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Artes

Pedras de Ouvido: animando capas de discos nacionais

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Pedras de Ouvido: animando capas de discos nacionais

Formado em audiovisual, William Louro teve uma excelente ideia: juntou duas paixões (música e vídeos) e fez algo que ninguém estava fazendo no Brasil. Em sua conta do Instagram Pedras de Ouvido, ele realiza pequenas animações com capas de discos nacionais.

William começou seu trabalho produzindo uma animação para a capa de Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets (1972). Deu tão certo que o próprio Arnaldo Baptista, um dos criadores da banda, divulgou a prévia em GIF do vídeo em suas redes.

https://www.instagram.com/p/BtEEEvPAH1c/

Outros clássicos animados por Louro são A máquina voadora, disco de Ronnie Von…

https://www.instagram.com/p/BtnwSn4lKG1/

Alucinação, de Belchior…

https://www.instagram.com/p/BsgD__Dlf_Q/

… E o coloridíssimo disco de 1969 de Jorge Ben.

https://www.instagram.com/p/BnT0XUaF6P2/

Tem mais animações feitas com discos de Walter Franco, Roberto Carlos, Raul Seixas e Gilberto Gil. William também pôs em movimento capas de álbuns recentes. Olha aí Ainda há tempo, de Criolo.

https://www.instagram.com/p/Bt58JjvFDDH/

Como a gente costuma sempre dar uma olhada no que anda fazendo essa turma que mexe com criatividade, jornalismo e cultura pop, fomos lá conversar com William. Cujo Pedras de Ouvido ganha mudanças a partir de março, com temas mensais incluindo posts bônus.

https://www.instagram.com/p/BubhkFrldiN/

POP FANTASMA: William, em que você trabalha? Fala um pouco da sua experiência com animação e com música.

WILLIAM LOURO: Eu sou formado em audiovisual e tenho trabalhado como freelancer editando vídeos e fazendo animações publicitárias para lojas e alguns artistas. Fico muito feliz de poder dizer que inclusive já estou fazendo vídeos para alguns artistas que descobriram minha página e encomendaram um job! Agora, sobre a minha experiência com animações/vídeos e música, posso dizer que foram caminhos que andaram juntos durante minha formação como indivíduo. Comecei a aprender a tocar violão com 10 anos, e logo na mesma época comecei a brincar no Movie Maker. Eu comprei uma webcam algum tempo depois e comecei a me gravar tocando pra depois tentar juntar tudo em um vídeo só, muitas vezes inspirado pelo Mystery Guitar Man (um brasileiro que estourou no youtube americano em 2009 e hoje ta até dirigindo filmes!).

Logo já fui pegando gosto em trabalhar com vídeos. E na adolescência, sempre que podia, eu dava um jeito de fazer um trabalho em vídeo pra escola. Fiz cursos, aprendi a mexer em outros softwares mais profissionais, aprendi técnicas básicas de animação, etc. Nessa época eu tinha parado de estudar música, mas foi o período que eu mais explorei blogs e discografias de diversas bandas gringas e nacionais. No final do 3º ano do ensino médio eu tava mergulhado nas pesquisas de músicas nacionais, realmente interessado por cultura, e começando a pesquisar sobre cinema também. Foi natural então pegar esse meu interesse por artes, juntar com meu prazer em fazer vídeos, e resolver estudar audiovisual. Na faculdade me afastei um pouco da parte de animações, dediquei mais meus estudos a Edição e teorias de montagem. Nisso encontrei o Sergei Eiseinstein (importante cineasta e teórico do cinema soviético dos anos 20). As teorias que esse cara propunha AINDA NO CINEMA MUDO tratavam de toda uma dinâmica de ritmos, formas, etc. Marcou muito a minha formação.

