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Jan Santoro (Facção Caipira) fala sobre dez anos de banda e EP de remixes

O Facção Caipira completa dez anos em 2022, e decidiu fazer a festa com um lançamento especial: o EP F.U.G.A (Toca Discos), com sete remixes de faixas conhecidas do grupo, e repleto de convidados. A turma do Rev Beatz, que deu a ideia do disco para a banda, produziu as faixas. E o grupo de Jan Santoro (voz, resonator), Renan Carriço (bateria) e Câmara (baixo) abriu espaço para os amigos Duda Brack, Juliana Linhares, Ludi Um, Julico (Baggios), Iolly Amâncio (Banda Gente), Nicole Cyrne, Kadu Parente e Vitor Milagres em músicas como Vaidade, Levada, Trapaceiro e outras.
O grupo de Niterói (RJ) já planeja outro disco para 2022, mas aproveita para recordar o tempos de rock e blues de discos anteriores. O blues, por sinal, é um estilo que o Facção Caipira já vem deixando pra trás – Do lugar onde estou já fui embora, o terceiro disco, de 2019, foi o primeiro a não ter gaita. Daqui para a frente, a música brasileira deve estar muito presente nos lançamentos da banda. Jan, o vocalista, conversa com o Pop Fantasma sobre esses assuntos e sobre seu trabalho solo, que vem surgindo devagar, paralelamente à banda (foto: Pamella Kastrup/Divulgação)
Como surgiu essa ideia de comemorar os dez anos da banda com remixes?
Cara, foi uma proposta de um dos produtores do Rev Beatz. A gente trabalhou com o Moita (Raphael Dieguez) nos nosso últimos discos, como engenheiro de som. E a gente desenvolveu uma amizade bem forte. Nisso veio a proposta de a gente fazer esse álbum de remixes. No começo não tínhamos a ideia do que ia sair. Tentamos, mostramos as músicas, ele apontou quais eram as mais possíveis de fazer. E atacamos o repertório. Desde 2019 a gente conversa e trabalha um pouco essas questões.
A pandemia foi bem difícil pra gente, né? Foi um tempo remoto, vagaroso de trabalhar, mas constante. O contato ali também ajudava a gente a botar o astral pra cima, falar um com o outro, não só de música, mas também como amigos, moramos três anos juntos. O disco vem desse lugar especial de relações que a gente construiu, por ter a banda, por trabalhar com o Felipe Rodarte lá na Toca do Bandido (estúdio). Conhecemos o Moita através dele. Não tínhamos nem pretensão de número de músicas, mas conseguimos fazer um número legal.
As pessoas têm ideia de remix como sendo uma coisa dançante, mas já era comum nos anos 1970 até entre artistas de rock e de jazz o hábito de remixar discos, lançar de novo músicas com alguma alteração na mixagem… O público de rock estranha essa linguagem? Ainda tem um certo preconceito?
Tem de tudo. Acho que sim, e tem gente que estranha, que fala “mas e aí, vocês tão fazendo isso e não vão tocar mais rock?”. Depois você fala que é uma etapa diferente mas não é uma continuidade, que faz parte de uma homenagem que o Moita ta fazendo para os nossos dez anos de banda, que chegam esse ano. E vem nesse pacote. Quando você fala isso pra pessoa, ela compreende que o artista que ela acompanha não desistiu dela (risos), que ele vai lançar ainda coisas dentro do estilo que ela espera. No nosso caso acho que tá muito ali dentro do rock e do blues, e do rock brasileiro, principalmente. Não tanto especifico do blues porque acho que essa página meio que virou pra todo mundo da banda. Depois do último trabalho sem a gaita, muito mudou.
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Já é um estilo musical que faz parte do passado de vocês, fez parte da gênese da banda, mas passou, então.
É, agora nosso trabalho vai numa direção de musica brasileira mesmo, de rock brasileiro. Maglore, Boogarins, Vivendo do Ócio, O Terno, tantas bandas com esse astral, que trazem referências de ritmos brasileiros, trazem a língua, referências estrangeiras… E estão nesse universo de rock alternativo indie, têm essa energia um pouco. É nosso som agora, pra onde tá indo também. A gente tá focando nisso.
O que vocês têm ouvido?
