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Wilco: single novo e disco produzido por Cate Le Bon

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Wilco: single novo e disco produzido por Cate Le Bon

Líder do Wilco, Jeff Tweedy é um cara produtivo: escreve livros, grava com sua banda e com sua carreira solo (e mantém turnês com as duas), produz uma newsletter. Tem novo álbum do grupo vindo aí, e não faz nem tanto tempo assim que saiu Cruel country, o mais recente deles (que já era um disco duplo). Cousin, o próximo álbum do Wilco, está sendo aguardado para o dia 29 de setembro, e traz uma novidade: mais acostumados a trabalhar sozinhos ou com gente muito próxima, os integrantes da banda estão fazendo o álbum com Cate Le Bon na produção.

A cantora, compositora e produtora galesa já foi dica do nosso podcast (no episódio sobre a quase xará Kate Bush), tem uma carreira discográfica bem bacana (com discos como os recentes Pompeii e Reward) e trabalhou, produzindo ou dividindo trabalhos, com uma turma que inclui John Cale, John Grant, Deerhunter, Devendra Banhart e muitos outros. O site Brooklyn Vegan adianta que Cate fez a banda ousar bastante, o que inclui o uso de sintetizadores e baterias eletrônicas. “Eles podem ser o que quiserem. São muito mercuriais e há esse fio de autenticidade que flui por tudo o que fazem, seja qual for o gênero, seja qual for a sensação do disco. Não há muitas bandas que são capazes de, tão profundamente em uma carreira de sucesso, mudar tudo também com sucesso”, afirma ela.

Jeff Tweedy dá um explicação bem sui generis para o nome do disco. “Sou primo (cousin) do mundo. Não sinto que sou um parente de sangue, mas talvez seja um primo por casamento”, conta. Evicted, o primeiro single, já saiu. “Acho que estava tentando escrever do ponto de vista de alguém que lutava para defender a si mesmo diante das evidências esmagadoras de que essa pessoa merece ser posta fora do coração de alguém. As feridas autoinfligidas ainda doem e, na minha experiência, é quase impossível recuperá-las totalmente”, disse. A letra tem versos como “nunca mais vou ver você de novo/estou despejado/e mereço isso” – mas a melodia é bem alegre e ensolarada, vale dizer.

Abaixo você confere a capa e a tracklist do disco. E Evicted.

Wilco: single novo e disco produzido por Cate Le Bon

01. Infinite surprise
02. Ten dead
03. Levee
04. Evicted
05. Sunlight ends
06. A bowl and a pudding
07. Cousin
08. Pittsburgh
09. Soldier child
10. Meant to be

Foto: Peter Corsby/Divulgação

Crítica

Ouvimos: Brian D’Addario, “Till the morning”

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Ouvimos: Brian D’Addario, “Till the morning”

Não, a parceria dos irmãos Michael e Brian D’Addario (os Lemon Twigs) não chegou ao fim. Till the morning, primeiro disco solo de Brian, é quase um disco dos Lemon Twigs liderado por um dos dois. Michael D’Addario co-produziu o disco, fez algumas harmonias vocais, co-escreveu duas músicas e Till the morning sai pela Headstack Records, selo dos brothers – cujo logotipo é justamente uma caricatura deles.

Aliás, Brian não aproveitou o disco solo para fugir do som que faz com sua banda. Pelo contrário: o álbum é uma extensão da discografia dos Lemon Twigs, mas com outros colaboradores. Um deles é Stephen Kalinich, poeta norte-americano que escreveu músicas com Brian e Dennis Wilson (Beach Boys) e chegou a gravar em 1969 um disco, A world of peace must come, que deveria ter saído pelo selo dos BB, Brother Records (foi engavetado e saiu só em 2008). Daryl Johns colabora em This summer, produzindo e tocando bateria – por acaso essa música representa uma mudança de astral no disco, dando um clima pouca coisa mais pesado a um álbum que é pura introspecção setentista.

