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Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

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Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

Se tem gente por aí dizendo que os fanzines são uma mídia antiga e que as pessoas só querem saber de internet, é uma excelente oportunidade para essa pessoa conhecer a turma do Projeto IFanzine, conduzido pelo designer e cartunista Alberto Carlos Paula de Souza (o popular Beralto) no Instituto Federal Fluminense campus Macaé, Rio de Janeiro. Desde 2013, o projeto promove oficinas de fanzine e quadrinhos, e em 2017 passou a ter uma fanzinoteca, para abrigar tanto o acervo local quanto o de outros autores.

O IFanzine tem também produção própria: o zine Peibê, surgido em 2016, que já ganhou até prêmio (o Troféu Angelo Agostini na categoria fanzine). A sede da fanzinoteca tem abrigado trabalhos, mostras, encontros entre alunos e fanzineiros, além das oficinas. E fomos lá bater um papo com o Beralto pra saber o que eles andam fazendo.

Como começou seu relacionamento com os fanzines?

Nos anos 1980. Conheci o primeiro, o Notícias dos Quadrinhos do Ofeliano Almeida, do Rio de Janeiro. Daí me encantei com o mundo dos zines, especificamente os zines de quadrinhos, que é a minha praia. Daí publiquei meus quadrinhos em vários zines da época, Mutação (RS), Politiqua (RS), Aventura (RJ), Marca de Fantasia (PB), Hiperespaço (SP), etc.

Aliás, como começou a estudá-los e colecioná-los?

Bom, o primeiro zine foi apresentado por um professor na época do ensino médio. Também as revistas Calafrio e Mestres do Terror da Editora D’Arte tinham uma sessão de cartas com anuncio de zines e daí, achando os primeiros zines, a gente achava o fio de ariadne pra transitar e interagir na nossa mídia social analógica.

Já estudar zine ou aplicá-lo na educação foi há cerca de 13 anos, quando comecei a trabalhar como servidor no Instituto Federal Fluminense campus Macaé RJ, uma escola pública da rede federal de ensino profissionalizante. O projeto de zines é uma ação de extensão acadêmica. Nesse contexto começamos a resgatar a paixão pelos zines nesse ambiente do ensino e aprendizagem e vem dando certo, a ponto de termos conseguido em 2017 um espaço físico para montar uma Fanzinoteca.

Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

Beralto (esq.) durante oficina de fanzine em escola pública

Como foi que os fanzines chegaram ao Instituto Federal Fluminense?

A partir dessa nossa proposta de oportunizar para os estudantes a proposta Do It Yourself de customizar a mídia tátil com o jeito livre, expressivo e autoral. E ao mesmo tempo apresentar aos educadores o zine como uma ferramenta acessível como estímulo à produção textual e como ferramenta avaliativa.

Fale um pouco sobre o impacto que o projeto provocou no universo dos fanzineiros. Muita gente procura vocês?

Na nossa região circulamos pelas escolas públicas promovendo oficinas de zines e em eventos culturais, eventos de rua e eventos acadêmicos. Fizemos oficinas para idade de 8 a 80, (sem exagero) e para público de ensino fundamental à pós-graduação.

A partir da criação da Fanzinoteca passamos a receber também a visita de caravanas de estudantes, que não vêm apenas para conhecer a casa dos zines, mas conhecer a escola como um todo, mas a Fanzinoteca passou a fazer parte do tour dos alunos potenciais candidatos do processo seletivo de ingresso na escola. Os jovens com aptidão para as artes ficam encantados.

Quanto à comunidade zineira, desde a criação do projeto em 2013 temos feito parcerias, e temos recebido doações generosas de autores e aficionados da cultura zineira. E somos muito gratos à comunidade zineira por todo apoio. Temos realizado também a Mostra Peibê de Zines e Publicações Independentes que reúne autores veteranos com os novos talentos revelados pelo projeto.

Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

Trabalho de língua portuguesa na fanzinoteca

O que você tem guardado na fanzinoteca e como ela pode ser visitada?