Quando Sergei começa a incorporar elementos de partituras da trilha musical para compor suas cenas e “ditar” o tempo da montagem de seus filmes, ali eu fui totalmente fisgado pelo audiovisual. Inclusive nesse ponto é muito interessante como a própria história da animação vem de encontro com as teorias de montagem! O que seria de uma animação da Disney sem a música!?

Mas voltando à minha trajetória, eu posso te garantir que, em todo trabalho que fiz na faculdade, eu acabei dando um jeito de botar em prática essas teorias que envolviam a trilha musical junto com a edição. No final, posso até dizer que mesmo estudando cinema, eu acabei perseguindo a música nos filmes, e dediquei uma boa parte das minhas pesquisas de TCC estudando o percurso e evolução das trilhas musicais no cinema, das orquestras de Hollywood até o hip-hop no Tarantino, de Eiseinstein a Bourriaud. Quando me formei, foi inevitável me confrontar com minha paixão com música e em como eu lidava com a produção de filmes. Nesse período também olhei para minhas origens e aceitei que eu era muito mais uma cria do YouTube e da internet em geral do que um cinéfilo amante do cinema. Percebi que era de fato isso que eu gostava, e que um vídeo trabalhando algum tipo de animação era mais viável de se realizar do que ficar parado dependendo de verba, de uma estrutura e de uma equipe. Decidi juntar essas minhas duas paixões às quais dediquei minha vida estudando e pesquisando, e iria fazer o possível para trabalhar com vídeos (no caso animações) que se relacionassem com o universo da música.

Como surgiu a ideia do Pedras de Ouvido? Algumas capas PULSAM. Praticamente tem vida própria. Sempre viajei ao ficar olhando algumas capas de uns discos clássicos. Particularmente acho que é sempre muito bom ver uma capa clássica ganhar vida ou ser referenciada em algum tipo de mídia! Eu sempre achava massa quando um clipe de uma banda trazia elementos da capa. Cresci vendo clipes do Gorillaz e isso com certeza influenciou muito. Os Beatles também são um grande exemplo, você sempre vai ver uma releitura do Abbey Road, e especificamente eles têm todo o lance com a capa do Sgt Peppers. Aquela capa é antológica. Um canal do Youtube chamado Nerdwriter1 tem um vídeo incrível sobre!

Nesse vídeo, o cara basicamente postula que, depois do Sargento Pimenta (mesmo que antes já tivesse umas capas bem marcantes do Frank Sinatra, só pra dar um exemplo), a capa de um disco se tornou uma peça fundamental para a experiência musical. E inclusive ajuda a expressar diversas sensações que somam muitas vezes com o conceito da obra ou simplesmente com a intenção do artista. Eu particularmente tenho uma relação muito forte com as capas dos discos. Inclusive trabalho minha memória musical através da paleta de cores das capas, pra você ter uma ideia! Mas se teve uma coisa que me influenciou de mais e parar de apenas viajar nas capas e dar vidas a elas foram os clipes do album …Like clockwork do Queens of the Stone Age. Eles eram todos feitos com animações 2d de artes do Bonesface.

Quando eu vi aquilo, ainda em 2013, eu sabia que eu era capaz de fazer animações naquele estilo. E esse estilo também abriu caminho pra eu conhecer as animações do Terry Gillian, entre outros. Eu só precisaria de uma arte pra trabalhar em cima.

O tempo passou, veio a faculdade, e isso ficou adormecido em algum canto da minha cabeça. Agora em 2018 resolvi botar em prática uma ideia antiga de fazer um vídeo com uma música dos Mutantes, muito inspirado no clipe de 19-200 do Gorillaz, mas com a estética e animação do clipe do QotSA. Acabou que no meio do processo eu animei a capa dos Mutantes, fiz um teste de exportação e botei no face. A internet reagiu muito bem!