Quem acompanha os Lemon Twigs desde a arrojada estreia Do Hollywood (2016) sabe que coisas foram acontecendo ao grupo de lá para cá. Songs for the general public (2020), terceiro disco e último pela 4AD, foi fundamental para marcar os Twigs como uma banda de rádio AM dos anos 1970, com Michael e Brian soando como se fossem aqueles artistas que pegaram o bastão de Beatles e Crosby, Stills, Nash & Young para fazer um som entristecido, romântico, radiofônico ààààà beça e influenciado por soul e country.

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Essa galera aparecia muito nas trilhas sonoras internacionais de novelas da época, vendia compactos a rodo, fazia a trilha sonora de muitos chás-de-cadeira na hora da “lentinha”, e era fagocitada, aqui no Brasil, pela rapaziada verde-e-amarela que cantava em inglês (Christian, Fábio “Mark Davis” Jr, Light Reflections, etc). Não falta gente para chamar, carinhosamente, esse tipo de som de “mela-cueca” – o DJ Zé Pedro lançou recentemente um livro sobre o assunto, aliás. No caso dos Lemon Twigs, dá para sacar referências de Radiohead, Rolling Stones, James Taylor, Jim Croce, Beatles (muito), Todd Rundgren (mais ainda), Beach Boys (ô), mas em resumo, é isso aí.

Problema: de lá para cá, uma certa esquisitice bacana que havia no som dos Lemon Twigs foi sendo deixada delicadamente de lado – e olha que estamos falando de uma banda cujo segundo disco, Go to school (2018), era uma ópera-rock sobre um chimpanzé criado como um garoto. Till the morning é um disco excelente e muito bem composto e arranjado, uma espécie de mela-cueca bedroom de respeito, mas cumprimos o dever de avisar que o som é esse aí mesmo, na maior parte do tempo.

A faixa-título chega a parecer uma canção tradicional arranjada por Brian. Faixas como Song of everyone e What you are is beautiful (uma das parecias com Stephen) têm ar seresteiro e romântico. Um pouco do começo dos Lemon Twigs surge em Useless tears, chamber pop que parece uma composição de Bach, com violão soando como cravo, cordas criativas e intensas, e vocais lembrando Queen. Já faixas como Spirit without a home, Company, Nothing on my mind e Only to ease my mind devem muito a Paul McCartney e à primeira fase dos Bee Gees, enquanto Flash in the pan remete a Creedence Clearwater Revival e America. Dividindo vocais, Michael e Brian soam às vezes como Crosby & Nash, às vezes como Everly Brothers.

Nas letras, Brian combina conversas bastante profundas e sociais (Useless tears fala de abusos cometidos a pessoas inocentes) com papos que, justamente, poderiam rolar numa canção bem cabisbaixa dos 70’s. Company, por exemplo, fala tristemente sobre oportunidades de amor perdidas, enquanto This summer e Spirit without a home lidam com (respectivamente) angústias existenciais e entes queridos que partiram. No fim, em meio a algoritmos e carreiras de IA, é um dos novos românticos do rock expondo suas dores pessoais.

Nota: 8
Gravadora: Headstack Records
Lançamento: 20 de março de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Far From Alaska, “3”

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Ouvimos: Far From Alaska, “3”

O Far From Alaska acaba de lançar seu mais novo disco, 3, e quase imediatamente, anunciou uma pausa, que vai rolar após mais um punhado de shows e a gravação de um DVD acústico, dia 8 de abril. Há datas ainda sendo vendidas e a banda – que está chamando o momento antes do hiato de Tour pause – quer fazer mais shows até o começo de abril. Enfim, mais shows no período de duas semanas ou pouco mais que isso.

Muita coisa pode explicar essa pausa e uma delas é o fato do FFA ter duas integrantes – Emmily Barreto (voz) e Cris Botarelli (lapsteel guitar, synth e baixo) – também presentes na formação atual do Ego Kill Talent, banda que costumeiramente é lembrada para abrir shows e tours de grupos internacionais no Brasil. Cris e o guitarrista Rafael Brasil também estão na formação do supergrupo Swave, que acaba de lançar o primeiro disco.

