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Lançamentos

Radar: Thiago Oceano, Morcegula, Parque da São, Rayra, Siso e Tiê

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Thiago Oceano (Foto: Divulgação)

Tem gente começando de novo hoje aqui no Radar nacional – é o caso do cantor e compositor Thiago Oceano, que até pouco tempo atrás usava o codinome It’s The Ocean, e agora volta verdadeiramente solo em seu novo single. Mas na real, o clima de “nova era” vale pra todo mundo aqui: o Morcegula solta seu primeiro single após o álbum, o Parque da São aparece com seu último single antes do disco cheio (que saiu hoje!). Ouça, passe adiante e recomece você também!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Thiago Oceano): Divulgação

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THIAGO OCEANO, “ESCORE ESSAS VERDADES NO PORTÃO”. Criador do projeto It’s The Ocean, que já lançou um EP (resenhado pela gente aqui), o músico Thiago Oceano zera tudo e reestreia com um single em que usa seu próprio nome. Escore… é um folk rock com lembranças de Bob Dylan e Johnny Cash, em cuja letra Thiago fala das dificuldades de um artista para chegar ao seu local de show – ele enfrenta lonjuras, tempo ruim e até uma dura da polícia, mas decide enfrentar todas as adversidades e chega ao lugar a pé.

“Eu tento refletir no meu trabalho as minhas percepções e os meus questionamentos. Procuro ser o mais real possível nas composições: se estou feliz ou aos prantos, o ouvinte vai sentir”, anima-se Thiago, em nova fase (mas continuando no selo Dona Dete Records).

MORCEGULA, “BANDA FANTASMA”. “Acredite se quiser / ou vá ler Chico Xavier”. Com essa rima, digamos, nada comum no rock, o duo interestadual Morcegula (o carioca Henrique Badke no vocal e na guitarra, a mineira Rebeca Li na bateria) dá o arremate no seu single novo, que conta a história de uma banda de rock do outro mundo. O clima sonoro une Ramones, rockabilly e universo aterrorizante.

Para marcar o lançamento, que rolou na sexta (30), a dupla fez um show de Halloween no Hangar 100 em São Paulo – show este no qual os dois misturaram num caldeirão “dentes de Ramones, olhos de Cramps e ervas de Rita Lee”, como dizem os próprios. É o primeiro single de Rebeca e Badke lançado após o ótimo álbum Caravana dos desajustados, que saiu em abril (e ganhou resenha nossa aqui).

PARQUE DA SÃO, “ESTADOS UNIDOS”. Saiu hoje Ideograma, o primeiro álbum desse projeto criado pela dupla Arthur Bittencourt e Julio Santa Cecília. Em seu terceiro e último single antes do lançamento do álbum, Arthur (violão guitarra, baixo e voz) e Julio (programações e synth) recebem a convidada Clarissa Cosenza (voz) e constroem uma canção meditativa, repleta de elementos de folk sombrio, além de ruídos externos que funcionam como uma interrupção na sensação de introspecção.

“No conceito do álbum, ela funciona como um momento de confronto com sentimentos difíceis na meditação — pensamentos intrusivos carregados de tristeza que permanecem na mente por muito mais tempo do que os mais leves”, avisa a dupla.

RAYRA, “DOMINGO”. Artista não binário natural do interior do Paraná, Rayra estreia com uma canção folk e experimental, de sua autoria, que valoriza sua voz doce – e valoriza também a letra que fala, basicamente, sobre afetos, intimidades e amores felizes. Nomes como Cícero e Jorge Ben são citados por Rayra como referências para a construção da faixa, que ganha também um clipe, e tem as colaborações dos músicos Mateus Serafim (bateria e percussão), Renan Monteiro (violão) e João Ereno (sintetizador). Lançamento do selo Trago Records.

