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Crítica

Ouvimos: Spock’s Beard – “The archaeoptimist”

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Rock progressivo robusto, com teclados à Deep Purple e clima pesado e viajante, marca The archaeoptimist, da banda Spock’s Beard — seis faixas, longas viagens e energia setentista.

RESENHA: Rock progressivo robusto, com teclados à Deep Purple e clima pesado e viajante, marca The archaeoptimist, da banda Spock’s Beard — seis faixas, longas viagens e energia setentista.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Madfish Music / Snapper Music
Lançamento: 21 de novembro de 2025

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Rock progressivo feito em Los Angeles? A julgar pelas origens do estilo, ele teria mais a ver com a obsessão sinfônica dos músicos britânicos e olhe lá. Bom, o Spock’s Beard foi fundado em LA, existe desde 1992, já teve mudanças consideráveis de formação, e baixas que deixaram os fãs preocupados. Neal Morse, que montou o grupo com o irmão Alan – e era o principal compositor da banda no começo – largou o grupo em 2002 quando se converteu ao cristianismo e iniciou uma carreira solo baseada em rock progressivo, metal e música gospel (por sinal, tendo Mike Portnoy, baterista do Dream Theatre, como parceiro em algumas empreitadas).

Hoje o Spock’s Beard segue com o co-fundador Alan na guitarra, tendo Ted Leonard no vocal (e guitarras e teclados), Ryo Okumoto no teclado, Nick Potters na bateria e Dave Meros no baixo, teclados e vocais. Boa parte do material do décimo quarto álbum de estúdio da banda, The archaeoptimist, é bastante baseado numa mistura de progressivo, sons espaciais, heavy metal e quebração rítmica jazzística, numa onda musical que faz lembrar Yes, Genesis, Emerson, Lake & Palmer. E além deles, faz lembrar bastante a assimilação do rock progressivo pelos músicos norte-americanos (bandas como Kansas, Journey e até o Toto, quando se meteu a fazer prog).

  • Ouvimos: Night Teacher – Year of the snake

Como rola no prog inglês, o som do grupo tem muito teclado (na maioria das vezes sons de moog e órgão “sujo”, no estilo do Deep Purple) e vocais exaustivamente ensaiados, além de experimentações rítmicas que são a cara do Yes de discos como Close to the edge (1972). Mas, principalmente, boa parte da cara própria do Spock’s Beard vem das guitarras e de um clima próximo do metal e do hard rock (e da pauleira 70’s) em vários momentos. Esses mergulhos sonoros entre vários lados diferentes são a principal atração de músicas como Invisible, Aforthoughts e Electric monk, canções até curtas (seis a oito minutos) em se tratando de The archaeoptimist.

Com seis faixas em 61 minutos, o álbum tem também os vinte minutos da faixa-título, repleta de partes nas quais se alternam progressivo, hard rock, som pesado à moda dos anos 1990 (chega a lembrar o Alice In Chains num dos segmentos). Uma música,  por sinal, que fala sobre a vida de uma jovem e seu pai num universo distópico. No final, os dez minutos de Next step, que abre com um piano simultaneamente suingado e erudito, e evocações de Genesis e Kansas.

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Crítica

Ouvimos: Danny Brown – “Stardust”

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Stardust marca Danny Brown sóbrio, mergulhando no hyperpop para criar paisagens sonoras intensas, misturando rap outsider, pós-punk e experimentação.

RESENHA: Stardust marca Danny Brown sóbrio, mergulhando no hyperpop para criar paisagens sonoras intensas, misturando rap outsider, pós-punk e experimentação.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Warp
Lançamento: 7 de novembro de 2025

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Com uma carreira discográfica que surgiu nos anos 2000 (sua primeira mixtape, Hot soup, é de 2008), o rapper norte-americano Danny Brown geralmente é elogiado por sua disposição em inovar – que muitas vezes o coloca numa trincheira mais psicodélica e alternativa do rap, habitada também por Earl Sweatshirt e Tyler The Creator, e que igualmente já teve Kanye West como expoente.

Danny tem um álbum chamado Atrocity exhibition (o terceiro, de 2016), mesmo nome de uma música do Joy Division – e não por acaso, volta e meia detalhes do pós-punk emergem de seu som. Outro detalhe é que muitas vezes seus raps focam mais no lado outsider, da vida no desvio, do que propriamente em gangues, brigas ou pura ostentação. Distopias e papos de ficção científica também volta e meia aparecem nas letras dele – sempre com uma trilha sonora no mesmo clima.

E daí que Stardust, primeiro disco que Danny faz totalmente sóbrio – ele passou por um rehab em 2023 – traz o rapper cada vez mais comprometido com a construção de paisagens musicais, todas filtradas pela variedade do hyperpop. Ao lado dele, artistas de procedência bem curiosa, como o grupo experimental pop Frost Children, o criador de dubstep Underscores, o rapper-folktrônico Quadreca e gente inseparável do estilo hyperpop, como Jane Remover.

