Lançamentos
Arlo Parks lança disco influenciado pela “energia de poder viajar, de estar junto das pessoas”

“Quando a gente saiu da pandemia, eu vivi um momento muito especial, começando a fazer turnês. Eu estava na mira das pessoas, viajando muito, foi uma época bem movimentada. Por outro lado, acho que a minha música se tornou mais pessoal, porque estar no estúdio era o único momento em que eu estava realmente em silêncio, em que eu podia fazer algo sozinha, quieta”, afirmou a cantora Arlo Parks ao site Scream & Yell pouco antes de sair seu novo disco, My soft machine, explicando como seria o álbum.
“O disco reflete essa energia de poder viajar, de estar junto das pessoas: eu fiz grande parte das músicas em Los Angeles, em salas cheias de pessoas, com todo mundo tocando junto, meio suados, foi um trabalho de comunidade. My soft machine é um disco que veio de uma comunidade, é música que surgiu como uma espécie de terapia para mim”, contou.
O segundo álbum de Arlo Parks saiu na sexta (26) pelo selo Transgressive Records, e foi anunciado por singles como Devotion, Blades, Weightless e Pegasus, essa com a participação da amiga e colaboradora Phoebe Bridgers. Devotion, por exemplo, é uma canção que ela diz ser sobre “se sentir tão apaixonado que é quase como se você estivesse sendo despedaçado, há uma intensidade, uma selvageria e uma ternura. Essa é uma das minhas músicas favoritas que já fiz, ela se baseia nas bandas que fizeram com que eu me apaixonasse pela música, desde Deftones até Yo La Tengo, Smashing Pumpkins e My Bloody Valentine”.
A música ganhou um clipe dirigido por Ali Raymond e Joel Barney (Sonder Films). “O videoclipe de Devotion tinha que ser trabalhoso, nostálgico e solto. O tom azulado surreal, a sensação de alegria feroz na performance, o borrão e a banda – eu queria homenagear o rock dos anos 1990 e a noção de amar tanto que quase nos destrói”.
Ainda sobre o disco novo, em comunicado, Arlo disse que “este registro é a vida através do meu olhar, através de meu corpo – a ansiedade dos 20 anos, o abuso de substâncias dos amigos ao meu redor, as vísceras de estar apaixonado pela primeira vez, navegando pelo stress e pela dor e auto sabotagem e alegria, movendo-se por mundos com admiração e sensibilidade – o que é estar preso neste corpo em particular”.
O nome do disco vem de uma influência cinematográfica. “Há uma citação de um filme de Joanna Hogg chamado Souvenir, é um filme semi-autobiográfico com Tilda Swinton, que narra a história de um jovem estudante de cinema se apaixonando por um homem mais velho e carismático como um jovem estudante de cinema sendo então atraído para seu vício. Em uma cena inicial ele explica porque as pessoas assistem a filmes: ‘não queremos ver a vida como ela é representada, queremos ver a vida como ela é vivida nesta máquina suave’. Então aí está, o registro se chama… My soft machine“.
Crítica
Ouvimos: Babymetal – “Metal forth”

RESENHA: Em Metal forth, o Babymetal mistura peso e pop: nu-metal, j-pop, rap e até soul, provando maturidade após 15 anos de carreira.
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Babymetal é heavy metal para não-metaleiros, você poderia dizer. Nem tanto, né? É um banda que vem da cultura asiática de criação de ídolos, é formada por meninas (que já são mulheres) e gerenciada por uma agência poderosa – a Amuse, que tem até escola de música. Mas dá pra dizer, sem medo de errar, que muita gente foi apresentada ao universo do som pesado por causa delas. Até porque o Babymetal é esperto o suficiente para agregar mumunhas pop, e estilos como r&b e rap, a um universo conhecido pelo radicalismo.
Você piscou o olho e o Babymetal já tem quinze anos, várias turnês e, curiosamente, um número de discos bem pequeno. Metal forth é o quarto álbum e funciona bem para metaleiros de ouvidos abertos e sem preconceitos. Dando um passeio pelas faixas: Ratatata tem ar de j-pop e k-pop, e une som pesado, rap e dance music. Song 3 é uma porrada que une vocais guturais (da parte dos convidados do Slaughter To Prevail) e vozes meio Alvin e os Esquilos. From me to you, na abertura, herda sonoridades do metal alternativo e da música pop – é som rápido, pesado, eletronificado.
Entre as surpresas de Metal forth, tem Sunset kiss, que deixa o Babymetal com uma cara de Spice Girls trabalhadas no couro e no preto. E My kiss, um nu-metal cuja introdução ameça uma chupada em Ratamahatta (hit do Sepultura com participação de Carlinhos Brown). Tom Morello põe energia em Metal!!!, que também traz emanações de Sepultura, mas une som pesado e soul. Já White flame, no final, aponta para vários lados: j-pop, emo, punk… encerrando com um solo de guitarra final que lembra Queen.
Quem ouvir Metal forth de mente aberta, vai descobrir que, com o tempo, o Babymetal foi se tornando um projeto bastante equilibrado – as integrantes cresceram e o mundo ao redor delas mudou bastante.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Capitol
Lançamento: 8 de agosto de 2025
Crítica
Ouvimos: Deb and The Mentals – “Old news” (EP)