Cara, muitos ritmos afro-brasileiro, BaianaSystem. A gente conversa muito sobre o que tá pintando nesse sentido e o quanto mudou a música brasileira em geral depois do fenômeno Baiana. Acho que a gente tá escutando mais coisas nessa direção. Eu adoro Curumin, o ultimo trabalho dele… As produções do Pupillo tambem, do Kastrup que fez a Elza (Soares)… A gente tá trazendo mais desses elementos, trazendo o eletrônico também pra fazer nosso rock aqui com essas características. Se esse remix ensinou alguma coisa pra gente foi a trazer esse lado dançante, divertido, pop, que tem na música brasileira, que eu acho muito rico. Que leva as pessoas a dançarem no show (risos).
O que esses dez anos ensinaram pra vocês? Foi uma carreira que teve vários lados: shows, festivais, discos, a participação no SuperStar (competição de bandas da Globo)…
Esses dez anos foram mais da gente entender nossa relação entre nós, cada disco foi pra além da união, um desafio do momento. Primeiro a gente era amador e passou a trabalhar com isso, tivemos as primeiras experiências de gravação, a gente fazendo pela gente. Depois teve a chegada do estúdio grande para somar no nosso conhecimento técnico de gravação: o que é melhor, o que é pior, o que a gente quer fazer, aprender a não perder hora de estúdio (risos)… Tivemos várias situações que nos ensinaram.
Até mesmo as experiências negativas, os perrengues, ensinam muito a gente. Ensinam você a não topar furada, a não fazer show que você sabe que tá prejudicando a si próprio para fazer acontecer o negócio. Acontece muito, de você não ser remunerado de maneira justa por aquilo. Isso também é parte do rolê. E teve nossa experiência de ter um Clube da Esquina nosso, em Niterói. Alugamos uma casa e construímos um estúdio, e fizemos a pré-produção e a produção de um disco juntos.
Foi aí que rolou bastante amadurecimento, de entender o espaço um do outro, no lado pessoal de trabalho, de saber o que a gente quer cantar sobre, o que cada um desempenha realmente na banda. Existe um que é o engenheiro de som, um que faz ilustração… São papéis que a gente divide e traz pessoas para colaborar. Isso foi melhor acordado quando a gente tava junto ali morando e pensando. A gente vai, com certeza, trabalhar mais fluido, trabalhar melhor nos próximos discos. Vai ser mais profissional e mais organizado, respeitando o pique de cada um. Até porque, além da música, geral tá trabalhando e fazendo seus corres.
Essa experiência de morar juntos durou quanto tempo?
Foram três anos, até 2019, em Piratininga.
Pouco antes da pandemia então…
Um ano antes.
Vou te falar que já perdi a noção do tempo, não sei mais quando começaram e terminaram as coisas, se era antes da pandemia ou depois…
Ah, total! (risos)
Vocês têm isso também? Como é que vocês sentem esse tempo todo de isolamento, falta de show, aí volta show, aí para de novo, aí tem ômicron…
Sinto total, principalmente essa falta de contato que, Produzir à distância pra gente é outra história, a música fica com outro sentimento. Tem a experiência do show, foram vários termômetros que se perderam, de contato, relação. Foi muito difícil, ficamos sem ver saída, financeira mesmo. O Renan, por exemplo, trabalha com áudio para além da banda, como técnico de som em shows. Isso na pandemia cessou.
Foi aquela coisa de um olhar pro outro e falar: “Você tá bem? Tá precisando de alguma coisa? Tá fazendo o que?”. Foi mais assim do que: “Pô, qual vai ser nosso próximo lançamento?”. A gente falava: “Vamos fazer? Bom, os tempos estão difíceis… Mas vamos desacelerar para poder planejar e pensar”. A gente sempre teve esperança, mas como vou esperançar desse jeito?
Eu cheguei a morar fora do Rio um tempo, ficamos bem distantes, cada um fazendo suas coisas, mas cada um trabalhando os remixes. E isso já unia a ideia de fazer um próximo trabalho, de fazer um próximo disco ainda esse ano. De gravar singles e lançar esse possível disco até o fim do ano.
Aliás a capa do disco novo é bem legal. São vocês atravessando a rua indo em direção às Barcas (em Niterói) e tem uma foto em que vocês estão bem na esquina da Avenida Amaral Peixoto com a Av. Visconde de Rio Branco (rua das barcas, chamada até hoje pelos moradores de Niterói de “rua da praia”). Como surgiu a ideia de mostrar a cidade ali? Acho que é a primeira vez que vejo isso num disco de Niterói.
