Connect with us

Cultura Pop

Raul Ramone, e o Degenerando Neurônios, vai voltar?

Published

on

E o Degenerando Neurônios, vai voltar?

Uma das maiores inspirações do POP FANTASMA – isso não tem como esconder – é o site gringo Dangerous Minds, que vive de catar aspectos estranhos, bizarros, malucos ou apenas legais da cultura pop. Faz uma espécie de curadoria de coisas diferentes e junta tudo em textos, com links, fotos, vídeos, informações que estão perdidas pela web mas nem sempre aparecem unidas num mesmo local, etc. É o trabalho deles e o nosso trabalho.

No Brasil, vários sites atenderam igualmente ao chamado do Dangerous Minds e fazem o mesmo tipo de catação internáutica, focando em temas como cinema, música, televisão, tecnologia ou tudo isso junto. Um dos sites que serviram de farol para o POP FANTASMA quando ele surgiu foi o Degenerando Neurônios, do Raul Ramone.

E o Degenerando Neurônios, vai voltar?

Raul é um DJ que não esconde sua predileção por Ramones (claro) e Led Zeppelin (o disco sem título de 1971, que tem Stairway to heaven, é um dos álbuns da vida de Raul) e que, no site, fala de uma variedade de temas que inclui desde turnês de Kate Bush a shows concorridos do Pink Floyd. Tem também infos sobre uma turnê pequena que o Led Zeppelin fez no começo da carreira. Tá tudo lá. Muito embora o excesso de trabalho em outras frentes (como festas) tenha tirado o tempo de Raul e o site esteja sem atualização tem um tempinho. Vai voltar, mas Raul não sabe quando.

Fui bater um papo com Raul e aproveitei para botar pressão nele para retornar logo com o Degenerando Neurônios – cuja página no Facebook continua lá, e sendo atualizada constantemente. Confira aí.

Você é fã de Ramones mesmo? Como surgiu esse codinome “Raul Ramone”?
RAUL RAMONE: A ideia do “Ramone” surgiu em 1997, quando fiz meu primeiro email, no Yahoo. Ainda sou um grande fã de Ramones, mas acho que na época eu era um pouco mais empolgado sobre o assunto do que hoje, rsrs.

O Degenerando Neurônios não tem sido atualizado. Quando você pretende voltar e o que está rolando com o site? Infelizmente, não tenho previsão de quando volto com as atividades normais do site. Mas ainda tem muito conteúdo no ar, que continua sendo compartilhado no Facebook de vez em quando, através da fanpage.

Como está sua vida no momento e por que está faltando tempo? Com o que mais você tem trabalhado, ou o que mais tem feito? Eu trabalho com produção de festas, balada mesmo. Durante o dia faço as vezes de promoter, social media. Na parte da noite, parto pra discotecagem e curadoria musical dos eventos.

Como vai teu trabalho de DJ e o que você mais gosta de tocar? Olha, eu gosto muito de música, talvez seja mais roqueiro que qualquer outra coisa, mas gosto muito de música no geral. E quando o assunto é trabalho, eu preciso entreter as pessoas na pista de dança. Ou seja, é preciso deixar as preferências pessoas de lado e pensar no que é melhor para o ambiente.

Você usa a plataforma tumblr para atualizar o blog. Ficou satisfeito com ela? Vem um site feito no WordPress por aí, né? Desde 2009 o Degenerando Neurônios está hospedado no Tumblr. Recentemente adquiri um domínio no WordPress para aprimorar o que já foi publicado. Ainda estou trabalhando nisso, mas em breve a nova versão deve ganhar um corpo definitivo.

Me fala de como você decidiu montar o site. Muita gente o compara com o Dangerous Minds. Foi uma inspiração? O Dangerous Minds sempre foi um dos meus blogues favoritos. A única sacada que tive na hora de criar o Degenerando Neurônios foi o nome. São conteúdos diferentes. O Dangerous Minds é muito mais completo, vasto e aprofundado nos assuntos que escolhe. Mas não deixa de ser uma inspiração, claro.

Do que você sentia falta na web quando montou o site? Em 2009 a internet ainda era bombardeada por hardnews. Poucos veículos priorizaram postagens maiores, com longa pesquisa. Claro que levou um tempo até que o Degenerando Neurônios começasse a fugir do óbvio, até pelo trabalho que cada post exigia.

Você costuma falar de artistas que você não tem o hábito de ouvir? Como é tua relação emocional com o que escolhe falar no site? Antes de qualquer coisa, sim, eu procuro sempre escrever sobre bandas e artistas que fazem parte da minha formação musical. São escolhas pessoais, que funcionavam como incentivo para escrever e pesquisar mais e mais.

