Lançamentos
Stevie Nicks vai ganhar caixa com todos os seus discos, pela Rhino

Deve ser (como já tem gente apontando) por causa da série Daisy Jones & The Six, homenagem rasgada à história do Fleetwood Mac e em especial de Stevie Nicks. Mas tá aí uma surpresa (excelente, diga-se de passagem): a Rhino lança em 28 de julho Complete studio albums & rarities, caixa reunindo praticamente toda a produção solo de Stevie.
A caixa tem o best seller Bella Donna (1981) e o subsequente The wild heart (1983), nas versões remasterizadas de luxo lançadas em 2016. E inclui também novas versões remasterizadas de Rock a little (1985), The other side of the mirror (1989), Street angel (1994) e Trouble in Shangri-La (2001). In your dreams (2011) e 24 Karat Gold – Songs from the vault (2014), mais recentes, estão lá também. O conjunto fecha com o duplo Rarities, com 23 lados B, faixas bônus, canções de compilação, material de nove trilhas sonoras diferentes e o recém-lançado cover de Nicks de For what it’s worth, do Buffalo Springfield.
Relembrar o Fleetwood Mac tá longe de ser algo complicado – as canções da banda volta e meia retornam às paradas, ou são relembradas por causa de memes, vídeos, trilhas sonoras, etc. Recordar os hits de Steve Nicks então, é menos complexo ainda: o sucesso solo de Stevie, assim que ela gravou Bella Donna, foi bem intenso e verdadeiro. Tanto que o nome dela, ao contrário dos nomes de seus colegas de banda, funciona até hoje como uma entidade totalmente destacada do grupo.
Em nome dos velhos tempos, ela permaneceu no grupo, gravou com o Mac discos como Mirage (1982) e Tango in the night (1987) em meio à sua carreira solo, mas o clima já era outro. Altos e baixos fizeram parte dessa história: penando com a cocaína, Stevie viciou-se no remédio que tomava para livrar-se do vício, o que abriu buracos em sua memória e prejudicou turnês, como a do disco The other side of the mirror (1989). Excursões e discos mais bem sucedidos, duas induções para o Rock and Roll Hall Of Fame (como integrante de banda e como ato solo), e álbuns repletos de super-músicos também marcaram sua carreira de sucesso.
A caixa sai com 10 CDs, mas haverá uma versão vendida apenas pela loja virtual da Rhino, com 16 LPs feitos em vinil cristalino, limitada a 3 mil cópias. Um detalhe é que não se trata da primeira caixa de Stevie Nicks. Enchanted saiu em 28 de abril de 1998, mas segue aquele esquema de box-set coletânea comum nos anos 1990, fazendo um cozidão de faixas dos álbuns, raridades, lados B, demos e até uma música de sua banda com o ex Lindsey Buckingham, Buckngham-Nicks, Long distance winner.
Já saiu no YouTube um teaser do projeto, o áudio do lado B One more big time rock and roll star. Confira aí.
Crítica
Ouvimos: Babymetal – “Metal forth”

RESENHA: Em Metal forth, o Babymetal mistura peso e pop: nu-metal, j-pop, rap e até soul, provando maturidade após 15 anos de carreira.
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Babymetal é heavy metal para não-metaleiros, você poderia dizer. Nem tanto, né? É um banda que vem da cultura asiática de criação de ídolos, é formada por meninas (que já são mulheres) e gerenciada por uma agência poderosa – a Amuse, que tem até escola de música. Mas dá pra dizer, sem medo de errar, que muita gente foi apresentada ao universo do som pesado por causa delas. Até porque o Babymetal é esperto o suficiente para agregar mumunhas pop, e estilos como r&b e rap, a um universo conhecido pelo radicalismo.
Você piscou o olho e o Babymetal já tem quinze anos, várias turnês e, curiosamente, um número de discos bem pequeno. Metal forth é o quarto álbum e funciona bem para metaleiros de ouvidos abertos e sem preconceitos. Dando um passeio pelas faixas: Ratatata tem ar de j-pop e k-pop, e une som pesado, rap e dance music. Song 3 é uma porrada que une vocais guturais (da parte dos convidados do Slaughter To Prevail) e vozes meio Alvin e os Esquilos. From me to you, na abertura, herda sonoridades do metal alternativo e da música pop – é som rápido, pesado, eletronificado.
Entre as surpresas de Metal forth, tem Sunset kiss, que deixa o Babymetal com uma cara de Spice Girls trabalhadas no couro e no preto. E My kiss, um nu-metal cuja introdução ameça uma chupada em Ratamahatta (hit do Sepultura com participação de Carlinhos Brown). Tom Morello põe energia em Metal!!!, que também traz emanações de Sepultura, mas une som pesado e soul. Já White flame, no final, aponta para vários lados: j-pop, emo, punk… encerrando com um solo de guitarra final que lembra Queen.
Quem ouvir Metal forth de mente aberta, vai descobrir que, com o tempo, o Babymetal foi se tornando um projeto bastante equilibrado – as integrantes cresceram e o mundo ao redor delas mudou bastante.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Capitol
Lançamento: 8 de agosto de 2025
Crítica
Ouvimos: Deb and The Mentals – “Old news” (EP)