Então lembrei que esbarrava em várias capas animadas de rock progressivo ou do Bowie quando ia procurar gifs de música pra comentar no face e etc. Daí saquei o real potencial de animar capas de discos, e comecei a fazer uma animação por semana. Isso resolveu todo um problema de estar parado e desempregado, fortaleceu meu portifólio, resolveu meu lance de trabalhar vídeos relacionados com música, mas o mais importante: virou um projeto em que eu estou trabalhando e divulgando cultura brasileira. Isso é muito importante pra mim, e mais do que nunca acredito que esse tipo de trabalho está sendo cada vez mais necessário no momento histórico em que vivemos. Sou convicto de que ele é importante para fomentar um resgate histórico cultural. Não apenas sobre a música brasileira, mas sobre uma identidade nacional e também regional, que quero expandir cada vez mais.

Tem uma linha na introdução da musica No Brooklin do mestre Sabota (Sabotage) que diz que aqui no “terceiro mundo” a gente tem um povo “carente de cultura própria”. Eu concordo demais com isso, e pego esse meu projeto como um possível caminho para diminuir essa carência. Mesmo que eu saiba que ele só vai atingir a parcela da população que tem acesso a internet, e mesmo assim ainda atingir um certo nicho quase específico. O que começou como um exercício, hoje está muito mais elaborado e conceituado, exigindo pesquisas e uma curadoria que eu tenho o maior prazer de fazer. E fico muito feliz de saber que algumas pessoas estão conhecendo algumas obras a partir do meu trabalho.

Vídeo de apresentação do projeto

Você recentemente apareceu no Tenho Mais Discos Que Amigos. O que representou isso pra você em termos de crescimento nas redes sociais? Por mais que eu já tivesse certa visibilidade em grupos do face como o Psicodelia Brasileira, e páginas como Oganpanzan e Armazém da Musica Brasileira tenham me compartilhado, o TMDQA foi algo insano. Não parava de vir notificação na minha página. Para você ter uma ideia, em um dia eu tive um crescimento de 200% no números de seguidores no Instagram, duas entrevistas para revistas digitais, uma rádio universitária veio falar comigo, e até cheguei a começar uma conversa com um veículo onde eu poderia ter uma coluna para postar as capas e discorrer uma resenha sobre elas! Mas nada garantido por enquanto. O futuro ainda é uma dádiva. Só posso afirmar que se eu já estava animado para começar março e dar início a “fase 2” do Pedras, saber que vou ter um alcance maior com todos esses novos seguidores foi algo muito motivador! Só tenho a agradecer ao pessoal do site!

O primeiro vídeo de vocês, uma animação da capa do Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets, era para ser um lyric video. Por que o lyric video acabou não saindo? Acredito que por uma questão de limitação técnica. Isso por mais que eu talvez tenha feito o mais difícil, que era recortar e preencher os espaços da capa em 46 camadas diferentes, animar os integrantes da banda, criar um vídeo com formas geométricas que marcavam o tempo de diferentes elementos da música para servir de guia durante a animação… E até recriei em três ângulos diferentes o carrinho deles, o Dunny Buggy, baseado em fotos e etc. Até uma montagem com fotos da banda eu fiz para o solo! Mas eu cheguei em um ponto em que os demais elementos estavam muito fracos em relação à arte da capa do álbum. Eu precisava de um fundo melhor para as cenas. Eu precisava de um tipografia melhor. Eu precisava até de uma paleta de cores melhor. Não sou designer, sou só um animador de motion (e mesmo nisso reconheço que há animadores muito melhores do que eu!). Por mais que eu tenha aprendido muito analisando a diagramação de capas, e até me aventurando em umas pinturas digitais pra “remendar” capas, eu sei que isso é algo que preciso/pretendo estudar mais e me aperfeiçoar. Afinal, estudar sempre é bom, e você sempre tem o que aprender quando trabalha nessa área.

