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Cultura Pop

Dez encontros musicais inusitados: descubra agora!

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Dez encontros musicais inusitados: descubra agora!

Analisando bem, não é das coisas mais estranhas do mundo imaginar Lady Gaga e o veterano Tony Bennett gravando, fazendo um show ou realizando qualquer coisa juntos – ainda mais levando em conta as origens italianas da cantora, além de suas influências. Mas sim, são estilos bem diferentes, gerações bem diferentes, e o destino deu uma ajudinha, já que a dupla se encontrou na gala da Fundação Robin Hood em 2011 e decidiu se unir para fazer um projeto de jazz.

O encontro dos dois já gerou dois discos. Love for sale, o mais recente, saiu dia 30 de setembro e deverá ser o último trabalho de Bennett. Aos 95 anos, o cantor, que tem Alzheimer, anunciou sua aposentadoria.  Cheek to cheek, o primeiro disco da dupla, saiu em 2014 e foi um trabalho bom para ambas as partes: Bennett, então com 88 anos, entrou para o Livro Guinness dos Recordes, como o artista mais idoso a liderar as paradas. Lady Gaga passou a ser vista como uma cantora de verdade e a fazer sentido para um público bem mais velho do que ela.

Segue aí uma série de encontros inusitados e fica aí pra todo mundo pensar: o que cada um desses encontros trouxe de legal para as duas partes?

TWIGGY E BRYAN FERRY. A modelo britânica teve seu próprio programa de TV durante os anos 1970, e por ter tido uma ligação com David Bowie (era ela na capa do LP Pin-ups, de 1974), o link com o glam rock estava garantido. Em Twiggs, o tal programa de TV, ela dividiu com Bryan Ferry (Roxy Music) uma versão inusitada de Wonderful world, de Sam Cooke, num clipe em que os dois interpretavam colegiais.

NICK CAVE E KYLIE MINOGUE. Lançado em 1995, o single Where the wild roses grow trouxe uma dupla inesperada (por sinal, formada por dois artistas australianos). Em 1990, Nick ficou fã de Kylie – a quem conheceu por intermédio do vocalista do INXS, Michael Hutchence, com quem ela tinha um relacionamento. E chegou a dizer certa vez que compor uma música para ela virou obsessão durante alguns anos. Kylie, que nem conhecia Nick quando ouviu a proposta da canção, não só adorou cantar Where the wild roses grow, como também ficou amiga do cantor.

LENINE E RAIMUNDOS. O cantor pernambucano convidou Rodolfo e Digão, dos Raimundos, para soltar a voz na música-título do disco Na pressão, de 1999. Deu certo em termos: a música (boa, por sinal) não fez exatamente sucesso, mas Rodolfo chegou a comentar que foi a primeira vez que o convidaram para cantar de verdade numa música.

MARC BOLAN E CILLA BLACK. Cantora e apresentadora britânica, empresariada por Brian Epstein, produzida por George Martin e contratada pela Parlophone. Com tanta proximidade com o universo dos Beatles, Cilla acabou tendo acesso não só a canções inéditas de John Lennon & Paul McCartney (Love of the loved, seu single de estreia, foi escrito por eles) como também teve Paul tocando piano em faixas suas. Cilla, que morreu em 2015, continuou gravando regularmente até os anos 1980, e em 1973 bateu uma bola com Marc Bolan numa versão bagunçada de Life’s a gas.

HEBE E UMA PORRADA DE GENTE. Discos de não-cantores (ou coisa parecida) costumam gerar bons encontros inusitados. Hebe Camargo encheu o disco Hebe Camargo & Convidados (2001) de nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e até o pianista argentino Raúl Di Blasio. Curiosamente, Roberto Carlos, um dos maiores ídolos dela, não está no disco (mas tem uma gravação de Como é grande o meu amor por você).

JERMAINE JACKSON E DEVO. O irmão de Michael Jackson, que fez bastante sucesso no Brasil com hits como Do what you do, ficou bem fã do Devo e adorava os clipes do grupo. Tanto que quando compôs Let me tickle your fancy chamou direto o grupo para participar da música. Pareceu inusitado mas deu super certo.

PARALAMAS DO SUCESSO E BRIAN MAY. Lançando a estreia solo Back to the light (1992), o guitarrista do Queen fez shows e, em 1993, contou com nada menos que os Paralamas na abertura de algumas apresentações (o nome da banda nem estava na porta e, segundo o grupo, rolou estranhamento por parte de algumas plateias). Quando a banda foi a Londres gravar o disco Severino (1994) com Phil Manzanera (Roxy Music) na produção. conseguiu a participação de Brian na regravação de El vampiro bajo el sol, parceria de Herbert Vianna com o argentino Fito Paez. “Ele fez o solo, a guitarra base e deu sugestões para alguns vocais”, contou o baterista João Barone na Bizz.