Isso foi bem uma coisa de carinho com a cidade. A gente sempre gostou de tocar lá, fez público lá, shows… A gente tem um show no Teatro Municipal de Niterói, gravado, que foi uma experiência absurda pra gente. Foi o jeito de retribuir, e ainda com um artista da cidade, que é o Denis Mello (autor do desenho da capa). Ele faz quadrinhos numa pegada punk, num futuro não tão distante, em que a cidade é tomada pela religião, todo mundo vive em tempos violentos. A série dele se chama Teocrasília.

Capa do EP do Facção Caipira mostra a banda atravessando a “rua da praia” em Niterói, em direção às barcas (ilustração: Denis Mello)
A gente fechou uma parceria e “pô, vamos inventar um universo pós-punk aí, vamos fechar uma história para a banda”. Acabou tendo ligação com as mudanças da banda, os sintetizadores que a gente usou, as texturas, e tem o gancho, que é o apocalipse brasileiro que a gente tá vivendo que… Porra, que tempos, né? Juntamos essas energias e saiu esse estilo meio cyberpunk de representar o som, a gente, que é uma banda de rock. Talvez a gente tome essa estética pro show também.
E como tá sua carreira solo?
Eu tô começando essa coisa do EP solo, mas na real eu já estava com essas músicas havia cinco, seis anos. As que eu considerava mais musicais, que não tinham um contexto específico. Outras surgiram na pandemia, quando eu estava em casa, querendo estudar produção, mixagem e falei: “Já tenho umas, vou criar outras pra agora, vou começar a lançar”. Sempre tive muito receio de atrapalhar os trabalhos da banda e não dar conta, embolar as coisas. Mas quanto mais a gente trabalha, mais fácil ficar de fazer, resolver os processos. Foi uma terapia, trabalhar o disco e resolver que daqui pra diante minha parada é lançar música, fazer música.
Eu componho muito e tenho que dar vazão. Estou me encontrando ainda: sei que vou falar de política, sei que vou falar de amor, de sentimentos… Ainda não formatei mas descobri que posso fazer sempre lançamentos meus, constantes, fazer um trabalho solo que vá para além da banda. Pensei até em projetos de instrumentais, de fazer cumbia, que é um negócio que eu tô trabalhando com o Gilber T. A gente colou com dois amigos dele de Belém do Pará e fizemos cinco músicas de cumbia rock. Tem mais coisa pra vir.
É importante botar as músicas no mundo, documenta de certa forma as coisas, mostra até como foi uma época. Os Carnavais que não aconteceram… Muita coisa nesses tempos para a gente pensar, que datam. Estou com esse cuidado, de fazer música para esse ano, ano que vem já é outra coisa. Não quero ficar cantando tristeza o tempo todo, tem que variar o repertório.
Lançamentos
Radar: Feralkat, CPM 22, Los Otros, Carvel, Brsk Gene

Semana complicadinha por aqui: resfriado brabo (já falei disso no Radar anterior) e mal funcionamos ontem. Mas estamos aqui com o Radar nacional de hoje, destacando a novidade do single novo do Feralkat, do single comemorativo do CPM 22, do primeiro clipe de Los Otros, e de sons de Carvel e Brsk Geene. Ouça e repasse!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Feralkat): Érica Ignácio / Divulgação
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FERALKAT, “TSUNAMI”. Karukasy, próximo disco do projeto da musicista e cantora Natasha Durski, sai em 2026. E é aberto pelo single Tsunami, uma canção que une estilos que primam pelo escapismo musical e pela vibe imagética (dreampop e post rock). A ideia de Natasha foi falar do término difícil de um relacionamento, recorrendo a sons e imagens que evocam emoções de maneira densa.
“O ‘tsunami’ é tanto o mar turbulento interno quanto o pranto – as lágrimas dessa dor. O sample de Space song, do Beach House, reforça essa sensação, com o verso ‘who will dry your eyes when it falls apart’ ecoando na solidão desse fim”, conta Natasha, que gravou todo o material do disco em seu próprio estúdio. Ela recomenda inclusive o uso de bons fones de ouvidos para sentir o som do álbum por inteiro. “Trabalhei muito o paneamento (sons passando de um canal para o outro) e o estéreo”, avisa.
