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Radar: Memórias de Ontem, Applegate, 43duo, Almério, Pedro Bienemann, Dani Vallejo, Black Pantera

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Radar: Memórias de Ontem (foto), Applegate, 43duo, Almério, Pedro Bienemann, Dani Vallejo, Black Pantera

Antes do feriadão, tá aí uma lista para você fazer sua próxima playlist e conhecer o que uma turma nova anda fazendo – começando com o pós-punk do Memórias de Ontem, passando pelo som novo e hipnótico do Applegate, pela psicodelia do 43duo… Ponha no som do carro para os amigos ouvirem.

Texto: Ricardo Schott – Foto Memórias de Ontem: Divulgação.

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MEMÓRIAS DE ONTEM, “QUASE LÁ”. Essa banda mineira é rock triste feito em família – ou melhor, em famílias. O vocalista e guitarrista Gabriel Campos é irmão gêmeo da cantora e compositora Clara Bicho, que recentemente lançou o EP Cores da TV (resenhado pela gente aqui). No Memórias de Ontem, ele tem a companhia das irmãs gêmeas Camila Nolasco (baixo) e Alice Eskinazi (bateria).

O Memórias de Ontem que prepara um álbum de estreia para este ano, lançou recentemente o clipe da faixa Quase lá, uma canção que tem muito do indie rock britânico dos anos 1980 – mas que aponta levemente para estilos como grunge e metal em algumas passagens. Já a letra fala sobre aquela vibe de tentativa-e-erro que faz parte da idade adulta (“a gente ate tentou, mas / hoje não vai dar / enquanto eu não parar / a gente chega quase lá”, diz a letra).

APPLEGATE feat MARIA CLARA, “DESTEMPERADA”. A vibe da nova música da banda paulistana é um pouco diferente. O Applegate já tangenciou estilos como post rock em gravações anteriores, mas dessa vez tem uma onda bem trip hop no som do grupo – que pela primeira vez fez um feat, com a cantora Maria Clara Melchioretto, autora da letra de Destemperada.

A faixa nova do Applegate com Maria Clara surge a partir do projeto Atalhos Sonoros, uma iniciativa da Tratore que estabelece vínculos entre artistas de seu catálogo, artistas locais em ascensão e as Fábricas de Cultura do estado de São Paulo. A gravação de Destemperada rolou entre 20 e 22 de agosto de 2024 no estúdio da Fábrica de Cultura de Diadema (SP).

43DUO, “SAL E SINA”. Com clima marcial herdado do pós-punk, guitarra de surf music e um toque de ritmos brasileiros nos vocais e arranjos, Sal e sina é uma das faixas de Sã verdade, disco do 43duo, que já está nas plataformas. Composta como um indie rock psicodélico de código aberto, a faixa cresce em camadas, com efeitos e variações rítmicas que ecoam shows onde a música já era destaque antes mesmo de ser gravada. A letra, por sua vez, reflete aquela eterna busca humana pelo inalcançável – um assunto que todo mundo vive diariamente, e que foi colocado em forma de música e psicodelia por Luana Santana (bateria, teclados e voz) e Hugo Ubaldo (guitarra e voz), os dois do 43duo.

ALMÉRIO, “TUDO QUE É MAIS LINDO”. É MPB, com delicadeza e romantismo, mas tem emanações de Wild horses, clássico setentista dos Rolling Stones, marcado pelo clima de blues estradeiro, e por violões ligados ao country. Tudo que é mais lindo, faixa nova de Almério, tem cordas arranjadas pelo maestro Isaias Alexandre, convidado para unir “delicadeza e impacto, leveza e emoção”, conta Almério.

E de fato, o arranjo de orquestra ajudou a gerar uma canção de tirar o fôlego. “Cantar a simplicidade do amor é algo que me emociona, dizer que no meio desse caos, dessas cidades imensamente desordenadas, tem alguém pensando em você com carinho”, completa Almério.

