Cultura Pop
Dez fatos sobre a carreira solo de Pete Shelley

Pete Shelley deixa uma baita saudade em todo mundo que gosta de música. O cantor dos Buzzcocks morreu em dezembro de 2018 de ataque cardíaco. E foi um nome importante do punk, do power pop, da música rápida e energética. E da boa composição pop.
Agora, não adianta só lembrá-lo pelos hits de sua ex-banda, como Ever fallen in love, What do I get?, Orgasm addict e vários outros. Com carreira solo iniciada nos anos 1980, ele abriu o leque para o tecnopop e para os sons eletrônicos em geral, e para a new wave. Eu disse “carreira” porque só a partir de 1981 Shelley gravaria com certa regularidade. Mas seus voos solo vem até antes de ele ter uma banda de verdade, com direito a uma gravação que demoraria para sair. Confira aí.
SKY YEN. O primeiro disco solo de Shelley foi feito em 1974, três anos antes dos Buzzcocks estrearem com o EP Spiral scratch, e só saiu em 1980. Sky yen foi gravado quando o músico tinha enormes interesses em krautrock e experimentações eletrônicas. Shelley gravou o disco em sua sala de estar numa manhã de sábado, usando um oscilador caseiro e um gravador de dois canais. Não é para qualquer ouvido: o disco tem duas longas faixas, Sky yen parte 1 e 2, ambas de 19 minutos.
TANGERINE DREAM. O disco Phaedra (1974), da banda alemã, é citado por Shelley como influência de Sky yen. O músico costumava dizer que seu próprio álbum solo era “bom para esvaziar festas”.
GROOVY RECORDS. O selo pelo qual Sky yen saiu era a gravadora de Pete Shelley, mantida por ele em sociedade com o músico e produtor Francis Cookson. O selo lançou discos de bandas como Free Agents e Sally Smmit And Her Musicians. A banda liderada pela cantora e compositora inglesa tinha Shelley e Cookson como colaboradores em seu disco de estreia, o experimental Hangahar (1980). Em 2012 saiu a coletânea The total Groovy, box de 4 CDs com todo o material do selo.
EU VENHO DE LONGE. Homosapien, primeiro hit de Shelley solo, foi gravado em 1981. Mas tinha sido feito por ele em 1974. A música passou por diversos estágios até estar pronta, o que era comum em se tratando de Shelley. “Acho difícil escrever letras, simplificá-las ao ponto de parecer que não há escrita lá. Então, emprego muito tempo e esforço rejeitando coisas”, disse ao The Quietus certa vez.
TEVE CLIPE. É o vídeo aí de cima, exibido nos primeiros anos da MTV. A música, no entanto, foi banida da BBC. As referências ao sexo gay e à fluidez de gênero (“não quero classificar você como um animal no zoo/mas parece bom para mim que você também é um homosapiens”) assustaram o canal.
TELEPHONE OPERATOR. O que mais se aproxima de um “segundo hit” de Shelley foi essa música. Saiu em seu terceiro LP solo, XL1 (1983). O clipe tá aí em cima. A última faixa do disco trazia, impressos em vinil, vários códigos de computador para usar a máquina ZX Spectrum, da Sinclair. Você dava um jeito de acoplar o toca-discos no computador (menor ideia de como essa operação era realizada) e saía esse vídeo aí.
POP. Olha Pete Shelley aí, todo pimpão, divulgando Waiting for love. Era um dos singles de seu quarto disco solo, Heaven and the sea, lançado pela Mercury em 1986. Stephen Hague, um dos reis das produções de new wave e tecnpoop, cuidou dos trabalhos. Por isso é que você provavelmente vai achar esse som parecido com Human League, New Order, Pet Shop Boys, OMD, etc.
REMIX. Teve versão techno de Homosapien (intitulada Homosapien II) lançada em 1989. A remixagem foi feita pelo coletivo Power, Wonder & Love.
DEVOTO DO PUNK. Shelley tocou com as Invisible Girls (banda do bardo punk John Cooper Clarke) e com vários outros músicos. Uma surpresa para os fãs foi a criação do grupo ShelleyDevoto, que unia os ex-colegas de Buzzcocks Pete Shelley e Howard Devoto. Buzzkunst, disco único dessa formação, saiu em 2002 pelo selo Cooking Vinyl. O disco resolvia as obsessões de ambos por experimentações eletrônicas e sonoridades esquisitas.
CHAMA A TURMA TODA. O último disco solo de Shelley foi Cinema music And wallpaper sounds, gravado em 1976 e perdido por vários anos. Era um disco experimental e eletrônico à maneira de Sky yen. Saiu em 2016. Onze anos antes, ele regravou o maior hit dos Buzzcocks, Ever fallen in love, acompanhado de Roger Daltrey, David Gilmour, Peter Hook, Elton John, Robert Plant e de bandas novas como The Datsuns. Era uma homenagem ao DJ John Peel, com renda revertida para a Anistia Internacional.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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