Connect with us

Cultura Pop

Lembra do cringe pop?

Published

on

Lembra do cringe pop?

Falar em “lembra do cringe pop?” é até sacanagem. Mas do jeito que as pessoas andam usando o termo cringe como se não houvesse amanhã, vale perguntar se o termo não voltou à mídia como se não tivesse havido ontem. De acordo com o site TechTudo, “a palavra de origem inglesa consiste em uma gíria utilizada para se referir às situações desconfortantes e constrangedoras vivenciadas por determinada pessoa. Usuários das redes sociais tornaram popular o termo, que significa algo como ‘vergonhoso’, em tradução livre.

O cantor Ritchie entrou na história para explicar, com autoridade de inglês radicado no Brasil, que cringe nao é bem o que andam pensando.

Agora vem cá, alguém aí se lembra que essa história de cringe já não é de hoje? E que por volta de 2016/2017 uma turma enorme começou a falar em cringe pop como sendo uma nova tendência do pop? Que aliás já não era nem mais tão nova assim: a música que algumas pessoas têm como a iniciadora do ~movimento~ saiu em 2011. É nada menos que Friday, da então adolescente Rebecca Black.

>>> Veja também no POP FANTASMA: David Bowie, cinco anos

O cringe pop costuma ser definido como um estilo que produz canções e clipes alegadamente tão ruins (na opinião de muitos) que você “não consegue parar de assistir”. Tal conceito, vale dizer, comporta tanto desgostos quanto preconceitos. De modo geral, o termo define clipes que poderiam ser feitos com equipamento rudimentar e aplicativos baratos.

A letra de Friday, aliás, rendeu pragas, piadas e críticas, além de vários dislikes no YouTube: “Ontem foi quinta, quinta/Hoje é sexta, sexta/Nós-nós-estamos tão entusiasmados, estamos tão entusiasmados/A gente vai se divertir hoje/Amanhã é sábado/E o domingo vem depois”. Por outro lado, o clipe fez muito sucesso, e Rebecca precisou lidar com uma boa dose de cyberbullying.

Logo na sequência, vieram outros hits que muita gente considerou como cringe pop. A indiana Dhinchak Pooja soltou Selfie maine leli aaj (“tirei uma selfie hoje”), uma canção quase falada, com um clipe em que aparece tirando selfies desesperadamente.

Bhim Niroula, outro indiano, lançou Sunday morning love you e fez bastante sucesso.

Taher Shah, do Paquistão, lançou Angel em 2016 e logo virou outro grande hit, associado posteriormente com o cringe pop.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Afinal, Cassiano precisava do mainstream?

Em 2016, a tal onda de cringe pop virou um caso de discussão geral. Jacintha Morris, uma funcionária pública de 52 anos de Kerala, no sul da Índia, lançou Is Suzainn a sinner?,que logo virou hit. E ganhou clipe mostrando o dia a dia de uma mulher que decide mudar o próprio estilo e afrontar o conservadorismo.

Uma matéria na BBC explica que a tal ideia de categorizar a canção como cringe pop fez muito mal à cantora. Primeiro porque a ideia dela não era produzir uma obra prima trash, e sim incentivar mulheres a largar o estilo de vida tradicionalista. Mas com o sucesso do clipe, surgiu uma campanha de trollagem da cantora, além dos dislikes no YouTube.

“O pior pesadelo aconteceu quando jornais online escreveram uma reportagem muito suja sobre meu vídeo, me comparando com o cantor paquistanês Taher Shah. Depois, ridicularizaram todos os membros da família, minha filha”, disse Morris, que chegou a ouvir pedidos dos filhos para que deletasse o vídeo do YouTube. Ela chegou a definir o clipe como “o projeto dos seus sonhos”.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Eu também sou psicodélico

“Eu estava muito chateada, muito triste e não entendia as tags, ou Taher Shah, ou qualquer coisa”, afirmou ela, que na reportagem chegou a fazer um pedido: “”Por favor, não mate os talentosos. Especialmente aqueles que querem fazer o bem para os outros, aqueles que querem ajudar, aqueles que se posicionam contra a injustiça, especialmente o gênero feminino”.

Um texto do site Alternative Story põe mais lenha na fogueira, dizendo que “há uma necessidade urgente de mudar a lente com a qual olhamos para essas canções, referindo-se a ‘qualidade’ como um termo negativo que exclui as pessoas”. O texto também diz que muitas vezes deixa-se de dar valor à energia de uma canção.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Legend: a coletânea de Bob Marley que (nem) todo mundo ama

“Cringe pop é uma oportunidade para melhorar a autoestima e aceitação. Somos constantemente pressionados para ser os melhores. Para entrar nas melhores faculdades, nas melhores empresas, sobreviver em grandes cidades, obter promoções, buscar prêmios e reconhecimento por nossa capacidade e talento. Esses marcadores se tornaram nossa definição de realização e sucesso, dos quais nosso valor e autoestima são excessivamente dependentes. O pop cringe é um convite para redefinir esses significados”, afirma o texto.

“Ao ridicularizar cantores pop estranhos por compartilharem amplamente seu conteúdo de ‘má qualidade’, estamos reforçando a ideia de que uma pessoa será respeitada apenas quando produzir um trabalho de ‘boa qualidade’ e quando for o melhor no que faz. Também há hipocrisia nessa zombaria”.

>>> Saiba como apoiar o POP FANTASMA aqui. O site é independente e financiado pelos leitores, e dá acesso gratuito a todos os textos e podcasts. Você define a quantia, mas sugerimos R$ 10 por mês.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Published

on

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Published

on

Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

Continue Reading

4 discos

4 discos: Ace Frehley

Published

on

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

Continue Reading
Advertisement

Trending