser apenas uma gravadora. Montado com o jornalismo no DNA, ele se apresenta como uma plataforma de histórias, na qual cabem um site bastante informativo, e vários outros projetos, como canal de vídeo e podcast. Além de vários novos lançamentos – como o disco novo de Flavio Tris, do qual o Pop Fantasma falou na semana passada. Fomos bater um papo com Eduardo Lemos (jornalista e pesquisador musical) e Otavio Carvalho (músico, compositor e produtor), os criadores do selo, para descobrir como é ter uma gravadora que, além da música, põe o foco em novas ideias para divulgar música.

O site de vocês é bem informativo e funciona como um site de conteúdo mesmo, com informações sobre as bandas/artistas, notinhas, etc. Como chegaram a essa riqueza de conteúdo?

Eduardo Lemos: Eu sou jornalista e eu sempre comentava com o Ota como estavam acabando ou diminuindo drasticamente os espaços para um bom jornalismo sobre música. O Ota, como músico, sempre deu muita importância para a imprensa, ele sempre mostrou entusiasmo com isso. Daí a gente chegou na ideia de “vamos fazer isso a gente mesmo”, ou seja, que o selo poderia ser ele próprio um veículo jornalístico, dentro das nossas limitações, é claro.

Fizemos algumas reportagens exclusivas, com pauta, apuração, entrevistas e edição assinadas por nós, como uma matéria sobre como outros países estavam ajudando os músicos no começo da pandemia, de autoria da jornalista Carime Elmor; uma outra sobre a relação afetiva dos músicos com seus instrumentos musicais, assinada pelo jornalista Alfredo Araújo. Também criamos séries em vídeos como Uma canção para salvar o mundo, especialmente para o YouTube, e o nanopodcast, episódios de até 1 minuto sobre os nossos lançamentos, feito para o Instagram. Estamos nos preparando para investir mais nisso em 2022.

Queria saber um pouco sobre o que vocês andavam fazendo antes do selo.

Otávio Carvalho: Eu e Edu nos conhecemos em 2014, numa entrevista que ele estava fazendo para o Azoofa e já de cara descobrimos diversas afinidades e começamos a trabalhar juntos em diversos projetos. Eu sou sócio da produtora de áudio/estúdio Submarino Fantástico, trabalho compondo trilhas para streaming, TV e cinema, produzo e mixo discos, toco com minha banda Vitrola Sintética e acompanho os artistas Paulo Miklos, Gustavo Galo e Meno Del Picchia. O Edu é jornalista musical, tem uma empresa que trabalha conectando música e marcas, outra que faz comunicação de artistas, já produziu diversos shows, criou o projeto Nick Drake Lua Rosa, em homenagem ao Nick Drake…

Enfim, nossos universos são muito amplos e tínhamos mais ideias que queríamos colocar no mundo e descobrimos que um selo poderia ser um caminho, tanto para ajudar artistas a colocarem e sustentarem suas obras no mundo, quanto para abrigar nossas loucuras.

Além do site, o que mais vocês estão pensando para levar as propostas do selo adiante? O site do Pequeno Imprevisto fala em cursos, publicações impressas, etc.

Eduardo Lemos: Pois é. O maior motivo da gente ter criado o selo, a ideia que nos fez entender que o selo poderia fazer alguma diferença, é a de que os lançamentos musicais (discos, EPs, singles) tem uma vida útil cada vez menor, tudo fica velho num piscar de olhos, e todo aquele trabalho que o artista levou meses, às vezes anos para construir, e que ele investiu uma grana, de repente deixa de ser interessante para o público, a imprensa, os contratantes de shows. Como fazer essa vida útil ser maior? Com cada artista, a gente faz esse exercício de “tá bom, o disco sai tal dia e a estratégia é essa, mas o que vamos fazer para manter esse disco vivo depois?”.