A Fanzinoteca tem um acervo atualmente em torno de 3500 exemplares e os zines abarcam a diversidade que o zine contempla, zines de HQ, zines de música, terror e ficção científica, zines de artes visuais, zines de movimentos sociais, zines produzidos por escolas e universidades. Destaque para os zines feitos pelos alunos da escola que, feitos como um espécie de prova alternativa, após atribuição de nota, passam a fazer parte do acervo. É uma ressignificação do processo avaliativo e os docentes de língua portuguesa, espanhol, ingles, história, filosofia e sociologia são os que normalmente demandam o uso de zine nesse contexto pedagógico.

A Fanzinoteca é pública e funciona de segunda a sexta de 13h30 às 16h30, e outros horários podem ser agendados previamente pelo e-mail fanzinotecamacae@gmail.com. Autores de fanzines e publicações independentes podem agendar lançamento de publicações, educadores podem agendar oficinas de zine e visitas coletivas para acesso ao acervo. Como a pandemia estamos com as portas fechadas desde março de 2020, e esperamos retornar no ano que vem em condições seguras assim que possível.

Como vocês fazem para explicar às novas gerações o que é um fanzine, levando em conta que com a internet a novidade da “autopublicação” virou parte do dia a dia de muita gente?

Justamente por ser o zine uma mídia pré-internet, e por embutir o modo artesanal de fazer e com o jeito analógico de curtir e compartilhar, que faz o zine ser uma novidade para o nativo digital. Pode até haver uma estranheza inicial quando propomos ao jovem fazer um zine nas oficinas, mas logo o pessoal se solta e fazem zines super criativos.

Fanzines ainda têm muito apelo no mundo digital? Como os alunos das oficinas reagem à descoberta de que é possível produzir material físico para leitura com bom conteúdo, muito talento e material caseiro?

O nosso projeto resgata e prioriza esse modo de fazer tradicional do zine, mas não descartamos a veiculação nas plataformas digitais, zine físico e zine digital podem e devem conviver pacificamente. Normalmente lançamos o zine fisicamente e depois disponibilizamos no meio digital. Os zines do projeto Fanzinoteca podem ser acessados gratuitamente no site da Editora Marca de Fantasia através deste link.

Confesso que no começo do projeto senti dificuldades de envolver os alunos, mas tudo foi questão de tempo, até o projeto alcançar visibilidade e, contando com a adesão dos professores, o zine hoje é um fenômeno “viral” na escola. Há pouco tempo descobri que os alunos antes de virem estudar aqui já ficam sabendo que tem um tal de fanzine que os professores usam às vezes como forma de avaliação. Isso é inimaginável porque há 9 anos atrás praticamente ninguém sabia, por aqui, o que é um zine.

E hoje os fanzines estão na internet, em PDF. Como vê mais essa possibilidade?

Uma das formas possíveis de veiculação, de fazer circular os zines. Inclusive durante a pandemia criamos um repositório de zines digitais. E o link está acessível para quem quiser conhecer os web-zines e zines analógicos digitalizados. Temos contatado antigos faneditores na intenção de pedir arquivos digitais de zines para que essa memória nãos e perca. Inclusive nos oferecemos para digitalizar quando o autor não tem tempo ou recursos para esse trabalho. Eis o link da Zineteca Digital Colaborativa, a ZDC.

Fale da Peibê, a publicação feita pelo projeto. Saíram outras publicações dele?

O zine Peibê é o primeiro e principal zine de nosso projeto. O nome foi sugerido pelos estudantes, referenciando o preto e branco das revistas artesanais normalmente em fotocópia. Ele apresenta a proposta de publicar quadrinhos de estudantes da casa e de veteranos no fanzinato, o que representa uma excelente diálogo intergeracional que ajuda a incentivar os novos autores. Apreciamos muito a diversidade de estilos de fazer quadrinhos com essa proposta livre dos zines, e já publicamos quadrinhos com perfil profissional, até as HQs de homem-palito e rabiscos, ou seja, quadrinhos autorais são muito bem-vindos.

O zine Peibê chegou a ganhar um troféu Ângelo Agostini e foi muito bom como conquista coletiva e pra dar visibilidade ao projeto. O Peibê está no número 7 e a oitava edição está em preparação. Depois dele, outros zines do Coletivo Fanzinoteca foram lançados, como o Traços de Memória, Café Filosófico, Afroindi e outros, sempre trazendo a marca do talento e protagonismo dos jovens estudantes da nossa escola.