Fora essas questões, eu estava enferrujado na época. Foi a primeira animação que ousei fazer desde que tinha entrado no curso de audiovisual! Eu estava fácil uns quatro anos sem mexer no After Effects direito. Em janeiro deste ano, quando fui revisitar a capa, até pensei em retomar o lyric video. Mas por mais que o projeto estivesse organizado, tinha muitas coisas ali feitas que eu poderia fazer de alguma forma mais prática e que eu aprendi ou aperfeiçoei durante os cinco meses fazendo capas semanalmente. Às vezes seria mais fácil eu quase recomeçar o vídeo do zero, e mesmo assim ainda teria todos esses problemas das artes fracas preenchendo o vídeo. Foi um projeto ambicioso e que eu não estava dando conta. Preferi deixar ele de canto e ir explorar o potencial de outras capas. No final acabei com um projeto muito mais amplo e objetivo. Penso que se tivesse concluído o lyric ele não ficaria tão bom quanto poderia. Além de me fazer travar e me prender a projetos que levariam muito mais tempo e não seriam capaz de responder a uma demanda constantes nas redes sociais (que naquela época já era meu foco).

O Arnaldo Baptista chegou a compartilhar a prévia em gif deste vídeo. Como se sentiu recebendo esse tipo de reconhecimento? Eu fiquei muito feliz! Tinha postado no meu perfil pessoal do face, e um amigo sugeriu que eu postasse em um grupo de fãs dos Mutantes. Para minha surpresa, a esposa do Arnaldo estava lá nesse grupo e a publicação acabou sendo compartilhada pelo artista! Por mais que eu não costumo ver os músicos como seres divinos, foi muito animador ver que o pessoal tava gostando, e que até o próprio artista que eu tava homenageando gostou.

Foi o que precisava para eu ter “surtos” criativos e começar a selecionar capas de outras bandas e artistas que admirava, principalmente as que eu sempre imaginei em movimento. E eu acho muito legal quando algum artista acaba entrando em contato com minhas releituras das capas deles. Tenho até uma aba no instagram em que deixo em destaque todos os likes que já recebi de algum deles. Mas até agora o melhor foi quando o Black Alien me mandou mensagem no privado perguntando se poderia compartilhar meu vídeo do #rapemquadrinhos no perfil oficial dele. Só tenho a agradecer a ele por compartilhar e dar espaço pro meu trabalho, e também ao Loud e ao Load por ter liberado a arte deles para eu animar. Sei que eu teria o maior prazer de fazer algum trabalho oficial para algum desses artistas do qual sou fã. Acredito que quando menos esperar vai acabar rolando… quem sabe, não é mesmo? A vida é cheia de surpresas. Muitos já tem sua equipe de marketing, mas seria incrível poder somar com um artista como o pessoal do Metá-Metá, que tem desenhos incríveis do Kiko, ou até mesmo fechar algo com a banca da SoundFoodGANG! Por enquanto to crescendo uma parceria muito massa com o pessoal da @poraobeats, e ta sendo uma experiência incrível.

Pensa em fazer animações de capas de discos internacionais? Olha… tem umas capas que PEDEM pra ser animadas, mas eu tenho um propósito maior com o Pedras de Ouvido. É realmente uma questão minha com a cultura brasileira, com a cultura desse país com que eu tento cada vez mais me conectar, e que acredito que todos deveriam também. Conhecer nossas origens, nossas raízes. Gringo já tem muito palanque aqui, saca? Se você procurar, acha muita animação e gif de grandes discos internacionais. Inclusive recomendo muito uma página que conheci logo depois que comecei a minha: @albunsinmotion1 . O cara foca mais em capas do rock e do metal, entre outras coisas. Mas as animações dele são coisa fina!

https://www.instagram.com/p/Btc-XJsASp9/
https://www.instagram.com/p/BqXGI8pAZEt/

Você trabalha sozinho nas animações? Quanto tempo leva até fazer alguma? Trabalho as animações sozinho. Na verdade sempre tenho companhia de um som rolando de fundo (geralmente da capa que to fazendo, ou de algo que to pesquisando) e às vezes minha namorada ta por perto fazendo os trampo dela. Inclusive, a primeira vez que usei uma mesinha digital foi roubando-emprestado a dela! Agora, sobre tempo, isso depende muito. As vezes eu demoro mais tempo no Photoshop separando e organizando as camadas do que animando em si. Mas isso depende muito. Tem capas que consigo fazer em quatro horas… tem outras que fico no photoshop quatro horas só pra redesenhar algum detalhe de uma camada e aplicar texturas. Aconteceu esses dias inclusive!