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3, de qualquer jeito, representa uma mudança verdadeira para o grupo – e mesmo que a banda dê um tempo, é importante que haja um registro audiovisual, como o que está sendo planejado. O Far From Alaska volta na onda eletrorock dos outros dois discos, ameaçando algumas vezes embicar no nu-metal (como em Future, Trouble e Go ahead), ou chegando perto de evocar Ministry e Prodigy (a boa Txananam, que abre o disco). Só que Emmily, Cris e Rafael surfam também uma forte onda hyperpop em todo o álbum, começando com Cuz you, cujo refrão consegue até guardar semelhanças com a mescla pop-country feita por artistas como Beyoncé e Kylie Minogue.

O mesmo enrosco pop acontece no r&b rock de Meltdown e AUUU, e também na vibe pós-disco de Good part, cujos vocais remetem ao pop dos anos 1990 e cuja batida vai se aproximando levemente da house music. A curiosidade é o raggamuffin pesado de Secret, que tem participação de Pato Banton (sim, o próprio), e que evoca Sade Adu, graças aos vocais de Emmily.

O Far From Alaska também se arrisca num trap rock com guitarras pesadas e participação de Lenine, Olha, e num forró pesado chamado Hardxote (!), com vocais em meio a pancadas de bateria e triângulo, e algo que remete a Give it away, dos Red Hot Chili Peppers. Uma faceta cheia de brasilidade, e que ainda precisa ser melhor desenvolvida em outras composições, mas que areja o som do grupo. No final, a ótima The sun combina batidão industrial com guitarras, e vem com certa cara de hino roqueiro de FM. Um momento bacana pro FFA, antes da tal pausa.

Nota: 8,5
Gravadora: Marã Música
Lançamento: 14 de março de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Courting, “Lust for life”

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Ouvimos: Courting, “Lust for life”

Não cabia na home do Pop Fantasma, mas o nome completo do terceiro álbum desse grupo de Liverpool é Lust for life or: How to thread the needle and come out the other side to tell the story. (“Desejo de viver ou: Como passar pelo fio da agulha e sair do outro lado para contar a história”). Dono de uma discografia pequena, mas já cheia de peculiaridades, o Courting volta com um disco que tem ar de mixtape: oito faxas, 25 minutos, experimentações sonoras arriscadas e união de eletrônica com rock.

É nessa onda de “experimentações sonoras arriscadas” e “união de eletrônica com rock”, aliás, que o Courting quase mata seu terceiro disco. Se você esperar curtir outras canções com clima igual aos singles (Namcy, Pause at you e After you), encontra logo na abertura a vinheta Roolback intro, um misto de som barulhento com loop de violino fiddler, que dura 48 segundos. E serve de introdução para Stealth roolback, uma espécie de krautrock meio torto – na real, um rock eletrônico e gritado, que poderia ter o mesmo uso que o grunge descerebrado Tourette’s teve no álbum In utero, do Nirvana (1993), mas aqui é o começo de um álbum.

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Bom, o Courting não está na era do CD (em que discos de 70 minutos com vinhetas-besteirol eram padrão), Lust for life é bem curto, e custa consideráveis minutos para que chegue o single Pause at you – pós-punk percussivo, intenso, parecendo um encontro da Gang of Four com o Kaiser Chiefs, e que não consegue nem ser atrapalhado por um uso meio desnecessário de voz com autotune.

Namcy é um rock cheio de atitude, o encontro perfeito entre The Killers e The Cure. Eleven sent (This time) traz o grupo atualizando o britpop noventista, em linhas vocais e versos. Vale dizer que o Courting entrega punk rock de qualidade em After you e Likely place for them to be – esta última, com riff intermitente, e um clima que soa como a boa e velha no-wave transformada em algo mais palatável, igual ao que uma turma enorme anda fazendo com o shoegaze hoje em dia. Aí vale o tempo dedicado a ouvir o disco, como rola também com o quilométrico conto pós-punk de Lust for life, faixa dividida em três partes, soando como as maluquices do Ultravox nos primeiros três álbuns.

Se o Courting não existisse, faria falta – mas sei lá quem convenceu o grupo a fazer de Lust for life um LP para quem não gosta do formato álbum.

Nota: 6,5
Gravadora: Lower Third/PIAS
Lançamento: 14 de março de 2025.

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