CPM 22, “30 ANOS DEPOIS”. A banda punk paulistana dá continuidade à comemoração pelas suas três décadas de história lançando um single que resume a sua trajetória até aqui. 30 anos depois surgiu de um texto escrito pelo vocalista Badaui, que foi transformado em letra pelo guitarrista Luciano Garcia – e sai no meio da turnê comemorativa do grupo.
“A ideia de fazer uma música em comemoração aos 30 anos da banda existia desde o ano passado, mas o processo de desenvolvimento começou há uns três ou quatro meses”, conta Luciano. Badauí completa: “No fim, essa música é uma homenagem à nossa trajetória e também um agradecimento a quem sempre esteve com a banda”.
LOS OTROS, “ROTINA”. A abertura dessa música tem conexões com Roll with me, do Oasis – mas é só começar a ouvir, que dá para perceber relações sérias com Beatles, rock de garagem, glam rock e outros estilos próximos. Rotina, single novo da banda paulistana Los Otros (Isabella Menin, baixo e voz; Tom Motta, guitarra e voz; Vinicius Czaplinski, bateria) já havia sido comentado e elogiado por aqui, lembra? E agora virou clipe, mostrando a banda em ação, tocando e fazendo de tudo para evitar ela própria, a tal da rotina.
CARVEL, “NÓS DOIS SABEMOS”. Vindos de Vinhedo (SP), Guilherme Avelino (voz e guitarra), Lucas Argenton (guitarra), Victor Gonzales (baixo) e João Gabriel Diamantino (bateria) definem seu som pela união do indie rock com o ritmo de nomes como Jamiroquai. A faixa Nós dois sabemos antecipa o lançamento de Ainda é tempo, álbum previsto para 2026, e fala sobre o término de um relacionamento, só que comentando também sobre mudanças e fases novas – justamente num momento de mudanças para o grupo. O clipe, dirigido pelo guitarrista Lucas Argenton, mostra a banda tocando em estúdio, sempre em preto e branco – e só se torna colorido no final, representando a mudança na história do grupo.
BRSK GENE feat. KOUTH, “F.a.L.a // c.o.m.i.g.o.”. Com nome de música e de banda estilizados (Brsk Gene é a abreviatura de “berserk gene”, algo como “gene furioso”), esse projeto musical veio de Massaranduba, município de Santa Catarina que é conhecido como a capital local do arroz. Jus/i, que criou o Brsk Gene, garante que a natureza de sua música é a intensidade, e fala nas letras de temas como ansiedade, TDAH, relacionamentos complexos e a luta para existir de maneira autêntica no mundo.
O som traz referências de metalcore, trap metal, eletrônica e peso em geral. O single F.a.L.a // c.o.m.i.g.o. fala sobre “esse limiar perigoso entre o real e o surreal, mas também sobre aquela sensação de ser estranho, inadequado, e a relação desesperadora disso com a necessidade de conexão social. E tem o acréscimo dos vocais da trapper paulistana Kouth.
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Lançamentos
Radar: Clara Bicho, Tontom, Seu Calixto, Miragaya, Tenório

Atchim! Em meio a um baita resfriado, vamos devagar para o segundo Radar nacional da semana – agora são três vezes! – destacando o clipe retrô-moderninho de Clara Bicho, mas seguindo também com o pop brasileiro de Tontom, o rock’n roll de Seu Calixto e Miragaya, e o jazz indie do Tenório.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Clara Bicho): Pedro Patti / Divulgação
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CLARA BICHO, “TELEJORNAL ANIMAL”. Primeiro single da mineira Clara desde o EP Cores da TV (resenhado pela gente aqui), Telejornal animal é um easy listening ensolaradíssimo, com balanço lembrando Lincoln Olivetti e estileira dream pop nos vocais e nos teclados. Narrando um romance mediado pela TV, a letra fala em largar tudo e voar pra bem longe de tudo que causa estresse e aporrinhação.
Já o clipe, dirigido por Mariana Barbosa, traz a personagem Lua – um personagem imaginado por Clara, que ganhou fantoche feito por Laura Kind – apresentando um misto de telejornal com talk show no estilo do Johnny Carson. A cláusula de tempo é a dos anos 1960/1970: vestidões, roupas em clima psicodélico, gente fumando na plateia e até no palco. Ainda que Telejornal animal, a música, seja o mais 2025 possível.