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Radar: Big Fish, Love Ghost, Wills Tevs e outros sons que chegaram pelo Groover

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Radar: Big Fish, Love Ghost, Will Tevs e outros sons que chegaram pelo Groover

O Pop Fantasma agora também tá no Groover! Por lá, artistas independentes mandam seus sons pra uma rede de curadores – e a gente faz parte desse time. O que tem chegado até nós? De tudo um pouco, mas, curiosamente (ou nem tanto), uma leva forte de bandas e projetos mergulhados no pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e afins.

Aqui embaixo, separamos cinco nomes que já passaram pelo nosso filtro e ganharam espaço no site. Dá o play, adiciona na sua playlist e vem descobrir coisa nova! (na foto, o Big Fish).

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BIG FISH, “VAD BLIR KVAR”. Essa banda sueca, ativa desde 1988, mantém sua formação original após cinco álbuns lançados. Vad blir kvar (em português, “o que permanecerá”) é uma faixa percussiva, sombria e espiritualizada, inspirada em uma experiência real: o vocalista David Giese teve que esvaziar a casa onde cresceu após sua mãe ser diagnosticada com demência. A percussão da música foi criada batendo garrafas pet em um tambor de óleo — um experimento sonoro que surgiu na gravação demo e foi mantido na versão final.

LOVE GHOST, feat KATSU ENERGY, “DECOY”. Um grupo norte-americano que mistura as guitarras pesadas do emo e a fala sinuosa do trap, com influências de bandas como Smashing Pumpkins. Em Decoy, o novo single, o Love Ghost traz o trap latino de Katsu Energy e chega com um som que tangencia até o shoegaze, mas com marcação rítmica suingada e diferente. A música vai entrar no álbum Memento mori, o próximo do Love Ghost, que sai em breve.

WILLS TEVS, feat. SIDE, “EU GOSTO DE ARRISCAR”. “Essa música é uma exaltação à impermanência”, conta Wills Tevs, que vem de São Paulo e promove uniões entre MPB e groove rock em Eu gosto de arriscar. “A música funcionaria em diferentes gêneros, como samba ou pop, mas pelo sangue que corre nas minhas veias, ela se inclina naturalmente para o rock”, diz ele, que convidou a banda Side para tocar na canção.

SINPLUS, “A TEAR GOING LONELY”. “É uma música sobre amor, perda e o lado agridoce do deixar ir”, conta essa banda ligada ao pós-punk e aos climas góticos sobre a faixa A tear going lonely. A canção tem uma atmosfera ambient dada pelos teclados, e vocais que lembram um Iggy Pop mais certinho.

DESU TAEM, “JUSTIFY YOURSELF”. Resenhamos o álbum Used meat 4 sale, dessa imprevisível banda norte-americana formada por pai e filho roqueiros, mas vale destacar essa mescla de punk e hard rock que eles lançaram no álbum. Manual deles para escutar a faixa: “Faça um acordo com alguém que esteja disposto a deixar você dar uns tapas nele continuamente durante a música. Então toque de novo e aproveite sua vez de levar um tapa! Coloque a música no repeat, agora você tem planos para o dia! Você pode fazer isso de novo amanhã também!”. Eita.

 

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Urgente!: Melvin & Inoxidáveis tocam, Rockarioca convida, Patti Smith manda recado aos fãs

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Urgente!: Melvin & Inoxidáveis tocam, Rockarioca convida, Patti Smith manda recado

Tem seção nova no Pop Fantasma. Urgente! tá mais próxima do conceito de uma newsletter, e é mais ou menos isso. Toda semana, quase sempre na quarta de madrugada, a gente vai dar uma repassada em algumas notícias, fazer alguns comentários, soltar umas dicas e dar uma relembradas em coisas interessantes que aconteceram recentemente no universo da música. O formato é bem livre e os textos são mais ou menos curtos, com direito a atualizações se alguma coisa mudar. E hoje tem até entrevista (além de um recado imperdível no final) …

Para quem respirava música no Rio de Janeiro nos anos 1990 e 2000, o Espaço Cultural Municipal Sergio Porto era um templo. Pequeno, discreto, encravado no Humaitá (Zona Sul carioca), mas com ares de Maracanã quando o assunto era relevância. Bandas subiam ao palco, o público se acotovelava, e a sensação era sempre a mesma: ali acontecia algo especial.

