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Jan Santoro (Facção Caipira) fala sobre dez anos de banda e EP de remixes

O Facção Caipira completa dez anos em 2022, e decidiu fazer a festa com um lançamento especial: o EP F.U.G.A (Toca Discos), com sete remixes de faixas conhecidas do grupo, e repleto de convidados. A turma do Rev Beatz, que deu a ideia do disco para a banda, produziu as faixas. E o grupo de Jan Santoro (voz, resonator), Renan Carriço (bateria) e Câmara (baixo) abriu espaço para os amigos Duda Brack, Juliana Linhares, Ludi Um, Julico (Baggios), Iolly Amâncio (Banda Gente), Nicole Cyrne, Kadu Parente e Vitor Milagres em músicas como Vaidade, Levada, Trapaceiro e outras.
O grupo de Niterói (RJ) já planeja outro disco para 2022, mas aproveita para recordar o tempos de rock e blues de discos anteriores. O blues, por sinal, é um estilo que o Facção Caipira já vem deixando pra trás – Do lugar onde estou já fui embora, o terceiro disco, de 2019, foi o primeiro a não ter gaita. Daqui para a frente, a música brasileira deve estar muito presente nos lançamentos da banda. Jan, o vocalista, conversa com o Pop Fantasma sobre esses assuntos e sobre seu trabalho solo, que vem surgindo devagar, paralelamente à banda (foto: Pamella Kastrup/Divulgação)
Como surgiu essa ideia de comemorar os dez anos da banda com remixes?
Cara, foi uma proposta de um dos produtores do Rev Beatz. A gente trabalhou com o Moita (Raphael Dieguez) nos nosso últimos discos, como engenheiro de som. E a gente desenvolveu uma amizade bem forte. Nisso veio a proposta de a gente fazer esse álbum de remixes. No começo não tínhamos a ideia do que ia sair. Tentamos, mostramos as músicas, ele apontou quais eram as mais possíveis de fazer. E atacamos o repertório. Desde 2019 a gente conversa e trabalha um pouco essas questões.
A pandemia foi bem difícil pra gente, né? Foi um tempo remoto, vagaroso de trabalhar, mas constante. O contato ali também ajudava a gente a botar o astral pra cima, falar um com o outro, não só de música, mas também como amigos, moramos três anos juntos. O disco vem desse lugar especial de relações que a gente construiu, por ter a banda, por trabalhar com o Felipe Rodarte lá na Toca do Bandido (estúdio). Conhecemos o Moita através dele. Não tínhamos nem pretensão de número de músicas, mas conseguimos fazer um número legal.
As pessoas têm ideia de remix como sendo uma coisa dançante, mas já era comum nos anos 1970 até entre artistas de rock e de jazz o hábito de remixar discos, lançar de novo músicas com alguma alteração na mixagem… O público de rock estranha essa linguagem? Ainda tem um certo preconceito?
Tem de tudo. Acho que sim, e tem gente que estranha, que fala “mas e aí, vocês tão fazendo isso e não vão tocar mais rock?”. Depois você fala que é uma etapa diferente mas não é uma continuidade, que faz parte de uma homenagem que o Moita ta fazendo para os nossos dez anos de banda, que chegam esse ano. E vem nesse pacote. Quando você fala isso pra pessoa, ela compreende que o artista que ela acompanha não desistiu dela (risos), que ele vai lançar ainda coisas dentro do estilo que ela espera. No nosso caso acho que tá muito ali dentro do rock e do blues, e do rock brasileiro, principalmente. Não tanto especifico do blues porque acho que essa página meio que virou pra todo mundo da banda. Depois do último trabalho sem a gaita, muito mudou.
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Já é um estilo musical que faz parte do passado de vocês, fez parte da gênese da banda, mas passou, então.
É, agora nosso trabalho vai numa direção de musica brasileira mesmo, de rock brasileiro. Maglore, Boogarins, Vivendo do Ócio, O Terno, tantas bandas com esse astral, que trazem referências de ritmos brasileiros, trazem a língua, referências estrangeiras… E estão nesse universo de rock alternativo indie, têm essa energia um pouco. É nosso som agora, pra onde tá indo também. A gente tá focando nisso.