TONTOM, “OLHA”. A carioca Tontom (Antonia Perissé) também lança o primeiro single após um EP – Mania 2000 saiu no ano passado e foi resenhado pela gente aqui. Olha, o novo compactinho dela, é uma ska-bossa com efeitos, ruídos e psicodelia no design sonoro. A letra, por sua vez, narra de maneira fofíssima o começo de uma paixão. “Eu escrevi o single enquanto conhecia meu namorado, fiz a melodia junto com o primeiro verso, e ao longo do tempo e dos acontecimentos, fui completando as lacunas vazias da melodia com a letra. É uma canção extremamente sincera e pessoal”, conta ela, que hoje está estudando música em Berlim, na Alemanha.
SEU CALIXTO, “LÁ FORA”. Essa banda de Salvador (BA) une referências como Clube da Esquina, Raul Seixas e Red Hot Chili Peppers – e, pode acreditar, você vai encontrar tudo isso misturado em Lá fora, novo single de Pedro Bulcão (voz), Seu Zé (guitarra), Gabriel Brandão (baixo) e David Bernardes (bateria). É uma música que une o senso melódico e as texturas imortalizadas por John Frusciante (guitarrista do RHCP) e uma poesia bem brasileira. Seu Zé, o guitarrista, conta que a música fala sobre aproveitar de maneira plena “a companhia de outra pessoa, uma conexão de almas que exclui o resto do mundo”. Já a ideia por trás da melodia é a de “traduzir um clima de que há tempo de sobra para aproveitar o momento, sem pressa”.
MIRAGAYA, “LOCKDOWN”. Autor de músicas para comerciais e trilhas, o guitarrista Ronaldo Miragaya deu um tempo nas bandas com vocalistas e decidiu montar um power trio instrumental com Vinícius Giffoni (baixo) e Dawton Mendes (bateria). O trabalho chegou ao disco, por intermédio do selo Caravela Records, e também à TV: o EP Ao vivo do Ipiranga sai nas plataformas e também virou especial do canal de TV Music Box Brazil. Lockdown, uma das mais significativas faixas do EP, dá uma cara blues-rock ao fecha-tudo da pandemia, trazendo o que Miragaya chama de “riffs e grooves coexistindo em harmonia”, além de inúmeros solos.
TENÓRIO, “PEDRA DO RIO NÃO SABE QUE MONTANHA É QUENTE”. Jazz caudaloso, progressivo e referenciado em Tigran Hamasyan, Amaro Freitas, Radiohead, Badbadnotgood e Porstishead. É a proposta do Tenório, projeto musical que acaba de estrear com seu primeiro single, Pedra do rio não sabe que montanha é quente. Uma música que passeia por vários ritmos, conduzida pelo piano e pelo design percussivo.
Na formação do Tenório, Filipe Consolini (piano), Henrique Meyer (guitarra), Victor José (baixo) e Felipe Marques (bateria). O grupo pretende lançar mais um single até o começo de dezembro, e o álbum inteiro do Tenório no ano que vem.
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Lançamentos
Radar: Charli XCX e John Cale, Telenova, Animal Scream, The Juliennes, These New Puritans

Resfriado, dor na coluna e a entrada com força na fase do condor (“com dor” em tudo quanto é canto)… nada disso impede o Pop Fantasma de manter o Radar funcionando, hoje apresentando cinco músicas internacionais que você tem que ouvir o mais rápido possível. Começando com Charli XCX e John Cale – um encontro que parece improvável, mas só parece.
Texto: Ricardo Schott – Foto (John Cale e Charli XCX): Divulgação
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CHARLI XCX feat JOHN CALE, “HOUSE”. Se você nunca imaginou ver a cantora britânica e o músico experimental norte-americana fazendo coisas juntos, tá aí sua chance – eles não apenas dividem o single House, da trilha da nova adaptação de O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë, dirigida por Emerald Fennell, como ainda por cima contracenam no sombrio clipe da faixa, dirigido por Mitch Ryan. Mais: se você tinha dúvida de que estéticas ligadas ao shoegaze à música mórbida viraram mainstream (ou algo próximo disso), a faixa tem ruído e morbidez para Ethel Cain nenhuma botar defeito. O som da viola elétrica de John, aliás, abre a canção.