Led Zeppelin tá na relação dos discos da sua vida. Como foi para você dar uma destrinchada no Led IV e ainda falar de um período pouco citado da vida deles (a tentativa da banda de voltar a tocar em clubes pequenos em 1971)? O Led Zeppelin é um dos assuntos mais explorados no Degenerando Neurônios. Praticamente tudo que envolve a história do grupo (e já esteve ao alcance do site) é tema para ser pesquisado e postado. Espero escrever mais sobre a banda.

Tem alguma história publicada no site que você goste em especial? Por que? Cheguei a fazer uma série de posts sobre as origens de várias capas de discos. Além de divertido, até hoje rende acessos ao site.

O que você acha que tá trazendo de legal para as pessoas com o site? Gosto de pensar que o Degenerando Neurônios não se preocupa com hardnews, notícias do momento, ou novos álbuns da semana. Cada post é especial, então merece atenção especial. Mesmo que leve semanas para ser feito (como quase sempre acontecia…).

Continue Reading

Cultura Pop

Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Published

on

Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Tá aí o que muita gente queria: Bruce Springsteen vai lançar uma caixa com sete álbuns “perdidos”, nunca lançados oficialmente. O box vai se chamar Tracks II: The lost albums (é a continuidade de Tracks, caixa de 4 CDs lançada em 1998) e nasceu de uma limpeza que Bruce fez nos seus arquivos durante a pandemia. Pelo que se sabe até agora, o material inclui sobras das sessões de Born in the USA (1984) e gravações da fase eletrônica dele, no comecinho dos anos 1990 – inclusive um disco inteiro desse período, que nunca viu a luz do dia.

Essa notícia caiu nos sites na semana passada e trouxe de volta um detalhe que os fãs de Bruce já conhecem bem: ele tem muito material inédito guardado – e material bom. Em uma entrevista à Variety em 2017, ele mesmo comentou que sabia ter feito mais discos do que os que lançou, mas que havia motivos sérios para manter alguns deles nas gavetas.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

“Por que não lançamos esses discos? Não achei que fossem essenciais. Posso ter achado que eram bons, posso ter me divertido fazendo, e lançamos muitas dessas músicas em coleções de arquivo ao longo dos anos. Mas, durante toda a minha vida profissional, senti que liberava o que era essencial naquele momento. E, em troca, recebi uma definição muito precisa de quem eu era, o que eu queria fazer, sobre o que estava cantando”, disse na época (o link do papo tá aqui – é uma entrevista longa e bem legal).

Com o tempo, vários desses registros acabaram saindo em boxes e coletâneas. Um deles foi The ties that bind, um disco de pegada punk-power pop que seria lançado no Natal de 1979 – e que acabou virando uma espécie de esboço inicial do disco duplo The river, de 1980. Pelo menos saiu uma caixa em 2015 chamada The ties that bind: The River collection, com todo o material dessa época, inclusive o tal disco descartado (além de um material que formava quase um suposto disco de punk + power pop que teria sido abandonado).

Um texto publicado na newsletter do músico Giancarlo Rufatto recorda que Bruce infelizmente deixou de fora do novo box alguns álbuns que realmente mereciam ver a luz do dia. Um deles é um álbum solo (sem a E Street Band, enfim), com uma sonoridade country ’n soul, que foi gravado em 1981. Esse disco teria sido abandonado durante um período de depressão, que resultou em isolamento e na elaboração do disco cru Nebraska (1982), feito em casa com um gravador de quatro canais, só voz e violão.

Bruce até parece fazer referência a esse álbum perdido na entrevista da Variety. “Esse disco é influenciado pela música pop da Califórnia dos anos 70”, contou. “Glen Campbell, Jimmy Webb, Burt Bacharach, esse tipo de som. Não sei se as pessoas vão ouvir essas influências, mas era isso que eu tinha em mente. Isso me deu uma base pra criar, uma inspiração pra escrever. E também é um disco de cantor e compositor. Ele se conecta aos meus discos solo em termos de composição, mais Tunnel of love e Devils and dust, mas não é como eles. São apenas personagens diferentes vivendo suas vidas.”

Outro material bastante esperado pelos fãs – e que também não está na caixa – é o Electric Nebraska, a tentativa de Bruce de gravar com a E Street Band as músicas que acabaram no Nebraska. Nem ele, nem o empresário Jon Landau, nem os co-produtores Steven Van Zandt e Chuck Plotkin gostaram do resultado, e as gravações foram trancadas a sete chaves. Nem em bootlegs esse material apareceu até hoje. Pra você ter ideia, Glory days, que só sairia no Born in the USA (1984), chegou a ser ensaiada e gravada junto.

Quase todo mundo próximo a Bruce acredita que ele nunca vai lançar oficialmente essas gravações elétricas do Nebraska. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou a existência desse material em 2010, numa entrevista à Rolling Stone, e disse que adoraria ver tudo lançado.

