Lançamentos
Radar: A Mosca, Megachoir, $upply e outros sons do Groover

O Pop Fantasma tá no Groover! Por lá, artistas independentes mandam seus sons pra uma rede de curadores – e a gente faz parte desse time. O que tem chegado até nós? De tudo um pouco, mas, curiosamente (ou nem tanto), uma leva forte de bandas e projetos mergulhados no pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e afins. Aqui embaixo, separamos alguns nomes que já passaram pelo nosso filtro e ganharam espaço no site. Dá o play, adiciona na sua playlist e vem descobrir coisa nova! (foto A Mosca: Divulgação).
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A MOSCA, “32 PORCOS”. Um grupo português que se define como “jazz-rock-eletrónico experimental”, e cujo single novo, A mosca (por enquanto apenas no Bandcamp) faz uma crítica ao capitalismo predatório e ao clima de cobra-comendo-cobra dos dias de hoje. “Querem comer a alma à cidade / e nem lavam as mãos / que porcos!”, afirma o A Mosca, em meio a uma base de guitarra, baixo, bateria e efeitos de teclado, tudo desabando.
MEGACHOIR, “NOT REVENGE”. “Viver bem não é uma vingança”, declara Erik Shveima em voz grave e teatral, no comando desse projeto de música industrial e eletrônica. O Megachoir, afirmam eles, “desceu recentemente a essa era de capitalismo de cérebro reptiliano” e disponibilizou seu som para todas as playlists, em todas as plataformas. Violência sonora das boas.
$UPPLY, “THE SAINT MARCH”. Com um som que parte do grunge e se espalha por influências de pós-punk, hip hop, jazz e até música clássica, o $upply chega com um som denso e emocional. Em The saint march, baixo marcante e clima sombrio anunciam o disco Welcome to Wasteland. A banda se define como “nascida da rebelião, da emoção crua e da introspecção” — e soa exatamente assim.
ME & MELANCHOLY, “NAIVE”. Projeto musical sueco influenciado tanto por Depeche Mode quanto por Radiohead, o Me & Melancholy (criado e liderado pelo compositor Peter Ehrling) lançiu recentemente o disco Open your eyes. O single Naive une sons eletrônicos e atmosfera sombria, com versos inconclusivos na letra.
THE NEW BORN YEARS, “BANGLADESH”. Uma banda norte-americana que deve tanto a Sparks quanto a Residents e Negativland, e que gravou discos absolutamente secretos e/ou sigilosos entre 2008 e 2013. Agora, com o catálogo chegando às plataformas, eles resgatam a faixa Bangladesh, um mergulho nas suas experimentações surrealistas.
MUELLERCRAFT, “AFTER THE FALL”. Prestando homenagem a discos como Tommy, do Who, e 2112, do Rush, o Muellercraft (projeto musical do norte-americano Jay Nelson Mueller) lançou a ópera-rock Dystopia 31, uma ficção científica que fala sobre clonagem, despotismo e revolta. Atenção aos belos synths dessa faixa, uma das melhores do álbum.
LOVE GHOST feat JAZZ MOON, “JUST ANOTHER SUNDAY”. O Love Ghost, dos EUA, uniu forças com a cantora austríaca Jazz Moon para criar uma balada shoegaze com pegada folk. Guitarras atmosféricas e uma melodia suave embalam a letra, que trata da solidão que persiste mesmo em relacionamentos a dois.
DUPLEXITY, “WAVELESS TIDE”. A dupla de irmãos que comanda o Duplexity volta ao Pop Fantasma com Waveless tide, uma pancada sonora que junta riffs do nu-metal com quebras rítmicas do pós-hardcore. Intenso e explosivo, o som parece pronto para colidir com qualquer calmaria.
JOHN CONSALVO, “IMY”. O norte-americano John Consalvo transforma a saudade em canção com IMY — sigla para “I miss you”. A faixa é um folk rock com cara de hit, daqueles que grudam na cabeça e fazem a gente se perguntar: por que isso não está tocando no rádio (que rádio?).