O que vocês têm ouvido?
Cara, muitos ritmos afro-brasileiro, BaianaSystem. A gente conversa muito sobre o que tá pintando nesse sentido e o quanto mudou a música brasileira em geral depois do fenômeno Baiana. Acho que a gente tá escutando mais coisas nessa direção. Eu adoro Curumin, o ultimo trabalho dele… As produções do Pupillo tambem, do Kastrup que fez a Elza (Soares)… A gente tá trazendo mais desses elementos, trazendo o eletrônico também pra fazer nosso rock aqui com essas características. Se esse remix ensinou alguma coisa pra gente foi a trazer esse lado dançante, divertido, pop, que tem na música brasileira, que eu acho muito rico. Que leva as pessoas a dançarem no show (risos).
O que esses dez anos ensinaram pra vocês? Foi uma carreira que teve vários lados: shows, festivais, discos, a participação no SuperStar (competição de bandas da Globo)…
Esses dez anos foram mais da gente entender nossa relação entre nós, cada disco foi pra além da união, um desafio do momento. Primeiro a gente era amador e passou a trabalhar com isso, tivemos as primeiras experiências de gravação, a gente fazendo pela gente. Depois teve a chegada do estúdio grande para somar no nosso conhecimento técnico de gravação: o que é melhor, o que é pior, o que a gente quer fazer, aprender a não perder hora de estúdio (risos)… Tivemos várias situações que nos ensinaram.
Até mesmo as experiências negativas, os perrengues, ensinam muito a gente. Ensinam você a não topar furada, a não fazer show que você sabe que tá prejudicando a si próprio para fazer acontecer o negócio. Acontece muito, de você não ser remunerado de maneira justa por aquilo. Isso também é parte do rolê. E teve nossa experiência de ter um Clube da Esquina nosso, em Niterói. Alugamos uma casa e construímos um estúdio, e fizemos a pré-produção e a produção de um disco juntos.
Foi aí que rolou bastante amadurecimento, de entender o espaço um do outro, no lado pessoal de trabalho, de saber o que a gente quer cantar sobre, o que cada um desempenha realmente na banda. Existe um que é o engenheiro de som, um que faz ilustração… São papéis que a gente divide e traz pessoas para colaborar. Isso foi melhor acordado quando a gente tava junto ali morando e pensando. A gente vai, com certeza, trabalhar mais fluido, trabalhar melhor nos próximos discos. Vai ser mais profissional e mais organizado, respeitando o pique de cada um. Até porque, além da música, geral tá trabalhando e fazendo seus corres.
Essa experiência de morar juntos durou quanto tempo?
Foram três anos, até 2019, em Piratininga.
Pouco antes da pandemia então…
Um ano antes.
Vou te falar que já perdi a noção do tempo, não sei mais quando começaram e terminaram as coisas, se era antes da pandemia ou depois…
Ah, total! (risos)
Vocês têm isso também? Como é que vocês sentem esse tempo todo de isolamento, falta de show, aí volta show, aí para de novo, aí tem ômicron…
Sinto total, principalmente essa falta de contato que, Produzir à distância pra gente é outra história, a música fica com outro sentimento. Tem a experiência do show, foram vários termômetros que se perderam, de contato, relação. Foi muito difícil, ficamos sem ver saída, financeira mesmo. O Renan, por exemplo, trabalha com áudio para além da banda, como técnico de som em shows. Isso na pandemia cessou.
Foi aquela coisa de um olhar pro outro e falar: “Você tá bem? Tá precisando de alguma coisa? Tá fazendo o que?”. Foi mais assim do que: “Pô, qual vai ser nosso próximo lançamento?”. A gente falava: “Vamos fazer? Bom, os tempos estão difíceis… Mas vamos desacelerar para poder planejar e pensar”. A gente sempre teve esperança, mas como vou esperançar desse jeito?
