Som
Um cara pôs Africa, do Toto, no barulho de abrir portas do seu carro

Africa, do Toto, é adorada por muitos e odiada por tantos outros – mas seja como for, rola certa mania com ela. Um cara chamado Chris Ng levou seu crush na música a sério, a ponto de substituir o chatíssimo barulho de “abrir portas” de seu Volvo 1986 por uma versão MIDI da canção. Olha aí.
Se você pensou: “Nossa, mas que ideia legal!”, dá uma ajuda pro Chris porque ele montou uma campanha de crowdfunding no Kickstarter para fazer com que esses conversores que ele montou cheguem a mais gente.
Via Laughing Squid.
Lançamentos
Radar: Pic-Nic, Millos Kaiser, Jangada Pirata, ZéVitor e mais sons nacionais novos

O Insituto Pop Fantasma informa: a galera realmente está curtindo aparecer no Radar, tanto que o número de músicas que o site recebe dobrou – até mesmo músicas de fora do país. Tem muitas novidades hoje por aqui: o Pic-Nic, joia do rock carioca dos anos 2000, prepara mais um disco e vem com single novo, por exemplo. Acompanhe aí embaixo (Foto Pic-Nic: Divulgação).
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
- Mais Radar aqui.
PIC-NIC, “POBRE DE MIM”. A nova da banda carioca Pic-Nic passeia entre décadas com desenvoltura: tem o guitar rock dos anos 1990, o rock abolerado dos anos 1960 e aquele pop nacional oitentista – tudo bem misturado no mesmo caldeirão. A letra, diz a vocalista Guidi Vieira, “trata, entre outras coisas, da inveja – esse sentimento tão demonizado – e também da admiração”. E mais: fala sobre o quanto esse vaivém entre dois extremos emocionais pode machucar. Em maio, sai o novo álbum do grupo, Volta, pela Bonde Music
MILLOS KAISER feat JUJU BONJOR, “TE QUERO PERTO (CLUBMIX)”. Primeira faixa autoral do produtor Millos Kaiser – que esteve à frente da festa Selvagem até 2019 – Te quero perto flerta com a house music, lounge e boogie nacional, tudo costurado por sintetizadores com perfume vintage. É som pra beira de praia, pra estrada sem sinal de celular, pra viagem com horizonte aberto. O EP Te quero perto traz quatro versões da faixa – nossa dica: comece pela que abre o disco.
JANGADA PIRATA, “FORMAS E PENSAMENTO”. Lançado pelo selo cearense Mercúrio Música, Sal de casa é o disco de estreia do grupo Jangada Pirata. O som vem com pé no rock contemporâneo, mas não deixa de ser profundamente brasileiro: ecos de pós-punk, melodias do guitar rock dos anos 1980/1990, e uma busca pessoal por liberdade. O tema central, dizem eles, é a volta às origens e a memória como bússola.
ZÉVITOR feat CESAR MENOTTI & FABIANO E DORA SANCHES, “ATÉ ME PERDER”. Filho do cantor e ator Jackson Antunes (aquele mesmo, das duas versões da novela Renascer), ZéVitor lança seu quarto álbum, Imago mundi. Um trabalho diverso – e que gira em torno de uma música interiorana, reflexiva, libertária. Até me perder, um blues bonito e melancólico, reúne Dora Sanches e a dupla sertaneja Cesar Menotti & Fabiano. Uma canção sobre seguir adiante, e que faz parte de um disco que ele próprio define como “uma expedição a si mesmo”.
FUNERAL MACACO, “CANICULE”. Presença marcante no lineup de festivais como o Rockarioca, aqui no Rio, o Funeral Macaco provoca com sua mistura de sustos pós-punk e pulsos afro-brasileiros. Em março, lançaram o EP Idade do pássaro, onde se destacam vinhetas climáticas e faixas que perturbam – como Canicule, em que o tom grave e o ritmo psicodélico criam um transe próprio. Lembra, por vezes, os delírios do Black Future.
IGOR DE CARVALHO, “O MELHOR LUGAR DA PRAIA”. No novo álbum do pernambucano Igor de Carvalho, também chamado O melhor lugar da praia, o clima é de superação com sol no rosto e fones nos ouvidos. “Músicas que ajudem as pessoas a atravessar crises e celebrar a vida”, diz ele. E entrega: há rock, brasilidade e essa energia que parece feita sob medida pra fone de ouvido e tarde dourada. A faixa-título, com sua pegada de surf rock, é puro astral.
Crítica
Ouvimos: Perfume Genius, “Glory”