ZIRCON SKYEBAND, “ELVIS LIVES ON THE MOON”. Banda da casa no selo Zircon Skye, a Zircon Skyeband é formada por uma “constelação de músicos” com fixação pelo espaço. Em Elvis lives on the moon, eles embarcam num soul-country psicodélico e levam o espírito do Rei do Rock para dançar na gravidade zero
Lançamentos
Radar: Luís Capucho, Bianca and The Velvets, Estranhos Românticos, Vale Cinza, Os Fugitivos

Tem clássico abrindo o Radar nacional de hoje: Luís Capucho (não conhece? cria vergonha nessa cara!) volta com single novo. Ele abre nossa seleção de hoje, mas aqui só tem craque, da turma mais nova à mais experiente. Ouça no último volume e passe adiante hoje mesmo!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Luís Capucho): Divulgação
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LUÍS CAPUCHO, “A MASCULINIDADE”. Violão, clima introspectivo, voz grave e vibe de MPB experimental – tanto em música quanto em letra. É a onda de Luís Capucho, capixaba criado em Niterói (RJ), gravado por artistas como Pedro Luis, Cássia Eller, Suely Mesquita e Daúde. Seu novo single A masculinidade foi feito em parceria com Kali C, vai estar no próximo álbum do músico (Homens machucados, previsto para sair em 2026 pelo selo-produtora + Um Hits) e é uma balada folk que faz revelações sobre a fragilidade do masculino. “A masculinidade é cega / a masculinidade é soberba / a masculinidade é mesmo como a flor / a masculinidade é frágil / a masculinidade é de veludo”, explica a canção.
Luís é tido por muita gente como uma espécie de “novo maldito” da MPB – mas ao mesmo tempo tem uma onda sonora que o põe lado a lado com nomes como Lou Reed, pelo jeito despojado com que interpreta suas próprias canções. Além de cantar, ele também escreve e mexe com artes visuais, o que já o põe também na condição de artista múltiplo, do tipo que faz de tudo. “Me expresso livre, de meu ponto de vista, para qualquer um que esteja aberto, que se interesse, que goste ou que se toque”, diz.
BIANCA AND THE VELVETS, “LIKE ON TV”. Punk e indie rock de Belém (PA): Bianca Marinho, Marcel Barretto, Emmanuel Penna e Leonardo Chaves unem referências que passam pelo pós-punk, pelo grunge e pelo som de bandas dos anos 2000 – tendo como detalhe especial a voz grave de Bianca, que muitas vezes soa parecida com a de Dean Wareham (do Luna, lembra?). O EP Reminder destaca faixas como a balada Said you loved me, then you’re gone, o punk Knives e a pesada, robótica e ritmada Like on TV, com recordações de rock inglês da Rough Trade dos anos 1980.
ESTRANHOS ROMÂNTICOS, “POR QUE VOCÊ ME TRATA ASSIM?”. O single novo da banda carioca (Victor Barros, voz; Jr Tostoi, guitarra e produção; Mauk Garcia, baixo; Luciano Cian, teclados; Pedro Serra, bateria) prepara terreno para seu quarto álbum: Por que você me trata assim? é definido por eles como “uma imersão sonora que mescla indie-rock psicodélico, post-rock pesado e James Brown”.
Os vocais, o baixo à frente e os vocais fazem lembrar bandas como Picassos Falsos – o que já traz de volta vários anos de história do rock carioca. O beat quebrado, os teclados e as distorções são pura mescla de pós-punk e psicodelia, tudo junto. E a canção ainda tem uma segunda parte bem garageira e ruidosa. Tem que ouvir.
VALE CINZA, “JÁ NÃO ME CABE ESTE LUGAR”. Essa dupla de pós-punk/darkwave diz fazer música “para quem se identifica com o peso e a beleza do silêncio, gosta de dançar e para quem busca sentido dentro do caos”. Já não me cabe este lugar, som de terror que traz lembranças infantis e recorações de crises de ansiedade, foi gravada na casa do vocalista e guitarrista Maycon Rocha, em Nova Friburgo (RJ). Ele divide a dupla com Marcelo de Souza (baixo).
“As letras falam sobre isolamento, julgamento, falta de perspectiva e a tentativa de encontrar sentido em meio a um mundo apagado e saturado de informações. É um recorte do contemporâneo, um reflexo de um tempo marcado por guerras, crises e pandemia. Apesar da atmosfera sombria, existe beleza na sinceridade e um certo acolhimento em reconhecer essas dores coletivas”, diz Maycon.
OS FUGITIVOS feat WADO E BRANDÃO, “AZUL”. Dupla de Alagoas que já havia aparecido aqui no Radar, Os Fugitivos (Nayane Ferreira e Thiago Mata) haviam composto Azul para entrar no próximo álbum, Sonhos e traumas, previsto para 2026 – mas a música foi ganhando clima diferente e vida própria. Para começar, é uma música repleta de brasilidade, indo além do soul romântico feito pelos dois – o som tem uma certa cara de samba-soul, e até de axé music, com referências confessas de Trio Ternura e Novos Baianos. Além disso, a dupla decidiu convidar dois amigos bem especiais: o também alagoano Wado e o baiano Brandão.
