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Cultura Pop

Encontro de mods: Pete Townshend com Ronnie Lane em “Rough mix”

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Encontro de mods: Pete Townshend com Ronnie Lane em "Rough mix"

Em 21 de outubro de 1976, The Who fechou uma turnê por Estados Unidos e adjacências com uma apresentação em Toronto. Foi o último show da banda com Keith Moon (que morreria em 1978) na bateria. Nessa época, Pete Townshend começaria a ter problemas de surdez, causados pelo excesso de volume nos fones durante os shows, além de ainda estar lutando contra o álcool.

O músico pediria um tempo das turnês e, surpreendentemente, foi bastante apoiado por seu “inimigo íntimo” Roger Daltrey, cantor da banda. “Ele me disse: ‘Não me importo se vamos ou não fazer discos ou turnês. Quero me sentir preparado para trabalhar com você, cantar suas canções e quero que você seja feliz, acima de tudo’. E era o Roger Daltrey, o cara que eu via como competidor. Foi uma revelação”, chegou a contar Townshend.

Os integrantes estavam livres para tocar seus próprios projetos. Townshend não tinha sobra nenhuma do último disco do Who, The Who by numbers (1975). Mas estava querendo descobrir como seria, pela primeira vez, fazer um disco sem a pressão da estrada com o Who. O músico foi salvo do bloqueio criativo quando apareceu em seu caminho um velho amigo: Ronnie Lane, ex-baixista dos Small Faces e dos Faces.

>>> Várias coisas que você já sabia sobre The Who Sell Out, do Who

O livro Behind blue eyes: The life of Pete Townshend, de Geoffrey Giuliano, dá conta de que Ronnie e Pete tinham uma afinidade além da presença na subcultura mod dos anos 1960. Os dois tinham conhecido quase ao mesmo tempo os ensinamentos do guru Meher Baba, e eram possuidores de um senso de humor autodepreciativo.

Só que Lane, após alguns discos solo, estava sem grana. Foi ver Townshend inicialmente apenas para visitá-lo, mas depois de algumas conversas, o guitarrista do Who propôs que fizessem alguma coisa juntos. “O disco basicamente surgiu porque eu estava quebrado financeiramente. Conversamos sobre nossas situações e quando falei da minha, ele sugeriu o disco. Respondi que isso iria resolver meu problema, e foi o que aconteceu”, admitiu Lane.

O disco que seria Rough mix (lançado em 16 de setembro de 1977) começou a nascer no estúdio móvel de Lane em 1976, com a turma se transferindo depois para o Olympic Studios. Eric Clapton, Charlie Watts e John ‘Rabbit’ Bundrick (teclados) estavam entre os colaboradores. Quem viu as sessões, recorda que tudo foi bem mais tranquilo e “pra cima” do que nos dias de The Who by numbers, repletos de clima de guerra e abuso de substâncias.

Encontro de mods: Pete Townshend com Ronnie Lane em "Rough mix"

>>> Quando Paul McCartney reuniu Pete Townshend, John Bonham e John Paul Jones no estúdio

Townshend recordou-se de várias canções que o Who rejeitara, e pôs algumas no disco, em meio a algumas canções de Lane. Uma delas era Misunderstood, que ele dizia que não tinha sido feita a respeito de um estado de espírito dele, em particular. “Era uma música sobre ‘síndrome de James Dean’, de como eu preferiria ser confuso e atraente, do que ser uma pessoa fácil de penetrar”.

Heart to hang onto, ele definiria como uma das melhores canções de sua carreira solo. E Street in the city, um canção sobre o dia a dia das ruas, falava de “observar a paranoia em todos os lugares”, como Townshend disse.

Tinha alguns probleminhas que poderiam melar Rough mix. Apesar da vontade de fazer um disco em dupla, Townshend não gostava de compor com ninguém e não se sentia confortável com isso. Ainda assim, o músico diz que Lane o influenciou bastante na missão de fugir dos clichês mainstream do Who. E compôs pelo menos uma música com ele, a faixa-título.

>>> Pete Townshend ator num filme malucão de 1968

Outro problema: Townshend, mesmo bebendo bastante, resolveu implicar com o que considerava um abuso de bebida do parceiro, já que o via caindo pelos cantos durante as gravações. Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo, mas o ex-baixista dos Small Faces já começava a ter os primeiros sintomas de esclerose múltipla. Ronnie tinha também um irmão com a doença e estava começando a desenvolvê-la. O músico foi passando por diferentes estágios da esclerose até morrer de pneumonia em 4 de junho de 1997.

De qualquer jeito, Rough mix saiu e se tornou um dos melhores itens da carreira solo de Pete Townshend. Ainda que o músico considerasse que as gravadoras envolvidas (Polydor no Reino Unido, MCA no Estados Unidos) tivessem abafado o álbum, com medo de que o guitarrista do Who resolvesse largar o grupo para montar uma superformação com músicos como Lane, Eric Clapton e Bundrick. Não foi o que aconteceu: o Who retornou para gravar Who are you (1978), último disco com Keith Moon, e infelizmente a parceria dos dois terminou aí.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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