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Som

Buckethead enfileirando solo atrás de solo numa festa de família em 1991

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Buckethead enfileirando solo atrás de solo numa festa de família em 1991

Imagina a situação: você resolve dar um churrasquinho pra família no quintal de casa. E tem um filho que toca guitarra. Convence-o a ir ao quintal com o instrumento e tocar um pouco para a parentada ouvir. Beleza, só que o moleque começa a tocar e emenda solo atrás de solo, no qual mistura várias músicas de sucesso. Passa uns dez minutos, e o cara não para de tocar, o que anima muitos mas pode provocar aflições em alguns convivas.

Foi o que aconteceu em 16 de junho de 1991 com ninguém menos que Buckethead. Aos 21 anos, o hoje conhecido guitarrista – então ainda um músico promissor – animou uma festinha no quintal de uns parentes. Fez solo atrás de solo, misturando temas da Disney, de Star Wars. Olha aí. Na época ele já usava o balde na cabeça que lhe deu o nome artístico, além da máscara.

Até então, Brian Patrick Carroll (é seu nome) tinha sido um rapaz californiano introvertido, que passava bastante tempo com os pais, e que estava se lançando profissionalmente como guitarrista. O músico vinha gravando como session man desde 1987 e lançaria duas demos em 1991. Nove anos depois, iniciaria uma trajetória de quatro anos com o Guns N’Roses, com os quais viria ao Brasil em 2001.

Via Laughing Squid.

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

Crítica

Ouvimos: Haim – “I quit”

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Ouvimos: Haim - "I quit"

RESENHA: I quit, novo disco das Haim, mistura rock, estileira pop bem própria e crônicas sobre amadurecimento, frustrações e limites — com guitarras, beats e coração.

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Se a vida adulta viesse com manual de instruções, teria a mesma graça? Não, ou sim – depende do ponto de vista. Mas o que parece ser um grande “olhe aqui, eu venci!” muitas vezes se transforma em aporrinhações mil: boletos, relacionamentos que vem e vão, descobertas amargas, mortes de amigos e parentes, empregos nos quais você é explorado/explorada e ganha pouco, custas de advogados (olha, às vezes é necessário, e como).

Com esse esquema, o “lado bom” de ser adulto (a saber: exercer sua independência e ser dono/dona do seu nariz) fica até parecendo uma propaganda enganosa do fim da adolescência, em que cenas de sucesso profissional ou amoroso são cenas meramente ilustrativas. Bom, nem tanto: com o tempo, você simplesmente entende que a realidade é meio injusta, mas dá seus pulos, peita umas situações, simplesmente dá de ombros pra outras tantas e parte pra briga. Ou escolhe melhor suas brigas – faz parte.

Esse clima de “já dei colher de chá demais, agora chega!” é basicamente o tema central de I quit, quarto álbum das irmãs Haim (Danielle, Este e Alana). Um disco que já está fazendo bastante sucesso por causa do universo no qual mexe e dos símbolos que escolheu para representar esse momento. Basta olhar para as capas dos singles: em Take me back, as três aparecem com aquela expressão clássica de exaustão contida – como quem tenta manter a pose mesmo de saco cheio, numa vibe Sex and the city da depressão. Já em Relationships, o clima é outro. Tudo na capa do compacto lembra a famosa foto da Nicole Kidman saindo radiante do escritório de seu advogado, após divorciar-se de Tom Cruise: sol batendo, verde no cenário, felicidade urgente, visual despojado que dispensa qualquer glamour hollywoodiano.

O que pode parecer uma versão musical da novela Quatro por quatro (no caso Três por três, enfim) na real é um disco bastante arrojado, rock de olho no pop e vice-versa. I quit começa com a declaração de princípios Gone, surf folk que sampleia Freedom, de George Michael, e guia o timão para a onda de Madchester, anos 1980. All over me é pop distorcido, saturado, como se viesse de uma gravação antiga – e vai ganhando peso. Relationships e Down to be wrong são soul de roqueiro, remetendo tanto a Primal Scream quanto a John Frusciante. Take me back, por sua vez, é folk punk cheio de recordações de adolescência, com linhas vocais faladas que lembram direto People who died, da The Jim Carroll Band, e clima power pop.