SISO, feat TIÊ, “SABIÁ SABIÁ”. Músico mineiro, Siso prepara seu quarto álbum para fevereiro de 2026. O trabalho é aberto pelo delicado single Sabiá sabiá, MPB folk com estilos como soft rock e dream pop em sua estrutura – a sonoridade chega a lembrar os Paralamas do Sucesso do disco Os grãos (1991). A música fala sobre esperança e encorajamento, a partir de frases como “não faça da mágoa patrimônio”. Siso escreveu a letra, mandou para a cantora e compositora carioca Virgo Virgo (que compôs a melodia) e, por sugestão do diretor artístico João Abtibol, convidou a paulistana Tiê para cantar com ele.

“Desde que ela lançou Sweet jardim (2009), seu álbum de estreia, fui cativado pela singeleza comovente das canções e arranjos. A produção acabou indo por um caminho muito simples e minimalista também em função disso, com pianos, palmas e poucos elementos além das camadas de vozes”, diz Siso.

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Lançamentos

Radar: Clara Bicho, Tontom, Seu Calixto, Miragaya, Tenório

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Clara Bicho - Foto: Pedro Patti / Divulgação

Atchim! Em meio a um baita resfriado, vamos devagar para o segundo Radar nacional da semana – agora são três vezes! – destacando o clipe retrô-moderninho de Clara Bicho, mas seguindo também com o pop brasileiro de Tontom, o rock’n roll de Seu Calixto e Miragaya, e o jazz indie do Tenório.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Clara Bicho): Pedro Patti / Divulgação

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CLARA BICHO, “TELEJORNAL ANIMAL”. Primeiro single da mineira Clara desde o EP Cores da TV (resenhado pela gente aqui), Telejornal animal é um easy listening ensolaradíssimo, com balanço lembrando Lincoln Olivetti e estileira dream pop nos vocais e nos teclados. Narrando um romance mediado pela TV, a letra fala em largar tudo e voar pra bem longe de tudo que causa estresse e aporrinhação.

Já o clipe, dirigido por Mariana Barbosa, traz a personagem Lua – um personagem imaginado por Clara, que ganhou fantoche feito por Laura Kind – apresentando um misto de telejornal com talk show no estilo do Johnny Carson. A cláusula de tempo é a dos anos 1960/1970: vestidões, roupas em clima psicodélico, gente fumando na plateia e até no palco. Ainda que Telejornal animal, a música, seja o mais 2025 possível.

TONTOM, “OLHA”. A carioca Tontom (Antonia Perissé) também lança o primeiro single após um EP – Mania 2000 saiu no ano passado e foi resenhado pela gente aqui. Olha, o novo compactinho dela, é uma ska-bossa com efeitos, ruídos e psicodelia no design sonoro. A letra, por sua vez, narra de maneira fofíssima o começo de uma paixão. “Eu escrevi o single enquanto conhecia meu namorado, fiz a melodia junto com o primeiro verso, e ao longo do tempo e dos acontecimentos, fui completando as lacunas vazias da melodia com a letra. É uma canção extremamente sincera e pessoal”, conta ela, que hoje está estudando música em Berlim, na Alemanha.

SEU CALIXTO, “LÁ FORA”. Essa banda de Salvador (BA) une referências como Clube da Esquina, Raul Seixas e Red Hot Chili Peppers – e, pode acreditar, você vai encontrar tudo isso misturado em Lá fora, novo single de Pedro Bulcão (voz), Seu Zé (guitarra), Gabriel Brandão (baixo) e David Bernardes (bateria). É uma música que une o senso melódico e as texturas imortalizadas por John Frusciante (guitarrista do RHCP) e uma poesia bem brasileira. Seu Zé, o guitarrista, conta que a música fala sobre aproveitar de maneira plena “a companhia de outra pessoa, uma conexão de almas que exclui o resto do mundo”. Já a ideia por trás da melodia é a de “traduzir um clima de que há tempo de sobra para aproveitar o momento, sem pressa”.