Na nossa visão, criando oportunidades para que estes trabalhos continuem vivos depois de lançados. Com o Gustavo Galo, por exemplo, nós criamos um curso chamado Eu quero mesmo é isso aqui, em que ele ministra aulas sobre a relação entre a poesia e a música. Com o Luiz Gabriel Lopes e o Lucas Gonçalves, criamos eventos no zoom em que eles puderam receber os fãs e trocar ideias sobre os discos que eles haviam acabado de lançar. Para a Cao Laru, fizemos uma série de podcasts.

Como o lançamento de um disco ou de um artista do selo é pensado e trabalhado?

Eduardo Lemos: Às vezes, o disco chega pronto pra gente, foi o caso com o Flavio Tris (Vela) e o Juliano Abramovay (Amazonon). Em outros casos, nós participamos da direção artística do álbum, às vezes atuando na própria gravação, como rolou com a Cao Laru (Libre), que gravou o disco inteiro no estúdio do Ota, e Luiz Gabriel Lopes (Presente), que o Ota masterizou as faixas.

Uma vez com o disco pronto, a gente começa a definir as estratégias de lançamento, que basicamente se dividem em (1) datas: discutir com o artista qual será o primeiro single e quando ele será lançado, se haverá um segundo e qual será esta data etc e quando o álbum sai completo, e se será apenas digital ou físico; (2) imprensa: escrever release, selecionar fotos e vídeos de divulgação, definir com quais jornalistas vamos falar e qual será a abordagem; (3) streaming: reunião com a distribuidora para falar sobre o lançamento, pensar sobre possíveis playlists que se encaixam no perfil daquele disco ou single, fazer o upload deste conteúdo na plataforma e acompanhar o trabalho deles; (4) ações paralelas: aqui, depende do que cada artista precisa. Alguns precisam de um apoio maior na comunicação, então a gente chega junto com ideias e produções. Outras vezes, é o caso de viabilizar um LP. Aí é caso a caso mesmo.

Há quem reclame do excesso de lançamentos que chegam hoje às plataformas, que muitas vezes não dá tempo de lançar e trabalhar tudo… Como vocês veem isso?

Eduardo Lemos: Alguém me deu um número esses dias, tipo 40 mil novas faixas entram no Spotify todos os dias. A probabilidade de a sua música virar uma gotinha neste oceano é enorme. Como aprendi com a pesquisadora e consultora Dani Ribas, cada artista hoje está disputando a atenção do público não só com outros artistas, mas também com o Instagram, com o TikTok, com a Netflix, enfim. Não há saídas fáceis para uma guerra deste calibre, mas com certeza não lançar música não é uma saída.

Arriscaria dizer que o caminho mais seguro, neste momento, é fortalecer a relação com seu público, seja ele formado por uma, dez, mil ou 5 milhões de pessoas, e criar novas formas de atrair gente para ouvir o seu trabalho, seja por meio de vídeo, áudio, cursos, shows. E, sempre, sempre, tentar fazer as coisas com antecedência, pensando com atenção cada etapa deste lançamento. Apenas colocar um disco no mundo é implorar para ele virar a gotinha do oceano.

Às vezes, a gente ainda sonha que existe aquele ouvinte ideal, que vê o post no Instagram anunciando o lançamento do álbum, para tudo que ele está fazendo, apaga as luzes, abre um vinho e coloca o disco pra rodar. Ou que a gente não precisa fazer nada, basta colocar o disco no mundo e as pessoas o entenderão naturalmente. Talvez uma ou duas ainda façam assim – e meu muito obrigado a elas! -, mas se o artista quer que o seu trabalho seja financeiramente sustentável, ele precisa atingir mais do que uma ou duas pessoas.

Vocês pensam em investir em formato físico também?

Otávio Carvalho: Sim! É onde temos focado um pouco da nossa energia para 2022. Nós fizemos um vinil do disco Libre da Čao Laru em parceria com a banda, e acabamos de produzir uma fita cassete comemorativa dos 15 anos de carreira do Luiz Gabriel Lopes. Agora estamos planejando outros formatos para o físico, que não só os convencionais.

