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Cultura Pop

Quando Bill Nelson, do Be Bop DeLuxe, virou new vave

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Quando Bill Nelson, do Be Bop DeLuxe, virou new vave

Pega aí a sua próxima grande descoberta no setor de discos desconhecidos da new wave e do pós-punk: Sound on sound (1979), o único álbum do Red Noise, banda que o guitarrista Bill Nelson montou assim que deu por encerradas as atividades de seu grupo Be Bop DeLuxe.

Quando Bill Nelson, do Be Bop DeLuxe, virou new vave

O álbum ficou tão famoso nos circuitos descolados que em 1985 surgiu até uma revista de música e tecnologia chamada Sound on sound. – que existe até hoje, por sinal. Anos depois, a revista chegou a colaborar com projetos musicais de Nelson, dando apoio logístico e suporte financeiro.

Se você só tiver tempo de ouvir uma música do disco, pega For young moderns.

Criador compulsivo, do tipo que compõe e grava todos os dias, Bill passou por histórias bastante bizarras com seu primeiro projeto bem sucedido, o Be Bop de Luxe. A banda, que tangenciava o progressivo e o glam rock, rendeu a ele discos clássicos, grandes hits, culto mundial (no Brasil, não fizeram sucesso, mas tem vários fãs resistentes) e pouca grana, já que empresários e gravadoras sacanearam Bill por vários anos – você já leu sobre isso no POP FANTASMA.

Se você só tiver tempo de escutar uma música do Be Bop DeLuxe, pega aí a banda apresentando a belíssima Maid in heaven no programa Old grey whistle test, em 1975. Nelson é o da guitarra e dos vocais.

O som meio new wave, meio eletrônico que Bill fez em Sound on sound não surgiu do nada. O Be Bop DeLuxe, sob o comando dele – e com formação variável – já vinha se aproximando do synthpop fazia algum tempo. O grupo lançou um disco puramente de art rock em 1976, Modern music, com uma espécie de mini-ópera no lado B – à moda do lado B de Abbey road, dos Beatles, por sinal. Já em 1978, surpreenderam fãs com Drastic plastic, um álbum que se aproximava do synthpop.

Em 1978, Bill deixou o nome Be Bop DeLuxe de lado. Da última formação, manteve só Andy Clark (teclados) do seu lado, e convidou seu irmão Ian Nelson (sax), Rick Ford (baixo) e Dave Mattacks (bateria, depois substituído por Steve Peer). Formou o Red Noise, que acabou contratado pela mesma gravadora do Be Bop, a Harvest – sob a condição que o grupo se chamasse Bill Nelson’s Red Noise. Boa parte do material de Sound on sound tinha sido composto para um eventual disco novo do Be Bop DeLuxe, que acabou não sendo gravado.

As reações a Sound on sound foram ruins. Fãs da antiga não curtiram o disco, DJs que estavam acostumados com o glam rock do Be Bop (e já tinham estranhado Drastic plastic) deixaram o LP de lado. Para divulgar o disco, Nelson e sua banda iniciaram uma turnê pela Inglaterra em que não tocaram nada do Be Bop DeLuxe. Com o flop e a pouca compreensão do álbum, a Harvest desistiu da banda e engavetou o que seria o segundo disco do Red Noise, Quit dreaming and get on the beam, mais voltado para uma mescla de new wave e ambient music.

Nelson e seu empresário conseguiram comprar três faixas do material que o músico tinha deixado gravado, Do you dream in colour, Mister Magnetism himself e Atom man loves radium girl. Bill lançou o material por seu próprio selo, Cocteau, conseguiu encaixar as músicas nas programações das rádios e chamou a atenção da Mercury, que topou negociar e lançar Quit dreaming, já como um disco solo de Nelson.

Se você só tem tempo de ouvir uma música do disco, pega aí Do you dream in colour?, que ganhou até um clipe malucão de terror.

Outra invenção de Bill nessa época foi a turnê Invisibility exhibition, calcada em ambient music feita no palco, com o guitarrista e o irmão Ian tocando em cima de bases pré-gravadas, tendo vídeos como acompanhamento. O material desse show apareceria no disco Chamber of dreams, de 1985. Alguém juntou imagens de uma das apresentações, além de uns trechinhos da música, e fez um vídeo.

Nelson nunca mais reutilizou os nomes Be Bop DeLuxe e Red Noise. Em compensação, embicou numa longa carreira de LPs solo e projetos paralelos, numa onda que confunde os biógrafos mais atentos. Produziu discos para um número enorme de artistas – entre eles a Yellow Magic Orchestra, grupo japonês de música eletrônica que o inspirou muito para a elaboração do EP Chimera, de 1983. Foi seu último disco para a Mercury Records.

Hoje ele continua produzindo e gravando compulsivamente. Só no ano passado foram cinco discos – um deles o triplo Auditoria, lançado em comemoração aos seus 70 anos. Recentemente saiu uma edição de luxo de um dos discos do Be Bop DeLuxe, Sunburst finish (1976). Bill e John Leckie, produtor do Be Bop, gravaram depoimentos para o canal do selo Cherry Red, que promoveu o relançamento. Olha aí.

Via Archive.org

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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