Outro exemplo: eu demorei quase três dias pra separar todas as 56 camadas da animação da capa do Jorge Ben. E depois animei tudo em menos de duas horas… Já outro dia fiquei mais de uma hora para arrumar uma piscada de olhos, testando exportar pra ver como ficava e etc. Então isso depende muito de cada capa, da complexidade da ideia que eu tenho pra ela, ou da complexidade da capa em si. Às vezes tudo ocorre como eu pensei que ia rolar. Outras eu me deparo com uns desafios que eu não estava esperando. Mas o processo de criação já vem de antes mesmo de abrir a capa no photoshop ou achar ela em alta qualidade na internet. Às vezes o negócio fica martelando na minha cabeça até eu ter uma ideia. As vezes só surge.

https://www.instagram.com/p/BrFp7e4l970/

Nunca imaginei que iria animar a capa do Revolver, do Walter Franco, por exemplo. Os elementos dela não contribuem em nada para uma movimentação. E é aí que as vezes eu acho a animação na música, e não na capa. E tem vezes que escolher um trecho de musica pra colocar na animação é mais complicado do que ter ideia pra animá-la. Principalmente rap. Fiquei horas escutando o disco do Emicida de trás pra frente até decidir qual trecho usar. O cara só manda verso foda! Até o Eisenstein ta lá no Pra quem ja mordeu um cachorro por comida, até que cheguei longe. Então, pode crer que cada capa é um desafio diferente!

https://www.instagram.com/p/BsxyYWmFBEk/

Pensa em mais algum desdobramento da conta no Instagram? Algum outro projeto em vista? No momento eu posto as capas no Facebook e no Twitter também. Inclusive é muito bacana ver que no facebook eu circulo mais em grupos sobre música e etc, enquanto no Instagram eu alcanço estrangeiros e até outros artistas, principalmente artistas plásticos. Com isso eu tenho feito laços muito bacanas com outros criadores por aí. Um bom exemplo é o perfil @coletivoartisticobr , que indiretamente acaba formando toda uma rede de conexão entre vários artistas ali no Instagram. Vez ou outra faço colaborações animando as artes de alguém, e é sempre muito divertido e enriquecedor o resultado! Vira uma forma de me conectar com outro ser humano sensível artisticamente, e eu acho isso incrível. Mas fora isso e os trabalhos que tenho feito por encomenda, não tenho nenhum outro projeto em mente, ao menos por enquanto. Já está sendo um grande avanço essa “segunda fase” do projeto que vai se dar durante o primeiro semestre de 2019. Estou selecionando temas mensais.

Inclusive já tenho trabalhado nas animações desde janeiro. Agora em março vou só ter animações em cima de capas de grandes mulheres da música brasileira (e bônus de colaborações com algumas artistas plásticas também). Vai ser o mês das minas! Por enquanto não vou contar os temas dos próximos meses, mas já adianto que mergulhei em uma pesquisa regional MUITO massa. Quem me segue no Twitter pode ter em primeira mão algumas nas minhas impressões sobre as minhas pesquisas. Agora, sobre o futuro… quem sabe não começo a trabalhar com lyric videos? Ou até alguns clipes de artistas? Seria um grande prazer! Também não pretendo abrir mão das capas nem tão cedo, mas há muitas coisas a se explorar nesse universo do audiovisual quando se trata de música!