No que a pandemia afetou os rumos do selo?

Eduardo Lemos: É até engraçado isso: o selo nasceu oficialmente no final de fevereiro de 2020. 15 dias depois, o Brasil entrou em lockdown. Daí a gente brincava que Pequeno Imprevisto era um nome bastante conveniente pra situação… Rs! Alguns planos foram por água abaixo. Inicialmente iríamos vender alguns shows dos artistas, atuando especialmente no booking de shows de lançamento; havia um desejo de fazer eventos do selo ao ar livre e até um
festivalzinho nosso em algum momento. Na pandemia, fizemos lives com o Lucas – que lançou o Se chover; via show no Youtube – e algumas ações no Zoom e no Instagram. Também optamos por seguir em frente com alguns lançamentos, como o Libre e o Se chover – na época havia muita dúvida se valia a pena esperar a pandemia “acabar”.

Mas acho que uma das coisas mais legais que fizemos foi o projeto Singles Imprevistos, em que juntamos artistas que nunca haviam gravado juntos para fazer isso à distância, cada um da sua casa. Virus uniu André Abujamra e
Cao Laru, Pedido trouxe Lucas Gonçalves, Amarelo, Biel Basile (do Terno) e Zé Ruivo.

O quanto Paralamas do Sucesso é uma banda importante pra vocês? O selo já chegou até eles? Eles já souberam da homenagem?

Otávio Carvalho: Nós dois somos apaixonados pela obra dos Paralamas do Sucesso e essa foi a primeira conexão entre nós. No dia em que nos conhecemos. Mostrei para o Edu uma versão da música Trinta anos, que fizemos com o Vitrola Sintética, no ano em que Os Paralamas fazia trinta anos e nós, integrantes do Vitrola, também. Isso foi com menos de meia hora de papo e esse papo se estende até hoje.

Eduardo Lemos: Eu trabalho com os Paralamas desde 2008, como responsável pela comunicação digital deles, junto com o jornalista Rafael Michalawski. Sou fã deles desde os cinco anos, quando minha mãe conta que eu ouvi o Big bang, e ficava pedindo pra ela colocar o disco pra tocar infinitas vezes. Passei minha infância, adolescência e início da vida adulta completamente obcecado pela obra da banda e do Herbert solo, e ainda sou. Quando rolou a ideia do selo, eu brinquei com o Ota de que o nome teria que vir dos Paralamas. Fiz uma lista com diversas palavras que estão espalhadas nas músicas deles, e de títulos de canções. Ali eu já tinha escolhido emocionalmente o que eu queria: Pequeno Imprevisto (da música Um pequeno imprevisto).

Mostrei pro Ota, ele leu a lista e me falou: “Curti muito um nome: Pequeno Imprevisto”. Era pra ser. Eu nunca comentei oficialmente com eles: “Olha, eu tenho um selo cujo nome é uma homenagem a vocês”, mas acho que nem precisa… Rs! O que eu acho mais legal disso tudo é que o Herbert fez essa música quando ele tinha a idade que eu e Ota tínhamos quando criamos o selo, e a ideia que a letra traz – o completo ridículo que o ser humano passa por tentar controlar as coisas – se conecta tanto com o momento em que estamos vivendo.

Lançamentos

Radar: The Sophs, Dynasty, Idles, Cristian Dujmovic, Spinal Tap, Zoo Sioux, Circa Waves

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The Sophs (foto)

Aqui pra nós: e esse negócio de disco com parte 1 e parte 2, hein? O Circa Waves, por exemplo, vem aí com a parte complementar do seu álbum Death & love – e a gente, que resenha discos, fica como? Esperando a parte 2 pra escrever tudo? Seja lá como for, eles mandaram muito bem no single novo deles, Cherry bomb, que entrou neste Radar internacional com singles novos do The Sophs, Idles, Cristian Dujmovic… Ouça tudo no último volume e vá acompanhando as novidades do mundo da música por aqui.

