Cultura Pop
Anúncio de TV sequelado para Pussy Cats, disco de Harry Nilsson produzido por John Lennon

O período “lost weekend” de John Lennon – quando o ex-beatle se separou de sua amada Yoko Ono, durante 18 meses entre 1973 e 1974 – rendeu várias histórias. Lennon passou a andar para lá e para cá com uma turma animal que incluía Ringo Starr, Keith Moon e outros malucos. Voltou a abusar de drogas e álcool. Reaproximou-se de antigas amizades (Mick Jagger e Paul McCartney entre elas) e até de seu filho Julian, então adolescente. E uma de suas amizades mais próximas nesse momento foi com Harry Nilsson, cantor e compositor americano que fez enorme sucesso com a balada Everybody’s talking, e notório bebum e drogado.
https://www.youtube.com/watch?v=2AzEY6ZqkuE
O bromance de Lennon com Nilsson rendeu algumas histórias bizarras. Uma das mais conhecidas e recitadas por todo mundo foi a vez, em 13 de março de 1974, que a dupla foi posta para fora do clube Troubadour, em Los Angeles. Lennon encheu a cara e resolveu perturbar um show dos Smothers Brothers. Azucrinou tanto que a dupla foi expulsa pelo empresário do grupo, que levou um soco do ex-beatle.
Desse relacionamento encrenqueiro dos dois nasceu um disco, em agosto de 1974. Pussy cats, na capa, já era anunciado como “um disco de Harry Nilsson produzido por John Lennon”. As gravações, como se pode esperar, deram trabalho: Lennon, Nilsson e ninguém menos que Ringo Starr e Keith Moon resolveram viver todos juntos numa casa na praia de Santa Monica, em Los Angeles, que virou uma comunidade de roqueiros drogados. As gravações depois foram completadas por Lennon em Nova York, mas até lá rolaria até uma visita inesperada de Paul McCartney e Stevie Wonder aos estúdios.
https://www.youtube.com/watch?v=nrSSxlu4ns8
Para OUVIR o que se passou nessas sessões, vale pegar (tem no YouTube, olha aí em cima) o piratão A toot and a snore in 74, cheio de diálogos e sessões que não deram certo, todas realizadas durante a gravação de Pussy cats. Logo no começo, Lennon aparece (er, provavelmente) cheirando e oferecendo um pozinho suspeito ao insuspeito Stevie Wonder. Na turma, tem também Bobby Keys, saxofonista dos Rolling Stones, Stevie Wonder tocando piano elétrico, May Pang tocando pandeiro, Linda McCartney tocando órgão e Paul McCartney tocando a bateria do ausente Ringo – que no dia seguinte, de volta ao trabalho, foi visto reclamando que o ex-colega sempre deixava seu instrumento todo bagunçado.
O clima de maluquice de Pussy Cats rendeu: Rock´n roll, disco de John Lennon, e Two sides of the moon, inacreditável disco solo de Keith Moon, foram feitos no mesmo ano (1974), com equipe quase igual e clima tão fora de órbita quanto (sobre Two sides, você andou lendo aqui no POP FANTASMA). No disco de Moon, cada meia hora de gravação era seguida por várias horas de festa, e os músicos eram arregimentados na base do “pinta lá no estúdio”.
Uma das histórias mais loucas a respeito da detonação em Pussy cats, você até talvez já conheça. É a da capa do disco, que tem uma das referências mais bizarras já feitas a drogas em capas de discos. Embaixo da mesa tem dois cubos com as letras D e S. No meio deles, um tapete (rug, em inglês). Pega aí.

Mas essa introdução enorme foi só para avisar que colocaram nada menos que a propaganda de televisão de Pussy cats no YouTube. O anúncio que foi ao ar em 1974 tinha um texto bizarro e imagens mais malucas ainda.
A narração do texto foi feita por uma figuraça chamada Eddie Lawrence, comediante americano que usava o pseudônimo de The Old Philosopher, e fazia esquetes baseados em monólogos de filosofia de mentirinha, sempre abertos com um “hey ya, folks” e trollando o ouvinte. Lawrence gravou vários discos com o personagem e participou de programas como o de Johnny Carson. No tal anúncio do disco, abre com um “hey ya, pussycats”.
Via Lessons learned from popular culture, de Tim Delaney e Tim Madigan
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?







