PEDRO BIENEMANN, “NÃO TE FALTA NADA”. “É uma canção que brinca com a MPB clássica, o pop, o rock e a psicodelia, gêneros que eu exploro bastante neste novo trabalho”, diz Pedro, explicando ele próprio o som de seu novo single, Não te falta nada. E nós completamos: se você é fã de Luiz Melodia, Gal Costa, Sergio Sampaio… pode ouvir no volume máximo.

Trabalhando na junção de blues, rock, música brasileira e arranque existencial, Pedro faz a trilha sonora desses tempos de algoritmos, estímulos em excesso e positividade tóxica. O cantor e compositor, integrante do duo 131 (Lumanzin, parceira de dupla, faz os arranjos de cordas) lança em breve o álbum Ondas de choque e calor.

DANI VALLEJO, “ACABOU O CARISMA”. Sabe aquele momento em que a gente percebe que uma relação não vale o esforço que a gente deposita nela? Acontece com namoros, casamentos, amizades, e até com empregos. E é disso que fala a nova faixa de Dani Vallejo, que traz emanações de funk, rock e até da onda hyperpop.

“Muitas vezes me vi me doando e sendo tudo que a pessoa queria que eu fosse, só para mantê-la por perto, aceitando obrigações e exigências apenas para agradar. Um sentimento de que se eu não fizesse iria perder aquela pessoa, que eu considerava muito”, conta Dani. “Mas se te exige e te obriga, deixa ir. Na maioria das vezes é livramento”.

BLACK PANTERA, “UNFUCK THIS”. Em meio a shows internacionais, o Black Pantera, sempre com uma surpresa na manga para os fãs, solta Unfuck this, novo single com peso e urgência. A faixa, em inglês, cai dentro da onda punk + hardcore (que já é um som conhecido do grupo) e bate de frente com o apagamento das raízes negras do rock. É grito, denúncia e resistência em forma de riff. A música chega com cara de hino de turnê — e de recado direto ao mundo.

Detalhe: o grupo toca hoje (hoje!) e amanhã na França – a primeira noite no Leoff, “esquenta” gratuito do Hellfest, e a última no próprio Hellfest. Depois, fazem as malas e partem pro Rock Al Parque, em Bogotá, na Colômbia, onde tocam no sábado (21). “Para nós é um sonho estar nesses festivais, um passo muito importante para a banda. Fizemos um contato com eles oito anos atrás, quando estivemos na França pela primeira vez, e agora vamos tocar no mesmo dia do Korn, uma das nossas grandes referências”, comenta o baixista e vocalista Chaene da Gama.

Crítica

Ouvimos: Fito Páez – “Novela”

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Ouvimos: Fito Páez - "Novela"

RESENHA: Fito Páez resgata sua ópera-rock perdida Novela, cheia de magia, crítica social e ambição sonora — um épico pop feito pra ouvir inteiro, sem distrações.

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Até Fito Páez tem seu (bem mal comparando) Lifehouse – aquela ópera-rock complicada e cheia de elementos de Pete Townshend que foi cortada e virou o disco Who’s next (1971). Novela foi uma ópera-rock que Fito imaginou em 1988, inicialmente como um projeto multimídia. Foi deixada de lado, algumas demos circularam em versões bootleg, e certos detalhes do álbum original foram fragmentados – a música Circo Beat, que deu nome ao disco mais vendido de Fito (1994), não apenas faria parte de Novela como dá nome ao circo que aparece na trama.

Dá para ver uma certa semelhança entre Novela e a história de The scholars, a ópera-rock lançada há pouco pelo Car Seat Headrest. Ambas são histórias que se passam em ambientes escolares e que têm um subtexto meio “espiritual” e sobrenatural. No disco do argentino – cuja trama se passa em sua província natal, Santa Fe – o cenário é uma escola de feitiçaria chamada Universidad Prix.

Os personagens e as outras arenas vão aparecendo: as bruxas Maldivina e Turbialuz (alunas da escola), além dos jovens Jimmy, músico de rock, e Loka, adolescente idealista, filha do administrador do (aí sim!) Circo Beat, que chega à cidade. Lá pelas tantas, a trama ganha ares de O Mágico de Oz, com todos os personagens desenvolvendo tramas próprias e seguindo em ondas de autodescoberta.

