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Lançamentos

Urgente!: Tim Bernardes no samba, Car Seat Headrest no pós-punk, Stereolab no relax

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Urgente!: Tim Bernardes no samba, Car Seat Headrest no pós-punk, Stereolab no relax

Invadindo a área do Radar (seção onde a gente anuncia singles novos, não necessariamente assim que eles são lançados), o Urgente! solta três notinhas sobre sons que chegaram hoje às plataformas, e que merecem MUITO destaque. Ouça no volume máximo, leia no volume máximo e coloque tudo em suas playlists.

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Tim Bernardes resolveu lançar um single duplo quase de surpresa (não foi totalmente de surpresa porque ele chegou a avisar em suas redes sociais e tudo). Prudência e Praga são dois sambas – o segundo em parceria com ninguém menos que Erasmo Carlos – gravados originalmente, e respectivamente, por Maria Bethânia e Alaíde Costa. Só que cada samba no seu quadrado: Prudência tem inspiração no romantismo derramado de Lupicínio Rodrigues, Praga é herdeira do sangue nos olhos de Nelson Cavaquinho.

Prudência é essa batalha interna entre o lado passional e o lado controlador na cabeça do ex-boêmio romântico”, diz Tim. Já Praga, feita por ele e Erasmo como “uma canção venenosa de cabaré samba canção”, é porradaria na pequena área. “Quis produzir uma gravação meio samba de terror, porque se não fosse rock n roll não teria muita graça pra mim. Fui lá no Bielzinho (referência a Biel Basile, baterista do O Terno, banda na qual Tim surgiu) e gravamos esse refrão que explode com as percussões e o coro das amigas Tulipa Ruiz, Maria Beraldo e Luiza Lian”, afirma.

Ah sim: se você achou que a capa do single é parecida com as antigas imagens dos programas musicais da TV Cultura e da TV E (Rio), acertou em cheio. O clipe de Prudência reproduz direitinho a vibe dos programas dirigidos pelo saudoso Fernando Faro (MPB Especial, Ensaio) e o lay out do compactinho – que vai sair em vinil – vai pelo mesmo caminho.

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Nesta sexta (2), o mundo vai finalmente conhecer The scholars, a ópera-rock espiritualista do Car Seat Headrest. O último single do disco, The catastrophe (Good luck with that, man) saiu nesta terça (29) e é tão épico quanto os dois outros compactinhos que anunciaram o álbum (Gethsmane, de 11 minutos, e CCF, de oito).

Só que, dessa vez, a música nova: 1) é pouca coisa menor que os outros dois singles, tem apenas 5 minutos e pouco; 2) a letra fala em tom nonsense sobre o dia a dia em meio a turnês e shows; 3) a vibe da música é mais pro pós-punk do que a zoeira prog de Gethsemane, por exemplo. Há quem zoe que, com esses três singles, o Car Seat, se bobear, mostrou todo o conteúdo de The scholars ao público – afinal, com esses três lançamentos já brotaram 25 minutos do álbum (na verdade o disco tem mais seis faixas).

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Você já deve saber, mas não custa lembrar que o indie pop elegantérrimo do Stereolab está de volta na praça. O grupo francês lança no dia 23 de maio seu primeiro álbum em 15 anos, Instant holograms on metal film. O novo single do disco, Melodie is a wound, é para quem gosta de viajar sem sair do lugar: sete minutos e meio de um casamento dançante e espacial entre rock 60’s, jazz e psicodelia pop. E no dia 9 de novembro tem show deles em São Paulo, no Balaclava Fest.

Crítica

Ouvimos: Mark Pritchard & Thom Yorke, “Tall tales”

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Ouvimos: Mark Pritchard & Thom Yorke, "Tall tales"

DJ e produtor, o britânico Mark Pritchard é uma companhia perfeita para Thom Yorke mergulhar em experimentações. Além da experiência de ambos em criar atmosferas sonoras densas e sensoriais, há um espírito comum: o gosto por projetos paralelos. Pritchard coleciona codinomes e colaborações; Yorke, por sua vez, é o tipo de artista que raramente se acomoda.

Tall tales, projeto que une música e filme, nasceu de um encontro entre os dois em 2011, quando Pritchard remixou faixas do Radiohead, e começou a tomar forma em 2020, em plena pandemia. Foi justamente o isolamento que impulsionou a colaboração: Thom, entediado em casa, pediu que Mark lhe enviasse ideias para trabalhar. O que se seguiu foram cinco anos de trocas virtuais — mensagens, conversas no Zoom — sem um único encontro presencial.

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A proposta era buscar sons não convencionais. Mark cavou fundo em synths fora de linha e softwares obscuros, enquanto Thom deixou de lado guitarras e investiu em sintetizadores e distorções vocais. O resultado? Um disco sem calor, nascido da distância e da incerteza — e que reflete exatamente isso. E não entenda o “sem calor” como depreciativo: o gelo faz parte da aventura.

