Connect with us

Crítica

Ouvimos: Sheer Mag, “Playing favorites”

Published

on

Ouvimos: Sheer Mag, "Playing favorites"
  • Playing favorites é o terceiro álbum de estúdio da banda Sheer Mag. O disco marca a estreia da banda na Third Man Records, gravadora de Jack White.
  • O grupo veio da Filadélfia, nos Estados Unidos, e tem na formação, hoje em dia, Tina Halladay (voz), Matt Palmer (teclados, guitarra base), Kyle Seely (guitarra solo, bateria) e Hart Seely (baixo).
  • Sim, você não leu errado: Kyle faz guitarra solo e bateria na banda. Ao vivo, ele se concentra na guitarra e a banda tem um baterista convidado, Evan Campbell.
  • Tina contou que a visão original de Kyle era que a banda “fosse como um rock de estádio DIY e soasse enorme. Queremos fazer barulho e que todos sintam e sintam a música pulsando”.

Com uma discografia excelente, uma vocalista sensacional (Tina Halladay) e uma história sui generis (no começo, a banda não dava entrevistas, rejeitava redes sociais e só disponibilizava seus discos no Bandcamp), o Sheer Mag, que já foi praticamente uma banda punk, volta fazendo a mescla perfeita entre new wave e hard rock anos 70 no novo álbum.

A filiação metaleira que já aparecia no logotipo do grupo, e nas ilustrações toscas de algumas capas, volta fazendo cada vez mais sentido. Os vocais de Tina, que já lembraram uma Cindy Lauper mais gritalhona, retornam unindo os agudos de Cindy e a rouquidão das duas vozes do AC/DC, Bon Scott e Brian Johnson, em faixas como Eat it and beat it, além de uma tendência blues-rock-country na boa balada When you get back. Já Moonstruck traz uma curiosa união de hard rock e disco music, quase soando como se Michael Jackson tivesse entrado para o Aerosmith.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Por acaso, há também sonoridades lembrando Cheap Trick (imagine se isso não iria rolar?) na faixa-título, na radiofônica à moda dos anos 1970 All lined up e no boogie de Golden hour e I gotta go. E uma tentativa de soar “experimental”, pesado e desencanado como o Be Bop De Luxe na extensa Mechanical garden – que termina com um balanço new wave na onda do Blondie. As várias citações de bandas e de referências só não entregam o básico: o Sheer Mag, que já tinha cara própria nos primeiros lançamentos, volta bem mais melodioso e com mais personalidade.

Nota: 8
Gravadora: Third Man Records

Crítica

Ouvimos: Bambara, “Birthmarks”

Published

on

Ouvimos: Bambara, “Birthmarks”

A história de Elena, personagem principal de Birthmarks, novo disco da banda novaiorquina Bambara, é pra lá de enrolada: uma garota que dança num bar à noite, que conheceu a crueldade de perto, e lida com pessoas tão marginais quanto ela. Birthmarks, por sua vez, apresenta uma sonoridade que tem ganchos bem pitorescos: o grupo soa às vezes como uma mescla sombria de Bryan Ferry, Depeche Mode e Type O-Negative, em faixas como a abertura Hiss e a sussurrada Because you asked.

Por outro lado, o Bambara (Reid Bateh, voz, guitarra e piano; Blaze Bateh: bateria, percussão e órgão; William Brookshire: baixo, piano e synth) tem facetas mais inimagináveis ainda. O trio soa como um Jesus and Mary Chain sexy e provocativo em Letters from Sing Sing, cai para cima do trip hop em Face of love, e chega perto da fase trevosa do Depeche Mode em Holy bones. No final, junta balada 60’s e rock gótico em Smoke e evoca um The Cure com vocais graves em Loretta.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Tudo isso junto forma, vamos dizer, uma sonoridade que acaba soando mais como uma provocação ao ouvinte – afinal, é a união de vibes bem variadas num só disco e às vezes numa só música, mas o Bambara acaba esbanjando coesão mesmo assim. Volta e meia o grupo convoca vocais femininos para dialogar com Reid, e o tom se torna mais dramático, com vocais-uivo e lamentações quase fúnebres (saca só esse verso de Pray for me: “hoje à noite, eu serei como aquela flecha e pegarei Elena de surpresa / perfurar fundo e drenar seu sangue de Cristo, e substituí-lo por uma inundação do meu”).