Eu cheguei a morar fora do Rio um tempo, ficamos bem distantes, cada um fazendo suas coisas, mas cada um trabalhando os remixes. E isso já unia a ideia de fazer um próximo trabalho, de fazer um próximo disco ainda esse ano. De gravar singles e lançar esse possível disco até o fim do ano.
Aliás a capa do disco novo é bem legal. São vocês atravessando a rua indo em direção às Barcas (em Niterói) e tem uma foto em que vocês estão bem na esquina da Avenida Amaral Peixoto com a Av. Visconde de Rio Branco (rua das barcas, chamada até hoje pelos moradores de Niterói de “rua da praia”). Como surgiu a ideia de mostrar a cidade ali? Acho que é a primeira vez que vejo isso num disco de Niterói.
Isso foi bem uma coisa de carinho com a cidade. A gente sempre gostou de tocar lá, fez público lá, shows… A gente tem um show no Teatro Municipal de Niterói, gravado, que foi uma experiência absurda pra gente. Foi o jeito de retribuir, e ainda com um artista da cidade, que é o Denis Mello (autor do desenho da capa). Ele faz quadrinhos numa pegada punk, num futuro não tão distante, em que a cidade é tomada pela religião, todo mundo vive em tempos violentos. A série dele se chama Teocrasília.

Capa do EP do Facção Caipira mostra a banda atravessando a “rua da praia” em Niterói, em direção às barcas (ilustração: Denis Mello)
A gente fechou uma parceria e “pô, vamos inventar um universo pós-punk aí, vamos fechar uma história para a banda”. Acabou tendo ligação com as mudanças da banda, os sintetizadores que a gente usou, as texturas, e tem o gancho, que é o apocalipse brasileiro que a gente tá vivendo que… Porra, que tempos, né? Juntamos essas energias e saiu esse estilo meio cyberpunk de representar o som, a gente, que é uma banda de rock. Talvez a gente tome essa estética pro show também.
E como tá sua carreira solo?
Eu tô começando essa coisa do EP solo, mas na real eu já estava com essas músicas havia cinco, seis anos. As que eu considerava mais musicais, que não tinham um contexto específico. Outras surgiram na pandemia, quando eu estava em casa, querendo estudar produção, mixagem e falei: “Já tenho umas, vou criar outras pra agora, vou começar a lançar”. Sempre tive muito receio de atrapalhar os trabalhos da banda e não dar conta, embolar as coisas. Mas quanto mais a gente trabalha, mais fácil ficar de fazer, resolver os processos. Foi uma terapia, trabalhar o disco e resolver que daqui pra diante minha parada é lançar música, fazer música.
Eu componho muito e tenho que dar vazão. Estou me encontrando ainda: sei que vou falar de política, sei que vou falar de amor, de sentimentos… Ainda não formatei mas descobri que posso fazer sempre lançamentos meus, constantes, fazer um trabalho solo que vá para além da banda. Pensei até em projetos de instrumentais, de fazer cumbia, que é um negócio que eu tô trabalhando com o Gilber T. A gente colou com dois amigos dele de Belém do Pará e fizemos cinco músicas de cumbia rock. Tem mais coisa pra vir.
É importante botar as músicas no mundo, documenta de certa forma as coisas, mostra até como foi uma época. Os Carnavais que não aconteceram… Muita coisa nesses tempos para a gente pensar, que datam. Estou com esse cuidado, de fazer música para esse ano, ano que vem já é outra coisa. Não quero ficar cantando tristeza o tempo todo, tem que variar o repertório.
Cinema
Urgente!: Filme “Máquina do tempo” leva a música de Bowie e Dylan para a Segunda Guerra

Descobertas de antigos rolos de filme, assim como cartas nunca enviadas e jamais lidas, costumam render bons filmes e livros — ou, pelo menos, são um ótimo ponto de partida. É essa premissa que guia Máquina do tempo (Lola, no título original), estreia do irlandês Andrew Legge na direção. A ficção científica, ambientada em 1941, acompanha as irmãs órfãs Martha (Stefanie Martini) e Thomasina (Emma Appleton), e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13), dois anos após sua realização.