Na capa de Glory, Mike Hadreas, o criador do Perfume Genius, está numa pose bem difícil de descrever. Na real, parece com aquela gag típica de história em quadrinhos, em que uma pessoa simplesmente desmaia de tão assustada com o que acabou de ouvir. Mas pela imagem, dá para sentir que o mundo lá fora (a janela está ali como pista) guarda sustos, medos, desmaios – ou uma vontade súbita de paralisar diante do tamanho do desafio.
Sem bancar o psicólogo de botequim, vale dizer que Mike tem contado por aí que Glory, sétimo álbum do Perfume Genius, nasceu no rastro da pandemia. É um disco em que ele revisita as depressões do período e os medos que floresceram depois. Ao site Stereogum, por exemplo, confessou que passou a ter medo de avião – e ganhou uma nova consciência sobre sua própria fragilidade. Tudo a ver com essa sensação de que o mundo externo pode ser um susto constante. Essa ideia ecoa em várias faixas do álbum, como It’s a mirror e Clean heart – a primeira, um folk com beats experimentais, cordas e ruídos; a segunda, um rock de estrutura folk, clima rarefeito e gravação que valoriza o espaço e a ambiência.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
Mais do que nas letras, é na sonoridade e no tratamento de mixagem que Glory traz essa sensação de isolamento e a tentativa de reunir coragem para enfrentar o que vem de fora. Em Front teeth, com Aldous Harding, um country blues vai ganhando peso e intensidade de forma repentina. Left for tomorrow, segundo Mike, fala sobre a perda de pessoas queridas – num folk espacial e estradeiro, em que teclados, distorções e uma bateria “lá longe” criam um cenário meio selvagem. Já Capezio tem ares noturnos e misteriosos, um folk que remete ao lado mais tranquilo de Captain Beefheart, com vocais trêmulos que lembram In another land, dos Rolling Stones.
Mas Glory também tem luz – e até política. A felicidade aparece logo em Me & angel, homenagem a seu companheiro Alan Wyffels, em um clima que mistura Elton John e o lado bittersweet dos anos 70. Full on, que poderia ter saído da mente de Kate Bush ou Judee Sill, ironiza a masculinidade observando um jogador de beisebol caindo no chão e chorando. A faixa-título é quase uma meditação: poucos versos, a ideia de uma “glória silenciosa”. E Dion fecha o álbum unindo Beach Boys e Brian Eno num ambiente musicado, etéreo e delicado. Glory investe nela mesma – na glória. Mas também em delicadeza, coragem e magia musical.
Nota: 8,5
Gravadora: Matador Records
Lançamento: 28 de março de 2025.
Crítica
Ouvimos: Mumford & Sons, “Rushmere”

O novo disco do Mumford & Sons funciona. Enfim, é aquele tipo de disco no qual vai ser difícil você ver algo de diferente, porque Marcus Mumford e seus amigos têm uma fórmula, que é seguida quase à risca – rendendo bons momentos e outros nem tanto. No caso de Rushmere, as canções são, hum, boas – mas ao final da audição, fica uma sensação de não haver nada de novo. E até para fazer “o de sempre”, você tem que dar a impressão de que o/a ouvinte vai encontrar novidades.
A Clash Magazine falou extremamente bem de Rushmere e disse que o novo álbum do Mumford & Sons é como “estar envolvido em um abraço caloroso, possivelmente depois de um dia particularmente difícil”. Faz sentido, e parece ser a intenção de faixas como Malibu, um country estradeiro, com andamento orquestral no final, e o country rock doce romântico de Caroline, que deixa entrever mais que apenas uma influência de Fleetwood Mac e cita deslavadamente o hit You can go your own way, só que em outro contexto. “Caroline / você pode seguir seu próprio caminho / mas meu rosto irá segui-la e preencher seus sonhos”. Carry on, no final, é uma baladinha clichê – mas clichês são usados justamente porque dão certo.
É por aí que Rushmere segue, aproximando o country do pop na faixa-título; e do jazz e do bitterseet setentista em Whete it belongs – e também fazendo a melhor imitação possível de Simon & Garfunkel na violada de Monochrome. A segunda porção do disco é recomendada para quem curte canções quase despedaçadas – em Anchor, por exemplo, o violão fica quase inaudível, com voz à frente. Surrender, que vem depois, não é tão diferente disso.
Marcus Mumford aposta em sua música, aparentemente, como um veículo de identificação com os/as ouvintes, e esse talvez seja o grande trunfo do Mumford & Sons – criar canções para embalar momentos, para falar verdades, e para ouvir lembrando de alguma coisa, ou de alguém. De excepcional, e valendo a pena escutar várias vezes, tem Truth, que soa como um country funk na onda de bandas como Jefferson Airplane, ainda que bem mais pop. Até mesmo as guitarras seguem essa onda. Ponha essa faixa na sua playlist correndo, mas ainda que Mumford & Sons mirem a beleza das composições como um gol, falta a boa e velha estranhice musical a Rushmere.
Nota: 7
Gravadora: Island/Glassnote
Lançamento: 28 de março de 2025.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
-
Cultura Pop4 anos ago
Lendas urbanas históricas 8: Setealém
-
Cultura Pop4 anos ago
Lendas urbanas históricas 2: Teletubbies
-
Notícias7 anos ago
Saiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
-
Cinema7 anos ago
Will Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
-
Videos7 anos ago
Um médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
-
Cultura Pop8 anos ago
Barra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
-
Cultura Pop6 anos ago
Aquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
-
Cultura Pop7 anos ago
Fórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?