Lançamentos
Ébrio: punk emocionado com letras sobre amor, relacionamentos e sonhos em EP

Voltada para o emo, o hardcore e para letras de conteúdo bastante pessoal e emocional (girando em torno de temas como amor, medos e abusos físicos e psicológicos) a banda brasiliense Ébrio lança o EP Expirar. O grupo já havia lançado os singles Só (2021), Trilha estreita (2020), Caos e Estima (ambos 2019), e é formado por Renan Kaly (voz), Ian Max (baixo), Felipe Santos, Taylor Drumond (ambos guitarra) e Victor Gurgel (bateria).
Entre as quatro faixas do disco, músicas como Longânime, que fala sobre medo de sair da zona de conforto, Alguém?, sobre violência contra direitos, e Burnout, sobre as pressões da vida. Já Inverso fala sobre “relacionamento, mais especificamente sobre término e como isso deixa marcas enraizadas que não se apagam, mas que se transformam com o tempo”, afirmam. No release, o grupo diz que seu som é indicado para fãs de bandas como “Ego Kill Talent, Scalene e Bring Me The Horizon”.
Para lançar o disco, a banda toca o repertório de Expirar no dia 3 de dezembro no UK Music Hall, em Brasília. produção de Ricardo Ponte, que também assina a direção artística, mixagem e masterização do registro. Ponte ganhou o Latin Grammy com a mixagem e masterização do disco Éter, da banda brasiliense Scalene.
Foto: Pedro Lenehr/Divulgação
Crítica
Ouvimos: Jup do Bairro – “Juízo final”

RESENHA: Jup do Bairro estreia com Juízo final, disco apocalíptico que mistura rap, funk e rock para falar de fé, dor, amor e sobrevivência urbana.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Meia-Noite FM
Lançamento: 17 de outubro de 2025
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Álbum de estreia de Jup do Bairro – após EPs, faixas soltas e feats – Juízo final mete medo. O disco é tão apocalíptico quanto seu título, voando em meio a uma roda viva de meio ambiente, drogas, preconceito, baixa auto-estima, luta diária pelo pão, poucas oportunidades, lições duras da vida, necessidade de amor e sexo aqui, agora, já. Uma nuvem de tags que circula pelas letras do disco e, somada com a musicalidade de Juízo final, ajuda a criar um ambiente quase cyberpunk, em que vulnerabilidades e limites são descobertos e testados em meio à dureza da cidade grande.
Logo na abertura do disco, Jup pega em fios de altíssima tensão falando sobre deus, genocídios divinos, religiões como controle de massa e pilhas erradas propagadas pela própria Bíblia Sagrada – é o que rola em Intro, que mais do que apenas uma introdução, é uma declaração de guerra. O funk confessional E se não fosse o sonho fala das coisas imateriais que realmente sustentaram seu trabalho nos últimos anos. Brilhos falsos e verdadeiros surgem em Brilho no breu, rap com vocal grave, vibe quase ambient na abertura, e ritmo entre raggamuffin e reggae. Só tem ares de pagode sombrio, e é seguido pelo quase electroclash de Dói demais, além da dureza sonora e existencial de Vaso ruim, uma crônica escrita por alguém que precisou aprender na marra a lidar com as próprias vulnerabilidades.
- Ouvimos: Cida Moreira e Rodrigo Vellozo – Com o coração na boca
Entre luzes e sombras sonoras, Juízo final tem rock sombrio (Medo, narrada por Jup de forma grave e esperançosa: “eu quero acreditar na felicidade, acreditar que podemos vencer, mesmo com toda contradição e medo”), rock explosivo (o punk-metal Rockstar, com o Black Pantera), som paraense (Tremedeira), dance-punk (God is my DJ) e tamborzão – em Te amar (Ama, ama). Os batidões reaparecem em A última vez que você f* comigo (com Negro Léo dividindo os vocais com ela) e na provocação de Escolha uma vida, que narra um reencontro cheio de lembranças de sonhos feitos e desfeitos.
Juízo final une rap, rock, spoken word e emoções pra lá de fortes em A gente vive menos que uma sacola plástica, peça vanguardista e sombria que chega a lembrar um Queen demoníaco – e que avisa que “a Inteligência Artificial está bebendo muito mais água que nós”. Um clima mais tenso e denso rola em Fim, aberta com teclados cintilantes e seguida com voz alta, distorções e pressão na música e na letra, que fala em “coragem no passo à frente”. Som para assustar, e acordar.
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Crítica
Ouvimos: Jaguaribe Carne – “Isabel, 7 cirandas negras e um apito”