As duas criam uma máquina do tempo — a Lola do título original, batizada em homenagem à mãe — capaz de interceptar imagens do futuro. O material que elas conseguem captar é todo registrado em 16mm por uma câmera Bolex, dando origem aos tais rolos de filme.
E, bom, rolo mesmo (no sentido mais problemático da palavra) começa quando o exército britânico, em plena Segunda Guerra Mundial, descobre a invenção e passa a usá-la contra as tropas alemãs. A princípio, a estratégia funciona, mas logo começa a sair do controle. As manipulações temporais geram consequências inesperadas, enquanto as personalidades das irmãs vão se revelando e causando conflitos.
Com apenas 80 minutos de duração e filmado em 16 mm (com lentes originais dos anos 1930!), Máquina do tempo pode soar confuso em algumas passagens. Não apenas pelas idas e vindas temporais, mas também pelo visual em preto e branco, valorizando sombras e vozes que quase se tornam personagens da história. Em alguns momentos, é um filme que exige atenção.
O longa também tem apelo para quem gosta de cruzar cultura pop com história. Martha e Thomasina ficam fascinadas ao ver David Bowie cantando Space oddity (o clipe brota na máquina delas), tornam-se fãs de Bob Dylan, adiantam a subcultura mod em alguns anos (visualmente, inclusive) e coadjuvam um arranjo de big band para o futuro hit You really got me, dos Kinks, que elas também conseguem “ouvir” na máquina. Um detalhe curioso: a própria Emma Appleton operou a câmera em cenas em que sua personagem Thomasina se filma (“para deixar as linhas dos olhos perfeitas”, segundo revelou o diretor ao site Hotpress).
Ainda que a cultura pop esteja presente, Máquina do tempo é, acima de tudo, um exercício de futurologia convincente, explorando uma futura escalada do fascismo na Inglaterra — que, no filme, chega até mesmo à música, com a criação de um popstar fascista.
A ideia faz sentido e nem é muito distante do que aconteceu de verdade: punks e pré-punks usavam suásticas para chocar os outros, Adolf Hitler quase figurou na capa de Sgt. Pepper’s, dos Beatles, Mick Jagger não se importou de ser fotografado pela “cineasta de Hitler” Leni Riefenstahl, artistas como Lou Reed e Iggy Pop registraram observações racistas em suas letras, e o próprio Bowie teve um flerte pra lá de mal explicado com a estética nazista. Mas o que rola em Máquina do tempo é bem na linha do “se vocês soubessem o que vai acontecer, ficariam enojados”. Pode se preparar.
Lançamentos
Urgente!: Car Seat Headrest e Laura Carbone em clima místico

Se a moda pegar, é provável que vejamos uma febre mística, religiosa e de healing music tomando conta do indie rock e do alt-pop. Para começar, um tema que já vem circulando há alguns dias é o novo single “espiritual” do Car Seat Headrest, uma de nossas bandas preferidas, que aborda nascimento, vida, morte e o contato com aqueles que já partiram.
Gethsemane, a música, é excelente, tem onze minutos, e a letra se passa no campus universitário fictício da Parnassus University (sim, o nome remete ao monte Parnaso, lar de Apolo e suas musas na mitologia grega). Inspirada pelas experiências do grupo na época da pandemia, a faixa segue o dia a dia de uma estudante de medicina, Rosa, que traz de volta à vida um paciente morto, e tem poderes de cura desde a infância.
“Toda noite, em vez de sonhos, ela encontra a dor crua e as histórias das almas que ela toca ao longo do dia. A realidade se confunde, e ela se vê levada para as profundezas de instalações secretas enterradas sob a faculdade de medicina, onde seres antigos que secretamente reinam sobre a faculdade trazem à tona seus planos sombrios”, diz a banda.