Texto: Ricardo Schott – Foto (The Sophs): Eric Daniels/Divulgação

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THE SOPHS, “DEATH IN THE FAMILY”. Esse sexteto de Los Angeles, contratado pela Rough Trade, estreou em maio com o single Sweat, que até apareceu num Radar anterior. Dessa vez voltam com Death in the family, uma espécie de stoner rock “ensolarado” com letra sombria: “Preciso de uma morte na família para virar a minha página (…) / preciso de intervenção divina para lavar essas cicatrizes”. Mais sinistro que isso, só o clipe, em que os integrantes do The Sophs vão sendo assassinados um após o outro – sobra apenas o vocalista que… Bom, assista ao vídeo!

DYNASTY, “COMBATIVE HEART”. Vindo de Hamilton, no Canadá, o Dynasty é uma dupla de synthpop que curte falar dos momentos duvidosos da vida. Tanto que Combative heart, o novo single, fala sobre a sensação de embarcar no desconhecido, de braços abertos, confiando na jornada mesmo quando ainda não se tem ideia nenhuma do que está vindo por aí – e mesmo quando uma parte de você tem medo e se recusa a seguir. O som tem cara de anos 1980, com teclados típicos da época, mas deixa um certo clima de heavy metal nos vocais – feitos pela cantora e compositora Jenni Dreager – e até no logotipo da banda.

IDLES, “RABBIT RUN”. Clima de porrada em letra, em música e em clipe. O grupo britânico acaba de soltar Rabbit run, e a faixa foi feita para a trilha de Caught stealing, o próximo thriller policial de Darren Aronofsky (Cisne negro, Réquiem para um sonho). Aliás, é uma das quatro faixas compostas pela banda para o filme – sendo que os Idles ainda fizeram a trilha incidental e contribuíram também com uma releitura de Police and thieves, de Junior Marvin, imortalizada pelo Clash.

Rabbit run é sombria, fria, misteriosa, com batida próxima do krautrock e clima explosivo que surge lá pelas tantas, sem aviso prévio. E a letra tem versos como “as paredes parecem pequenas, minhas veias estão se contraindo quando estou entediado / faço um cruzeiro, assalto e espanco quando estou entediado”.

CRISTIAN DUJMOVIC, “DESPUÉS, EL ORIGEN”. Músico radicado na Espanha, Cristian está preparando o EP Fín de un mundo, e em Después, el origen, fala do mundo e dos acontecimentos como rodas que giram, sem que a gente muitas vezes se dê conta. O som varia do pós-punk ao ambient em poucos segundos, como costuma acontecer nos singles dele. Recentemente Atisbo, EP mais recente de Cristian, foi assunto nosso.

SPINAL TAP feat ELTON JOHN, “STONEHEDGE”. Dia 12 de setembro sai a aguardada continuação do mockumentary This is Spinal Tap, um clássico cult que falava sobre uma banda fictícia de heavy metal que passou pelos mais diversos estilos em busca de sucesso, e que perdeu uma série de bateristas – todos mortos em circunstâncias misteriosas.

Spinal Tap II: The end continues mexe com dois temas que estão na moda, já que traz a reunião e o show final (haha) do grupo. Vestindo uma capa de druida que tira logo no começo do clipe, Elton John canta e toca piano nesse hard rock que estava na trilha original (aliás rende risadas em This is Spinal Tap) e que aqui se torna uma espécie de metal progressivo folk de brincadeirinha.

ZOO SIOUX, “GIMME WAMPUM”. No som desse projeto musical britânico, climas punk, pré-punk e meio blueseiros são levados às últimas consequências. Gimme wampum, um dos singles da banda, é um verdadeiro filhote de Lou Reed, Iggy Pop e Black Sabbath, cheio de vocais roucos e riffs de alto a baixo.