“Sempre foi dos palcos mais nobres do Rio desde que me entendo por gente. A primeira vez que fui, foi com o pessoal do colégio ainda porque o irmão de um amigo tocava no Boato (banda carioca dos anos 1980/1990). Sempre tive um desejo enorme de tocar lá e toquei pouquíssimo. Vi Video Hits (banda gaúcha) num festival Humaitá pra Peixe, vi a melhor dupla da história, Cabeça e Funk Fuckers, vi Barneys e Poindexter. Magia pura”, lembra o cantor e guitarrista carioca Melvin, que nesta quinta-feira (13), às 19h, volta com sua banda Os Inoxidáveis ao Sergio Porto (Rua Visconde de Silva, ao lado do n° 292, Humaitá, Rio – R$ 40, com meia-entrada para estudantes, idosos e PCD) para apresentar o repertório do álbum de estreia da banda, Copacético.

O nome Sergio Porto anda um tanto sumido das conversas sobre a cena musical carioca – mesmo que o espaço continue ativo e abrigue shows bacanas (como o de Katia Jorgensen, que recentemente apresentou ali as canções do álbum Canções para odiar). Mas basta um mergulho nos arquivos dos grandes jornais para encontrar uma constelação de artistas que estrearam no palco do Humaitá. O lendário festival Humaitá Pra Peixe – citado por Melvin aí em cima – foi, para muitos, a porta de entrada na cena musical carioca. Para Melvin, foi mais do que isso: foi no Sergio Porto que ele fez seu milésimo show – sim, milésimo –, uma marca que virou até livro de memórias.

METAL OXIDÁVEL. Os Inoxidáveis voltam agora ao Sergio Porto, trazendo na bagagem um time de peso. Os integrantes Melvin (voz, guitarra), Fred Castro (bateria, ex-Raimundos), Marcelo de Sá (baixo) e Guga Bruno (guitarra) recebem convidados de luxo: Kassin, Badke, Marcelo Callado e Homobono – que retorna ao palco depois de um tempo imobilizado por conta de uma queda na rua. E tem mais: Os Oxidáveis, o naipe de metais da banda, entra em cena com  Gabriel Bubu (trompete, responsável pelos arranjos do disco), Felipe Magni (trompete), Lincoln (sax) e Pedro Paulo (trombone).

“Uma das coisas que sempre quis experimentar e acabei levando pro disco foi o lance de algumas músicas com naipe de metais. Inclusive tem uma instrumental, Tarmac, que é dos meus grandes orgulhos do disco, que só rola quando os metais vão”, conta Melvin.

REPERTÓRIO. A montagem do setlist foi um desafio. Melvin, na empolgação, queria colocar tudo e mais um pouco no show. “Uma vontade de fazer três shows caberem em um só”, confessa. Foi ajudado a tempo pelo experiente Fred Castro.

“Ele foi totalmente sábio e falou ‘cara, é o disco, o disco é ótimo, vamos lá defender isso, mostrar ele pras pessoas, não enche de referências e perde essa chance’”, diz Melvin, que garante: dez das onze faixas do disco estarão no setlist. “Tem umas coisas que podem acontecer na hora, desviar totalmente do roteiro, mas não tô nem pensando nisso. Estamos com o set sólido, ensaiadão, mas pelo que soube todas as participações estão levando uma ideia na manga pra passagem de som”.

MAIS ROCK NO RIO. Quinta-feira agitada na cidade. Além de Melvin, tem mais som no La Esquina, na Lapa. Das 19h30 às 23h, o evento Rockarioca Convida faz sua primeira edição de 2025, trazendo o pop-rock alternativo da Natasha Hoffman e o punk-pop do Melton Sello (sim, o nome da banda é exatamente esse aí). “Às 23h termina o evento e começa a festa de pop/reggaeton/funk do La Esquina – estão todos convidados pra esticar”, avisa a incansável turma do Rockarioca, que não descansou durante os últimos dois anos, nem pretende.