  • Ouvimos: Tyler The Creator – Don’t tap the glass
  • Ouvimos: Earl Sweatshirt – Live laugh love
  • Ouvimos: Chiedu Oraka – Undeniable (EP)

Stardust quase sempre é tão dançante quanto Brat, de Charli XCX, mas é mais alternativo ainda, construindo pontes com gospel e soft rock (Book of Daniel, que parece construída em cima de uma música do 14 Bis ou do Roupa Nova), emo (Green light), house music (Flowers, um manifesto sobre o quanto ele se sente marginalizado pelo mercado fonográfico) e algo que parece ter sido construído em cima de um sample antigo de dance music, só que aceleradíssimo (Baby, responsável pelo lado mais romântico e sacaninha do disco).

O hyperpop geralmente é formado por referências quase cara de pau à música do passado – que muitas vezes soam distorcidas e encaixadas à força – e por climas “derretidos” em vocais (com autotune) e teclados. Um daqueles sons que só poderiam ter saído da mente de gente que passa o dia pensando em produções e mixagens. Danny começou a ficar mais próximo do estilo há algum tempo, e em Stardust, o hyperpop e seu primo digicore transformam músicas como Copycats, Whatever, Whatever the case e Starburst em experiências sonoras – com riffs de videogame, batidas quebradiças que lembram mais o pós-hardcore e sons de fita rodando rápido ao contrário como “melodia” para os beats. 1L0v3myL1f3! é quase um electrohardcore rap, com sons que desmancham no ouvido e vibe metálica.

As lembranças das experiências amargas ainda estão muito frescas – surgem em várias letras de Stardust e encerram o disco com a épica e intensa The end (de oito minutos) e All4U, cuja letra é um misto de declaração de amor ao rap e história de redenção após abusos e perdas. No geral, Stardust consegue soar curioso e interessante mesmo nos momentos em que você ouve e tem vontade de falar “oi?”.

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Crítica

Ouvimos: Vanna Blue – “JoyCry” (EP)

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JoyCry, EP de Vanna Blue, mistura dream pop e pós-punk em faixas hipnóticas que alternam luz e sombra, com texturas cintilantes e certa agressividade.

RESENHA: JoyCry, EP de Vanna Blue, mistura dream pop e pós-punk em faixas hipnóticas que alternam luz e sombra, com texturas cintilantes e certa agressividade.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Noon Records
Lançamento: 13 de novembro de 2025

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Com composição de repertório iniciada em 2019 – e com as trevas da pandemia, que rolou em 2020, ajudando a balizar músicas e letras – JoyCry, o EP de estreia da norte-americana Vanna Blue surge marcado pelo encontro entre dream pop e pós-punk. Mas surge também como o resultado do encontro entre alegrias e tristezas diárias, entre memórias ruins e boas, entre realidade e imaginação. Esse clima é absorvido por algumas faixas, como o pop vaporoso de Back and forth, que lembra o começo da fase eletrônica do Tame Impala – lembra também Angra dos Reis, sucesso da Legião Urbana.

  • Ouvimos: Evvvie – How to swallow a lie (EP)

Tudo que surge no disco é filtrado por um clima meio hipnótico, até meio típico do dream pop, mas com uma certa agressividade que vem lá do fundo, como na mescla de The Cure e Cranberries de Pheromones (com guitarra bonita e melódica e vocal cheio de texturas) e FMHU, ou em Black and blue, cujos teclados e guitarras têm vibe mágica. Tides é dream pop com batida meio funkeada, numa estrutura musical que parece voar.

O disco tem também um momento ruidoso em Closer, faixa na qual algo meio sombrio vai surgindo aos poucos. Mas o principal de Vanna Blue e JoyCry é valorizar a cintilação sonora, em todas as faixas.

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Crítica

Ouvimos: Pipa – “Funk é matemática”

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Funk é matemática vê Pipa explorar o funk à distância, misturando ambient, beats experimentais e viagens eletrônicas em movimentos cheios de atmosfera.

RESENHA: Funk é matemática vê Pipa explorar o funk à distância, misturando ambient, beats experimentais e viagens eletrônicas em movimentos cheios de atmosfera.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 1 de dezembro de 2025.

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Produtor e compositor, Pipa lançou seu disco Funk é matemática com a ideia de fazer uma declaração de amor ao estilo musical. “Ele é surpreendentemente complexo e desafiador de criar”, afirmou num texto publicado em seu Xwitter, afirmando também que logo percebeu o enorme espaço que teria para criar coisas novas, sem se prender a padrões.

  • Ouvimos: MC Taya – Histeria agressiva 100% neurótica vol. 2 – Muito mais neurótico (EP)

O resultado é que Funk é matemática é basicamente um disco de ambient – um álbum que propõe uma visão à distância do funk, do que pode caber nele, do que existe entre uma batida e outra. Dividido quase todo em “movimentos”, ele insere climas voadores e viajantes como respiro para os beats (Primeiro movimento, Segundo movimento), cria representações gráficas em que beats, samples de voz e vibes lembrando o Azymuth chegam na frente (Terceiro movimento) e une batidões a climas misteriosos que lembram ArtHur Verocai e Toninho Horta (Quarto movimento).

O disco encerra com a viagem quase post-funk da faixa-título, que vai ganhando beats e clima de celebração tribal-tecnológica. Até lá, surgem momentos de beat forte e experimentação eletrônica (Quinto movimento), gravações de rua e vibes meditativas (Sexto movimento) e um jungle-funk leve (Sétimo movimento).

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