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Lançamentos

Disstantes: “música periférica distópica” em Grime das bancas

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Disstante: "música periférica distópica" em Grime das bancas

Gilber T e Homobono têm cada um sua carreira solo e trabalhos particulares – o primeiro toca também no Seletores de Frequência, de BNegão, e o último é cantor e guitarrista de uma das bandas cariocas mais inovadoras dos anos 1990, os Djangos. Eles e o recém chegado DJ Feres, são conhecidos pelo codinome Disstantes. Uma banda que tem um trabalho tão futurista e urbano quanto distópico, falando de realidades que parecem muito assustadoras e inimagináveis, mas que fazem parte do nosso dia a dia.

O Disstantes acaba de lançar, em parceria com a banda de “hardcore digital” Prefeitura do Rio, um novo single, Grime das bancas. Uma mescla verdadeira de punk com o verdadeiro caldeirão de ritmos que é o grime (unindo hip hop e drum’n bass, entre outras coisas).

“A música é a mais nova amostra dessa música periférica distópica, feita com samples, synths, baterias eletrônicas, celulares e gadgets diversos”, afirmam eles no texto de lançamento. “Juntos, Disstantes e Prefeitura soltam um brado de resistência cultural em meio a um cenário que costuma não fornecer incentivos a quem se arrisca no underground, contando apenas com um entusiasmo auto-fabricado e inspirações catadas no dia a dia”.

O trio promete um álbum novo para o ano que vem. Gilber e Homobono haviam lançado em 2022 o álbum Apocalipto.

Crítica

Ouvimos: Bob Mould, “Here we go crazy”

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Ouvimos: Bob Mould, “Here we go crazy”

Reinventar o punk nos Estados Unidos não é para qualquer um – e Bob Mould conseguiu fazer isso várias vezes com sua primeira banda, o Hüsker Dü. Herdeiro das emoções exacerbadas dos Buzzcocks (mais do que do no future dos Sex Pistols e da revolta do Clash), ele fez o estilo conhecer um formato canção mais elaborado, que pedia letras falando sobre depressões, pés na bunda, dates mal sucedidos, parentes abusivos e outros assuntos que geralmente ficavam de fora do receituário punk.

Mould depois se revelaria um artista solo original e montaria uma outra banda excelente, o Sugar. Here we go crazy, disco novo dele, é cheio de qualidades. Um dos melhores exemplos da escola hardcore-punk dos Estados Unidos, Mould continua um compositor raivoso e um letrista afiado, do tipo que consegue falar do lado sombrio do mundo, dos relacionamentos e da natureza humana, em faixas como Neanderthal, Here we go crazy, Breathing room.

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No novo álbum, quase sempre o clima das faixas é de um punk pop, no melhor significado do termo: Bob toca folk na guitarra, segue padrões estabelecidos pelas primeiras bandas de emocore e, em faixas como Your side e Sharp little pieces, chega a se parecer com os momentos mais enrockados de artistas pop. A sonoridade quase sempre é mais pesada e menos fluida ritmicamente do que na época do Hüsker Dü, com uma batida mais tribal e reta, em faixas como Hard to get, When your heart is broken (a mais cantarolável do disco) e You need to shine.

Aliás, em músicas como Thread so thin e Fur munk augurs, dá para enxergar levemente Bob Mould soando como os Foo Fighters do começo – ou vá lá, como um FF desprovido das características desagradáveis do grupo. Já em faixas como Lost or stolen, Mould, ao violão, e faz surgir um rock de clima heroico, como num punk rock realmente herdado do folk. Um disco curto (30 minutos), direto e visceral.

Nota: 9
Gravadora: Granary Music/BMG
Lançamento: 7 de março de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Terraplana, “Natural”

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Ouvimos: Terraplana, “Natural”

Tem algo acontecendo de muito sério com o Terraplana – e aliás não só com eles, mas também com a maneira como o shoegaze, esse estilo ruidoso e emparedado, é encarado no Brasil.