No Xwitter, outro dia, Charli confessou seu fascínio por Velvet Underground, ex-banda de Cale, e pelo próprio músico. “Há alguns anos, assisti ao documentário de Todd Haynes sobre o Velvet Underground (…) Uma coisa que me marcou foi a forma como John Cale descreveu um requisito sonoro fundamental do Velvet Underground: que qualquer música tinha que ser ‘elegante e brutal’ ao mesmo tempo. Essa frase me prendeu (…). Ao trabalhar na música para este filme, ‘elegante e brutal’ era uma expressão que me vinha à mente constantemente (…) Então, decidi entrar em contato com ele (Cale) para saber sua opinião sobre as músicas que sua frase havia inspirado tão profundamente, mas também para ver se ele gostaria de colaborar em alguma delas”.
TELENOVA, “THE DEEP”. Tem disco novo dessa banda australiana de indie rock vindo aí – quer dizer, “vindo” devagar, já que The warning, o tal disco, sai só em 27 de fevereiro via EMI Music Australia. Anunciando o álbum, já saíram os singles Bitcrush, Paralysis ghosts e Mountain lion // Adore. Já The deep, novo single que anuncia o disco, é definido pela cantora Angeline Armstrong como “uma das músicas mais emocionalmente impactantes que já apresentamos. Há uma honestidade na letra que Josh e eu escrevemos juntos que vai além do que já fizemos antes. Ela foi escrita em meio a um período pessoal turbulento e talvez vocês consigam perceber isso”.
O clipe dirigido por Minh Nguyen (com direção criativa da própria Angeline) traduz o escapismo da letra em imagens: no vídeo, Angeline deixa os amigos num bar animado e anda pelas ruas de noite, como se estivesse sendo perseguida por alguém, ou fugindo – até amanhecer o dia com um banho de mar. “O vídeo, assim como a música, está repleto de imagens de entrega, fracasso, fé e retorno – esperamos que ele fale com vocês, onde quer que estejam”, diz Angeline.
ANIMAL SCREAM, “I’M A SPIRIT”. “Essa música fala sobre uma entidade confusa que de repente percebe que não pertence a este mundo e tenta escapar para outro lugar, mas teme ficar presa no meio do caminho se não conseguir chegar a tempo”, conta Chad Monticue, norte-americano de Pittsburgh, responsável pelo projeto musical Animal Scream. Chad é também um cara fascinado por ficção científica, tema que acaba vazando para as letras de sua banda.
I’m a spirit é um pop sofisticado e percussivo que evoca Tears For Fears e Style Council, além de bandas nas quais ele diz se inspirar, como Beach House. “Incorporamos elementos cinematográficos em nossos álbuns e singles e aspiramos a fazer o tipo de música que as pessoas gostariam de samplear”, afirma Chad.
THE JULIENNES, “RAT RACE”. O primeiro single desse trio de Los Angeles tem uma abertura que lembra bastante Pixies e Joy Division – por causa da guitarra distorcida e afrontosa, e do baixo simples e pesado. Na sequência, são evocados outros deuses do punk: do Bad Religion da era Epitaph até o Hüsker Dü melancólico de discos como Zen arcade (1984) e Warehouse: Songs and stories (1987), passando pela era grunge. Rat race abre a divulgação do primeiro álbum dos Juliennes, Prisioners, previsto para 2026 – e em março tem turnê do grupo.
THESE NEW PURITANS, “THE OTHER SIDE”. Dupla britânica de art pop formada pelos irmãos Jack e George Barnett, os TNP lançaram Crooked wing, seu primeiro disco após a pandemia, em maio (a gente até resenhou, lembra?). E agora, quando a dupla está prestes a fazer uma turnê pela Europa, sai The other side, uma canção bastante minimalista (e linda) que ficou de fora do álbum.
“É só o Jack ao piano, improvisando ao vivo, comigo na bateria e no soprano. Sempre me incomodou o fato de ela nunca ter visto a luz do dia, porque mostra o Jack em sua melhor forma”, contou George. A música é uma peça instrumental, simples, meio ambient-meio clássica, e o visualiser tem como condimento o fato de trazer o tema todo partiturado. Ouça, prepare seu piano (ou seu teclado) e meta bronca.
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