CIRCA WAVES, “CHERRY BOMB”. Na estica dos anos 1980, a banda britânica anuncia a segunda parte de seu disco Death & love (falamos da primeira parte aqui), que sai em 24 de outubro via Lower Third / [PIAS]. O anúncio vem com o bom synthpop Cherry bomb, cujo clipe é protagonizado por uma garota ruiva de patins, vestindo uma jaqueta com o nome da música e rodopiando enquanto curte um som no walkman.

Diz a banda que a faixa nova é sobre uma pessoa que faz qualquer coisa por você: entra numa briga, te chama para tomar uma cerveja, faz sempre algo de bom nos dias ruins. Altíssimo astral à vista, então – e a gente espera que a segunda parte do disco seja bem melhor que a primeira, ou torne todo o set do álbum bem bacana.

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Agenda

Urgente!: Uma banda chamada Guitar. Picassos Falsos ao vivo no Rio. Beatles lá em Mauá.

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Urgente!: Uma banda chamada Guitar. Picassos Falsos ao vivo no Rio. Beatles lá em Mauá.

RESUMO: O Guitar, banda de Portland, mistura emanações de Dinosaur Jr e climas punk, e anuncia álbum novo. Picassos Falsos volta hoje para show no Rio. Semana Beatles em Visconde de Mauá (RJ) comemora dez anos e vai ter festa.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

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Um tempo atrás entrevistamos o cantor e apresentador China, e ele contou que mudou de nome artístico para Chinaina porque estava achando complicado demais encontrar suas próprias músicas nas plataformas digitais. Agora imagine o que sobra para uma banda chamada… Guitar.

Bom, no Spotify, o “melhor resultado” para o nome Guitar é uma playlist do jogo Guitar Hero 3 – o segundo melhor, você talvez imagine, é Guitar man, sucesso da banda Bread. Buscando direto na aba “artistas”, a banda norte-americana de rock Guitar – que é nosso assunto aqui – até que se deu bem: é o terceiro nome a aparecer.

O Guitar é liderado por um músico chamado Saia Kuli, que começou o projeto basicamente como uma banda-de-um-cara-só, gravando tudo por conta própria. No ano passado, saiu o primeiro álbum do Guitar, Casting spells on turtlehead, pelo finado selo Spared Flesh, de Portland – a gravadora fechou as portas, mas mantém o Bandcamp com seus lançamentos, inclusive o disco do Guitar.

Nesse álbum, aliás, Saia contou com uma banda de verdade, com mais quatro integrantes. Você poderia definir o som que essa turma fez em Casting como shoegaze, mas a verdade é que se trata de um Dinosaur Jr com volume mais alto e paredões espessos e turbinados de (adivinhe só) guitarras. A definir pelo novo single do Guitar, Pizza for everyone, o álbum da banda que está vindo por aí, We’re headed to the lake (sai dia 10 de outubro pelo selo Julia’s War), vai ser cheio de hinos punk.

“Essa música é tanto um grito de guerra épico e sem sentido quanto sobre estar sem dinheiro e entediado sentado no sofá”, explica Kuli sobre a música. Ficou curioso/curiosa? Tá aí embaixo (e vale informar que no Bandcamp e no Instagram, Saia não conseguiu usar o “guitar” sem nenhum acréscimo).

***
Tem um festão no Rio de Janeiro nesta quinta (14). O Rockarioca, coletivo que mapeia o rock do Rio, comemora cinco anos com um evento especial no La Esquina, na Lapa. Dessa vez, o Picassos Falsos, cult band clássica dos anos 1980, inativa desde 2019, retorna para um show especial – com abertura de Katia Jorgensen, autora de um dos melhores discos de 2024, Canções para odiar (resenhado pela gente aqui). Entre os shows, o som fica com o DJ Renato JkBx (Bauhaus/College). Se você mora no Rio ou está por aqui, é uma ótima oportunidade para conhecer os shows do coletivo, inclusive.