A banda curitibana conseguiu chamar atenção até do site gringo Stereogum com esse segundo álbum, Natural. Foram considerados “álbum da semana” e ganharam uma resenha bastante positiva, que abre com algumas notas de maldade sobre a existência de colecionadores de “shoegaze brasileiro”.

Seja como for, a hora é boa para os nerds do estilo: as nuvens de guitarras e os vocais perdidos do estilo musical, que já foram nada mais do que uma cena autocelebratória, são agora uma estética a ser aproveitada, e não um pequeno nicho – e isso tanto aqui quanto lá fora.

Natural vem em hora certa e, mesmo não sendo o melhor disco do Terraplana – o posto ainda está com a estreia Olhar pra trás, de 2023 – traz uma fase ótima de composições, e arranjos que, com algum esforço, acabam arrumando lugar para o som do grupo na prateleira do “rock brasileiro” (ou seja, do rock que pode encarar grandes shows e uma mídia maiorzinha).

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A faixa de abertura, Salto no escuro, já mostra bem isso: é quase um blues-shoegaze, com vocais doces no meio da melodia, que surgem como um sol entre as nuvens lá longe. Na sequência tem Amanhecer é tanto filha dos Pixies quanto de Drop Nineteens. Depois, tem Charlie, cuja intro de guitarra remete a Smells like teen spirit, do Nirvana, mas é só impressão – daí para diante, é uma música recheada com guitarras acinzentadas e vocais celestiais.

Agora, o auge dessa percepção menos anticomercial do Terraplana vem com Todo dia, canção de abertura quase baladeira, um pouco no clima do lado deprê do rock brasileiro dos anos 1980/1990. A letra, como acontece em alguns momentos desse disco, fala de algo que vai sumindo (no caso, um relacionamento), em falhas de comunicação que indicam que algo está prestes a sair de circulação.

Essa mesma vibe invade duas faixas bastante significativas do álbum: Desparecendo (note o nome) e Hear a whisper, com participação de Samira Winter. Esta, uma faixa cuja letra fala sobre a convivência com uma pessoa idosa que vai perdendo a memória – e que, lá pelas tantas, ganha um certo de transmissão de TV que se apaga, como no próprio clipe da música.

No restante, o Terraplana segue para o quase grunge em Horas iguais, para algo próximo do pós-punk em Airbag, e encerra o álbum com sua melhor faixa: Morro azul, canção com clima de mistério, costurado por um baixo que muda climas em momentos estratégicos, e por uma bateria-e-pandeirola bem velvetiana. Uma música que reforça a impressão de um momento bem especial para o grupo curitibano.

Nota: 8
Gravadora: Balaclava Records
Lançamento: 11 de março de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Krisj Wannabe, “Mirror” (EP)

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Ouvimos: Krisj Wannabe, “Mirror” (EP)

Com uma origem misteriosa — nasceu nos Estados Unidos, foi criado na Itália e hoje vive em Tóquio —, Krisj Wannabe é um cara que mistura grunge e pós-punk e que no EP Mirror, dedica-se ao rock ruidoso, com curiosos vocais graves, distorções, guitarras batidas no estilo do Mudhoney, beats eletrônicos e riffs intermitentes.

A faixa de abertura, Don’t belong, já define o tom com uma letra cínica: “Quando você tem uma mancha de bilionário no rosto / não posso elogiá-lo por qualquer caminho que você escolher / porque no final, eu não pertenço”. Been away traz Krisj fazendo vocais melancólicos e criando um clima que oscila entre Melvins e Joy Division, enquanto Somewhere entrega uma balada oitentista e barulhenta, como algo feito no quarto. Já Are we forgetting something? combina elementos pós-punk com um toque de garage rock sessentista.

O EP apresenta um pequeno deslize nas duas últimas faixas, com Another day, um rock garageiro e punk, e And you?, um som ágil que remete ao Jesus and Mary Chain dos primeiros tempos, mas com um ruído “espacial” que ganha destaque. São músicas legais, mas foram gravadas com um som bem mais baixo que o resto do disco, o que obriga você a levantar o volume. No entanto, no geral, Mirror é um EP intenso, repleto de surpresas que valem a pena ser exploradas.

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 17 de março de 2025.

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