Investindo em crônicas musicadas, as Haim e o produtor-parceiro Rostan Batmanglij invadem as àreas de Alanis Morrisette (Love you right), do country-rock herdado de Fleetwood Mac e Tom Petty (The farm, com gaita estilo Bob Dylan), do dream pop (Lucky stars) e do country-folk urbano (Everybody’s trying to figure me, uma ode aos momentos que-se-foda da vida). As ondas recentes de pop gostosinho e synthpop com cara oitentista se avizinham de I quit, respectivamente, com Try to feel my pain e Spinning. Já Blood on the street é blues-soul gravado na unha. É uma das faixas em que mais se sente I quit como um organismo vivo, e é mais uma história na vibe “valeu, tô fora” do disco.

O Haim fez de Now it’s time, última faixa do disco, um resumo de I quit. Tem sample de Numb, música de 1993 do U2 – e, opa, o U2 já tinha usado a guitarra de Danielle Haim em Lights of home, do álbum Songs of experience. As irmãs avisam que foi uma troca justa. No fim das contas, a forma como bandas como U2, R.E.M. e Red Hot Chili Peppers uniram pop e rock ajuda a entender o que elas construíram aqui. E o recado da última faixa vem sem rodeios: às vezes, as histórias mais duras não terminam em vingança nem em perdão – terminam no entendimento de que esse mundo é cheio de gente sonsa mesmo: “Você sempre encontrará uma maneira / de continuar se sentindo bem / mentindo na minha cara”, cantam. E vida que segue, vire as costas e vá pro outro lado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Polydor
Lançamento: 20 de junho de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Godofredo, “Tutorial”

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Ouvimos: Godofredo, "Tutorial"

RESENHA: O Godofredo mistura pós-punk, lo-fi, folk e psicodelia em Tutorial, disco com humor, inventividade e espírito caseiro.

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O segundo álbum da banda mineira Godofredo tem, realmente, um tutorial – de brincadeira, claro. Tutorial encerra com uma faixa-título que traz um papo remoto dos integrantes da banda, falando sobre o melhor modo de ouvir o disco. Uma vinheta falada que fecha o ciclo de temas pós-punk e de psicodelia lo-fi, sons herdados do Clube da Esquina e canções entre o folk e o grunge que marcam as outras dez faixas do álbum.

Tutorial soa como um disco gravado em estúdio pequeno ou um quarto, abrindo com o pós-punk sombrio de Inferno e Febre de março – esta com ar grunge e guitarras e baixo distorcendo o som, além de final no clima de Tourette’s, do Nirvana. Daí para a frente, a variedade toma conta: Guarda-roupas tem letra triste e clima mutante e meio sixties, mas apontando para o shoegaze. Filme da Varda é um tecnobrega folk psicológico e… cinéfilo, fazendo referência à cineasta belga Agnès Varda (você talvez tenha ouvido falar pelo menos do curta Black Panthers, de 1968, feito por ela).

O Godofredo une sons herdados do Velvet Underground com psicodelia e rock anos 1990 em Celina, O triste fim da água e No bar do Flamengo, e une lo-fi e Beto Guedes em A aventura pts 2 e 3 e Amanhã pode ser assim. Imaginando Pequim volta ao pós-punk do começo, mas evocando Pixies e Breeders, e valorizando a melodia.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Belo Horizonte Central (BHC)
Lançamento: 5 de junho de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Brenda Cruz – “Pagando pra ver” (EP)

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Ouvimos: Brenda Cruz - "Pagando pra ver" (EP)

RESENHA: Brenda Cruz estreia no EP Pagando pra ver, unindo MPB, rock e samba-funk em cinco faixas cheias de força e identidade.

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Nascida e criada na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador (um conjunto de 22 bairros periféricos da capital baiana), Brenda Cruz é um dos nomes lançados pelo projeto local Sons do Subúrbio. O EP Pagando pra ver é sua estreia como cantora solo, após vários outros trabalhos na música, e demonstra, na curta duração preenchida pelas cinco faixas, força musical ligada tanto à MPB clássica quanto ao rock. Ioná, faixa de abertura, tem introdução metaleira com lembranças de Sepultura e Nação Zumbi, mas segue para um soul pesado e bem cantado, que deve rende muito bem ao vivo.

O material de Pagando pra ver foi todo composto por Brenda e pelo músico Geo Filho, com produção de Irmão Carlos Psicofunk. A musicalidade do álbum migra para o reggae da faixa-título. Depois, para a afromusic – quase um axé com estrutura metálica – de Sal da vida. E em seguida, para o samba-funk de ritmo forte, cabendo piano Rhodes e um segmento de rap, de É isso que você é. Além do r&b sinuoso com cara de MPB anos 1970 de Fora de controle, e das letras repletas de empoderamento e magia.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 14 de maio de 2025.

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