“A E Street Band realmente gravou todo o Nebraska, e foi matador. Era tudo muito pesado. Por melhor que fosse, não era o que Bruce queria lançar. Existe um álbum completo do Nebraska, todas essas músicas estão prontas em algum lugar”, revelou. Bruce pode até guardar discos inteiros na gaveta, mas esse é um daqueles casos em que o silêncio guarda várias histórias – que podem render surpresas bem legais.

E ese aí é o lyric video de Rain in the river, uma das faixas programadas para Tracks II (a faixa sai num disco montado durante a elaboração do box, Perfect world).

Continue Reading

Cultura Pop

Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

Published

on

Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.

O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.

Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.

O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.

Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.

Foro: Keira Vallejo/Wikipedia

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Published

on

Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Tudo que é mais difícil de explicar, é mais complicado de entender – mesmo que as intenções sejam as melhores possíveis e haja um verniz cultural-intelectual robusto por trás. Isso vale até para desfiles de escolas de samba, quando a agremiação mais armada de referências bacanas e pesquisas exaustivas não vence, e ninguém entende o que aconteceu.

Carnaval, injustiças e polêmicas à parte, o novo Mayhem foi prometido desde o início como um retorno à fase “grêmio recreativo” de Lady Gaga. E sim, ele entrega o que promete: Gaga revisita sua era inicial, piscando para os fãs das antigas, trazendo clima de sortilégio no refrão do single Abracadabra (que remete ao começo do icônico hit Bad romance), e mergulhando de cabeça em synthpop, house music, boogie, ítalo-disco, pós-disco, rock, punk (por que não?) e outros estilos. Todas essas coisas juntas formam a Lady Gaga de 2025.

Algo vinha se perdendo ou sendo deixado de lado na carreira de Lady Gaga há algum tempo, e algo que sempre foi essencial nela: a capacidade de usar sua música e sua persona para comentar o próprio pop. David Bowie fazia isso o tempo todo – e ele, que praticamente paira como um santo padroeiro sobre Mayhem, é uma influência evidente em Vanish into you, uma das faixas que melhor representam o disco. Aqui, Gaga entrega dance music com alma roqueira, um baixo irresistível e um batidão que evoca tanto a fase noventista de Bowie quanto o synthpop dos anos 1980.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Mais coisas foram sendo deixadas de lado na carreira dela que… Bom, sao coisas quase tão difíceis de explicar quanto as razões que levaram Gaga a criar um álbum considerado “difícil” como Artpop (2013), enquanto simultaneamente mergulhava no jazz com Tony Bennett e preparava-se para abraçar o soft rock no formidável Joanne (2016), um disco autorreferente que talvez tenha deixado os fãs da primeira fase perdidos. Em outro tempo, Madonna parecia autorizada a mudar como quisesse, mas quando Gaga fazia o mesmo, deixava no ar notas de desencontro e confusionismo. O pop mudou, as décadas passaram, o público mudou – e todas as certezas evaporaram.

É nesse cenário que Mayhem equilibra as coisas, entregando um pop dançante, consciente e orgulhoso de sua essência, mas ao mesmo tempo sombrio e marginal. Há momentos de caos organizado, como em Disease e Perfect celebrity – esta última começa soando como Nine Inch Nails, mas, se você mexer daqui e dali, pode até enxergar um nu-metal na estrutura. Killah traz uma eletrônica suja, um refrão meio soul, meio rock que caberia num disco do Aerosmith, enquanto Zombieboy aposta no pós-disco punk, evocando terror e êxtase na pista (por acaso, Gaga chegou a dizer que o disco tem influências de Radiohead, e confirmou o NiN como referência).

Na reta final, o álbum se aventura por outros terrenos: How bad do U want me e Don’t call tonight flertam com o pop dinamarquês dos anos 90 (e são, por sinal, as únicas faixas pouco inspiradas do disco); The beast tem cara de trilha sonora de comercial de cerveja; e Lovedrug mergulha na indefectível tendência soft rock que surge hoje em dia em dez entre dez discos pop. Essa faixa soa como um híbrido entre Fleetwood Mac e Roxette – como se Gaga  estivesse pensando também na programação das rádios adultas de 2035.

O desfecho de Mayhem chega como um presente para o ouvinte: Blade of grass é uma balada melancólica de violão e piano, que ecoa tanto a tristeza folk dos anos 70 quanto a melancolia do ABBA, crescendo em inquietação à medida que avança. E então, como quem perde um pouco o tom, o álbum termina com… Die with a smile, a já conhecida balada country-soul gravada em parceria com Bruno Mars, lançada há tempos como single. Dentro do contexto do disco, ela soa mais como um apêndice do que como um encerramento – uma nota de rodapé onde se esperava um ponto final. Nada que chegue a atrapalhar a certeza de que Lady Gaga conseguiu, mais do que retornar ao passado, unir quase todos os seus fãs em Mayhem.

Nota: 8,5
Gravadora: Interscope
Lançamento: 7 de março de 2025.

Continue Reading
Advertisement

Trending