Cultura Pop
Na Globo, um Programa Legal sobre heavy metal em 1991

“Alice Cooper, (?), Megadéti, révi métau”, berra Luiz Fernando Guimarães na abertura do Programa Legal sobre heavy metal, de 1991. No comecinho dos anos 1990, por um certo período de tempo, virou cool ser fã de heavy metal. Foi a época em que o Sepultura fazia muito sucesso lá fora. Que os Ratos de Porão tinham virado promessa de gravadora. Que bandas mais pesadas como o Nirvana chegaram às paradas. Que (em especial) o Metallica virava banda fodona. E a época em que grupos como Slayer e Venom viravam clássicos. Mais: o estranhamento inicial com os metaleiros ocorrido na época do Rock In Rio de 1985 já era passado. O estilo musical não chegava mais a meter medo em ninguém. Só era sacaneado por detratores.
No especial metaleiro do Programa Legal, atração humorística e jornalística que Guimarães apresentava com Regina Casé, rolaram piadas que hoje ofenderiam muita gente – tipo Regina dizendo que “o programa é tão alto que até os surdos vão gostar” e ela e Luiz Fernando usando o (hoje considerado racista) recurso de blackface. Os dois apresentadores foram a plateias de shows de heavy metal, escutam adolescentes berrando nomes de bandas, incluindo as brasileiras Viper e Sepultura. E fizeram até uma paródia do famigerado comercial roqueiro da Veja, de 1991 (lembra disso?). E, ah, também interpretaram um casal de velhinhos irritados com o barulho de uma banda de som pesado no apartamento de cima.
Para fãs de rock, tem muita coisa interessante lá, pela ordem:
- Um papo com Boca, baterista do Ratos de Porão, sobre tatuagens
- Uma entrevista com a banda carioca Anchluss sobe metal e satanismo. “Satanás é rebelde e Deus é ditador”, dizem.
- O umbandista Max Cavalera dizendo que “não tenho religião nenhuma mas não saio pregando o satanismo”.
- Serguei (oi?) rimando “quero que você se ligue no Legal/pra tudo ficar heavy metal”.
- Uma banda sergipana, o Cleptomania, fazendo uma versão punk de Asa branca, de Luiz Gonzaga.
- No horário nobre da maior estação de TV do Brasil, a banda de metal-porrada Anal Putrefation.
- Uma materica com bandas soviéticas de heavy metal (incluindo depoimento exclusivo do Korrosia Metala).
- Pioneirismo define: uma entrevista com a banda de heavy metal cristã Fruto Sagrado. O grupo é de Niterói (a gente também!), existe até hoje e gravou o disco mais recente em 2012, Universo particular.
- Um espetáculo-pancadaria do grupo catalão La Fura Dels Baus, que ninguém conhecia no Brasil na época (e que esteve no Brasil há um ano).
- João Gordo apresentando uma das vinhetas do programa com um camisão onde se lê, escrito a mão, “Bezerra da Silva”.
- Imagens raras do projeto paralelo dos Ratos de Porão com seus roadies, Ultranoise TDG. A banda misturava guitarra, baixo, bateria, gritarias e até um liquidificador no palco. O grupo contracena com Luiz Fernando Guimarães num número engraçado, em que o comediante vai tentar vender um aspirador de pó para eles.
- Entrevista com uma sacerdotisa druida brasileira (para falar sobre a ligação entre heavy metal e magia).
- Aparições de bandas como Dorsal Atlântica, Broken Heart e X-Rated.
- Evidentemente, um número considerável de entrevistas com o Sepultura. Incluindo a famigerada história sobre os vários dias em que o ex-líder Max Cavalera ficou sem tomar banho durante uma turnê.
- Entrevistas com mães de metaleiros (incluindo Vania Cavalera, mãe de Max e Igor, e Laura, mãe de João Gordo, revelando que o filho imitava Roberto Carlos quando criança).
Aliás, heavy metal não era o único assunto do programa. O Programa Legal tinha também uma matéria sobre os reis do telecatch, trazendo entrevistas com os legendários Ted Boy Marino e Verdugo. Vá pulando o que considerar mais datado ou ofensivo no vídeo e descubra o que há de legal, porque tem muita coisa.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?







































