Notícias
David Lynch dirige clipe novo de Donovan

O cineasta David Lynch e o cantor Donovan têm algo em comum: ambos são grandes nomes ligados à meditação transcendental. E agora Lynch dirigiu um clipe para Donovan, além de produzir a nova faixa do cantor. I am the shaman foi mixada por Dean Hurley, que costuma colaborar com Lynch, e, diz o cantor numa mensagem no fim do vídeo, tem como objetivo arrecadar dinheiro para a educação sobre a meditação.
O vídeo foi lançado nesta segunda (10) para comemorar o 75º aniversário de Donovan. O cantor afirma que, por causa da meditação transcendental, ele e Lynch são “compadres”. E que a música foi uma experimentação de estúdio. “Foi tudo improvisado. Eu visitei o estúdio e David disse … ‘Sente-se na frente dos microfones com sua guitarra, Don’. Ele me pediu para trazer apenas uma música recém-criada, que nem sequer estava perto de ser terminada. Veríamos o que aconteceria. Aconteceu!”
Veja também no POP FANTASMA:
– Donovan: descubra agora
– Ih, teve David Lynch no Roda Viva em 2008
Notícias
Urgente!: Jesse Welles e o folk viral; Eliminadorzinho invade SP de terno e gravata

O periódico musical britânico New Musical Express ficou recentemente frente a frente com um dos artistas mais instigantes dos últimos tempos: Jesse Welles, um rapaz norte-americano de 30 anos, saído do Arkansas, é uma espécie de herói folk do TikTok. Um jovem músico fã de artistas como Bob Dylan, Creedence Clearwater Revival e Grateful Dead que se tornou célebre pelo hábito de usar a rede de vídeos para “cantar as notícias”. E como assim?
“Sou eu mesmo tentando dar sentido a tudo isso”, diz ao NME Jesse, que viu sua vida mudar depois que o pai sofreu um ataque cardíaco. O susto trouxe uma nova urgência à sua arte. O músico começou a usar o TikTok para transformar manchetes em canções curtas, misturando poesia crua com crítica social. “Se os músicos dos anos 30, 40 e 50 tiveram que depender de uma (pistola) 45 para lançar seus discos, minha 45 era o rolo de 90 segundos”, diz.
Welles não é um estreante: já teve outros codinomes, gravou discos, integrou bandas, passou por gravadoras – e volta e meia é acusado por detratores de ser um artista “de Inteligência Artificial”, que usa a IA para transformar o que lê nos jornais em versos. Acusações a parte, diz ter se reencontrado quando desistiu de “ser alguém” e decidiu apenas… ser. “Percebi que não preciso ser ninguém além do que eu quero ser”, afirmou. Uma das raras músicas desbragadamente políticas de seu novo disco, Middle, lançado em fevereiro, é Horses, cujo refrão fala em “amar todas as pessoas que você passou a odiar”.
“O mais provável é que o caminho seja pelo meio. Se eu decidi que esse é o caminho mais honesto, bem, o bálsamo que você terá que aplicar é o amor, para não perder a cabeça por lá, ou não cair na tentação de se juntar a uma tribo”, disse ele, que aproveitou para lançar junto de Middle um álbum de três horas (!), Under the powerlines, cujas faixas têm títulos datados e servem como uma espécie de diário.
No tal papo com o NME, Jesse faz questão de falar que suas músicas não fazem comentário político comum, como um colunista ou um militante faria. “Estou tentando encontrar uma linha mestra que seja honesta”, conta. E lá pelas tantas, completa: “Mais do que uma tradição norte-americana, acho que é uma tradição humana: escrever e encontrar a verdade, extraí-la do nada”.
***
Já a banda paulista Eliminadorzinho anuncia seu segundo disco, previsto para o segundo semestre, pela Cavaca Records. O trio – Gabri Eliott (voz e guitarra), João Haddad (voz e baixo) e Tiago Schützer (voz e bateria) – apresentou hoje o novo trabalho com o single A cidade é uma selva. Uma música urgente como o bom rock brasileiro sempre foi, e que já chega com clipe.
Gravado na Avenida Faria Lima, em São Paulo, o vídeo mostra a banda vestida como executivos do mercado financeiro – os “Faria Limers”. A sátira é direta: terno, gravata, calor (era o dia mais quente do verão paulistano), sorrisos forçados e passos apressados. Só que… Gabri aparece usando uma máscara de inseto. E o músico diz que notou olhares de nojo nas pessoas. “Foi divertido atrair esse desgosto de uma forma mais leve e engraçada, provocando nas pessoas a reação que cantamos na música”, contou.
A provocação faz parte do DNA da banda, que desde o primeiro disco vem cruzando energia punk com senso de humor ácido. Ao que tudo indica, o novo álbum deve seguir nessa toada – crítica urbana, sarcasmo e barulho bem posicionado. Vamos acompanhar.