Qual tipo de som não sai dos seus ouvidos e qual o seu formato preferido (vinil, CD, k7, MP3, plataformas digitais)? Ultimamente não tem saído do meu ouvido as coisas que eu pesquiso, mas no final das contas, por mais que eu tente expandir, eu ainda fico muito preso em uns sons dos anos 70. Principalmente uma pegada mais grooviada e taus. E digamos que eu prefiro uma pedrada do que uma baladinha romântica, sempre com uma caída pra umas músicas concretas. Vai ser muito fácil você me pegar revisitando um Jards Macalé, Tom Zé, Novos Baianos… Ou Nação Zumbi! Ou um bom hard rock inglês.

Talvez só de bater o olho nas minhas capas da pra ter uma ideia do meu gosto musical, ou ao menos do meu trajeto pesquisando músicas. Ultimamente eu tenho usado muito o Youtube por questões de forças maiores, mas eu sou bicho criado em blog de música que disponibiliza mp3 de disco tudo compactado. Entendo claramente que o som vem todo mutilado, mas eu realmente gosto de procurar os discos, arrumar as capas pra ouvir no meu reprodutor de música ou celular. Talvez isso seja só um grande recalque de quem nunca teve uma vitrola e ficava arrumando a biblioteca virtual até ela ficar impecável! E isso foi muito importante pra mim também. Um dia pretendo ter uma vitrolinha e garimpar discos no centro de são paulo, mas por enquanto estamos aí procurando coisas em lugares duvidosos. Até porque, você nunca vai encontrar artistas como Dinadi ou Odair Cabeça de Poeta & Grupo Capote no Spotify, não é mesmo?

Dos discos que você animou no Pedras de Ouvido até o momento, qual seu preferido? Essa é uma pergunta difícil. Eu realmente gosto de todos esses discos. Muitos me marcaram de alguma forma muito importante, e outros acho que são peças ímpares. Em relação ao conteúdo, talvez o Alucinação do Belchior esteja mais em sintonia com meu estado de espírito esses tempos. Em relação as capas, a que eu mais gosto é a do Jorge Ben, que inclusive já foi meu wallpaper por um BOM tempo. Mas agora, em questão da animação, eu amo a do Jorge Ben e a do Rap é compromisso do Sabotage (inclusive fiquei muito feliz quando o Sabota Jr a compartilhou). Mas a minha animação preferida é uma que nem foi lançada e estará ai em breve: Eu quero é botar meu bloco na rua do mestre Sérgio Sampaio. Fica aí um spoiler! Mas também algo pra deixar quem ta lendo curioso.

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

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Artes

Frank Kozik, criador de capas de discos e pôsteres, morre aos 61

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Frank Kozik, criador de capas de discos e pôsteres, morre aos 61

Frank Kozik, um dos mais criativos artistas gráficos e criadores de capas de discos dos últimos 30 anos, morreu no sábado, de causas não-reveladas, aos 61 anos, na Califórnia. Nascido na Espanha e radicado nos Estados Unidos, filho de norte-americano e espanhola, Kozik fez artes para bandas como Queens Of The Stone Age (o primeiro disco, de 1998, epônimo), Melvins (Houdini), Offspring (Americana), e ainda criou pôsteres de turnê para Nirvana, Sonic Youth, White Stripes, Butthole Surfers e outros grupos.

“Frank era um homem maior do que ele mesmo, um ícone em cada gênero em que trabalhou”, diz uma declaração compartilhada pela esposa de Kozik, Sharon. “Ele mudou drasticamente a indústria da qual fazia parte. Ele era uma força criativa da natureza. Estamos muito além de sortudos e honrados por fazer parte de sua jornada, e ele fará falta além do que as palavras poderiam expressar”. Ele costumava atribuir muito do seu trabalho artístico ao fato de ter “um senso de humor sombrio” e a ter crescido no meio do punk rock.