  • Ouvimos: Car Seat Headrest – The scholars
  • Ouvimos: Os Paralamas do Sucesso – Cinema mudo (remasterizado)
  • Ouvimos: The Who – Who’s next: Life house

As semelhanças com The scholars param por aí, já que, se o disco do Car Seat Headrest é cheio de momentos que não se sustentam em separado, Novela tem inúmeras faixas que seguram a onda por si só, além de uma série de elementos imaginários. Alguns deles foram revelados por ele numa excelente entrevista à Rolling Stone – e são típicos de quem cresce em cidades muito pequenas, quase num espelho de Cem anos de solidão, de Gabriel García Marquez, e seu universo fantástico.

Musicalmente, Novela, um produto da Sony Music argentina, não seria feito no Brasil sem uma empresa enorme patrocinando, e seria um disco independente – Fito convocou orquestra, narradores, etc. Nem Chico Buarque conseguiria fazer algo assim hoje em dia numa gravadora normal. Universidad Prix, na abertura, une pós-disco music orquestral com synthpop no estilo de What a feeling, hit de Irene Cara.

O folk toma conta de Bruxas Salem de Prix, enquanto Maldivina y Turbialuz leva a sonoridade para o universo dos Rolling Stones setentistas – com um piano que lembra o de Nicky Hopkins. Uma alma glam, por sua vez, toma conta de Cuando el circo chega al pueblo – esta, um rock balançado, melódico, chegando a lembrar Paralamas do Sucesso e Erasmo Carlos.

Isso é só o começo de Novela. Referências a Beatles, comuns na obra de Fito Páez (o álbum Circo Beat não tem esse nome à toa) tomam conta de boa parte do repertório – especialmente em Cruces de gin en sal, Balas y flores, Herencia, Love is falling over my heart, El vulo (essa, na cola de She’s leaving home). Fito passeia por outros estilos, como numa trilha de musical, cabendo synthpop em Superextraño, mais rock stoniano em Modo Carrie, punk em Argentina es una trampa, blues rock de terno e gravata em El triunfo del amor. A esperançosa Sale el sol une Beatles e o bubblegum setentista que brotou do som deles.

O som que você ouve em Novela vai se recusar a sair da sua mente, e do seu coração – ainda que você não domine o espanhol e precise parar em alguns momentos para entender o universo quase literário de Fito Páez. No geral, é um disco que depende da interação do ouvinte, de sua vontade de parar e ouvir um álbum inteiro, e foi feito pra quem realmente para tudo e ouve música. E felizmente, volta e meia ainda saem álbuns assim.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Sony Music
Lançamento: 28 de março de 2025.

  • Por acaso, durante os últimos dias, saiu um perfil bastante revelador de Fito na revista Piauí e depois disso, declarações dele sobre a política de seu país foram mal-interpretadas e tiradas de contexto.
  • O site Scream & Yell tem também uma ótima resenha de Novela, escrita por Davi Caro. Leia aqui.

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Crítica

Ouvimos: Rubel – “Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?”

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Ouvimos: Rubel - "Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?"

RESENHA: Rubel surpreende em Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?, disco de MPB com ambiência rica, sons intimistas e canções que desafiam padrões.

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Se você não via tanta graça assim no som de Rubel, pode se preparar para ser surpreendido/surpreendida. No quarto disco, Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?, ele parece finalmente ter encontrado uma identidade sonora que diferencia sua música não só pela composição, mas também pela ambiência e pelo design musical – aqueles detalhes que fazem toda a diferença na experiência de escutar um disco.

