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Crítica

Ouvimos: Number Teddie – “Miss Simpatia”

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Miss Simpatia, álbum de Number Teddie, mistura folk, emo e eletrônica para transformar traumas familiares e afetivos em pop confessional, sombrio e cheio de sinceridade.

RESENHA: Miss Simpatia, álbum de Number Teddie, mistura folk, emo e eletrônica para transformar traumas familiares e afetivos em pop confessional, sombrio e cheio de sinceridade.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Sony Music Brasil
Lançamento: 29 de outubro de 2025

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Autor de músicas gravadas por Pabllo Vittar, Alice Caymmi e Urias. Number Teddie decidiu fazer de seu segundo disco, Miss Simpatia, um inventário de sentimentos que o assustaram a vida inteira – coisas de família, de amores, de relacionamentos com amigos. Rodrigo Gorky (Pabllo Vittar, Urias, Anitta), Zebu (Jão) e Carlos Bezerra (Priscilla) ajudaram a dar forma.

  • Ouvimos: Jacob Alon – In limerence

Os temas não são coisas muitas vezes fáceis de ouvir, imagina escrever: o som eletrônico “de arena” DNA fala sobre traumas familiares, relacionamento destrutivo com o pai e sequelas nos relacionamentos. John Travolta, folk emo que encerra o disco, fala sobre “impressionar pessoas que depois vão me esquecer”. Humilhações pessoais e confrontos de família dão as caras na tristonha Todo homem faz. A bossinha eletrônica lo-fi Pintando quadros com a minha mãe fala de afastamento da família, mudanças (pessoais e de endereço).

Boa parte de Miss Simpatia faz um cruzamento entre folk, emo e detalhes eletrônicos – como nos golpes de synthpop de O homem mais feliz do mundo e O homem mais triste do mundo, ou no violão e voz de Então pode chorar. Boyband é emo apaixonado por The Cure e New Order, enquanto Gabriel segue a onda atual de emanações do riff de Where is my mind (Pixies) e Say it ain’t so (Weezer). John Travolta, no final, impõe clima misterioso e sombrio, com piano tristinho, crianças fazendo algazarra, cordas e passos. No geral, um disco cheio de lembranças, trevas e comunicabilidade pop.

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Crítica

Ouvimos: Danny Brown – “Stardust”

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Stardust marca Danny Brown sóbrio, mergulhando no hyperpop para criar paisagens sonoras intensas, misturando rap outsider, pós-punk e experimentação.

RESENHA: Stardust marca Danny Brown sóbrio, mergulhando no hyperpop para criar paisagens sonoras intensas, misturando rap outsider, pós-punk e experimentação.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Warp
Lançamento: 7 de novembro de 2025

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Com uma carreira discográfica que surgiu nos anos 2000 (sua primeira mixtape, Hot soup, é de 2008), o rapper norte-americano Danny Brown geralmente é elogiado por sua disposição em inovar – que muitas vezes o coloca numa trincheira mais psicodélica e alternativa do rap, habitada também por Earl Sweatshirt e Tyler The Creator, e que igualmente já teve Kanye West como expoente.

Danny tem um álbum chamado Atrocity exhibition (o terceiro, de 2016), mesmo nome de uma música do Joy Division – e não por acaso, volta e meia detalhes do pós-punk emergem de seu som. Outro detalhe é que muitas vezes seus raps focam mais no lado outsider, da vida no desvio, do que propriamente em gangues, brigas ou pura ostentação. Distopias e papos de ficção científica também volta e meia aparecem nas letras dele – sempre com uma trilha sonora no mesmo clima.

E daí que Stardust, primeiro disco que Danny faz totalmente sóbrio – ele passou por um rehab em 2023 – traz o rapper cada vez mais comprometido com a construção de paisagens musicais, todas filtradas pela variedade do hyperpop. Ao lado dele, artistas de procedência bem curiosa, como o grupo experimental pop Frost Children, o criador de dubstep Underscores, o rapper-folktrônico Quadreca e gente inseparável do estilo hyperpop, como Jane Remover.

  • Ouvimos: Tyler The Creator – Don’t tap the glass
  • Ouvimos: Earl Sweatshirt – Live laugh love
  • Ouvimos: Chiedu Oraka – Undeniable (EP)

Stardust quase sempre é tão dançante quanto Brat, de Charli XCX, mas é mais alternativo ainda, construindo pontes com gospel e soft rock (Book of Daniel, que parece construída em cima de uma música do 14 Bis ou do Roupa Nova), emo (Green light), house music (Flowers, um manifesto sobre o quanto ele se sente marginalizado pelo mercado fonográfico) e algo que parece ter sido construído em cima de um sample antigo de dance music, só que aceleradíssimo (Baby, responsável pelo lado mais romântico e sacaninha do disco).