DAVID BOWIE E BING CROSBY. A gravação de Peace on Earth/Little drummer boy apareceu no especial A merrie olde christmas, protagonizado por Crosby, gravado em setembro de 1977 e exibido no fim do ano na televisão britânica (isso porque Crosby estava em turnê na Inglaterra). Se você achou o camaleão do rock super à vontade ao lado do velho astro multimídia, não foi bem assim: Bowie só topou participar porque tinha lembranças de sua mãe ser fã de Bing, odiou a canção escolhida e a produção precisou acrescentar versos em Little drummer boy para não desagradar o roqueiro. Crosby elogiou Bowie e disse que ele foi “um excelente trunfo para o programa”.

JANET JACKSON E CLIFF RICHARD. Lançando o segundo disco pela A&M e ganhando fama, a irmã de Michael gravou o single Two to the power of love, dueto com o veterano roqueiro, em 1982. A música é, digamos, um momento totalmente perdido na carreira dela, já que um não combina em nada com o outro. A curiosidade é que a música é de autoria de Peter Beckett, cantor e guitarrista do Player (os caras do hit disco Baby come back) e Steve Kipner (co-autor do hit de Olivia Newton-John Physical).

RZA & YOKO ONO. Bastante inusitado, mas deu certo: o rapper do grupo Wu-Tang Clan e a cantora, compositora e artista plástica fizeram uma performance artística em 2010, e dessa união nasceu um single, com tiragem limitada de mil cópias, em prol da Sociedade Literária Infantil de Staten Island. Yoko e RZA tocam com a reformada Plastic Ono Band (note Sean Lennon no baixo).

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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Urgente!: E não é que o Radiohead voltou mesmo?

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O Radiohead (Foto: Tom Sheehan/Divulgação).

Viralizações de Tik Tok são bem misteriosas e duvidosas. Diria, inclusive, que bem mais misteriosas do que as festas regadas a cocaína, prostitutas de Los Angeles e malas de dólares que embalavam os nada dourados tempos da payola (jabá) nos Estados Unidos. Mas o fato é que o Radiohead – que, você deve saber, acaba de anunciar a primeira turnê em sete anos – conseguiu há alguns dias seu primeiro sucesso no Billboard Hot 100 em mais de uma década por causa da plataforma de vídeos. Let down, faixa do mitológico disco Ok computer (1997), viralizou por lá, e chegou ao 91º lugar da parada

A canção, de uma tristeza abissal, já tinha “voltado” em 2022 ao aparecer no episódio final da primeira temporada da série The bear – mas como o Tik Tok é “a” plataforma hoje para um número bem grande de pessoas, esse foi o estouro definitivo. Como turnês de grandes proporções nunca são marcadas de uma hora pra outra, nada deve ter acontecido por acaso. E tá aí o grupo de Thom Yorke anunciando a nova tour, que até o momento só incluirá vinte shows em cinco cidades europeias (Madri, Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim) em novembro e dezembro.

O batera Phillip Selway reforçou que, por enquanto, são esses aí os shows marcados e pronto. “Mas quem sabe aonde tudo isso vai dar?”, diz o músico. Phillip revela também que a vontade de rever os fãs veio dos ensaios que a banda fez no ano passado – e que já haviam sido revelados em uma entrevista pelo baixista Colin Greenwood.

“Depois de uma pausa de sete anos, foi muito bom tocar as músicas novamente e nos reconectar com uma identidade musical que se arraigou profundamente em nós cinco. Também nos deu vontade de fazer alguns shows juntos, então esperamos que vocês possam comparecer a um dos próximos shows”, disse candidamente (esperamos é a palavra certa – a briga de faca pelos ingressos, que serão vendidos a partir do dia 12 para os fãs que se inscreverem no site radiohead.com entre sexta, dia 5, e domingo, dia 7, promete derramar litros de sangue).

Enfim, o que não falta por trás desse retorno aí são meandros, reentrâncias e cavidades. O Radiohead, por sua vez, investiu no lado “quando eu voltar não direi nada, mas haverá sinais”. Em 13 de março, dia do trigésimo aniversário do segundo disco da banda, The bends, o site Pitchfork noticiou que a banda havia montado uma empresa de responsabilidade limitada, chamada RHEUK25 LLP. – sinal de que provavelmente alguma novidade estava a caminho. Poucos dias depois, um leilão beneficente em Los Angeles sorteou quatro tíquetes para “um show do Radiohead a sua escolha”. Muita gente levou na brincadeira, mas algumas fontes confirmaram que o grupo tinha reservado datas em casa de shows da Europa.

Depois disso – você provavelmente viu – surgiram panfletos anunciando supostos shows do grupo em Londres, Copenhague, Berlim e Madri, ainda sem nada oficialmente confirmado, até que tudo virou “oficial”. Pouco antes disso, dia 13 de agosto, saiu um disco ao vivo do Radiohead, Hail to the thief – Live recordings 2003-2009 (resenhado pela gente aqui). Com isso, possivelmente, os fãs até esqueceram a antipatia que Thom Yorke causou em 2024, ao abandonar o palco na Austrália, quando foi perguntado por um fã sobre a guerra entre Israel e Palestina.