Birthmarks tem drama (muito), tem peso (bastante) e beleza (idem) – e justamente por causa da soma de referências, causa boas surpresas. Mesmo nos raros momentos em que ultrapassa a área da cafonice (sim, rola).

Nota: 8,5
Gravadora: Wharf Cat Records
Lançamento: 14 de março de 2025

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Glazyhaze, “Sonic”

Published

on

Ouvimos: Glazyhaze, “Sonic”

Banda italiana com datas em abril em seu país e na Alemanha para divulgar seu segundo álbum (este Sonic), o Glazyhaze se localiza entre dois períodos do rock: a introdução de mais peso e barulho no pós-punk por intermédio de bandas como Killing Joke, e a chegada do noise pop, do shoegaze e outras nomenclaturas.

Em Sonic, o Glazyhaze faz punk com guitarra apitando em What a feeling, ganha tons mais próximos do pós-punk (mas com um lado shoegaze forte) em Breath, faz um som no qual parece estar eternamente chovendo em Forgive me e consegue soar até meio radiofônica (só um pouco), em Nirvana – que abre em clima pós-punk, depois acrescido de paredes de guitarra, e reforçado pelo vocal cândido da cantora e guitarrista Irene. Slap é tensa, e é levada adiante por um riff que lembra algo do Depeche Mode. Já a faixa-título Sonic (note o nome) faz lembrar o Sonic Youth de 1992.

Numa disputa de épocas, o noise rock ganha de longe na sonoridade do Glazyhaze, dando a letra em músicas como a balada Dwell (que abre em vibe gótica e ganha uma sequência bem pesada), a emparedada Stardust e a cavalar Not tonight. No final, Warmth, com vocais realmente bonitos, abre como uma balada sonhadora, mas vai ganhando micropontos de tensão – mesmo que sem barulheira.

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 21 de março de 2025.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: See Night, “Just another life”

Published

on

Ouvimos: See Night, “Just another life”

See Night é uma banda-de-uma-mulher-só, de Los Angeles – a cantora e compositora Linda Sao, que compôs o material deste Just another life, e gravou quase tudo ao longo de três dias, com o coprodutor Tres Sasser. No álbum, fica claro que Linda concebeu o See Night como uma banda indie contemplativa e referenciada tanto em noise rock quanto em folk confessional. Faixas como Being good is supposed to be easy, com riffs que lembram bandas como House Of Love, e LA traffic (esta, sem bateria, só com guitarra, baixo, voz e efeitos) trazem uma vibe dolorida e guerrilheira, comum a canções feitas para observar o dia a dia.

Just another life vai ficando mais despojado à medida em que vai seguindo. A faixa-título é uma balada meio pós-punk, meio soft rock, com melodia citando de leve Blowin’ in the wind, de Bob Dylan, e letra falando sobre recomeços. A nublada e introvertida Gravity, com guitarras, ecos e cordas, lembra Lou Reed. Sober & high é folk tocado na guitarra, com certo tom pastoril e letra falando sobre o começo de um amor. NYC coats, falando sobre despedidas, tem voz e violão gravados como numa fita demo – na verdade, foi gravada num iPhone +8. Entremeando, duas vinhetas de piano criadas para sonorizar as primeiras horas do dia e o fim da noite.

Disco curto, com 22 minutos, Just another life é, além de um bom começo, um álbum sobre lutas, ganhos, perdas e momentos particulares, com melodias para acompanhar o dia a dia.

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 28 de fevereiro de 2025.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Continue Reading
Advertisement

Trending