Cultura Pop
Michael Nesmith: descubra agora!

Michael Nesmith, que saiu de cena na sexta (10), era um sujeito tão cheio de histórias que é até sacanagem classificá-lo apenas como “o guitarrista dos Monkees”, embora seja isso mesmo o que o tornou um artista conhecido. Ele já tinha uma carreirinha solo antes de entrar para a banda, com singles ilustres e desconhecidos, e de 1965 a 1970, virou um monkee. E assim que a carreira discográfica da banda começou, foi um dos mais revoltados com o fato da banda não tocar em seus próprios álbuns.
Anos depois, mesmo tendo voltado para o grupo (gravou até mesmo os dois discos mais recentes da banda), costumava dizer em entrevistas que os Monkees já soavam como uma coisa datada. “Parece algo velho. Quando digo que é velho, não quero dizer que é algo nojento, quero dizer que é velho como um vaso velho ou algum artefato”, afirmou à Rebeat Magazine.
Michael, longe dos Monkees, foi um cara do cinema e da TV. Mas também montou seus próprios grupos, lançou seus trabalhos solo. Enquanto músico, foi um grande empreendedor – um daqueles caras que conseguem performar bem no palco e ter uma visão de raio-x nos bastidores, além de ter sido um integrante que viu nos Monkees algo bem maior do que a maneira como costumeiramente eles eram vistos.
E tá aí nossa homenagem a ele. Recordamos seis coisas bem legais sobre Nesmith aí embaixo.
O CARA ERA SINISTRO. Nesmith já era um projeto de hitmaker quando entrou para os Monkees – havia gravado singles e suas canções eram consideradas muito boas. E justamente por causa do seu passado profissional, o músico se indignava muito com o fato dos Monkees serem substituídos por músicos de estúdio em seus discos.
Em janeiro de 1967, quando saiu o segundo disco do grupo, More of the Monkees – justamente o dos hits I’m a believer e (I’m not your) Stepping stone – a casa caiu. Nesmith deu uma entrevista à Melody Maker entregando que a banda não havia tocado em seus álbuns e dizendo que o novo lançamento era o pior do grupo. Curiosamente (e felizmente) não perderam o contrato com o selo Colgems e a banda passou a tocar e compor substancialmente nos discos que vieram depois. E Nesmith teve apoio dos colegas.
LIQUID PAPER. A mãe de Michael foi a inventora daquele corretivo que muita gente usa até hoje para corrigir erros em textos escritos à mão – e que originalmente foi criado para usar em máquinas de escrever. Bette Nesmith Graham trabalhava como secretária executiva quando pensou numa maneira de diminuir os erros cometidos por datilógrafos em máquinas de escrever elétricas.
Bette lançou o produtor inicialmente como Mistake Out, em 1956, mudando para Liquid Paper quando ela montou sua própria empresa. A mãe de Michael vendeu a Liquid Paper para a Gillette Corporation por US$ 47,5 milhões em 1979.
ELE PARTIU. O último compromisso de Nesmith com os Monkees foi esse comercial para a Nerf, uma empresa que fabricava bolas – e no filme, os Monkees (claro) passavam o tempo todo jogando bolas uns nos outros. Michael tentou ficar de fora de umas reuniões do grupo que rolaram nos anos 1980, mas acabou topando participar de um especial de Natal dos Monkees na MTV em 1986. Posou de Papai Noel no programa e só revelou sua verdadeira identidade no final.
DEPOIS QUE SAIU DOS MONKEES, Nesmith acabou liderando uma nova banda, First National Band, que costuma ser apontada como um grande exemplo de country rock, ou até de country mesmo. A nomenclatura não deixa o cantor nem um pouco feliz. “Não é música country no sentido de Johnny Cash e Hank Williams cantando música country”, afirmou. Mas o grupo fez relativo sucesso e chegou a públicos bem diferentes da turma que ouvia Monkees. A entrada do guitarrista de pedal steel Orville “Red” Rhodes foi um pedido do próprio Michael.
O INVENTOR DO CONCEITO DA MTV. Um dia, dirigindo seu automóvel, Nesmith teve uma ideia: que tal se alguém criasse um canal que passa clipes o dia inteiro? A ideia acabou virando um programa de TV especializado em clipes, PopClips, exibido em apenas uma temporada entre 1979 e 1980 pelo canal infantil Nickelodeon.
O primeiro piloto, segundo Michael – que falou sobre o assunto no livro I want my TV, The uncensored story of the music video revolution, de Rob Tannenbaum e Craig Marks – encontrou resistência de vários canais, e ele chegou a ouvir de um executivo numa reunião algo como “esqueça, música nunca deu certo na televisão nem vai dar”. Segundo William Dear, diretor da atração, a Warner Cable manifestou interesse em comprar o programa, mas não o fez – preferiu copiar o conceito e vir com a ideia da MTV.
ELEPHANT PARTS. Lançado exclusivamente no valoroso mercado de vídeo em 1981, esse era um VHS lançado por Nesmith (por intermédio de sua empresa Pacific Arts) com esquetes humorísticos, paródias e alguns clipes. Um dos esquetes era Name that drug, um game show em que um doidão e um agente da delegacia de narcóticos dos Estados Unidos fazem um teste cego de drogas. Fez sucesso a ponto de ganhar um Grammy – o primeiro na categoria de clipes. A animação de Nesmith com vídeos fez com que em 1985, ele estreasse um programa na NBC que era visto como uma continuação natural tanto do Popclips quanto de Elephant parts: era o Michael Nesmith in Television Parts (você viu um vídeo desse programa lá em cima).
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?





