Tem mais: niteroiense radicado em São Paulo, o escritor e jornalista Pedro de Luna dá um pulinho no Rio nesta quinta para uma sessão especial de venda e autógrafos de quatro de seus livros na Audio Rebel, em Botafogo. As obras? São as biografias Eu sou assim – eu sou Speed, Planet Hemp – Mantenha o respeito, Mundo Livre S/A 40 – Do punk ao mangue e Brodagens – Gilber T e as histórias do rap e do rock carioca. “Ficarei na Audio Rebel das 17h às 22h e a entrada é franca”, avisa por zap.

POR AÍ. A banda catarinense Exclusive Os Cabides já começou a pegar a estrada para divulgar o álbum Coisas estranhas. Após um primeiro show em Florianópolis no dia 7, vão dar um tempinho e recomeçam em março, passando por Brusque (SC) no dia 8, e Cricíuma (SC), no dia 14. No primeiro fim de semana de abril, a agenda inclui dois shows no Rio (um deles no Circo Voador, ao lado de Boogarins), com direito a um pulo em Juiz de Fora (MG). Mais detalhes no insta do grupo.

RAINHA PUNK. Você já deve saber que Patti Smith anunciou uma turnê para comemorar os 50 anos de Horses, seu álbum de estreia. A tour começa em 6 de outubro, em Dublin. Mas, antes do anúncio oficial, Patti enviou na segunda-feira um vídeo exclusivo para uma turma especial: os assinantes de sua newsletter (que você conhece aqui).

“Não sei nem como explicar, mas houve um efeito dominó de coisas que minaram minha saúde. Nada de ameaçador, mas precisei descansar e me recuperar. Tudo começou com intoxicação alimentar, enxaquecas, bronquite e algumas tonturas que me fizeram ter uma queda. Mas estou bem”, disse, enfatizando: “Podem acreditar em mim”.

O vídeo foi uma forma de explicar seu sumiço para os fãs, já que Patti costuma ser bem ativa na internet. Mas ela também aproveitou para dar boas notícias: acabou de finalizar um novo livro (“meu editor está feliz, estamos cuidando de coisas como a capa, agora”) e prometeu um ano cheio de novidades para celebrar o cinquentenário de Horses, antes do anúncio da tour.

E deixou um recado essencial.

“Estamos numa época difícil, politicamente”, disse. “Talvez a época mais difícil que já vi na minha vida inteira. Mas não vou falar um monte de coisas sobre isso. Vou só dizer uma coisa, que acho que é a mais importante em tempos como esses: nós, que temos mentes semelhantes, devemos estar unidos. Temos nossa bússola moral, sabemos o que é certo. Podemos nos sentir derrotados em uma série de coisas. Mas enquanto não nos sentirmos internamente derrotados, enquanto estivermos unidos e lembrarmos quem somos e o que defendemos, superaremos isso”.

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Radar: Lucy Dacus, Horsegirl, Suzanne Vega e mais 5 sons lá de fora

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Radar: Lucy Dacus, Horsegirl, Suzanne Vega e mais 5 sons

Tem duas guinadas sonoras inesperadas no Radar internacional de hoje: uma voz folk que aderiu ao punk, e um metaleiro que se voltou para o rock sulista dos anos 1970. Vale citar, por acaso, que a variedade é uma meta que tem sido defendida por muita gente nos dias de hoje: em vez de se fechar num só nicho, o lance é criar coisas novas, ousar bastante e fazer o que você nunca fez na vida – e sempre quis fazer. E tá aí o nosso passeio semanal pelos sons internacionais que têm rolado por aqui…

(na foto, Lucy Dacus)

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LUCY DACUS, “BEST GUESS”. Indie pop agridoce, uma aura de mistério e um clipe que parece saído direto de um intervalo comercial dos anos 1990—essa é a receita de Best guess, a nova amostra do próximo disco de Lucy Dacus, Forever is a feeling, que chega em 28 de março. No vídeo, que evoca os inesquecíveis anúncios da Calvin Klein daquela década, brotam rostos conhecidos como Naomi McPherson (da banda MUNA), Cara Delevingne e Towa Bird. Mas não só: algumas aparições vieram direto de uma chamada de elenco feita por Lucy no TikTok. É a estética vintage dialogando com a era digital — e funcionando muito bem.