Texto: Ricardo Schott
Foto: Reprodução YouTube
Lançamentos
Radar: Mateus Aleluia, Bonsai, Jonabug, Sudano, Noite Suite e outros novos sons

Fazendo a lista de sons nacionais do nosso Radar de hoje, deparamos com a diversidade da nova música que está sendo produzida no Brasil atualmente – tanto por gente muito experiente (olha o Mateus Aleluia encabeçando a lista de hoje!) quanto por bandas bem recentes (Noite Suite, Nuna, Jonabug) e artistas solos ligados em sons de todos os tempos (Zaina Woz, Sudano, Bonsai), além de uma banda que já soma duas décadas de ralação (o Pátria Celeste). É assim, unindo gerações e propostas musicais, que seguimos hoje. Dá play aí! (Foto Mateus Aleluia: Vinícius Xavier / Divulgação).
Texto: Ricardo Schott
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MATEUS ALELUIA, “NO AMOR NÃO MANDO”. Tarefa impossível: escutar o novo disco de Mateus Aleluia — um dos fundadores do grupo vocal Os Tincoãs — sem se emocionar profundamente. Intitulado simplesmente Mateus Aleluia, o álbum mergulha em faixas longas que soam como verdadeiras suítes da mata, da introspecção, da negritude e da espiritualidade individual. Os versos são tocantes: “eu não sou rebelde ao ensino que o amor me dá”, “quando o amor me manda eu sigo e vou / de caravela ou carro de boi, jegue ou teco teco / sigo o amor”.
Ambos os versos estão em No amor não mando, canção de nove minutos conduzida por violão, sopros, coral, acordeom e uma declamação de Mateus que define “a sonoridade do amor”. “Não está dentro de nós, está em nós (…). O amor nos rege, não sejamos rebeldes. Para nossa continuidade, entreguemo-nos sem pestanejar. O amor nos manda”. Ouça em volume máximo.
BONSAI, “ESPORTE DE CONTATO”. Para quem acredita que a vida se resume à internet, o rapper paulistano Bonsai tem algo a dizer. Esporte de contato, faixa do álbum Sorte ou revés, aborda o cotidiano nas ruas como uma vivência fundamental — dica nossa: não só para quem faz rap, mas para qualquer artista, e também para quem faz jornalismo. A base é soul-jazz: metais, baixo e bateria leve criam um clima quase relaxante, que contrasta com o tema e dá vontade de sair e encarar os “esportes de contato” da vida real.
JONABUG, “LOOK AT ME”. Direto do interior de São Paulo, mais exatamente da cidade de Marília, chega um sinal bonito e levemente fantasmagórico: Look at me, novo single da Jonabug, agora em formação de trio. É o anúncio do que vem aí — um disco cheio, o primeiro, que atenderá pelo nome de Três tigres tristes. O som mistura indie rock, shoegaze e um pouco da névoa das guitarras noventistas. As letras vão de um idioma ao outro, português e inglês, mas aqui o inglês é quem fala mais alto. Já o clipe da faixa, em preto e branco, foi gravado de forma totalmente independente na antiga estação ferroviária da cidade — hoje espaço cultural — com uma handycam e a ajuda do amigo Thales Leite.
SUDANO, “PRAZER, NB”. “A vida não é e nunca foi preto e branco / eu venho mostrar que as cores vêm pra ficar”, afirma Igor Sudano, 32 anos, cantor, compositor e bodypiercer de Niterói (RJ). Seu novo single fala sobre como a sociedade tenta apagar e silenciar a fala de pessoas não-binárias (daí o “NB” do título). “Acho que a letra fala por si só. Coloquei para fora tudo que uma pessoa não binária sente e passa desde jovem, quando se vê em um mundo que não a reconhece como uma pessoa real”, conta. O som tem pegada de emocore, e a letra é direta e literal como no punk.
NOITE SUITE, “OUTRAS PESSOAS”. Clima musical líquido e psicodélico, com um groove lento e uma sonoridade que parece prestes a derreter no ouvido. Assim é o som do Noite Suite, projeto musical baiano formado por Bianca Gonzalez (guitarra, voz e sintetizadores), Paulo Tiano (bateria e produção), João Sarno (baixo e guitarra) e Yan Franco (guitarra, voz e sintetizadores). O novo single, Outras pessoas, é uma faixa surrealista, herdeira do dream pop e da chillwave.
NUNA, “VELHA JAQUETA”. Entre a new wave oitentista e o emocore, essa banda paulista (que já se chamou Sem Meia) volta explorando o universo do pop-punk em seu novo single, Velha jaqueta. Tadeu Patolla, ex-produtor do Charlie Brown Jr, cuidou do som, e Rodrigo Psy dirigiu o clipe, gravado em três locações diferentes de São Paulo, e que mostra visualmente as diferentes fases mostradas na letra da música – que fala sobre seguir em frente. A cantora Manu Fair brilha nos vocais com carisma e intensidade.
