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Cultura Pop

Panço: turnê, zine, K7 e livros ao mesmo tempo

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Panço: turnê, zine, K7 e livros ao mesmo tempo

Quando você estiver lendo essa entrevista, o carioca Leonardo Panço já vai estar em plena divulgação de seu terceiro disco solo, Sombras, que saiu do digital (já está nas plataformas) e ganha lançamento em fita K7.

https://www.instagram.com/p/Bvo6-A2Ju_l/

Como todo lançamento do compositor (e cantor: encarou o microfone em todas as músicas do novo álbum), não é só um disco. Em turnê por Belo Horizonte, Ipatinga, Vitória, Itabuna, Salvador, Aracaju e onde mais for possível, ele leva seus livros, um fanzine que fez (Esopsa, com fotos tiradas durante uma temporada em Berlim) para divulgar o disco e, em algumas datas, une Sombras ao lançamento do doc Tributo ao inédito, de Marcelo Pedra, Renato Cantharino e Vitor Rocha, feito para relembrar o projeto musical lançado na década passada na cena carioca, que rendeu discos autorais e revelou bandas num período em que grupos cover e álbuns no estilo Som do barzinho eram o padrão.

O POP FANTASMA bateu um papo com o músico para falar com ele não apenas sobre o projeto, como sobre o lado deixa-que-eu-chuto (empreendedor, enfim) de Panço, que banca seus próprios lançamentos, corre atrás de suas próprias turnês, faz contatos e, trabalhando numa perspectiva underground, faz o possível para gerar demanda. Uma usina de um homem só que já rendeu um selo (Tamborete, criado por ele junto com Rafael Ramos, hoje DeckDisc), alguns livros (entre eles Jason 2001: Uma odisseia na Europa, sobre as turnês de sua banda Jason, e Caras dessa idade já não leem manuais) e já tem um quarto disco, 60% pronto. Pega aí.

POP FANTASMA: Me fala um pouco dessa turnê que você tá fazendo.
PANÇO: O primeiro lançamento do disco começa na quinta (foi ontem, a conversa foi na segunda) em BH. Saio de casa na terça, chego em BH na quarta de tarde e quinta é o lançamento. Aproveitei férias que eu juntei em duas partes de 20 dias com folgas, aí pensei: “Vou botar uns eventos aqui”. Fiz um fanzine novo para distribuir com o disco nos shows, era uma coisa que eu não fazia há muito tempo, de cortar, grampear. Também vou levar o Superfícies (combinado de CD e livro), já que na maior parte das cidades em que eu vou, não levei o livro. São poucos eventos, existiu a possibilidade de ser um pouco mais, mas preferi não me esforçar para que aumentasse. E uma novidade é que eu vou lá em Lagarto (SC). Você lembra do Lacertae?

https://www.youtube.com/watch?v=W7XE0La_e54

Claro! Banda dos anos 1990… Eles são de lá, daí o nome da banda. E o evento é com o Eletricultura, que é a banda de um deles. Acho que ano que vem o Lacertae faz 30 anos, não tenho certeza… Ninguém aqui do Sudeste tocou em Lagarto. A gente deve fazer uns improvisos, umas releituras. E a ideia é juntar em alguns lugares com o lançamento do filme Tributo ao inédito. Cada cidade tem sua programação. O Sesc de Aracaju vai passar o filme, em Maceió devo tocar algumas músicas do Jason…

Panço: turnê, zine, K7 e livros ao mesmo tempo

Nessa época em que muita coisa ganha só lançamento digital, é bem legal levar um trabalho físico para o público. Sim, eu gosto demais dessa parada física. Minha última experiência com fanzine foi lá pra 2001, com um zine chamado Bodega. Saíram uns nove números, em papel jornal. O digital tem a coisa do economizar espaço. Mas os cassetes ficaram lindos com a arte do Flock. Acabou ficando com a mesma qualidade das fotas dos Arctic Monkeys e da Pitty, saíram da fábrica da Polysom.

O fanzine tem o quê? São fotos que eu tenho quase certeza que tirei em 2007 na Alemanha, com uma câmera analógica da Pentax, tudo em p&b, com uns textos bem curtos que eu escrevi. Teve uma vez que fiz uma reunião com Flock para ver o material antigo que eu tinha, e daí partiu a ideia de fazer o fanzine.