HORSEGIRL, “FRONTRUNNER”. Folk setentista e indie rock dos tempos atuais se encontram no novo single do Horsegirl, Frontrunner. A faixa antecipa Phonetics on and on, novo álbum do trio de Chicago, que chega na sexta (14). Guitarra, violão e uma percussão delicada embalam a melodia romântica, cantada como se fosse uma serenata à beira da fogueira. O clipe, por sua vez, é puro dia-a-dia: compras de supermercado, cafés preguiçosos e passeios de carro transformam-se em cenas de um filme caseiro.

COMMUNIONS, “NOT A PHASE”. O Communions chegou discreto com seu novo single, Not a phase, mas vale prestar atenção: piano, violão e um toque de cordas trazem uma pegada melódica ao pós-punk da banda dinamarquesa. Desde Pure fabrication (disco anterior, 2021), o grupo passou por mudanças—dois integrantes saíram, novos músicos entraram, e o som parece buscar um novo equilíbrio entre intensidade e melancolia. Ainda sem data definida, o terceiro álbum está a caminho.

BOB MOULD, “NEANDERTHAL”. Bob Mould não brinca em serviço. No single Neanderthal, ele entrega uma pancada punk de dois minutos e treze segundos, direta ao ponto e carregada de tensão. “Imaginei uma criança crescendo em um ambiente instável, exposta a um comportamento errático e agressivo, sempre em estado de luta ou fuga”, contou Bob, que já revisitou temas semelhantes em sua autobiografia See a little light: The trail of rage and melody. O disco novo, Here we go crazy, foi produzido pelo próprio Mould no mítico Electrical Audio, do saudoso produtor Steve Albini, e chega em 7 de março.

HIFI SEAN & DAVID MCALMONT, “HIGH WITH YOU”. Essa dupla de música eletrônica é formada por duas figurinhas experientes: Hifi é Sean Dickson, vocalista e guitarrista dos Soup Dragons e David é cantor de soul, ex-integrante da dupla londrina Thieves. Os dois soltam seu terceiro álbum, Twilight, nesta sexta (14). E o que vem aí parece ser um disco bem mais psicodélico que o anterior, Daylight (2024), a julgar pelo clima fluido de Sorry I made you cry, pela vibe interestelar de Star e pelo tecnosoul herdado de Marvin Gaye de High with you, o single mais recente a anunciar o disco.

THE HAUSPLANTS, “NORMALCY”. De onde vem esse som? O trio canadense The Hausplants pega emprestado ecos de Velvet Underground, The Sundays, The Smiths e chamber pop, misturando tudo com ritmos ciganos e hispânicos em Into equilibrium, um EP que parece um pequeno universo próprio. Mas o que realmente impressiona é a voz de Zel, cantora do grupo: o timbre lembra, e muito, Mariska Veres, a enigmática vocalista do Shocking Blue (aquela banda do hit psicodélico Love buzz, regravado até pelo Nirvana).

MARK MORTON feat CODY JINKS, “BROTHER”. Quem acompanha o Lamb Of God, banda de heavy metal na qual Mark é guitarrista solo, e der o play no novo single do rapaz, vai se surpreender (ou estranhar, se for muito radical na devoção ao som pesado). Em Brother, Mark Morton mergulha fundo no blues e no country rock, evocando os ares carregados e intensos do sul dos EUA nos anos 1970. “Essa é uma música extremamente pessoal, que fala diretamente sobre separação e afastamento familiar”, conta Mark, que traz também na faixa a voz do cantor country Cody Jinks. O álbum Without the pain chega em 11 de abril e ainda reserva uma surpresa: uma releitura de The needle and the spoon, do Lynyrd Skynyrd.

SUZANNE VEGA, “RATS”. Se alguém dissesse que essa música é de uma banda indie obcecada por Cramps, B-52’s e Blondie, acredite: ninguém duvidaria. O que poucos imaginariam é que Rats vem justamente dela, Suzanne Vega, a voz por trás de Luka e de algumas das canções mais delicadas e introspectivas dos anos 1980. Lançado em setembro do ano passado, o single anuncia seu primeiro álbum desde 2016. Suzanne diz que o álbum novo é variadíssimo: tem folk, soul inspirado na Motown, ecos da Califórnia setentista e, como se ouve aqui, uma pegada ramônica filtrada pelo pós-punk do Fontaines D.C. Um novo capítulo para uma artista que nunca se repete.

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