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Will Toledo, vocalista do Car Seat Headrest, já abordou temas religiosos com ironia em discos como Teens of denial (2016). No entanto, ele afirma que sua visão sobre espiritualidade mudou ao longo do tempo e que determinadas práticas influenciaram diretamente a concepção do novo trabalho. O próximo álbum da banda, The scholars, será uma ópera-rock de nove faixas e está previsto para 2 de maio pelo selo Matador. Segundo o grupo, o disco marca “uma nova era espiritual” para o projeto.
Outro exemplo de como essa vertente está ganhando espaço vem da cantora alemã Laura Carbone. Conhecida por sua trajetória que transita entre o pós-punk, o power pop e sonoridades mais próximas do post-rock e do progressivo (The cycle, seu disco mais recente, foi resenhado aqui), ela agora explora um caminho diferente em Strength • 5 (Sound Healing). O novo single, com trinta minutos de duração, traz vocalizes e o som etéreo de um sino tibetano – um instrumento de percussão em forma de tigela, tradicionalmente utilizado para meditação e equilíbrio energético.
A música foi gravada ao vivo e “em um take só” por ela – e Laura pretende que a música tenha um objetivo bem mais nobre que a pura fruição pop. “Meu chamado para criar esta canalização foi para nos apoiar a todos na conexão com nossa paixão e força sinceras — a coragem necessária para incorporar e seguir as verdades dentro de nossos corações em nome da justiça e da libertação. Também a paciência que saber que isso pode exigir”, escreve no release. “Sinto que, coletivamente, precisamos nos tornar mais fortes, mais presentes e persistentes em entrar no que defendemos e em defender leis universais para um mundo de cura”, continua ela.
Dois singles, enfim, não configuram uma “onda” – mas, no caos nosso de cada dia, é interessante ver que até a turma indie vem buscando algum tipo de conexão com forças menos terrenas.
Lançamentos
Radar: novidades de Apeles, Klitoria, Meu Funeral e EP de 1972 de Gal Costa

Mais um dia de novidades nacionais no Pop Fantasma – novidades essas que incluem até mesmo um EP nunca lançado de Gal Costa, que simplesmente brotou nas plataformas digitais, além de um single que anuncia um álbum duplo do projeto musical Apeles.. Ouça tudo e ponha nas suas playlists!
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APELES, “MANDRIÃO (VIDA E OBRA) – DEMO 2”. Lançado no ano passado, Estasis consolidou o Apeles – projeto de Eduardo Praça – como uma das vozes mais ousadas da cena independente, com um som repleto de detalhes inquietantes e colaborações internacionais. A experimentação continua com 2015-2022: The complete demos and early recordings, um álbum triplo recém-lançado, puxado pelo single Mandrião. A faixa, um pós-punk funkeado, se abre com uma guitarra que soa como um cruzamento de David Gilmour e Johnny Marr. Originalmente uma demo que não entrou em Estasis, a música já soa completamente realizada (foto Apeles: André Dip/Divulgação).
GAL COSTA, “O DENGO QUE A NEGA TEM”. Sem aviso prévio ou qualquer explicação, a Universal decidiu soltar nas plataformas digitais o “compacto de 1972” de Gal Costa, mas sequer o incluiu entre os lançamentos recentes da cantora – para encontrar no Spotify, por exemplo, é preciso rolar até os discos antigos. As três faixas inéditas trazem alguns dos vocais mais intensos da artista, com destaque para a emocionante releitura de O dengo que a nega tem (Dorival Caymmi). Com mais de sete minutos de duração, a gravação viaja por uma toada jazz-rock-soul arrebatadora.
KLITORIA, “INTENÇÕES E REAÇÕES”. Pouco antes de subir ao palco para abrir o show do Amyl & The Sniffers, a banda garage punk de Niterói (RJ) lançou o EP Entre o chão e o assoalho, com quatro faixas intensas – lideradas pelo single Intenções e reações. Quem ouve com atenção percebe nuances assumidas de metal e até de krautrock, criando uma atmosfera inquietante, reforçada por letras e riffs de guitarra carregados de tensão.
