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Cultura Pop

O que o Kiss e o Roberto Carlos têm em comum?

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O que o Kiss e o Roberto Carlos têm em comum?

Se você está acostumado a ver gente por aí metendo o pau na fase sem máscara do Kiss, teve coisa mais complexa na vida deles. Pouquinho antes do grupo americano parar de se maquiar no palco, o quarteto estava sendo acusado de deixar os antigos fãs de lado, graças às mudanças sonoras que empreendera em discos feitos na virada dos anos 1970 para os 1980.

Dynasty, de 1979, trazia o infame envolvimento do grupo com a disco music, I was made for lovin’ you. Unmasked, de 1980, deu uma bela dividida em fãs e críticos e não tornou as coisas melhores. Nesse ínterim, o baterista Peter Criss saiu e foi substituído por Eric Carr.

Olha que bonitinho o Kiss apresentando, em 1980, o novo integrante no programa infantil Kids are people too. Gene Simmons é estimulado pelo apresentador a falar sobre como cospe fogo no palco e diz que “foi um mágico que me ensinou a fazer isso, mas não posso revelar o nome dele, nem falar como se faz isso, porque é muito perigoso”. Crianças, não tentem isso em casa!

Tinha mais problemas à vista no caminho da banda. Muitos fãs e críticos concordavam que o Kiss, apelando para conseguir agradar a pais, filhos, gatos e cachorros, tinha abrandado seu som e sua imagem. Lá por 1980, você tinha à disposição bonecos do Kiss, kits de maquiagem, roupas e trading cards oficiais, além de muito material lançado sem autorização. O consenso geral – quem diz isso é Inglo Floren no livro The official price guide to Kiss collectible – é que a iconografia do grupo era patética demais para adultos e esquisita demais para crianças.

O engraçado é que o grupo tinha demorado demais até a explorar seu lado marketeiro. Só fizeram isso na época de Alive (1975), disco ao vivo que salvou o quarteto da (veja só) degola no selo Casablanca e transformou o Kiss em grandes vendedores de discos. Apesar das maquiagens, do cospe-fogo no palco e de todo o circo ao redor deles, a primeira peça de marketing do grupo era… um programa de turnê (!). Cujas imagens você confere aqui.

Para ajudar a apaziguar novos e antigos fãs, o Kiss apelou para a época de discos como Destroyer (1976) e convocou novamente o produtor Bob Ezrin. Saiu Music from ‘The Elder’ (1981), disco conceitual que falava sobre o recrutamento e o treinamento de um jovem herói (The Boy) pelo Conselho de Anciãos da Ordem da Rosa, grupo que combatia o mal. Não deu nem um pouco certo. Vendeu menos de 500 mil cópias com o passar dos tempos. Público e crítica acharam o disco confuso (ou ruim mesmo). De novidades, tinha o fato de Lou Reed (!) ter escrito a letra de A world without heroes e a música ter sido o primeiro clipe do Kiss exibido na MTV.

https://www.youtube.com/watch?v=AWacBpIqhYU

Quem estava se sentindo mais por fora do que umbigo de vedete na época era o guitarrista Ace Frehley, que detestou a mudança sonora do grupo e vivia sendo voto vencido nas decisões do Kiss. Acabou deixando a banda, embora continuasse sendo sócio de Gene Simmon e Ace Frehley por um tempo. E na mesma época, deixou o Kiss desfalcado numa das mais famigeradas ações de marketing para divulgar The Elder. Olha aí.

Frehley, “gripado”, não foi a uma gravação que o Kiss fez em 1981 na boate novaiorquina Studio 54 tocando I, um dos hits de The Elder. O grupo tinha recebido um prêmio de “maior atração do ano” do festival italiano de San Remo – o mesmo que revelou carreiras românticas como as de Domenico Modugno, Andrea Bocelli, Laura Pausini, e marcou as estreias na terra da bota de nomes como Louis Armstrong, Stevie Wonder e Roberto Carlos (!). Mas preferiu nem sair de perto de casa e fez uma transmissão via satélite lá de Nova York mesmo.

Não era a estreia da banda na Itália, não. Olha eles aí em Gênova um ano antes.

Na Itália devem gostar bastante do Kiss. E no San Remo também. Em 2016 um grupo de Gênova, Elio e le Storie Tese, fez até um tributo ao Kiss no festival. Olha aí.

O Kiss até postou a homenagem no Twitter.

E olha aí Robertão em 1968 no festival de San Remo. É o Rei ou não é?

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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