“Lembramos de Azul e sentimos que ela dialogava muito com a fase atual de Wado. Ambos são cantores tão expressivos que foi muito fácil encaixar as vozes. Gravamos todos por inteiro e depois definimos quem cantaria o quê na mixagem”, conta Thiago. “Todos nós temos essa brasilidade no trabalho. Samba-rock, axé, ritmos que vêm da nossa história. A combinação foi muito natural”, completa Nayane.
Crítica
Ouvimos: Optic Sink – “Lucky number”

RESENHA: Pós-punk afiado: no novo álbum, o Optic Sink mistura baixo frontal, bateria robótica e synths em faixas tensas, frias e cheias de energia.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Feel It Records
Lançamento: 31 de outubro de 2025
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Tem pós-punk estranho lá em Memphis. O Optic Sink parece com aquelas bandas que você descobre em coletâneas antigas da Factory – grupos para os quais o Joy Division chegou a abrir shows mas que ficaram no passado, ou que chegaram a ser considerados mais promissores que o New Order por alguns minutos. Claro que nada disso significa que o Optic Sink vai ficar para trás: no terceiro disco, Lucky number, eles vêm com músicas pontiagudas e altas habilidades no uso dos melhores truques dos estilos da “família” pós-punk.
- Ouvimos: Anika, Jim Jarmusch – Father, mother, sister, brother (trilha sonora do filme)
Natalie Hoffmann, Ben Bauermeister e Keith Cooper usam e abusam de baixo na frente, batera robótica, riff de guitarra combinados com riffs de synth, heranças do krautrock, vibes repetitivas e bacanas, vocais que dão certos sustos no/na ouvinte – tudo isso surge em faixas como Laughing backwards, Lucky number, Don’t look down. Já Construction abre com algo que (opa) pode se parecer com a fase tecnopop do Queen, mas também pode não parecer – e que logo se torna algo mais próximo de bandas como Magazine e Stranglers.
O lado mais frio e ritmado do grupo continua dando as cartas em músicas como How can I help you? e Kinetic world, duas canções que constroem atmosferas urbanas e musicais na frente de quem ouve o disco. Já Golden hour, um duelo entre baixo e guitarras funciona como se pusesse Joy Division e New Order lado a lado. Luxury of honesty, encerrando o álbum, tem curiosamente algo de raggamuffin na batida, e chega a lembrar a mania do Public Image Ltd pela exploração de ritmos em meio ao instrumental frio.
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Crítica
Ouvimos: Alan James – “Solar/Sonhar”

RESENHA: Solar/Sonhar, novo álbum de Alan James, junta Beatles, sunshine pop e Clube da Esquina em faixas psicodélicas e sessentistas, com toques de Skank, Guilherme Arantes e Elton John.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 7 de novembro de 2025
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Fã de Beatles, de Roberto Carlos, do já saudoso Lô Borges, de Todd Rundgren e de nomes do chamado sunshine pop (estilo musical mais ou menos popular na Califórnia no fim dos anos 1960, gerado por fãs de Beach Boys e The Mamas and The Papas como a banda The Millennium), o carioca radicado em SP Alan James faz a junção de tudo isso em seu segundo álbum solo, Solar/Sonhar.
- Ouvimos: Julian Lennon – Because… (EP)
Solar/Sonhar começa juntando Todd Rundgren e The Who na psicodélica Não precisa mais – que ganha duas partes no disco, a segunda encerrando o álbum numa onda meio britpop, meio Guilherme Arantes. Luz da manhã, na sequência, tem toques herdado tanto do Clube da Esquina quanto de sensações pop sessentistas como The Cowsills. A onda sunshine pop toma conta de faixas puramente sessentistas como Não se prenda ao medo, Pra ver o sol e Olha, enquanto a vinheta Por que isso aconteceu comigo? (cuja letra é apenas o seu título) tem muito de bandas como High Llamas.
Perto do final, Solar/Sonhar ganha uma cara parecida com a fase Maquinarama / Cosmotron do Skank, em Sobrevivo e Graciosa ilusão, e junta Guilherme Arantes, Elton John e Carpenters na bela Aquela que brilha.
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