RESENHA: Deb and The Mentals volta às raízes em Old news: punk, grunge e new wave com peso, energia e nostalgia.
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Com uma formação nova que traz Fi (NX Zero), na guitarra, Deb and The Mentals decidiu voltar ao começo num EP de nome sintomático, Old news. Deb Babilônia adota novamente as letras em inglês nas cinco faixas do disco – e a banda corresponde com um som voltado para uma confluência entre punk, grunge e new wave. A faixa de abertura Together again une anos 1980 e 1990, soando como Ramones na fase Mondo bizarro (1992). Suck me in, com um pouco mais de peso, tem muito de bandas como Generation X. A noventista To erase vai para a pequena área do punk + metal, com peso e intensidade.
O “lado B” de Old news tem um hardcore rápido, cavalar e acelerado, Burn it down, fechado com microfonias. Tem também a música mais bonita do disco, Runaway, união de punk e rock britânico oitentista, chegando a lembrar Smiths. Dying spark, por sua vez, chama atenção pela boa marcação de baixo e bateria, e pela linha do tempo sonora que vai dos anos 1970 aos 1990.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Algohits
Lançamento: 13 de agosto de 2025
- Ouvimos: Paira – EP01 (EP)
- Ouvimos: A Terra Vai Se Tornar Um Planeta Inabitável – Ident II dades (EP)
- Ouvimos: akaStefani e Elvi – Acabou a humanidade
Crítica
Ouvimos: Klisman – “CHTC”

RESENHA: Em CHTC, Klisman transforma o Centro Histórico de Salvador em rap visceral, misturando trap, afropop e relatos de vida dura.
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CHTC, título do disco de estreia do rapper baiano Klisman, é uma sigla para “Centro Histórico tá como?” – e uma lembrança do coração de Salvador, um conjunto de pontos turísticos que explicam a história da capital baiana (Pelourinho, Elevador Lacerda, Mercado Modelo), além de um entorno de dez bairros. Klisman cresceu por lá e levou tudo para seu som, que une mumunhas do trap, e um certo elemento de perigo vindo do rap, além de erros e acertos pessoais. O som une beats de trap, afropop e vibes latinas.
Klisman fala da vida como ela se apresentou não apenas para ele, mas para vários amigos seus. Reparação histórica entra na mente dos que são tidos como vilões, em versos como “se eu roubo esse gringo é reparação histórica / visão de cria não pega na ótica” e “poucos sabem o dilema que eu vivo / do tipo: como vender drogas e ser um bom filho? / como tirar vidas e criar meu filho?”. Caminho certo cria imagens musicais para retratar um dia a dia que exige posicionamento rápido (“são escolhas que mudam o caminho de casa”), o mesmo rolando na ameaça sonora de 25kg e na sagacidade de Proibido branco. O próximo é rap lento e climático que une ódio e tiração de onda.
Para quem for ouvir CHTC, o conselho é tentar entender tudo como um filme e não sair julgando: Klisman entrega todas as contradições de quem cresceu numa realidade bem distante do que a classe média enxerga como normal – e o normal ali são leis bem estranhas. Em Praia da Preguiça, aberta com sample de violão e flautas, e Pixadão de guerra, sonhos misturam-se com alfinetadas em trappers famosos e realidades de trincheira (“a emoção de ver o alemão sangrar / é a mesma de ver o irmão prosperar”). Ainda sou o mesmo vai para vários lados da violência urbana: “quantas mãe vai ter que chorar? / ele poderia ter um Grammy / mas ele tá na boca portando uma Glock”.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Nadamal
Lançamento: 22 de maio de 2025.
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