Mesmo para os padrões já estranhos de Yorke, Tall Tales soa dissonante, tenso e desolador. A fake in faker’s world e Ice shelf, que abrem o disco, sugerem que estamos sempre à beira de um abismo — a segunda amplifica essa sensação com uma sirene circular e hipnótica. Bugging out again até soa etérea, quase sonhadora, mas só depois de atravessarmos um corredor de vocais distorcidos e espectrais.

Do início ao fim, Tall Tales é um álbum gelado. Suas letras lembram fábulas, e suas faixas se alinham ao modelo de “não-canção” explorado pelo Radiohead em Kid A. Back in the game e Gangsters poderiam muito bem estar em trilhas de videogame — assim como a batida seca e minimalista de This conversation is missing your voice evoca o som vintage de um Tele-Jogo (lembra disso?). The white cliffs traz um blues ambient repleto de sintetizadores, com clima espectral e distante, quase como uma miragem — uma imagem potente para um mundo confuso como o de 2020. Já a faixa-título sintetiza o mundo como um deserto, em clima sombrio.

Entre tantas abstrações, The man who dances in stag’s head se destaca por lembrar uma canção de verdade — ainda que no sentido mais torto do termo. É uma balada que remete a Lou Reed, com pandeirola, vocais quase falados e atmosfera desolada que remete a Here she comes now, do Velvet Underground. Já a faixa final, Wandering genie, mistura vocais sobrepostos, cordas e sintetizadores até virar puro vento — como se tudo fosse varrido por uma força invisível.

No fim das contas, é art rock — mas bem mais art do que rock puro, como boa parte da trajetória do Radiohead.

Nota: 9
Gravadora: Warp
Lançamento: 9 de maio de 2025

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Crítica

Ouvimos: Shn Shn, “Serpent’s skin”

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Ouvimos: Shn Shn, “Serpent’s skin”

Vinda do Canadá, a musicista, compositora e cantora Shn Shn (nome verdadeiro: Shanika Lewis-Waddell) se dedica a um experimentalismo eletrônico que lembra bastante a vibe dos anos 1980 – e daquele som que costumava ser chamado de new age. A música de seu primeiro álbum, Serpent’s skin, é um ambient relaxante, que se cruza com vários estilos, e que alterna silêncios e sons em poucos segundos. Outerlands une esse design sonoro com reggae, Divergent paths é um soul eletrônico que lembra um tema de filme (com direito a conversas ao fundo) e Home is another place cria um ambiente relaxante e caseiro, com teclados, cordas e poucas notas.

O som esparso do disco traz outras coisas na receita. Há um toque forte de jazz e afrobeats distribuídos pela sonoridade de Serpent’s skin. Um som que lembra uma steel drum coadjuva a visonária Glimmer, batidas afro criadas por baixo, teclados e cordas criam New horizons e um concretismo musical cavernoso dá as caras em Tender bodies. Anomalies e Blip in the… são temas de piano, marcados por ruídos de fundo, barulhos marítimos e por uma microfonação que revela o ruído do banquinho usado por Shn Shn. Já Flow é um ambient “voador” e percussivo. Um disco que convida à escuta atenta, e que revela novas camadas a cada audição.

Nota: 8
Gravadora: Stadik Records
Lançamento: 28 de março de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Big|Brave, “OST”

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Ouvimos: Big|Brave, "OST"

O som do grupo canadense de metal experimental Big|Brave já está bem longe de ser um dos mais acessíveis do mundo – sonoridades como rock industrial e shoegaze são pouca areia na hora de definir a banda. Mas dessa vez o grupo foi longe demais: OST (original soundtrack, “trilha sonora original”) é uma “trilha sonora” feita sem que haja um filme para o qual ela tenha sido composta – e a banda entrou em estúdio sem ter nenhuma composição pronta, só com a disposição para improvisar em cima do que aparecesse.

Esse clima de Araçá azul do demo perpassa todas as oito faixas do disco – todas chamadas Innominate, variando apenas o número delas (de I a VIII). Quem quer conferir sons aterrorizantes, pode pular para a Innominate nº II, com notas sombrias de piano, ruídos de estática e um zumbido que parece alguém bem de longe querendo dizer algo. O disco abre com ruídos que vêm de longe (na Innominate nº I), segue com tremeliçações sonoras (na III) e com algo que se assemelha a barulho de metal vibrando (na IV) – praticamente uma enciclopédia experimenta musical, que soa mais como os ruídos de fundo de um filme do que com a música usada para um galã beijar a gatinha, ou a câmera mostrar um cenário infinito.

Se você não estiver com a menor vontade de se irritar, recomendamos pular a Innominate nº V – os barulhos soam tanto como um inseto voando, que chega a dar vontade de pegar um jornal para matar o bicho. A Innominate nº VII volta vagamente para o clima de terror da segunda faixa, com gritos que parecem vir de uma comemoração, mas ganham logo um tom de horror – em meio a sons que lembram um berimbau sendo tocado e tratado eletronicamente. Ousadia musical para poucos, e poucas.

Nota: 7,5
Gravadora: Thrill Jockey Records
Lançamento: 25 de abril de 2025

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