RESENHA: Deb and The Mentals volta às raízes em Old news: punk, grunge e new wave com peso, energia e nostalgia.
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Com uma formação nova que traz Fi (NX Zero), na guitarra, Deb and The Mentals decidiu voltar ao começo num EP de nome sintomático, Old news. Deb Babilônia adota novamente as letras em inglês nas cinco faixas do disco – e a banda corresponde com um som voltado para uma confluência entre punk, grunge e new wave. A faixa de abertura Together again une anos 1980 e 1990, soando como Ramones na fase Mondo bizarro (1992). Suck me in, com um pouco mais de peso, tem muito de bandas como Generation X. A noventista To erase vai para a pequena área do punk + metal, com peso e intensidade.
O “lado B” de Old news tem um hardcore rápido, cavalar e acelerado, Burn it down, fechado com microfonias. Tem também a música mais bonita do disco, Runaway, união de punk e rock britânico oitentista, chegando a lembrar Smiths. Dying spark, por sua vez, chama atenção pela boa marcação de baixo e bateria, e pela linha do tempo sonora que vai dos anos 1970 aos 1990.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Algohits
Lançamento: 13 de agosto de 2025
- Ouvimos: Paira – EP01 (EP)
- Ouvimos: A Terra Vai Se Tornar Um Planeta Inabitável – Ident II dades (EP)
- Ouvimos: akaStefani e Elvi – Acabou a humanidade
Crítica
Ouvimos: Klisman – “CHTC”

RESENHA: Em CHTC, Klisman transforma o Centro Histórico de Salvador em rap visceral, misturando trap, afropop e relatos de vida dura.
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CHTC, título do disco de estreia do rapper baiano Klisman, é uma sigla para “Centro Histórico tá como?” – e uma lembrança do coração de Salvador, um conjunto de pontos turísticos que explicam a história da capital baiana (Pelourinho, Elevador Lacerda, Mercado Modelo), além de um entorno de dez bairros. Klisman cresceu por lá e levou tudo para seu som, que une mumunhas do trap, e um certo elemento de perigo vindo do rap, além de erros e acertos pessoais. O som une beats de trap, afropop e vibes latinas.
Klisman fala da vida como ela se apresentou não apenas para ele, mas para vários amigos seus. Reparação histórica entra na mente dos que são tidos como vilões, em versos como “se eu roubo esse gringo é reparação histórica / visão de cria não pega na ótica” e “poucos sabem o dilema que eu vivo / do tipo: como vender drogas e ser um bom filho? / como tirar vidas e criar meu filho?”. Caminho certo cria imagens musicais para retratar um dia a dia que exige posicionamento rápido (“são escolhas que mudam o caminho de casa”), o mesmo rolando na ameaça sonora de 25kg e na sagacidade de Proibido branco. O próximo é rap lento e climático que une ódio e tiração de onda.
Para quem for ouvir CHTC, o conselho é tentar entender tudo como um filme e não sair julgando: Klisman entrega todas as contradições de quem cresceu numa realidade bem distante do que a classe média enxerga como normal – e o normal ali são leis bem estranhas. Em Praia da Preguiça, aberta com sample de violão e flautas, e Pixadão de guerra, sonhos misturam-se com alfinetadas em trappers famosos e realidades de trincheira (“a emoção de ver o alemão sangrar / é a mesma de ver o irmão prosperar”). Ainda sou o mesmo vai para vários lados da violência urbana: “quantas mãe vai ter que chorar? / ele poderia ter um Grammy / mas ele tá na boca portando uma Glock”.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Nadamal
Lançamento: 22 de maio de 2025.
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