Capa do zine

Essas fotos vieram de alguma turnê pela Alemanha? Foi uma história bem louca. Fui contratado por uma banda para trabalhar numa turnê deles, eles pagaram minha passagem, e depois: “Não vamos mais fazer”. Nessa época, aceitei um emprego no site do Globo Esporte, mas sabendo que iria me demitir para viajar com a banda. Eu já tinha me demitido, estava com a passagem e fui sozinho. Era para passar 90 dias na Alemanha com 500 reais! Eu conheci muita gente por causa das turnês do Jason, então fiquei em squats.

Trailer do doc Tributo ao Inédito

Panço, como é ser criador e simultaneamente vendedor de um projeto, já que você é quem liga para marcar turnês, faz venda de CD junto com livro e zine… Bom, minha família é toda de vendedores, minha avó vendia coisas. Acho que a gente acaba aprendendo, e a necessidade de vender vem da ansiedade de que o negócio aconteça. Não tem outra maneira. Eu curto fazer essa parte do processo. Hoje eu tenho menos energia e menos paciência para algumas coisas. No passado, se fosse marcar essa turnê, já estava em 30 cidades. Mas agora precisa de mais tempo, não é pra fazer em qualquer lugar, tem lugar que não dá pra fazer… Isso tudo começou lá pra 1988, 1989, quando eu estudava no Cefet e a escola estava de greve, e acabava fazendo fanzine, lançando…

É bem aquela coisa de que ninguém vai acreditar mais no seu projeto do que você. Tem que acreditar. Agora mesmo pela primeira vez vou lançar um livro de outra pessoa. Ele vai estar em quatro datas comigo, é o Paulo de Almeida, que lança um livro de terror chamado Cadaveric Hotel. Tem mais coisa para sair pela Tamborete, é o K7 de uma banda chamada Eutha. Deve sair em CD mas não estou envolvido no CD, só no K7. O single do Pinheads, que foi feito por crowdfunding pela comunidade 90under também sai pela Tamborete. Tem que ser tudo pensadinho porque muita gente quer fazer coisas com a Tamborete, mas não somos a Sony Music, é tudo com parceria! Consigo ajudar até certo ponto, mas já que vou investir e arriscar dinheiro, estou preferindo arriscar e investir comigo mesmo.

K7 do Eutha

Como ficam questões de grana nessa história, de empatar, ganhar, etc? Eu não vivo disso. Vivi da Tamborete alguns anos no começo de 1997, acho que no máximo uns cinco anos. Tem vários lançamentos que se pagaram. Os três primeiros livros se pagaram, o Superfícies ainda não. A ideia é que seja uma retroalimentação: você investe e aquele dinheiro volta, e dá pra fazer o próximo. Acho divertido fazer minhas coisas mas tem que ser com parcimônia. Tem muitas coisas que voltam, que eu consigo pagar. Estou confiante nesse momento do zine, dos K7s, das camisetas. O zine vai a R$ 15, vai ser um mistério se vai vender, porque nunca vendi um fanzine. O Flock acha que ele é mais um fotolivro, eu quando olho vejo um fanzine. Ficou com uma impressão muito boa.

Sombras é um disco bem curto, 22 minutos. Isso veio por causa dessa época em que artistas valorizam mais singles e EPs? Ou você pensou no disco desse jeito e pronto? Nunca pensei no que mercadologicamente as pessoas iriam pensar, acho que desde o começo do Jason nunca tive esse tipo de pensamento mais analítico. Ele foi arranjado na casa do Barba (Rodrigo Barba, baterista do Los Hermanos e também baterista do disco), na sala da casa dele. Ficamos alguns dias conversando, “tem essa aqui”, “essa aqui”. As músicas são amigas, digamos. Da mesma forma quando a gente estava na casa do Flock vendo as fotos, achamos que as fotos eram amigas. No caso do disco, essas dez músicas eram amigas e todas eram curtinhas. No Jason mesmo, as músicas eram pequenas. É assim que meu cérebro funciona.

E esses clipes que você fez? Os que foram feitos em Berlim e saíram ano passado? Tenho sete clipes até agora, já até me ofereceram para fazer um clipe do disco novo. Os dois de Berlim foram feitos no telefone e editados em casa, nesse nível de investimento. Quem fez o de Uma vez mais foi o Frank Heusing, que é um alemão que foi amigo de escola da Nina Hagen, e dirigiu muita coisa de TV: coisas do Duran Duran, Motörhead. Frank filmou um monte de coisas de dia e eu filmei a noite (as cenas do clipe Vinho ou chá). Fizemos de bobeira. Já que estávamos em Berlim, por que não filmar?

