Connect with us

Cultura Pop

M. Frog: a viagem musical bem louca de um cara chamado Jean-Yves Labat

Published

on

M. Frog: a viagem musical de um cara chamado Jean-Yves Labat

Em 1973, quando saiu M. Frog, disco solo do tecladista Jean-Yves Labat (o nome do disco era o pseudônimo artístico dele), a Rolling Stone decretou que valia a pena esperar um pouco para comprá-lo, “porque vai estar na banquinha de usados de sua loja de discos preferida em um ano. Vale qualquer coisa, até dois dólares”. A publicação ao menos recomendava o disco para fãs de música eletrônica e de esquisitices em geral, mas ressaltava que nada ali era exatamente inovador. Poderia nem ser, ainda mais diante de projetos mais revolucionários, como Kraftwerk, mas o álbum do tecladista francês é uma viagem na maionese (no bom sentido) que vai fazer o dia de muita gente mais feliz.

O francês Labat, M. Frog ou M. Frog Labat (o nome varia) é um cara mais conhecido pelas pessoas que frequentam o universo musical de um sujeito que já apareceu até no podcast do Pop Fantasma: Todd Rundgren. Era tecladista do Utopia, banda que acompanhava Todd lá por 1973 e que depois ganhou vida própria. E nessa época, Labat tinha na banda do músico norte-americano um papel semelhante ao de Brian Eno no Roxy Music: era o não-músico que funcionava como rei das engenhocas, e que ajudava a processar o som das guitarras e teclados pelos sintetizadores. Usava também bastante o Synthi-A, um aparelho que o Pink Floyd adorava

Por desempenhar uma função tão peculiar, Labat era visto com certa estranheza pelos colegas, já que não costumava trabalhar em estúdio com a equipe. O músico tinha cabelos compridos esverdeados e, como tinha sempre um monte de fios, teclados e equipamentos à sua frente, proporcionava um efeito visual bem interessante nos shows de Todd na época de discos como A wizard, a true star (1973). Aliás, em 1975 Labat acabou saindo (ou sendo saído) do Utopia quando a banda começou a se irritar seriamente com a complexidade da parafernália dele, que (segundo algumas pessoas da equipe) atrasava shows e gravações. Mas nessa época, ele já tinha sido contratado pela mesma gravadora de Rundgren e do Utopia, a Bearsville, e havia lançado seu primeiro disco solo. Esse mesmo do qual a gente já está falando.

M. Frog tinha duas versões do “hino” do artista, We are crazy, um rock com rajadas de teclados que poderia estar no repertório de Frank Zappa (“somos malucos/somos estúpidos/somos preguiçosos”, diz a letra), além de maluquices que poderiam estar nos discos de Jean-Jaques Perrey (Takatykitakite) e jazz-progressivices (Suckling pigs game). O já citado Zappa parece ser a grande inspiração do disco, mais até do que Rundgren,

Apesar da fama de Labat de rei das gambiarras, M. Frog era um disco mais de rock alternativo do que propriamente um álbum eletrônico, pelo menos aparentemente. A capa do disco, que lembra discretamente Krishnanda, de Pedro Santos (opa, será que rolou uma inspiração?), traz uma espécie de diagrama de como compor para sintetizadores, ao que parece. Rundgren colaborou com a mixagem do álbum, além de algumas participações em voz e guitarra.

E, bom, M. Frog não é um disco tão difícil assim de ser escutado. Tá até nas plataformas digitais (olha aí embaixo). A vida de Labat, que depois gravaria outros discos solo e trabalharia como engenheiro de gravação, teria lances dignos de um filme: ele chegou a ir gravar um disco em Uganda, na África, com participação do presidente do país, o ditador Idi-Amin Dada (!), e acabou preso, acusado de espionagem. Escapou de lá sabe-se lá como e voltou para os Estados Unidos, onde morava. Também fez gravações em Sarajevo, durante a guerra na Bósnia. Voltou a viver na França em 1989 e vem fazendo outros projetos.

Via Julian Cope e The Band

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Published

on

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Published

on

Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

4 discos

4 discos: Ace Frehley

Published

on

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

Continue Reading
Advertisement

Trending