O hyperpop geralmente é formado por referências quase cara de pau à música do passado – que muitas vezes soam distorcidas e encaixadas à força – e por climas “derretidos” em vocais (com autotune) e teclados. Um daqueles sons que só poderiam ter saído da mente de gente que passa o dia pensando em produções e mixagens. Danny começou a ficar mais próximo do estilo há algum tempo, e em Stardust, o hyperpop e seu primo digicore transformam músicas como Copycats, Whatever, Whatever the case e Starburst em experiências sonoras – com riffs de videogame, batidas quebradiças que lembram mais o pós-hardcore e sons de fita rodando rápido ao contrário como “melodia” para os beats. 1L0v3myL1f3! é quase um electrohardcore rap, com sons que desmancham no ouvido e vibe metálica.

As lembranças das experiências amargas ainda estão muito frescas – surgem em várias letras de Stardust e encerram o disco com a épica e intensa The end (de oito minutos) e All4U, cuja letra é um misto de declaração de amor ao rap e história de redenção após abusos e perdas. No geral, Stardust consegue soar curioso e interessante mesmo nos momentos em que você ouve e tem vontade de falar “oi?”.

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Ouvimos: Vanna Blue – “JoyCry” (EP)

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JoyCry, EP de Vanna Blue, mistura dream pop e pós-punk em faixas hipnóticas que alternam luz e sombra, com texturas cintilantes e certa agressividade.

RESENHA: JoyCry, EP de Vanna Blue, mistura dream pop e pós-punk em faixas hipnóticas que alternam luz e sombra, com texturas cintilantes e certa agressividade.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Noon Records
Lançamento: 13 de novembro de 2025

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Com composição de repertório iniciada em 2019 – e com as trevas da pandemia, que rolou em 2020, ajudando a balizar músicas e letras – JoyCry, o EP de estreia da norte-americana Vanna Blue surge marcado pelo encontro entre dream pop e pós-punk. Mas surge também como o resultado do encontro entre alegrias e tristezas diárias, entre memórias ruins e boas, entre realidade e imaginação. Esse clima é absorvido por algumas faixas, como o pop vaporoso de Back and forth, que lembra o começo da fase eletrônica do Tame Impala – lembra também Angra dos Reis, sucesso da Legião Urbana.

  • Ouvimos: Evvvie – How to swallow a lie (EP)

Tudo que surge no disco é filtrado por um clima meio hipnótico, até meio típico do dream pop, mas com uma certa agressividade que vem lá do fundo, como na mescla de The Cure e Cranberries de Pheromones (com guitarra bonita e melódica e vocal cheio de texturas) e FMHU, ou em Black and blue, cujos teclados e guitarras têm vibe mágica. Tides é dream pop com batida meio funkeada, numa estrutura musical que parece voar.

O disco tem também um momento ruidoso em Closer, faixa na qual algo meio sombrio vai surgindo aos poucos. Mas o principal de Vanna Blue e JoyCry é valorizar a cintilação sonora, em todas as faixas.

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Crítica

Ouvimos: Pipa – “Funk é matemática”

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Funk é matemática vê Pipa explorar o funk à distância, misturando ambient, beats experimentais e viagens eletrônicas em movimentos cheios de atmosfera.

RESENHA: Funk é matemática vê Pipa explorar o funk à distância, misturando ambient, beats experimentais e viagens eletrônicas em movimentos cheios de atmosfera.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 1 de dezembro de 2025.

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Produtor e compositor, Pipa lançou seu disco Funk é matemática com a ideia de fazer uma declaração de amor ao estilo musical. “Ele é surpreendentemente complexo e desafiador de criar”, afirmou num texto publicado em seu Xwitter, afirmando também que logo percebeu o enorme espaço que teria para criar coisas novas, sem se prender a padrões.

  • Ouvimos: MC Taya – Histeria agressiva 100% neurótica vol. 2 – Muito mais neurótico (EP)

O resultado é que Funk é matemática é basicamente um disco de ambient – um álbum que propõe uma visão à distância do funk, do que pode caber nele, do que existe entre uma batida e outra. Dividido quase todo em “movimentos”, ele insere climas voadores e viajantes como respiro para os beats (Primeiro movimento, Segundo movimento), cria representações gráficas em que beats, samples de voz e vibes lembrando o Azymuth chegam na frente (Terceiro movimento) e une batidões a climas misteriosos que lembram ArtHur Verocai e Toninho Horta (Quarto movimento).

O disco encerra com a viagem quase post-funk da faixa-título, que vai ganhando beats e clima de celebração tribal-tecnológica. Até lá, surgem momentos de beat forte e experimentação eletrônica (Quinto movimento), gravações de rua e vibes meditativas (Sexto movimento) e um jungle-funk leve (Sétimo movimento).

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