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Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

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Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Tá aí o que muita gente queria: Bruce Springsteen vai lançar uma caixa com sete álbuns “perdidos”, nunca lançados oficialmente. O box vai se chamar Tracks II: The lost albums (é a continuidade de Tracks, caixa de 4 CDs lançada em 1998) e nasceu de uma limpeza que Bruce fez nos seus arquivos durante a pandemia. Pelo que se sabe até agora, o material inclui sobras das sessões de Born in the USA (1984) e gravações da fase eletrônica dele, no comecinho dos anos 1990 – inclusive um disco inteiro desse período, que nunca viu a luz do dia.

Essa notícia caiu nos sites na semana passada e trouxe de volta um detalhe que os fãs de Bruce já conhecem bem: ele tem muito material inédito guardado – e material bom. Em uma entrevista à Variety em 2017, ele mesmo comentou que sabia ter feito mais discos do que os que lançou, mas que havia motivos sérios para manter alguns deles nas gavetas.

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“Por que não lançamos esses discos? Não achei que fossem essenciais. Posso ter achado que eram bons, posso ter me divertido fazendo, e lançamos muitas dessas músicas em coleções de arquivo ao longo dos anos. Mas, durante toda a minha vida profissional, senti que liberava o que era essencial naquele momento. E, em troca, recebi uma definição muito precisa de quem eu era, o que eu queria fazer, sobre o que estava cantando”, disse na época (o link do papo tá aqui – é uma entrevista longa e bem legal).

Com o tempo, vários desses registros acabaram saindo em boxes e coletâneas. Um deles foi The ties that bind, um disco de pegada punk-power pop que seria lançado no Natal de 1979 – e que acabou virando uma espécie de esboço inicial do disco duplo The river, de 1980. Pelo menos saiu uma caixa em 2015 chamada The ties that bind: The River collection, com todo o material dessa época, inclusive o tal disco descartado (além de um material que formava quase um suposto disco de punk + power pop que teria sido abandonado).

Um texto publicado na newsletter do músico Giancarlo Rufatto recorda que Bruce infelizmente deixou de fora do novo box alguns álbuns que realmente mereciam ver a luz do dia. Um deles é um álbum solo (sem a E Street Band, enfim), com uma sonoridade country ’n soul, que foi gravado em 1981. Esse disco teria sido abandonado durante um período de depressão, que resultou em isolamento e na elaboração do disco cru Nebraska (1982), feito em casa com um gravador de quatro canais, só voz e violão.

Bruce até parece fazer referência a esse álbum perdido na entrevista da Variety. “Esse disco é influenciado pela música pop da Califórnia dos anos 70”, contou. “Glen Campbell, Jimmy Webb, Burt Bacharach, esse tipo de som. Não sei se as pessoas vão ouvir essas influências, mas era isso que eu tinha em mente. Isso me deu uma base pra criar, uma inspiração pra escrever. E também é um disco de cantor e compositor. Ele se conecta aos meus discos solo em termos de composição, mais Tunnel of love e Devils and dust, mas não é como eles. São apenas personagens diferentes vivendo suas vidas.”

Outro material bastante esperado pelos fãs – e que também não está na caixa – é o Electric Nebraska, a tentativa de Bruce de gravar com a E Street Band as músicas que acabaram no Nebraska. Nem ele, nem o empresário Jon Landau, nem os co-produtores Steven Van Zandt e Chuck Plotkin gostaram do resultado, e as gravações foram trancadas a sete chaves. Nem em bootlegs esse material apareceu até hoje. Pra você ter ideia, Glory days, que só sairia no Born in the USA (1984), chegou a ser ensaiada e gravada junto.

Quase todo mundo próximo a Bruce acredita que ele nunca vai lançar oficialmente essas gravações elétricas do Nebraska. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou a existência desse material em 2010, numa entrevista à Rolling Stone, e disse que adoraria ver tudo lançado.

“A E Street Band realmente gravou todo o Nebraska, e foi matador. Era tudo muito pesado. Por melhor que fosse, não era o que Bruce queria lançar. Existe um álbum completo do Nebraska, todas essas músicas estão prontas em algum lugar”, revelou. Bruce pode até guardar discos inteiros na gaveta, mas esse é um daqueles casos em que o silêncio guarda várias histórias – que podem render surpresas bem legais.

E ese aí é o lyric video de Rain in the river, uma das faixas programadas para Tracks II (a faixa sai num disco montado durante a elaboração do box, Perfect world).