Indo um pouco mais distante do Rio, vai rolar a décima Semana Beatles Visconde de Mauá (recanto hippie na serra carioca), a partir desta quinta (14), às 17h. São dez anos não apenas do evento como também da Casa Beatles, lugar dedicado aos quatro de Liverpool. A novidade é que domingo, às 15h, vou estar num bate-papo musical com o jornalista e músico Heitor Pitombo, lá na Casa Beatles, sobre histórias da banda.

E… bom, não é bem novidade porque todo ano estou lá fazendo alguma coisa – mas se passar por Mauá, vá lá me ver. E aproveite para conhecer Heitor, que foi o primeiro jornalista a fazer uma pergunta a Paul McCartney na primeira vinda dele ao Brasil, em 1990. Conheça também o Leandro Souto Maior, um dos criadores da Casa Beatles, meu melhor amigo e autor do livro Paul McCartney no Brasil.

SERVIÇO ROCKARIOCA. La Esquina (Av Mem de Sá, 61 – Lapa), quinta (14). Horário: abertura 19h30, 1º show 20h15, 2º show 21h15, festa 23h Ingressos: R$20 (1º lote), R$30 (2º lote), R$40 (3º lote), R$50 na hora.
SERVIÇO SEMANA BEATLES: de quinta (14) a domingo (17). A programação e todos os detalhes estão no Instagram deles.

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Lançamentos

Radar: Pelos, MC Karlos, She Is Dead, Caxtrinho, Ingrime, Afrika Gumbe, Lan

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PELOS, "SANTELMO". Já ouviu falar do fenômeno do fogo de Santelmo? É uma descarga elétrica que aparece para navegadores durante viagens e que simboliza um sinal de boa sorte -

No Radar nacional de hoje, MC Karlos diz que o rock morreu. Bom, não morreu, mas Karlos tem vários argumentos na letra de seu funk melody O rock morreu (graças a deus) – o tipo de som para roqueiros de mente aberta. E mente aberta, você talvez saiba, é nossa zona de conforto, já que aqui cabem o punk do She Is Dead, o som etéreo do Pelos, a lembrança de Almir Guineto na voz de Caxtrinho, e muito mais. Ouça com volume alto e janelas abertas.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Pelos):  Daisy Serena/Divulgação

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PELOS, “SANTELMO”. Já ouviu falar do fenômeno do fogo de Santelmo? É uma descarga elétrica que aparece para navegadores durante viagens e que simboliza um sinal de boa sorte – e que na música nova da banda mineira Pelos, Santelmo, surge para simbolizar temas como fugas, passagens, travessias pessoais.

Robert Frank, cantor do grupo (e também guitarrista e pianista da banda), é um velho conhecido de quem assistiu à série Hit Parade (Canal Brasil) – ele era o Missiê Jack, o espertíssimo dono de gravadora do seriado. Em Santelmo, uma faixa introspectiva e bela, sua voz soa como a de Milton Nascimento, mas sempre equilibrado entre o dream pop e o Clube da Esquina. O álbum do Pelos, Noturnas, sai em breve.

MC KARLOS feat ERIK SKRATCH, “O ROCK MORREU (GRAÇAS A DEUS)”. “Eu sabia que o som da guitarra elétrica, atrás dele tinha um monte de lixo de rock americano pronto para desembarcar no Brasil. Não era um Zappa não, nem Zeppelin, era outra coisa”. A frase do compositor e jornalista Chico de Assis dita no documentário Uma noite em 67 recorda a época da Passeata Contra a Guitarra Elétrica (é, teve isso), da qual ele participou em 1967.