Beleza é um disco de MPB que você vai querer ouvir numa caixa acústica gigante – e talvez até se pergunte por que os CDs, antes símbolos de audiofilia avançada e altíssima fidelidade, perderam o charme. Sim, porque assim como acontece com a estreia de Joaquim, Varanda dos palpites (resenhado pela gente aqui), o novo de Rubel parece um daqueles discos que, lá por 1990, 1991, davam a impressão de que você podia “ver” a disposição dos músicos no estúdio. Ruídos de respiração, toques de instrumentos e até sons que lembram cliques de computador criam uma sensação de intimidade, como se estivéssemos assistindo a um ensaio enquanto a vida acontece ao redor.

É o caso da MPB guiada pelo violão em Feiticeiro gozador – faixa multipartida, com clima pós-bossa-folk, orquestrações e cara de trilha de novela dos anos 1970. Ou de A janela, Carolina, versão da canção A la ventana, Carolina, do mexicano El David Aguilar, que soa como uma resposta à Carolina, da canção de Chico Buarque. Só que aqui a personagem ganha liberdade, convidada a olhar para dentro de si, e não mais para rosas e estrelas pela janela. Ouro evoca uma MPB de dentro pra fora: soa antiga, mas com um balanço renovado.

  • Ouvimos: Nyron Higor – Nyron Higor
  • Ouvimos: Dadá Joãozinho – 1997 (EP)

Beleza foge da curva de Rubel e, como álbum, abriga músicas que fogem da própria curva. É o caso de Carta de Maria, com balanço afro, metais e clima que remete ao Caetano Veloso de Cores, nomes (1982). E também do encerramento com Reckoner, cover do Radiohead, reinventada no formato voz e violão. São interlúdios em um disco que, na maior parte do tempo, soa como uma faixa só. Nessa “faixa” cabem o quase folk de Azul, bebê, a MPB de quarto da pessimista e realista Noite de réveillon (“todo ano eu ouço: tudo vai mudar / eu já não caio / vou dormir”), e a dissonância em letra e música de Praticar a teimosia.

Inclui também a ousadia de Pergunta ao tempo. Na cola de Resposta ao tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, Rubel formula perguntas de desconcertar. Pelo menos uma delas, garanto que você já se fez: “desculpa perguntar / não quero atrapalhar / mas por que o ano encurta / depois de virar?” Um disco de pulgas atrás da orelha, e de sons que reverberam na mente por bastante tempo.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 28 de maio de 2025

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Crítica

Ouvimos: Atalhos – “A força das coisas”

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RESENHA: Dupla de art rock de Birigui (SP), o Atalhos une dream pop e pós-punk oitentista no disco A força das coisas, com ecos de Smiths, Sundays e New Order.

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Banda de art rock com origens no interior paulista (vieram de Birigui), o Atalhos une som, literatura e profecias em seu novo disco, A força das coisas. Mas nada de progressivismos ou algo do tipo. Basicamente o álbum de Gabriel Soares e Conrado Passarelli demonstra orgulho por soar próximo do dream pop e do pós-punk dos anos 1980. Assim falou Zaratustra, na abertura, tem ecos de The Smiths e Echo and The Bunnymen, clima de sonho e ritmo leve e quase insinuado.

Anjo mau, com a chilena Antonia Navarro no vocal, tem vibe tranquila e meio gótica, lembrando os britânicos do The Sundays, e soando como um rock britânico vindo de um país próximo da Inglaterra, mas pertencente ao mesmo reino – da mesma forma que Belo Horizonte, combinando guitarras e synths, soa como uma banda dos anos 1980 que você não conhecia, mas a qual foi apresentado/apresentada numa plataforma de música. Delirios en Paraguay, música realmente bonita, com participação do projeto paraguaio El Culto Casero, soa como uma releitura indie do som do Skank e de Samuel Rosa.

O som do Atalhos aponta também para um guitar rock sereno em Ondas de calor e Ayer morí, e para a sonoridade mais recente do New Order na faixa-título. Desejos de uma tempestade, no final, é uma balada de oito minutos, entre a MPB e o rock texturizado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Costa Futuro
Lançamento: 24 de junho de 2025

  • Ouvimos: Jonabug – Três tigres tristes
  • Ouvimos: Manco Capac – Bom jantar (EP)

 

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