MEU FUNERAL feat THE MÖNIC, “A FRAGILIDADE DE SER UM MACHÃO”. O grupo fluminense acaba de lançar o EP O que sobrou do Rio (Mará Music), puxado por essa faixa que poderia ser descrita como uma “punk balada” sobre um casal, digamos, perfeito – e, como costuma rolar com o Meu Funeral, a letra é tão boa e tão provocadora que vale a pena descobrir por conta própria. Em entrevista, a banda revelou que o clipe terá um clima de baile de debutante dos anos 60, mas as coisas esquentam quando o The Mönic entra em cena.
AQUITAQUENTE, “BARBARIZE”. Vem aí Manifexxta, o novo álbum do Aquitaquente, projeto do bairro do Pina, em Recife (PE). No single Barbarize, a banda funde frevo, hardcore e afropop em um batidão explosivo – ou frevocore, como eles próprios definem. O som é pura catarse, e a vocalista Bárbara Vitória, que divide o duo com YuriLumin, avisa: “Nosso som é um convite para as pessoas expressarem suas potências.” Ouça no volume máximo – e não perca o clipe.
JOHANN HEYSS, “SPARKLING CASTLES”. Músico, tradutor e escritor brasileiro radicado no Uruguai, Johann Heyss prepara um novo disco para maio e acaba de lançar Sparkling castles, uma faixa eletrônica experimental e distorcida – que já começa com um sample de cuíca (!). Produzida por ele e Luz Renato, a música vem acompanhada de uma letra provocadora: “Eu quebrei seus castelos brilhantes / eu destruí suas ilusões / e eu faria isso de novo / de novo, de novo e de novo / sem arrependimentos”. Um álbum inteiro sai em maio.
ODAYA, “PRO AR”. R&B fluidificado e voador de tão “psicodélico”, com leves toques de boogie oitentista e de lounge, graças às batidas e aos teclados. O clipe, diz Odaya, é uma imersão sonora e visual, “sobre sentimentos universais de libertação e reconexão à natureza e às forças elementais da terra. A música evoca cenas surreais da relação afetiva de duas pessoas”, conta. Os rolos diários de um relacionamento são representados por uma criatura “misteriosa”, que ocupa boa parte do vídeo – Oscar Rodriguez, dançarino que participou de musicais da Broadway, faz também uma intensa performance no clipe. Vale ver, ouvir e submergir.
LUIZA CARMO, “DEJÀ VÚ”. O indie pop de Luiza Carmo ganha corpo – e coreografia – no novo clipe Déjà vu, inspirado no contato da cantora com dança e expressão corporal em 2024. Gravado em uma sala espelhada ao estilo das academias de balé, o vídeo traz dançarinos e movimentos bem ensaiados, reforçando a estética sofisticada da faixa. A música estará no EP Seco seu gelo, previsto para abril, um trabalho que explora as dores e descobertas da chegada à vida adulta.
ATALHOS, “ONDAS DE CALOR”. Com uma luz bizarra de tão forte, e figurinos pesados, a banda Atalhos parece ter sofrido de verdade para gravar o clipe de Ondas de calor, lançado no fim de fevereiro. O grupo, formado por Gabriel Soares, Conrado Passarelli, Fabiano Boldo e Nico Paoliello, prepara seu quinto álbum em meio a apresentações nos Estados Unidos, passando por Nova York e Boston. O novo single traz um shoegaze suave, menos afeito a paredes de guitarras, mas ainda imerso em atmosferas etéreas.
GODOFREDO, “GUARDA-ROUPAS”. Banda mineira que volta em nova formação, o Godofredo faz lembrar grupos como Pink Floyd (na fase inicial), Radiohead, Beat Happening e o lado mais viajante do britpop em seu novo single. O clipe de Guarda-roupas é bem inusitado: em alguns momentos, a banda usou um cachorro como câmera – ou melhor, pôs uma câmera go-pro numa coleira no doguinho. Já a história da letra é baseada na falta de móveis e no excesso de roupas pelo chão na casa-estúdio de um dos integrantes. A faixa é o primeiro single do álbum Tutorial, que sai em breve.
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