Pois bem: o rapper e ex-roqueiro sul-matogrossense MC Karlos sampleia a declaração de Chico na abertura do ousado e polêmico funk melody O rock morreu (Graças a deus), que zoa impiedosamente a babaquice e o conservadorismo hoje associados ao estilo. “A guitarra já virou peça de museu / instrumento falocêntrico, heteronormativo / trilha sonora do imperialismo (…) / antes oprimido, agora opressor / de revolucionário a conservador”, rappeia. Um som para roqueiros que sabem rir de si próprios.

SHE IS DEAD, “US FOR US”. “Banda curitibana especializada em pesadelo”, como eles próprios afirmam, o She Is Dead volta com um som entre o punk e os elementos de psicodelia – chega a lembrar o começo do Primal Scream, quando a banda de Bobby Gillespie era chegada à onda jangle rock e a sons mais primitivos. Além disso, Us for us é uma música sobre força coletiva, sobre pessoas lutando não apenas pelo que é delas, mas pelo que é de todos.

A faixa é, diz a banda, o primeiro single de uma série de doze musicas gravadas em três dias no estúdio Xacra. Gustavo Slomp e Marcio D’Avila assinam a produção. E já tem clipe.

CAXTRINHO, “MÁFIA DA MIÇANGA”. Queda livre, primeiro álbum de Caxtrinho, foi lançado ano passado pelo selo QTV – e é o melhor disco nacional de 2024 de acordo com a curadoria de um certo site de música aí, não sei se vocês conhecem… Vindo da Baixada Fluminense, e dono de uma pegada sonora única – entre o samba e a noise music – ele foi um dos escolhidos para participar do projeto MPB Ano Zero, criação do jornalista Hugo Sukman, do produtor Marcelo Cabanas e do cantor Augusto Martins, com o apoio da gravadora Biscoito Fino.

Cada participante do MPB Ano Zero relê uma faixa clássica ou nova da MPB. A voz e o violão de Caxtrinho couberam como uma luva no samba Máfia da miçanga, de Almir Guineto e Luverci, gravado por Almir em seu segundo disco, A chave do perdão (1982). Vale muito a audição. Tem até mini-doc.

INGRIME, “UTOPIA”. Essa banda de Marília (SP) se coloca entre o pop, a MPB e o punk, experimentando um tom dançante e realista para seu novo single, Utopia – uma música sobre os desafios de seguir acreditando em dias melhores. Além da formação de quinteto, o grupo inseriu metais na canção, dando a ela uma certa proximidade com as fanfarras musicais, e um clima de festa. Gabriel Teixeira, vocalista do grupo, diz acreditar em Utopia como uma canção especial para abrir novos caminhos musicais para o Ingrime (“ela é um respiro”, conta).

AFRIKA GUMBE, “A OBRIGAÇÃO DO DOM”. Soro energizado, disco novo do Afrika Gumbe – banda dos irmãos Marcelo e Marcos Lobato, o primeiro, ex-tecladista do Rappa – está vindo aí. O single mais recente a adiantar o álbum, A obrigação do dom, é um afropop de fôlego, que propõe uma reflexão sobre destino, propósito e o dever íntimo de honrar os próprios dons – mesmo que tudo pareça torcer contra. “Que não sejamos manés e que desfrutemos de toda luz e possibilidades que nossas portas nos oferecem”, filosofa Marcos, em bom carioquês.

LAN feat TARCIS, “DIVERSÃO”. Conhecido por fazer parte do duo Badzilla, Lan retorna com mais um single, com letra e vocal do rapper Tarcis. Dessa vez, o beat chega perto da house music, mais até do que do funk – e a letra tem vibe de rap e flow de palavra falada, de história contada naturalmente. A melodia de Diversão, por sua vez, une dance music, MPB e pop adulto. “A letra foi quase freestyle, a ideia veio muito rápida na cabeça. Eu e Lan conseguimos entender as ideias um do outro, por isso foi um processo tranquilo e divertido”, diz Tarcis.

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