Kozik começou a fazer pôsteres enquanto morava em Austin, Texas, no início dos anos 1980 e chegou a trabalhar com publicidade antes das capas de discos, Também foi dono de uma gravadora, a Man’s Ruin Records, e foi diretor criativo da Kidrobot, a empresa de brinquedos artísticos de edição limitada. Dirigiu também um clipe do Soundgarden, Pretty noose.

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E se a capa “da raquete” do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

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E se a capa "da raquete" do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

Se você ouviu o episódio mais recente do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, sobre o Led Zeppelin no ano de 1972 (não ouviu? tá aqui), deve lembrar que em 1972, o grupo estava elaborando o disco Houses of the holy, que acabou sendo lançado só um ano depois. E que antes daquela capa com as crianças ficar pronta, Storm Thorgerson, da empresa Hipgnosis, havia sugerido a eles uma capa “com uma quadra de tênis verde e uma raquete” – que Jimmy Page odiou.

Aparentemente essa capa rejeitada (rejeitadíssima, Page ficou p… da vida com a sugestão e mandou o designer sumir da frente dele) nunca tinha sido desenhada. Pelo menos até agora. A Aline Haluch, que faz as artes do Pop Fantasma Documento e do Acervo Pop Fantasma, fez três versões da ideia original de Storm para Houses of the holy. Mais do que uma brincadeira com a história, fica aqui como homenagem a esse designer morto em 2013, e que revolucionou as capas de discos.

“A ideia foi fazer aquelas brincadeiras das capas do Pink Floyd, como a do cara cheio de lâmpadas no disco ao vivo A momentary lapse of reason (de 1988, feita pelo mesmo Storm Thorgerson). Quis brincar com as sobreposições das redes, mas são redes de aço, aquelas de cadeia. Um pouco como se fosse um condomínio, já que tênis é um jogo da elite, cercada de proteção”, conta. “Na segunda capa, a própria raquete é de grama. E na terceira, tem um céu, meio que para brincar com a paisagem da capa do disco Atom heart mother, também do Pink Floyd (1970, com capa também de Storm)“.

A que a gente mais gostou (a do céu), ganhou a faixinha branca com o nome do disco e da banda, que vinha envolvendo a capa do LP original. 🙂

E se a capa "da raquete" do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

E se a capa "da raquete" do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

E se a capa "da raquete" do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

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Aquela vez em que Elifas Andreato começou a fazer capas de discos

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“Em 2009, os jornalistas Marcos Lauro e Peu Araújo entrevistaram o artista plástico Elifas Andreato para uma matéria sobre capas de discos. A ideia era falar com capistas profissionais e amadores sobre as mudanças de formato que a internet impunha – do tamanho do vinil ao thumbnail da rede mundial. Players como Spotify já existiam, mas ainda não eram populares como hoje. A matéria nunca saiu, isso acontece. Mas um trecho do material guardado está aqui em homenagem a Elifas Andreato, que nos deixou no dia 29 de março aos 76 anos. Vida eterna ao artista e sua imensa obra”.

Logo depois que Elifas morreu, o radialista, jornalista e podcaster Marcos Lauro subiu no YouTube esse bate-papo dele e de Peu com o capista. A conversa é curtinha mas cheia de detalhes a respeito de como Elifas entrou no mundo das capas de discos – ele trabalhava na editora Abril Cultural em 1970 e acabou fazendo as capas da série História da Música Popular Brasileira, com discos vendidos em bancas de jornal. O trabalho gráfico foi considerado inovador para a época, “e a ideia era interpretar cada personagem de uma maneira”, conta. Foi a partir daí que Elifas conheceu vários artistas e se envolveu com o trabalho nas capas de discos. Partiu direto para a produção de uma capa de Paulinho da Viola – a do disco Foi um rio que passou em minha vida, em 1970, mas ainda apenas usando uma foto do cantor, sem desenhos.

Confira o bate-papo aí.

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