MIRAGAYA, “LOCKDOWN”. Autor de músicas para comerciais e trilhas, o guitarrista Ronaldo Miragaya deu um tempo nas bandas com vocalistas e decidiu montar um power trio instrumental com Vinícius Giffoni (baixo) e Dawton Mendes (bateria). O trabalho chegou ao disco, por intermédio do selo Caravela Records, e também à TV: o EP Ao vivo do Ipiranga sai nas plataformas e também virou especial do canal de TV Music Box Brazil. Lockdown, uma das mais significativas faixas do EP, dá uma cara blues-rock ao fecha-tudo da pandemia, trazendo o que Miragaya chama de “riffs e grooves coexistindo em harmonia”, além de inúmeros solos.

TENÓRIO, “PEDRA DO RIO NÃO SABE QUE MONTANHA É QUENTE”. Jazz caudaloso, progressivo e referenciado em Tigran Hamasyan, Amaro Freitas, Radiohead, Badbadnotgood e Porstishead. É a proposta do Tenório, projeto musical que acaba de estrear com seu primeiro single, Pedra do rio não sabe que montanha é quente. Uma música que passeia por vários ritmos, conduzida pelo piano e pelo design percussivo.

Na formação do Tenório, Filipe Consolini (piano), Henrique Meyer (guitarra), Victor José (baixo) e Felipe Marques (bateria). O grupo pretende lançar mais um single até o começo de dezembro, e o álbum inteiro do Tenório no ano que vem.

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Ouvimos: Lana Del Rabies – “Omnipotent fuck”

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Projeto solo de Sam An, Lana Del Rabies cria em Omnipotent fuck um noise demoníaco e visceral, mistura de ritual, grito e salvação pelo barulho.

RESENHA: Projeto solo de Sam An, Lana Del Rabies cria em Omnipotent fuck um noise demoníaco e visceral, mistura de ritual, grito e salvação pelo barulho.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Feral Crone Recordings
Lançamento: 7 de novembro de 2025

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Disquinho bom pra ouvir depois da meia-noite, esse. Lana Del Rabies não é uma banda – é o codinome usado pela musicista Samanta Angulo (que também reduz o nome verdadeiro para Sam An), de Los Angeles. Lana Del Rabies, além da zoação explícita com a cantora Lana Del Rey, é um projeto de noise extremo, demoníaco, feito para aterrorizar.

Omnipotent fuck, quarto disco de LDR, faz lembrar aquela velha história de quando Jimmy Page (Led Zeppelin) comprou a Boleskine House, que pertencia ao ocultista Aleister Crowley, e botou um amigo para tomar conta da mansão enquanto se ocupava dos afazeres do Led. O tal amigo não apenas se mudou para lá como também levou a família – e de noite, com a esposa no quarto trancado à chave, ouvia os rugidos de um suposto “animal selvagem” à solta nos corredores da casa.

Nas nove faixas de Omnipotent fuck, Lana une todo tipo de ruído maligno, de teclados ambient a percussões assustadoras – por sinal, num curioso espelho da trilha que o próprio Page fez para Lucifer rising, filme do cineasta do oculto Kenneth Anger. Soltando a voz, ela dá agudos, sussurra e também “é” esse animal selvagem, em tons guturais.

O disco abre com Tactical avoidance, uma porrada ambient satânica em que ela repete as palavras “isolamento” e “excesso”, ambas transformando-se em grito e em dor. Lá pelas tantas parece que um espírito maligno toma conta da faixa – espírito esse que se solta em Objective death e Consensual pain, faixa repleta de risadas que soam como algo ritualístico, e de gritos de dor.

O restante de Omnipotent fuck é basicamente o monstro da Boleskine House arranhando sua porta: Bedroom sores une “gritos”, “pecados” e a ordem “toque-me!” na letra, com direito a ruídos que lembram nada menos que (olha aí, ó) o interlúdio instrumental de Whole lotta love, do Led. Wisdom spit, a melhor do álbum, é tiro, porrada e obscenidade. Vulnerable package é totalmente desenvolvida nas sombras, com Lana berrando “estou prestes a ter a porra de um desmaio!”. Obedient master é post rock demoníaco e hipnótico.

No fim, a faixa-título recebe o ouvinte com um grito gutural, é trilhada no corredor da violência sonora, e tem tanto ruído que chega a doer no ouvido – encerrando c0m tudo rodando violentamente ao contrário. A salvação pelo barulho, pela vertigem e pelo esporro, ao alcance de um clique.