O site Stereogum não se fez de rogado e, quando a turnê ainda não estava oficialmente anunciada (mas havia sinais) chegou a perguntar num texto: “E aí, será que eles vão tocar Let down?”. No último show da banda, em 1º de agosto de 2018 (dado no Wells Fargo Center, Filadélfia), ela era a nona música, logo antes da hipnotizante Everything in its right place. Seja como for, já que bandas como Talking Heads e R.E.M. não parecem interessadas em retornos, a volta do Radiohead era o quentinho no coração que o mercado de shows, sempre interessado em turnês nostálgicas, andava precisando. Que vão ser vários showzaços e que muitas caixas de lenços serão usadas, ninguém duvida.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Tom Sheehan/Divulgação

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Urgente!: E agora sem o Ozzy?

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Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre.

Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre. Tudo começou com uma banda, o Black Sabbath, que já era um verdadeiro errado que deu certo – um ET musical que fazia som pesado quando mal havia o termo “heavy metal” e que falava de terror na ressaca do sonho hippie. E prosseguiu com a lenda de um sujeito que gravou álbuns clássicos como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a madman (1981) e No more tears (1991) – eram quase como filmes.

Ozzy pode ser definido como um cara de sorte – e também como um cara que abusou MUITO da sorte, mas pula essa parte. A depender daqueles progressivos anos 1970, não havia muito o que explicasse o futuro de Ozzy Osbourne na música. Em várias entrevistas, Ozzy já disse que não sabia tocar nenhum instrumento quando começou – na verdade nunca nem chegou a aprender a tocar nada. Tinha a seu favor uma baita voz (mesmo não ganhando reconhecimento algum da crítica por isso, Ozzy sempre foi um grande cantor), um baita carisma, ouvido musical e a disposição para encarnar o estranho e o inesperado no palco em todos os shows que fazia.

Imortalizada em livros como a autobiografia Eu sou Ozzy, a história de Ozzy Osbourne é um daqueles momentos em que a realidade pode ser mais desafiadora que a ficção. Afinal, quem poderia imaginar que um garoto da classe trabalhadora britânica se tornaria o que se tornou? Talvez tenha sido até por causa das dificuldades, que também moveram vários futuros rockstars ingleses da época – ou pelo fato de que o rock e a música pop do fim dos anos 1960 ainda eram quase mato, universos a serem desbravados, com poucos parâmetros. Seja como for, se hoje há artistas de rock que se dedicam a discos e a projetos que parecem ter saído da cabeça de algum roteirista bastante criativo, Ozzy teve muita culpa nisso.

Fora as vezes que o vi no palco, estive frente a frente com Ozzy apenas uma vez, numa coletiva de imprensa do Black Sabbath – da qual Tony Iommi não participou, por estar se recuperando de uma cirurgia (havia tido um câncer). Seja lá o que Ozzy pensasse da vida ou de si próprio, me chamou a atenção o clima de quase aconchego da sala de entrevistas (acho que era no hotel Fasano): um lugar pequeno, com ele e Geezer Butler (baixista) bem próximos dos repórteres. Que por sinal não eram inúmeros.

Já havia feito entrevistas internacionais antes mas nunca imaginei estar tão perto de uma lenda do rock que eu ouvia desde os doze anos. Fiz uma pergunta, ele respondeu, e eu, que sempre fiquei nervoso em entrevistas (imagina numa coletiva com o Black Sabbath!) voltei pra casa como se tivesse ido cobrir um buraco que apareceu numa rua no Centro. Não que não tenha me dedicado à pauta, mas era o Ozzy e eu estava… numa tranquilidade inimaginável.

Ozzy também já me deu uma entrevista por e-mail, em 2008, em que reafirmou sua adoração por Max Cavalera, disse que não tinha ideia se a série The Osbournes havia levado seu nome a um novo público, e reclamou da MTV, “que virou uma versão adulta da Nickelodeon”. Também disse que nunca diria nunca a seus então ex-companheiros do Black Sabbath (“nos falamos por telefone e quando as agendas permitem, nos encontramos”).

Nesse papo, Ozzy só se irritou quando fiz uma pergunta que envolvia o Iron Maiden, que tinha passado recentemente pelo Brasil, ou estaria vindo – não lembro mais. “Bom, não sei te responder, pergunta pro Iron Maiden!”, disse, em letras garrafais (todas as respostas foram em caixa alta). Lembro que ri sozinho e fui bater a matéria.

Até hoje só acredito que isso tudo aí aconteceu (e não é nada perto do que uns colegas viveram com Ozzy e o Black Sabbath) porque vi as matérias impressas. Mas acho que antes de tudo, consegui humanizar na minha mente um cara que eu ouvia desde criança. Ozzy era de carne e osso, respondia perguntas, tinha lá seus momentos de irritação e, enfim, mesmo tendo o fim que todo mundo vai ter, viveu bem mais do que muita gente. E mudou vidas.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação

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