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Cultura Pop

A questão existencial de todo final de década: afinal, décadas acabam no ano 9 ou ano 0?

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A questão existencial de todo final de década: afinal, décadas acabam no ano 9 ou ano 0?

Em 2009, durante a primeira leva de listas de “Melhores da Década” da nova era das redes sociais, discussões acaloradas pipocaram no Orkut (RIP) sobre a época certa para a publicação dessas listas — a década, afinal, acabaria em 2009 ou em 2010? As principais revistas e sites de cultura pop do planeta publicaram suas listas considerando a década de 2000 a 2009; outros blogs isolados consideraram de 2001 a 2010; já a Folha de S. Paulo optou por inovar no assunto “décadas”, decretando que a década teria durado 11 anos, de 2000 a 2010.

Dez anos depois voltamos à mesma pauta: a década de 10 acaba agora em dezembro de 2019, ou só daqui a um ano, em dezembro de 2020? Faz sentido publicar agora as listas de Melhores da Década, ou devemos esperar mais um ano?

2010–2019?

Os que defendem que a década acaba agora em 2019 se baseiam na convenção cultural de que a década inclui os anos que levam a própria década no nome — os anos 60 vão de 1960 a 1969, os anos 80 de 1980 a 1989 etc. É a lógica que os principais veículos culturais pelo mundo adotam, os quais inclusive já estão publicando suas listas de Melhores da Década. Essas listas consideram os discos, filmes e séries lançados de janeiro de 2010 a dezembro (na verdade novembro, bando de fominhas) de 2019.

Ou 2011–2020?

Já os que defendem que a década só acaba em dezembro de 2020 se baseiam no fato de não ter existido o ano 0, puxando pela memória a regrinha que aprendemos na escola para calcular séculos — pega-se o ano (ex: 1985), tiram-se os dois últimos dígitos (19xx ) e soma-se +1 (19+1 = século XX). A não ser que o ano acabe em 00 — o ano de 2000 por exemplo não se soma 1, ainda é século XX. Essa exceção do 00 é o ajuste necessário por conta da inexistência do ano 0 e a contagem de anos se iniciar no ano 1. Ou seja, para os anos 00 precisamos sempre acochambrar a conta. Daí que, ora, se o século começou em 2001, logicamente a década também começou em 2001, portanto a década de 20 só começa em 2021.

Sim, só que não

De fato, não existiu ano 0. De fato o cálculo de séculos parte do princípio de não ter existido ano 0 para se calcular o atual. Essa regra vale perfeitamente para séculos porque contamos séculos de forma sequencial — estamos no século XXI porque este é literalmente o vigésimo-primeiro século desde o ano 1.

Mas essa regra não vale para décadas. Por uma questão simples — não se conta décadas de forma sequencial começando pelo ano 1.

Os Grandes Hits dos 202’s

Se contássemos décadas de forma sequencial, consideraríamos, por exemplo, que 1985 seria parte da década 199 (faça a conta — 1985, tire um dígito, some 1, 198+1 = 199). 1990 seria no final da década 199 (0 no final não soma 1), e 1991 marcaria o início da década 200. 2019, então, seria parte da década 202, que duraria até 2020, quando em 2021 começaríamos a década 203.

Só que ninguém diz “década 202”. Não contamos década dessa forma sequencial. Décadas são só uma convenção cultural de um período de dez anos — quaisquer dez anos — , não uma contagem sequencial. Chamamos “década de 80”, “anos 90” ou “década de 10” para os anos que literalmente têm 80, 90 ou 10 no próprio nome.

Adeus Década Velha

A década de 10 (ou “anos 10”) se encerra, portanto, em dezembro de 2019, e a década de 20 (ou “anos 20”) se inicia em janeiro de 2020. Listas de Melhores Discos, Músicas, Filmes, Séries, Livros ou Podcasts da Década, podem publicar que a hora é agora.

E até 2029!

Publicado originalmente no Medium

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Elson é criador da contra.fm, plataforma onde produz e apresenta os programas Noisenik, T20 e Discografando. Também é criador do selo Sinewave, colaborador do projeto #listadaslistas, produtor do podcast O Resto é Ruído, colaborador de diversos sites de música, e baixista da banda Herod.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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