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Crítica

Ouvimos: Phil Lynott’s Grand Slam – “Orebro 1983”

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Registro raro de Phil Lynott com o Grand Slam em 1983 mostra o líder do Thin Lizzy flertando com punk, pós-punk e reggae, em show na Suécia - sem deixar o som de sua antiga banda de lado.

RESENHA: Registro raro de Phil Lynott com o Grand Slam em 1983 mostra o líder do Thin Lizzy flertando com punk, pós-punk e reggae, em show na Suécia – sem deixar o som de sua antiga banda de lado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Cleopatra Records
Lançamento: 15 de agosto de 2025

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Com passagens por grupos de punk, pós-punk e new wave, o cantor, compositor, tecladista e guitarrista escocês Midge Ure nunca entendeu direito como é que ele foi parar justamente no Thin Lizzy, nomão do hard rock. Foi o que ele contou ao documentário Phil Lynott: Songs for while I’m away, sobre a história do líder da banda, que esteve em cartaz na edição 2021 do festival In-Edit. O fato é que o músico, que já estava até efetivado como vocalista no Ultravox, era amigo de Phil e foi chamado para ocupar guitarra e teclados no grupo entre 1979 e 1980, enquanto o grupo não arrumava um guitarrista fodão para o cargo.

Além de tocar no grupo nesse período, Midge também foi responsável por encher os ouvidos do amigo com novidades do synthpop, da música eletrônica e do pós-punk. Phil, que já andava interessadíssimo em punk rock, não apenas gostou do som, como também adotou essa sonoridade em várias músicas de seus trabalhos solo. Um pouco – mas só um pouco – disso vazou também para o Grand Slam, banda de curta duração que Phil montou em 1983 com dois ex-Thin Lizzy (Brian Downey, bateria, e John Sykes, guitarra solo) e outros músicos de sua banda solo.

O Grand Slam não conseguiu contrato com nenhuma gravadora e limitou-se a fazer turnês pela Europa durante um ano – mas deixou várias demos e gravações ao vivo, nas quais se percebe que o som de Phil já estava encharcado de referências do punk, às vezes soando como um Sex Pistols motorbiker ou como um Motörhead menos bravio, cabendo também referências de reggae em vários momentos. O repertório incluía os hits solo de Phil e alguns poucos sucessos do Thin Lizzy – Whiskey in the jar, a balada Sarah, feita para sua filha mais velha, e (às vezes) The boys are back in town – pintavam no set list.

Foi nesse clima que a turma foi fazer um show em Orebro, cidade na Suécia, em 1983 – show esse que já foi diversas vezes pirateado, e ganhou resgate em vinil pelo selo Cleopatra Records. Orebro 1983 começa pela faceta mais tecnopop fake de Phil (Yellow pearl, por sinal uma parceria com Midge), segue com a roqueiragem de Old town e insere mais dois hits do TL no setlist (A night in the life of a blues singer e Still in love with you). Parisienne walkways, hit solo do ex-Thin Lizzy Gary Moore (chamada pelo sem-filtro Lynott de “Parisienne blowjob”, “boquete parisiense”), vem em clima de bluesão com viradas de bateria – se você detesta o som daquelas baterias eletrônicas Simmons, que pegaram mais que praga de piolho em creche lá por 1983, nem encare.

O som de Orebro 1983 mostra também que o The Police era ou uma influência, ou uma sombra, ou uma matéria de bullying para Lynott. O hit Solo in soho tem aquele mesmo clima de “europeus se metendo a fazer reggae” do Police. King’s call, outra música solo, tem argamassa roquenrol e clima pós-punk-reggae – lembra o som do Herva Doce. Já The boys are back in town é aberta com uma zoação feroz com Every breath you take – a banda toca a introdução do hit do Police, Phil parece sacanear a voz de Sting e em seguida avisa que se trata “apenas de uma introdução musical”. Para matar as saudades do comandante Phil.

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