PÁTRIA CELESTE, “JOHNNY J”. Essa banda de Caçapava (SP) voltou cinco anos no tempo e resgatou uma faixa do álbum Roda dos excluídos (2020) para lançar em videoclipe. E fez bonito: o vídeo é uma animação assinada por Leandro Franco (Garotos Podres, Supla, Inocentes, Autoramas), que mostra a banda e o personagem da música interagindo com programas históricos de TV e desenhos animados. “A música trata sobre as divertidas e controversas influências que as gerações de 1970 / 1980 sofreram pela TV”, diz o grupo. Se você se identificar com o protagonista do clipe, cuidado: o final pode surpreender (ou assustar).
ZAINA WOZ, “SUCESSO SEXUAL”. Composta por Leo Jaime e Leandro Verdeal e eternizada por Angela Ro Ro, Sucesso sexual ganhou nova vida na voz de Zaina, que a lançou como single e clipe — e também a incluiu em seu álbum de estreia, Zaina Woz – { Vol. 01 }, previsto para julho. A produção é dividida entre Zaina e Arthur Kunz (Marina Lima, Os Amantes), e o clipe, gravado no Museu do Sintetizador, em São Paulo, é um aceno perfeito à era tecnopop da música brasileira.
Lançamentos
Urgente!: Stereolab na bossa psicodélica, Turnstile no emo ambient, Forth Wanderers de volta (?)

Nesta sexta (23), finalmente o mundo vai conhecer o novo disco do Stereolab – que, a julgar pelos singles lançados até agora, promete ser fantástico (mas a gente sempre pode se enganar… eu mesmo apostei no novo do Arcade Fire). Instant holograms on metal film, décimo-primeiro álbum da banda, é o primeiro desde 2010, tem quase uma hora de duração, será lançado em vinil duplo e ganhará uma turnê de divulgação que passa pela Europa, América do Norte e Reino Unido até dezembro.
Entre os convidados estão Cooper Crain e Rob Frye (do Bitchin Bajas), Ben LaMar Gay (músico, compositor e folclorista de Chicago) e a multi-instrumentista Marie Merlet. As gravações ficaram por conta da dupla Tim Gane e Lætitia Sadier, junto com os músicos de turnê: Andy Ramsay (bateria), Joe Watson (teclados) e Xavi Muñoz (baixo). Um último vislumbre de Instant holograms on metal film saiu nesta terça (20): é o single Transmuted matter, bossinha psicodélica de respeito, que ganhou um visualiser mais lisérgico ainda. Para ver (e ouvir) estrelas.
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Um disco que já tá cheio de assunto é o quarto álbum da banda norte-americana Turnstile, Never enough, que sai dia 6 de junho pela Roadrunner. Para começar, Never enough não é só um disco — é um álbum visual, que será lançado mundialmente durante o Festival de Cinema de Tribeca, entre 4 e 15 de junho. A direção do filme ficou por conta do vocalista Brendan Yates e do guitarrista Pat McCrory, e ele reúne as 14 faixas do álbum em uma imersão audiovisual contínua — ou seja, se você assistiu aos clipes lançados até agora, já teve pequenos encontros com o filme.
E o som? Surfando na boa maré das bandas emo e mergulhando de vez nos conceitos artísticos, o Turnstile dá passos firmes em direção a paisagens mais ambient — uma tendência que já vinha de antes, mas que agora se consolida. Nesta terça (20), saiu mais um fragmento do novo trabalho: Look out for me, uma faixa de quase sete minutos, com clima de pós-rock, videoclipe misterioso e dinâmico, e versos que doem, como “agora meu coração está por um fio” e “estamos numa fila para desaparecer / é injusto, injusto, injusto”.
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Sumidos da Silva desde 2018, os Forth Wanderers reapareceram do nada com To know me / To love me, single novíssimo que caiu de surpresa no Bandcamp da banda, e foi lançado por sua última gravadora, Sub Pop. O grupo indie de Nova Jersey, que não lançava nada desde seu segundo disco (o auto-intitulado Forth Wanderers, de 2014), nunca anunciou um fim oficial — só um hiato, um cancelamento de turnê e um texto forte da vocalista Ava Trilling na saudosa revista Vice, sobre crises de pânico na estrada.
Agora, a coisa pode estar esquentando de novo: o Instagram do grupo foi reativado com o anúncio da faixa nova. E embora o perfil também tenha sido usado recentemente (no fim de abril) pra anunciar uma edição comemorativa em vinil branco do disco de 2014, o noise rock de To know me / To love me parece que não é só nostalgia…
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O selo Cavaca Records arma noite com shows de City Mall, Caco/Concha e Lorena Moura no dia 29 de maio, na Casa Rockambole, em São Paulo. O evento marca a estreia da nova identidade visual do selo, criada por Bruno Faiotto, e a campanha Ouro da música brasileira.
Na noite, também rolam DJ sets de Eliminadorzinho e do próprio Faiotto. A noite celebra lançamentos recentes, músicas inéditas e a fase atual do selo fundado por Cainan Willy e Yasmin Kalaf. Vale citar que Caco/Concha e City Mall já andaram aparecendo aqui no Pop Fantasma. Ingressos aqui.
Texto: Ricardo Schott
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