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Cultura Pop

Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

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Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.

O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.

Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.

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A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.

O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.

Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.

Foro: Keira Vallejo/Wikipedia

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Crítica

Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

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Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Tudo que é mais difícil de explicar, é mais complicado de entender – mesmo que as intenções sejam as melhores possíveis e haja um verniz cultural-intelectual robusto por trás. Isso vale até para desfiles de escolas de samba, quando a agremiação mais armada de referências bacanas e pesquisas exaustivas não vence, e ninguém entende o que aconteceu.

Carnaval, injustiças e polêmicas à parte, o novo Mayhem foi prometido desde o início como um retorno à fase “grêmio recreativo” de Lady Gaga. E sim, ele entrega o que promete: Gaga revisita sua era inicial, piscando para os fãs das antigas, trazendo clima de sortilégio no refrão do single Abracadabra (que remete ao começo do icônico hit Bad romance), e mergulhando de cabeça em synthpop, house music, boogie, ítalo-disco, pós-disco, rock, punk (por que não?) e outros estilos. Todas essas coisas juntas formam a Lady Gaga de 2025.

Algo vinha se perdendo ou sendo deixado de lado na carreira de Lady Gaga há algum tempo, e algo que sempre foi essencial nela: a capacidade de usar sua música e sua persona para comentar o próprio pop. David Bowie fazia isso o tempo todo – e ele, que praticamente paira como um santo padroeiro sobre Mayhem, é uma influência evidente em Vanish into you, uma das faixas que melhor representam o disco. Aqui, Gaga entrega dance music com alma roqueira, um baixo irresistível e um batidão que evoca tanto a fase noventista de Bowie quanto o synthpop dos anos 1980.

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Mais coisas foram sendo deixadas de lado na carreira dela que… Bom, sao coisas quase tão difíceis de explicar quanto as razões que levaram Gaga a criar um álbum considerado “difícil” como Artpop (2013), enquanto simultaneamente mergulhava no jazz com Tony Bennett e preparava-se para abraçar o soft rock no formidável Joanne (2016), um disco autorreferente que talvez tenha deixado os fãs da primeira fase perdidos. Em outro tempo, Madonna parecia autorizada a mudar como quisesse, mas quando Gaga fazia o mesmo, deixava no ar notas de desencontro e confusionismo. O pop mudou, as décadas passaram, o público mudou – e todas as certezas evaporaram.

É nesse cenário que Mayhem equilibra as coisas, entregando um pop dançante, consciente e orgulhoso de sua essência, mas ao mesmo tempo sombrio e marginal. Há momentos de caos organizado, como em Disease e Perfect celebrity – esta última começa soando como Nine Inch Nails, mas, se você mexer daqui e dali, pode até enxergar um nu-metal na estrutura. Killah traz uma eletrônica suja, um refrão meio soul, meio rock que caberia num disco do Aerosmith, enquanto Zombieboy aposta no pós-disco punk, evocando terror e êxtase na pista (por acaso, Gaga chegou a dizer que o disco tem influências de Radiohead, e confirmou o NiN como referência).

Na reta final, o álbum se aventura por outros terrenos: How bad do U want me e Don’t call tonight flertam com o pop dinamarquês dos anos 90 (e são, por sinal, as únicas faixas pouco inspiradas do disco); The beast tem cara de trilha sonora de comercial de cerveja; e Lovedrug mergulha na indefectível tendência soft rock que surge hoje em dia em dez entre dez discos pop. Essa faixa soa como um híbrido entre Fleetwood Mac e Roxette – como se Gaga  estivesse pensando também na programação das rádios adultas de 2035.

O desfecho de Mayhem chega como um presente para o ouvinte: Blade of grass é uma balada melancólica de violão e piano, que ecoa tanto a tristeza folk dos anos 70 quanto a melancolia do ABBA, crescendo em inquietação à medida que avança. E então, como quem perde um pouco o tom, o álbum termina com… Die with a smile, a já conhecida balada country-soul gravada em parceria com Bruno Mars, lançada há tempos como single. Dentro do contexto do disco, ela soa mais como um apêndice do que como um encerramento – uma nota de rodapé onde se esperava um ponto final. Nada que chegue a atrapalhar a certeza de que Lady Gaga conseguiu, mais do que retornar ao passado, unir quase todos os seus fãs em Mayhem.

Nota: 8,5
Gravadora: Interscope
Lançamento: 7 de março de 2025.

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