RESENHA: Coletivo paraibano criado em 1974, o Jaguaribe Carne mistura tradição e vanguarda em Isabel, 7 cirandas negras e um apito, disco de recomeço.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Taioba Music
Lançamento: 27 de setembro de 2025
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O Jaguaribe Carne tem história. Aliás, diria eu que tem tanta história que, se você nunca ouviu falar desse grupo, pode ficar abismado/abismada quando descobrir mais sobre eles (tipo: “como eu nunca tinha escutado falar disso?”). Na real, se trata mais de um coletivo do que um grupo – coletivo este que foi criado em 1974 pelos irmãos Pedro Osmar e Paulo Ró, no bairro Jaguaribe, em João Pessoa (PB). Mas além dos fundadores, muitos artistas cujas carreiras ganhariam tração com o passar dos tempos (Chico César, Totonho, Jarbas Mariz, além do músico e autor de trilhas sonoras Escurinho) fizeram parte do Jaguaribe.
A história do JC inclui muitas demos e gravações de ensaios, poucos discos (o primeiro, Jaguaribe Carne instrumental, saiu apenas em 1993) e trabalhos que não se limitavam à música: tinha poesia, saraus, exibições de filmes, além de apresentações em espaços públicos, escolas e biblioteca. Esse clima de núcleo artístico, sempre misturando tradições nordestinas com novidades musicais, persiste até hoje: o Jaguaribe Carne retorna após 22 anos com seu terceiro álbum, Isabel, 7 cirandas negras e um apito.
- Ouvimos: Wado – Obstrução samba
Paulo (voz, violão, percussão) e Pedro (voz, percussão) permanecem tomando conta do projeto, recebendo convidados como Marcelo Macedo (guitarra, violão de aço), Totonho (voz) e Téo Filho (trombone), além do Coro das Praias, formado pela esposa de Paulo, Tina Nascimento, e suas filhas Tereza Cristina, Glória Nascimento e Naderdane Uloth. Entre cirandas, cocos, maracatus e vários outros ritmos, o grupo funde lembranças históricas, sons concretistas e experimentais (a base da faixa de abertura, Ciranda na Rua da Paz, com percussão de boca em meio a forte percussão) e algo que chega perto de estilos como reggae e rock, na psicodélica Beca.
Hora certa, música inspirada na morte da mãe de Paulo e Pedro, dona Isabel – cuja ausência acabou motivando as letras do álbum, escritas por Pedro – tem batuque de maracatu e violão que lembra um folk rock sensível e espiritual. Vários estilos e batidas encontram-se em faixas como Caixa de joias, Ecoou e Tambores, faixas marcadas por corais e diálogos rítmicos entre instrumentos – nesta última, um violão que faz lembrar a fase 1970/1971 dos Rolling Stones parece surgir de algum canto.
O final de Isabel, 7 cirandas negras e um apito é um mergulho em lembranças, evocações e celebrações da passagem do tempo. O disco se despede como quem transforma a finitude em festa – alegria pela existência, lembranças boas na travessia. Essa sensação de celebração espiritual atravessa o instrumental sombrio e belo de Ciranda satélica e a delicadeza percussiva de Cocada, que fecham o álbum com força simbólica. Um disco com cara de recomeço.
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Crítica
Ouvimos: Kardi – “When the lights out” (EP)

RESENHA: When the lights out é o novo EP do Kardi, uma banda coreana que larga a estética normal do k-pop e abraça o indie rock e o indie pop.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: PlanetK
Lançamento: 10 de setembro de 2025
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Para quem não vive 100% o universo do k-pop, as informações sobre a banda sul-coreana Kardi são meio desencontradas. Mas antes de mais nada, lá vai: ao contrário da grande maioria dos grupos locais, mais voltados para a estética das boy bands ou girl groups, o Kardi é uma banda indie. Aliás, indie pop e indie rock, com estética mais experimental, mas simultaneamente acessível. O grupo se formou a partir de um reality show coreano, o SuperBand 2 – exibido pela emissora de TV a cabo local JTBC – e existe desde 2021.
Singles como o mais recente Not but disco (lançado em maio) unem vibe robótica, vocais criativos, instrumentação sinuosa e pesada a la Yeah Yeah Yeahs, e guitarras que ocupam espaço – além de um instrumento chamado geomungo, cujo som lembra uma mescla de harpa e baixo acústico, e que surge em todas as faixas. Já When the lights out, terceiro EP do grupo, oferece variações entre indie rock e indie dance, e vibrações bem mais eletrônicas que Not but disco (que não está no EP).
- Ouvimos (antes): Manny Moura – A crush is a creative act
Nas quatro faixas, Kim Yeji (voz), Hwang Leen (guitarra), Hwang Inkyu (baixo) e Park Dawool (geomungo) dedicam-se ao eletrorock (Jump off, que tem até um rap, além de ares mais pesado em seguida), a uma mescla de pós-disco e grunge (na inventiva Tokkebi-bull, com refrão pula-pula no estilo de Smells like teen spirit, do Nirvana), a evocações de Prince e Gang of Four – no indie-disco Back!, música boa de pista, e que tem lá suas lembranças de estilos como afrobeat. Wipilapilore encerra o disquinho com certo clima jazzy, vocais fantásticos da cantora Kim e lembranças de Billie Eilish aqui e ali – além de um solo do tal geomungo. Dá vontade de esperar por mais coisas deles.
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